Pesquisa
do governo mostra que 48% separam o lixo em casa, mas apenas 496 municípios têm
coleta seletiva.
O
interesse dos brasileiros por ações que ajudem o meio ambiente existe, mas
governos e mesmo ONGs não apenas não aproveitam, como algumas vezes atrapalham.
A
pesquisa O que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável,
divulgada ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra que 85% dos
entrevistados estariam dispostos a evitar o uso de sacolas plásticas. No
entanto, apenas 19 cidades do País investiram na abolição desse material.
Entre
os 2,2 mil entrevistados, 48% fazem hoje a separação do lixo em casa, mas
apenas 496 dos 5.564 municípios brasileiros têm coleta seletiva.
"Não
há harmonia entre a disposição da população e as políticas públicas. Essa
disposição precisa ser melhor aproveitada, pelo poder público e pelas
ONGs", analisa Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental do ministério e coordenadora da pesquisa.
Essa
boa vontade nem sempre se traduz em atitudes realmente sustentáveis. Apesar de
garantirem que adeririam a uma campanha para evitar as sacolas plásticas,
apenas um terço dos entrevistados leva sua própria sacola ou carrinho ao
supermercado e 31% dizem evitar o uso das sacolas de alguma forma - com
caixotes de papelão, por exemplo.
O tema
em muitos casos acaba na Justiça. Além das 19 cidades que conseguiram abolir as
sacolas plásticas com campanhas, três capitais criaram leis locais que terminaram
na Justiça, como em São Paulo. Em Belo Horizonte e Vitória, quando a legislação
foi suspensa na Justiça, as prefeituras optaram por intensificar as campanhas.
"Houve um avanço muito grande nessas capitais", afirma Samyra.
A
secretária explica que, ao contrário da reciclagem, o fim das sacolas plásticas
não integra a legislação dos resíduos sólidos e as únicas leis, quase sempre
contestadas, são mesmo as estaduais. Apesar da posição totalmente contrária do
ministério, há uma questão cultural e econômica: o brasileiro usa as sacolinhas
para colocar o lixo.
Já a
reciclagem faz parte da lei nacional e até 2014 todos os municípios brasileiros
terão de implementá-la - hoje são menos de 10%, apesar do interesse das pessoas
em pelos menos fazer a separação. De acordo com a secretária do MMA, uma das
reclamações dos entrevistados foi a falta de reciclagem nas suas cidades e a
impressão de que, apesar do esforço das pessoas, a prefeitura termina por
misturar o lixo.
Desinformação.
Ainda assim, a pesquisa mostra que falta informação na hora do descarte e boa
parte dos entrevistados nem sempre faz o mais correto. Pouco mais de 40% dizem
que sempre jogam pilhas e baterias usadas no lixo e 32% fazem o mesmo com
remédios vencidos. Ao mesmo tempo, só 16% costumam jogar o óleo usado na pia,
uma das práticas mais poluidoras.
"Os
hábitos de descarte da população ainda são altamente predatórios", afirmou
Samyra, explicando que não há como a lei punir o que é feito dentro de casa.
"O desafio é informar e convencer as pessoas. Não se pode legislar na vida
privada", explicou.
O
estudo, que é feito periodicamente desde 1992, mostra que a consciência
ambiental dos brasileiros vem aumentando. Na primeira edição, 47% não sabiam
dizer ou achavam que não existiam problemas ambientais no País. Este ano, o
índice é de 11%.
Também
aumentou o número de pessoas que conhecem os principais conceitos ligados ao
tema, como desenvolvimento sustentável e biodiversidade.
Mudança.
Dezenove cidades conseguiram abolir as sacolinhas.
Outros
dados
35%
dos entrevistados afirmaram que há campanhas para evitar o uso de sacolas
plásticas em sua cidade
85%
ficaram mais motivados em comprar algo fabricado de forma ambientalmente
correta (OESP)
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