Poluição faz China
restringir o número de carros, limitando novos emplacamentos
Poluição do ar em
Pequim, China
As grandes cidades
chinesas estão recorrendo cada vez mais a cotas de emplacamento de veículos
para controlar a poluição e atenuar o congestionamento do tráfego. Depois de
Pequim e Xangai, a última a adotar a medida é Cantão, ou Guangzhou, no sul do
país. A cidade decidiu limitar o número de novos emplacamentos em cerca de 50%
do total do ano passado.
No ano passado,
Pequim começou a realizar sorteios para emitir placas de automóveis; os
emplacamentos foram limitados em 240 mil para 2011. Em Xangai, os emplacamentos
são leiloados desde 2002; atualmente, são autorizados cerca de 8,5 mil novos
emplacamentos mensalmente.
O Mizuho Financial
Group prevê que o maior rigor de Cantão desacelerará as vendas de automóveis, e
que isso poderá ameaçar montadoras como a General Motors e a Volkswagen, que
estão dependendo do crescimento da China, o maior mercado automotivo do mundo,
para contrabalançar a queda da demanda na Europa.
“As novas restrições
de Cantão corroboraram a tendência de adoção de mais controles”, escreveram em
relatório Ole Hui e Jeremy Yeo, analistas do setor automobilístico da Mizho.
“Outras cidades vão fazer o mesmo, uma vez que muitas já alcançam níveis de
poluição e de congestionamento excessivamente altos.” Maior produtora mundial
de emissões de carbono, a China abriga 16 das 20 cidades mais poluídas do
mundo, segundo o Banco Mundial.
Em Cantão, com uma
população de 10,3 milhões de pessoas, a velocidade média dos veículos é de
cerca de 20 quilômetros por hora, e deverá ficar ainda mais lenta em 2013, prevê
o governo. No fim de maio havia um total de 2,41 milhões de veículos na cidade,
número correspondente a mais que o triplo do total de vagas de estacionamento.
Isso levou a cidade a decidir que apenas 120 mil novos emplacamentos seriam
emitidos no período de 12 meses iniciado em 1º de julho.
A medida tomada por
Cantão poderá levar as montadoras a centrar as atenções nas cidades de menor
porte. “Mesmo que novas grandes cidades chinesas lancem controles de
emplacamento, prevemos que isso não afetará o potencial de crescimento durante
vários dos próximos anos”, ponderou por e-mail Andreas Hoffbauer, porta-voz da
Volkswagen em Pequim. “As cidades de segunda e terceira linhas constituirão a
maior contribuição ao crescimento do mercado automobilístico chinês.”
Apesar dos controles
adotados por Cantão, o governo central não permitirá que muitas outras cidades
imponham restrição semelhante à propriedade de veículos, prevê o analista Cao
He, da China Minzu Securities de Pequim. “Se um número excessivo de cidades
seguir esse exemplo, teremos certamente um desaquecimento das vendas de
veículos e do crescimento da economia”, disse ele.
A demanda chinesa por
veículos já desacelerou neste ano, diante da perda de impulso do crescimento da
economia e da alta dos preços dos combustíveis. As vendas de veículos de passageiros
aumentaram 5,5% nos cinco primeiros meses do ano, segundo a Associação Chinesa
de Fabricantes de Automóveis, comparativamente à alta de 6,1% registrada no
mesmo período de 2011. (EcoDebate)
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