ONU alerta para risco de crise alimentar com alta de preços
Aumento ocorreu em decorrência de seca nos Estados Unidos.
Preços do milho e da soja bateram recordes no mês passado.
O mundo pode enfrentar uma nova crise alimentar, semelhante
à que aconteceu e 2007 e 2008, se os países restringirem exportações para
tentar proteger seus estoques, alertou em 09/09/12a FAO (órgão da Organização
das Nações Unidas para alimentação e agricultura), após relatar uma alta nos
preços dos alimentos em decorrência da seca nos Estados Unidos.
O milho e a soja bateram preços recordes no mês passado por
causa das condições climáticas nos EUA, puxando para cima a cotação de outros
produtos, e obrigando a FAO a reduzir suas previsões de declínio nos preços
neste ano.
Em 2007 e 2008, a conjunção de preço elevado do petróleo,
maior demanda por biocombustíveis obtidos de produtos comestíveis, clima
adverso, políticas restritivas para as exportações e especulações nos mercados
futuros causaram uma disparada nos preços dos alimentos, provocando protestos
em países como Egito, Camarões e Haiti.
Plantação de milho danificada pela seca nos Estados
Unidos; alta nos preços pode provocar crise alimentar, segundo a ONU
"Há o potencial para que se desenvolva uma situação
como a que tivemos em 2007/08", disse Abdolreza Abbassian,
economista-chefe e analista de grãos da FAO.
"Há uma expectativa de que desta vez não adotaremos
políticas ruins nem interviremos no mercado por meio de restrições, e se isso
não acontecer não iremos ver uma situação séria como a de 2007/08. Mas se essas
políticas se repetirem, tudo é possível."
Os mercados graneleiros foram atingidos por especulações de
que produtores de grãos do mar Negro, especialmente a Rússia, poderiam impor
restrições às exportações por também terem sofrido com uma seca.
Em 08/08/12 a Rússia disse não ter motivos para restringir
exportações neste ano, mas que tarifas punitivas aos exportadores não estão
descartadas para o ano que vem.
O Índice de Preços Alimentícios da FAO, que mede oscilações
mensais para uma cesta de cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar,
subiu de uma média de 201 pontos em junho para 213 em julho.
A alta reverte três meses de declínio. O índice está abaixo
do recorde de 238 pontos em fevereiro de 2011, quando a alta dos alimentos
ajudou a estimular as revoltas da Primavera Árabe, mas acima do índice
registrado durante a crise alimentar de 2007/08.
A ONG Oxfam disse que a alta no preço dos grãos pode causar
fome e desnutrição para milhões de pessoas, que se somariam às quase 1 bilhão
que já não têm condições de se alimentar adequadamente.
Abbassian disse que a situação ainda é muito diferente da de
2007 e 2008, quando o preço do petróleo estava em níveis recordes, o que também
eleva os custos dos produtores agrícolas.
A abundante oferta de arroz e o fraco crescimento econômico
mundial também devem aliviar a pressão sobre os preços, e muita coisa vai
depender das condições climáticas. (g1)
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