ONU-HABITAT afirma
que população urbana da América Latina chegará a 89% em 2.050.
Em estudo inédito,
ONU-HABITAT afirma que população urbana da América Latina chegará a 89% em
2.050.
De acordo com o
‘Estado das Cidades da América Latina e Caribe’, relatório inédito produzido
pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), a
taxa de urbanização no Brasil e nos países do Cone Sul chegará a 90% até 2020.
No México e nos países da região Andino-Equatorial, o número atual não passa de
85%. O Caribe e a América Central têm taxas de urbanização mais baixas, mas o
aumento é constante, com perspectiva de chegar a 83% e 75% da população urbana
em 2050, respectivamente.
Estas são algumas das
informações que foram apresentadas à imprensa nesta terça-feira (21) no Centro
de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) por Erik Vittrup
(foto), Oficial Principal de Assentamentos Humanos do Escritório Regional do
ONU-HABITAT para América Latina e Caribe.
Além de informações
sobre população e urbanização, o Estado das Cidades da América Latina e Caribe
apresenta dados sobre o desenvolvimento econômico, habitação, serviços básicos
urbanos, meio ambiente, gestão de riscos e governança urbana. A elaboração do
relatório foi apoiada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL), a Federação Latino-Americana de Cidades, Municípios e Associações de
Governos Locais (FLACMA), os Ministros e Autoridades Máximas de Habitação e
Desenvolvimento Urbano da América Latina e o Caribe (MINURVI), a Aliança para
as Cidades e o Banco de Desenvolvimento na América Latina (CAF).
“O relatório concentra em um único documento informação
atual e variada dos principais centros urbanos da região, fornecendo uma
ferramenta útil na formulação de políticas públicas que permitam avançar em
direção às cidades do século XXI com melhor qualidade de vida”, diz o Diretor
Executivo do ONU-HABITAT, Joan Clos.
O documento na íntegra está disponível em www.onuhabitat.org
ou diretamente em http://bit.ly/CidadesALCaribe2012
Dados em destaque no relatório
• População e
urbanização
A América Latina e o Caribe são a região mais urbanizada do
mundo, mas também uma das menos povoadas em relação ao seu território. Quase
80% de sua população vive em cidades, uma proporção superior à do grupo de
países mais desenvolvidos. O crescimento demográfico e a urbanização, processos
que no passado foram muito acelerados, perderam força. Atualmente, a evolução
demográfica das cidades tende a se limitar ao crescimento natural.
O número de cidades aumentou seis vezes em cinquenta anos.
Metade da população urbana reside atualmente em cidades com menos de 500 mil
habitantes e 14% nas megacidades – mais de 222 milhões no primeiro caso e 65
milhões no segundo. O progresso no acesso a água, saneamento e outros serviços
têm aumentado a atratividade das cidades intermediárias, apontando para um
sistema mais equilibrado de cidades nestes países.
O êxodo migratório do campo para a cidade perdeu peso na
maioria dos países. As migrações são agora mais complexas e ocorrem
principalmente entre cidades, às vezes através de fronteiras internacionais.
Também são relevantes os movimentos de população dentro das cidades, entre o
centro da cidade e sua periferia, bem como entre centros urbanos secundários.
A expansão urbana tem feito com que muitas cidades
transbordem os limites administrativos de seus municípios e terminem por
absorver fisicamente outros núcleos urbanos, em um processo de conurbação. O
resultado foi o surgimento de áreas urbanas de grandes dimensões territoriais,
às vezes formalizadas em uma área metropolitana, composta por múltiplos
municípios e com uma intensa atividade em todos os âmbitos.
A estabilidade demográfica traz oportunidades e desafios.
Por um lado, ter uma população ativa proporcionalmente maior do que no passado
fornece uma oportunidade para realizar grandes investimentos e para preparar os
países para lidar com desafios futuros. A diminuição no ritmo de crescimento
urbano também permite evitar os problemas resultantes de um crescimento rápido
e concentrar esforços na melhoria do espaço, na infraestrutura e nos serviços
existentes.
Por outro lado, é preocupante observar que a mancha urbana
continua expandindo, apesar da desaceleração demográfica. As cidades crescem
cada vez menos compactas e se expandem fisicamente a uma taxa que supera o aumento
de sua população, um padrão que não é sustentável.
É possível impulsionar um modelo de cidade com níveis mais
elevados de qualidade e de sustentabilidade implementando outras políticas de
planejamento, concepção e regulamentação. Para isto, seria necessário
fortalecer os mecanismos que permitam orientar os mercados imobiliários,
potenciá-los e, sobretudo, aproveitar as mais-valias urbanas para reinvestir no
desenvolvimento de novas infraestruturas.
A região precisa promover uma política territorial e um
planejamento urbano que melhorem os atuais padrões de crescimento urbano,
evitando uma expansão dispersa da cidade e propicie o adensamento, com melhor
utilização do espaço, evitando assim uma maior segmentação física e social.
• Desenvolvimento
econômico e igualdade
As cidades são verdadeiros motores para a economia dos
países da América Latina e do Caribe. As 40 principais cidades produzem
anualmente um PIB de mais de 842 bilhões de dólares. Estima-se que quase dois
terços do produto interno bruto da região venha de áreas urbanas, onde se
concentram os serviços e a indústria. Com o aumento das migrações,
multiplicou-se o fluxo de remessas, o que pode representar mais de 10% do PIB
em vários países.
Desde 1970, a renda per capita da América Latina e Caribe
quase triplicou, mas com grandes disparidades. Muitas cidades têm uma renda per
capita superior à média em seu país. A evolução das taxas de urbanização tem
sido constante em todos os países, enquanto a evolução da renda per capita foi
mais variável, passando por ciclos e, em alguns casos, por retrocessos.
Os países da América Latina e do Caribe fizeram progressos
significativos na luta contra a pobreza nos últimos 10 anos. A proporção da
população urbana pobre tem se reduzido, mas, em números absolutos, os números
ainda são muito elevados. Cerca de 124 milhões de habitantes de cidades vivem
na pobreza, ou um em cada quatro pessoas em áreas urbanas.
Além da pobreza, a região sofre de um problema de
desigualdade grave e persistente. A desigualdade de renda é extremamente
elevada. Há um déficit considerável de emprego e uma abundante informalidade
trabalhista, que se concentram nos jovens e nas mulheres. A desigualdade nas
cidades se manifesta socialmente e espacialmente, apesar das muitas oportunidades
para o desenvolvimento econômico e social que oferece a urbanização.
Em termos econômicos, o peso relativo das megacidades está
diminuindo em benefício de cidades menores, que oferecem condições mais
competitivas. Destaca-se o dinamismo das cidades fronteiriças, cidades que se
beneficiam de grandes investimentos industriais e cidades localizadas em
corredores econômicos ou nos arredores de grandes aglomerações urbanas
(conurbações).
Para superar progressivamente a fragmentação social e urbana
das cidades, é preciso combinar estratégias de crescimento econômico com
políticas orientadas a corrigir a desigualdade de renda e de qualidade de vida,
assim como medidas de integração territorial e social. Para isso, é fundamental
a articulação de políticas econômicas nacionais com estratégias de
desenvolvimento urbano definidas nas cidades e regiões.
A emergência de novos polos econômicos e a consolidação de
novas configurações urbanas, pela interligação entre cidades, ampliam as
oportunidades de desenvolvimento econômico, mas também trazem o risco de criar
novas e maiores disparidades sociais e territoriais. Para mitigar este risco e
manter sua competitividade, as grandes áreas urbanas precisam definir políticas
mais inclusivas.
O crescimento acelerado de novos polos econômicos justifica
uma particular atenção pela importância dos desafios que apresenta. Poucos
governos locais estão preparados para aceitar as mudanças desta magnitude. Sem
o apoio técnico e político, as cidades estão expostas a repetir cenários de
crescimento desordenado e de assentamentos precários, com as conhecidas
consequências econômicas, sociais e ambientais.
• Habitação,
espaços públicos e coexistência
A desigualdade e a pobreza se expressam na importância de
habitações precárias nas cidades da região. Em geral, reduziu-se a proporção de
pessoas vivendo nestes locais, mas a população atual nessas áreas é ainda de
111 milhões de pessoas, um número superior ao verificado há vinte anos.
O aluguel e o mercado fundiário estão pouco desenvolvidos e
regulamentados, apesar de seu papel decisivo na problemática habitacional. Em
geral, tem aumentado a segurança da posse em bairros informais, embora o
processo de integração seja incompleto.
A quantidade e a qualidade de habitações disponíveis não é
suficiente para garantir condições mínimas para todas as casas. Vários países
apoiam financeiramente as famílias que necessitam comprar ou melhorar suas
habitações. Os mecanismos adotados demonstraram sua eficácia, mas nem sempre
são acessíveis aos mais pobres e representam desafios importantes para a
qualidade e a localização das habitações construídas, a oferta de serviços e o
modelo de cidade que se gera.
Os centros comerciais estão se tornando a principal fonte de
espaço de socialização. Os governos dão pouca atenção à criação e manutenção de
espaços públicos formais, que são mais escassos e muitas vezes de qualidade
inferior nos bairros periféricos ou marginalizados. As cidades da região
apresentam altos níveis de violência e insegurança, um problema com importantes
consequências sociais e econômicas, que também tem um impacto sobre a
organização e disposição das cidades.
A região tem uma reconhecida experiência em termos de
políticas públicas de habitação e melhoria de bairros. No entanto, o volume do
déficit habitacional é tão alta que poucos países podem aspirar à
universalização da habitação digna no curto ou médio prazo. Diante de
restrições orçamentárias, é fundamental generalizar as políticas de
planejamento e gestão do solo que permitam aproveitar o valor que gera o
investimento público, assim como dar mais apoio à melhoria das atuais
habitações e a incorporação de áreas segregadas.
As políticas habitacionais sempre devem incluir uma dimensão
urbana, com medidas específicas para acesso a serviços básicos, mobilidade e
espaços públicos. Existem na região experiências de revitalização de centros
históricos e de melhoria integral de bairros que poderiam ser replicadas.
A insegurança nas cidades é um problema de grande alcance
que requer uma ação coordenada das diferentes instituições do Estado, incluindo
as autoridades locais. Estas também podem contribuir com ações de pequena
escala, envolvendo as comunidades, que estimulem a convivência e a coesão
social.
Os dados e indicadores que permitem avaliar as condições
habitacionais são muito parciais. Melhorar os sistemas de medição do déficit
quantitativo e qualitativo de moradias e dos espaços públicos permitiria
conhecer melhor a problemática, focar as políticas e fazer os ajustes
orçamentários que são necessários.
• Serviços
básicos urbanos
A região da América Latina e Caribe já atingiu os Objetivos
do Milênio no que diz respeito ao abastecimento de água. Atualmente, 92% da
população urbana dispõe de água encanada e o número sobe para 98% se
consideram-se outras fontes de água. No entanto, existem lacunas significativas
na qualidade do serviço. Estima-se que 40% da água tratada é perdida devido ao
mau funcionamento da infraestrutura, vazamentos e usos inadequados, enquanto as
políticas tarifárias nem sempre cobrem os custos de operação e raramente
beneficiam os mais pobres.
Os progressos nos serviços de saneamento têm sido menores.
Nas cidades, 74 milhões de pessoas (16%) ainda carecem de saneamento adequado.
Em geral, a situação é um pouco melhor nas grandes cidades do que nas pequenas,
mas em todos menos de 20% das águas residuais é tratada antes de seu descarte,
com o consequente perigo sanitário e ambiental.
Cada habitante urbano da região gera quase um quilo de
resíduos sólidos diariamente, uma quantidade que tem aumentado. Embora as
cidades tenham melhorado os serviços de coleta e eliminação de lixo, estender o
serviço a bairros precários segue sendo um desafio. Fora do setor informal, as
atividades de reciclagem, reutilização e aproveitamento são incipientes e estão
longe de utilizar todo o potencial que oferecem.
As cidades da região se destacam pela importante
participação do transporte público (43%), da caminhada e do ciclismo (28%) nos
deslocamentos e no desenvolvimento de sistemas de transporte coletivo
integrados (BRT). No entanto, devido à recente proliferação de veículos
individuais – o número mais que dobrou em 10 anos – e a expansão da mancha urbana,
muitas cidades sofrem com altos níveis de congestionamento, e até mesmo
paralisia, com significativos custos econômicos, sociais e ambientais.
A gestão dos serviços básicos urbanos tornou-se mais
complexa com as tendência à expansão urbana e à conurbação. São necessárias
abordagens integrais que vão além dos limites administrativas tradicionais, que
promovam a cidade compacta e tenham uma melhor articulação com o planeamento
urbano e a gestão do solo.
Garantir o direito a água e a saneamento não se limita a
fornecer infraestrutura. Os países fizeram progressos na descentralização,
regulação e controle de ambos os serviços, mas persistem desafios importantes
em termos de eficiência, disponibilidade, qualidade, acessibilidade e
continuidade. Superá-los exige a revisão e aperfeiçoamento dos modelos de
governança, gestão e financiamento.
A utilização do automóvel particular determina o padrão de
crescimento urbano na região, apesar de sua natureza insustentável. Há a
alternativa de consolidar o atual predomínio dos deslocamentos ativos e do
transporte coletivo, abordando as políticas de incentivos e desincentivos de
modo mais integral, em uma perspectiva sócio espacial e fomentando, quando
necessário, soluções conjuntas para vários municípios.
A definição de políticas para a gestão de serviços básicos
urbanos requer um monitoramento técnico relativamente avançado. Na região, não
há um registo exato da qualidade da água, das redes de esgoto, do tratamento de
águas residuais e nem de resíduos sólidos. Tampouco se consegue avaliar com
precisão a oferta e demanda de mobilidade. Em geral, os dados vêm dos próprios
fornecedores, por isso é fundamental definir indicadores precisos, completos e
comparáveis que permitam tomar as estratégias adaptadas a cada cenário.
• Meio
ambiente e gestão do risco
Na América Latina há uma baixa ocupação de grandes
territórios e uma alta concentração populacional nas cidades. Isto coloca
desafios para a proteção do entorno imediato das cidades, mas também tem
vantagens, visto que a concentração de pessoas permite aplicar soluções
técnicas duradouras a um custo mais baixo.
O estilo de vida urbano está relacionado ao consumo de bens
e serviços produzidos no campo, em outras cidades ou em outros países, o que
torna muito difícil medir a contribuição específica das cidades para o fenômeno
da mudança climática. As principais emissões de gases de efeito estufa
associadas diretamente às áreas urbanas derivam da queima de combustíveis
fósseis para o transporte (38%), a produção de eletricidade (21%) e a indústria
(17%).
Na região, a ocorrência e distribuição geográfica de eventos
meteorológicos extremos começaram a mudar como resultado da mudança climática
global. Já é possível constatar uma alteração nos padrões de chuva, o
desaparecimento progressivo das geleiras e o aumento do nível do mar. As
projeções indicam que esses fenômenos aumentarão no futuro, ampliando os riscos
de desastres naturais em toda a região.
A vulnerabilidade das cidades frente às ameaças do clima, às
epidemias e à atividade geológica depende tanto de fatores externos quanto da
preparação para enfrentá-los. Em geral, os assetamentos precários são
particularmente vulneráveis devido à sua localização, deficiência de
infraestrutura e serviços, bem como o perfil socioeconômico e cultural de seus
habitantes.
O crescimento urbano descontrolado pode degradar os
ecossistemas de maneira estrutural. Os estreitos laços existentes entre os
aspectos sociais, econômicos e ambientais exigem algo abrangente requerem a
adoção de políticas integrais, algo que já teve início em algumas cidades da
região. A abordagem territorial e espacial nas intervenções é promissor para o
avanço para integrar os pilares do desenvolvimento e promover modelos de
crescimento urbano mais sustentáveis.
Algumas cidades já contam com planos explícitos contra a
mudança climática, inventários de gases de efeito estufa, mapas de risco e
vulnerabilidade, além de programas de ação aprovados institucionalmente.
Localmente, os departamentos de urbanismo, planejamento físico e transporte
desempenham um papel particularmente importante, pois têm uma grande capacidade
de influenciar na localização da habitação, a demanda por mobilidade, de
consumo de energia e na prevenção de desastres.
Para os países menos desenvolvidos, a ocorrência de
desastres tem um impacto particular, pois estes são os menos preparados para
enfrentá-los e o apoio humanitário absorve grandes quantidades de recursos que
poderiam ser dedicados ao desenvolvimento. O Haiti, país que tem muitos dos
mais baixos indicadores na região, sofreu particularmente as consequências do
terremoto de 2010.
Vinte anos após a Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, a
consciência da América Latina e do Caribe sobre os problemas do meio urbano é
maior do que no passado, mas a adoção de medidas ambiciosas em escala local
ainda é incipiente, embora as cidades estejam assumindo um papel mais
importante a nível internacional. Fortalecer a coordenação entre entidades de
um mesmo governo, entre os níveis de governo e com os setores privados e da
sociedade civil é uma condição para alcançar resultados à altura do dinamismo
econômico da região.
• Governança
urbana
Na região existem cerca de 16 mil entidades de governo
local, que adotaram diversas abordagens de planejamento e gestão urbana. Muitos
desses governos ficaram sobrecarregados com a rápida urbanização ocorrida na
segunda metade do século XX, uma situação que hoje se reflete nas desigualdades
e segregações sociais e espaciais nas cidades.
A governança obteve progressos significativos,
principalmente em termos de democratização e descentralização. A eleição de
prefeitos por sufrágio universal se generalizou e se reforçaram os mecanismos e
iniciativas para assegurar a participação cidadã nos assuntos de governo,
incluindo a revogação do mandato, o orçamento participativo e os conselhos de
bairro. Além disso, se alcançou uma maior responsabilidade na gestão dos
recursos, tanto por parte das autoridades locais quanto dos cidadãos que
contribuem.
A participação das mulheres na política ganhou terreno. No
entanto, assim como em outras instâncias, ainda está longe de diminuir a
disparidade de gênero. Ao nível dos órgãos legislativos locais, o número de
vereadoras aumentou para 22% dos cargos eleitos, enquanto que no Executivo as
mulheres representam apenas 10%.
Nos últimos anos tem se observado um aumento na atividade
normativa para a revisão das leis relacionadas ao ordenamento territorial e à
gestão da cidade, algo que parece indicar um interesse político renovado nestas
questões.
A descentralização de competências nem sempre tem sido
acompanhada das necessárias transferências de recursos e capacidades. Somente
os municípios mais populosos alcançaram o autofinanciamento, enquanto outros
são altamente dependentes dos governos centrais. Os avanços também foram
limitados no fortalecimento das capacidades dos governos locais, um assunto
pendente na região.
A tributação associada à terra e ao imobiliário é pouco
desenvolvida. Existem experiências de captação dos ganhos gerados por decisões
de planejamento ou investimentos públicos, mecanismos que tem um grande
potencial para o financiamento municipal e poderiam ser sistematizados.
É preocupante a existência de grupos ilegais que, a partir
de meios violentos e coercitivos, controlam territórios e populações, e têm uma
crescente influência sobre o funcionamento das instituições. A corrupção
tradicional e a captura do Estado por esses grupos constituem uma ameaça à
consolidação democrática e exigem uma ação coordenada de todas as esferas de governo.
Na região, ainda está aberto o debate sobre as funções
devolutivas e redistributivas das transferências financeiras e de capacidades
entre as diferentes esferas de governo. Considerando a heterogeneidade
existente entre os países e dentro deles, parece muito necessário promover
políticas de harmonização e coesão territorial que assegurem o desenvolvimento
igualitário de todas as cidades.
As novas configurações urbanas, como as áreas metropolitanas
e os corredores urbanos, colocam novos desafios de governança e exigem uma
adaptação das instituições à realidade dos territórios. As cidades da região
também estão reforçando o seu protagonismo internacional, o que, se bem
orientado, pode contribuir para a prosperidade de seus países. (EcoDebate)
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