A humanidade já
esgotou seu ‘orçamento’ ecológico para 2012
Um estudo divulgado
pela Rede da Pegada de Carbono Global, uma entidade de pesquisa do meio
ambiente, e a Fundação Nova Economia (Nef, na sigla em inglês), um “think-tank”
com sede em Londres, criadora do “Dia da dívida ecológica”, confirmou em 22/08/12
a humanidade acabou com seu orçamento ecológico anual para 2012, e entrou em
déficit ecológico. No caso da Espanha, isso aconteceu no dia 22 de abril.
“Em menos de oito
meses, acabamos com todos os recursos que o planeta pode prover e com todo o
carbono que pode absorver de forma sustentável”, destaca em um comunicado. Como
consequência, no restante do ano “viveremos com o crédito do planeta e de
futuras gerações, sobre explorando os recursos naturais e acumulando carbono na
atmosfera”.
No ritmo atual, as
pessoas consomem 56% de recursos acima da biocapacidade do planeta, ou seja,
para manter o nível atual de consumo seria necessária 1,5 Terras.
O caso da Espanha é
ainda mais sangrento. O país esgotou seu orçamento ecológico no dia 22 de
abril, assim, se todos os cidadãos do mundo vivessem como um espanhol, seriam
necessários três planetas terra.
“Viver acima dos
limites ecológicos do planeta não sai grátis”. O déficit ecológico implica
custos econômicos. Reduzir as emissões de carbono na atmosfera requer um
investimento de 1% a 2% do PIB, em nível global, mas o custo de não fazê-lo
oscila de 5% a 20%, entre outras questões. Estas duas organizações reivindicam
uma nova economia que leve em conta as pessoas e o planeta.
No entanto, sustenta
o relatório, há soluções para cortar o déficit ecológico e econômico de forma
simultânea. Segundo estas associações, a resposta à crise passa pela redução do
déficit ecológico – os recursos que o planeta pode prover -, e por uma
transição para um modelo econômico justo e sustentável, que desenvolva o
bem-estar humano no lugar do capital.
“A resposta à crise
econômica passa pela redução do déficit ecológico. Sem estabilidade ecológica,
não há estabilidade econômica, e não é possível garantir o bem-estar dos
cidadãos”, sublinha Aniol Esteban, responsável pela economia ambiental na
Fundação. Em seu parecer, a solução passa pela efetuação de uma transição para
um modelo econômico justo, sustentável, que desenvolva o bem-estar humano no
lugar do capital.
Uma das razões pela
qual não se evitou e nem se reduziu o déficit ecológico está em que o sistema
econômico “não conta a verdade ecológica e social da atividade econômica
humana”. Assim, “apresenta como benefícios o que é uma perda de riqueza. Levar
um recurso natural ao colapso como estoques de pesca, aquíferos e bosques, e
com ele acabar com uma fonte de alimento, trabalho e riqueza, conta como
positivo no Produto Interno Bruto”.
Segundo esta
Fundação, os seres humanos necessitam de um planeta e de meio para manter o
ritmo atual de consumo, mas se todos os cidadãos do planeta vivessem como um
espanhol, precisariam de três planetas.
O mesmo relatório
reflete que o custo da perda de biodiversidade global, num cenário “business as
usual” (seguir como agora), seria de 14 bilhões em 2050 (7% do PIB global desse
ano).
A crise não freou a
demanda por recursos naturais e, desde 2009, esta tem crescido “embora de forma
mais lenta que no período entre 2000 e 2009”. O nível de déficit ecológico
dobrou desde 1961. (EcoDebate)
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