59% dos brasileiros não evitam uso de sacolas plásticas, diz
pesquisa
Estudo feito neste ano foi encomendado pelo Ministério do
Meio Ambiente.
No levantamento, 48% dos brasileiros afirmam separar o lixo
doméstico.
Em mercado de Brasília, fregueses preferem sacolas de
plástico às de pano reutilizáveis, vendidas por R$ 10,00 a unidade
Pesquisa divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente aponta
que 30% dos brasileiros dizem que sempre evitam usar sacolas plásticas para
transportar compras e 59% dizem nunca ter feito isso. Cerca de 11%, segundo o
ministério, praticam isso "pouco". A pesquisa foi encomendada pela
pasta para conhecer os hábitos de consumo sustentável no país e ouviu 2.201
pessoas em suas casas em todas as regiões do Brasil, entre 15 e 30 de abril
deste ano.
Os entrevistados também foram questionados se levam a
própria sacola ou carrinho na hora de fazer compras: 31% disseram que esse é um
hábito frequente, 11% o praticam pouco e 58% disseram que nunca fizeram isso.
Segundo dados do ministério, 19 municípios no Brasil
aboliram o uso de sacolas plásticas como medidas de consenso entre governos e
supermercados. Já outras cidades ou estados criaram leis para proibir as
sacolas plásticas e algumas enfrentam disputas judiciais, como o estado de São
Paulo.
Dentre os entrevistados, 35% disseram que há alguma campanha
para redução do uso de sacolas plásticas em suas cidades e, onde há campanha,
76% disseram ter aderido. Já onde não há campanha, 85% afirmam que estariam
dispostos a aderir, se houvesse.
Ainda dentro do supermercado, 85% dizem que ficariam mais
motivados a comprar um produto que tenha sido fabricado de maneira
"ambientalmente correta" e 81% também se motivam mais a comprar um
produto cultivado organicamente.
Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania
Ambiental do ministério, Samyra Crespo, as sacolas são um "flagelo ambiental".
"Ela mata animais porque os animais aquáticos confundem a sacola com
comida, ela serve de amarra para vários tipos de lixo flutuante, formando
aquelas ilhas de lixo em corpos d'água, elas voam e vão parar em postes e
cercas, danificando a paisagem, elas estão associadas a enchentes nas cidades e
elas evitam que o lixo que a gente joga fora se degrade", argumenta a
secretária.
Segundo ela, uma sacola plástica pode levar até 400 anos
para se decompor. "Provavelmente, a primeira sacola plástica que um brasileiro
usou, e isso foi nos anos 70, ela ainda está na natureza", disse.
Lixo doméstico
A pesquisa também mostrou que 48% afirmam separar o lixo
doméstico. Para Samyra, o número poderia ser maior se mais governos
implantassem a coleta seletiva. "Muitas vezes a disposição da população em
separar o lixo não encontra um rebatimento na política pública porque hoje
temos menos de um terço dos municípios praticando a coleta seletiva. Muitas
vezes o cidadão acha que ele separa em casa e o misturador da prefeitura vai lá
e mistura o lixo de qualquer jeito, não incentivando a população a
separar."
A pesquisa listou ainda hábitos desfavoráveis ao meio
ambiente no descarte do lixo. O campeão foi jogar pilhas e baterias no lixo
(41% dizem praticar sempre), seguido de vidros ou cacos de vidro (36% afirmam
fazer isso com frequência).
Por outro lado, os brasileiros também estão adotando hábitos para reduzir o consumo em favor do meio ambiente. Entre os entrevistados, o conserto de algum produto quebrado para prolongar sua vida útil foi a "boa ação" mais citada. Em segundo lugar ficou o fato de evitar o lixo comum produtos tóxicos.
Por outro lado, os brasileiros também estão adotando hábitos para reduzir o consumo em favor do meio ambiente. Entre os entrevistados, o conserto de algum produto quebrado para prolongar sua vida útil foi a "boa ação" mais citada. Em segundo lugar ficou o fato de evitar o lixo comum produtos tóxicos.
Problemas ambientais
O estudo apontou ainda que, em 20 anos, o percentual de
pessoas que não sabe identificar os problemas ambientais caiu de 47% para 10%.
A primeira edição da pesquisa "O que o brasileiro pensa do meio ambiente e
do consumo sustentável" foi feita em 1992, à época da conferência
ambiental Rio 92. "Triplicou a quantidade de brasileiros que sabem
responder sobre problemas ambientais", disse a secretária.
Os entrevistados também foram questionados sobre quais
biomas estão ameaçados e se estariam dispostos a contribuir com dinheiro para
protegê-lo. Mais da metade - 51% - apontaram a Amazônia. Em 92, essa região era
a escolhida de 38%.
Somente 13% se sentem bem informados ou muito bem informados
sobre meio ambiente e ecologia. Na outra ponta desta questão, 29% dizem estar
mal informados ou muito mal informados. A maior parte dos entrevistados - 57% -
disse estar "mais ou menos informado".
A pesquisa foi feita por amostragem pelo instituto CP2 em
parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com
2.201 entrevistas com pessoas maiores de 16 anos. A margem de erro é de 2,5
pontos percentuais, para mais ou para menos. (g1)
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