Quando foi realizada a primeira copa do mundo, no
Uruguai em 1930 jamais o tema de sustentabilidade foi associado com a copa e
esta visão prosseguiu praticamente até o fim do século passado. Neste século,
todas as copas passaram a ter o tema da sustentabilidade vinculado, na medida
em que a grandiosidade do evento passou a exigir um grande caderno de
exigências em função das necessidades.
Quando a copa é realizada num pais de maior
condição econômica, o tema de sustentabilidade associado com a infraestrutura
necessária para a grandiosidade do evento passa desapercebido, pois geralmente
o pais já dispõe de infraestrutura instalada em condições adequadas.
Mas quando o evento é realizado nos países em
desenvolvimento, o cumprimento do caderno de encargos necessário para
viabilizar a grandiosidade do evento, infraestrutura esta que se tornará
permanente após a realização da copa, então a discussão da sustentabilidade se
torna muito mais relevante e intensa.
As autoridades locais constroem, operam e mantêm a
infraestrutura econômica, social e ambiental, supervisionam os processos de
planejamento, estabelecem as políticas e regulamentações ambientais e
contribuem para a implementação de políticas ambientais nacionais e subnacionais.
As organizações traduzem tudo de forma muito pragmática.
Começam por estimular a disseminação do conceito de
ecodesign quando aplicável. Ecodesign não é apenas inspiração com
temas ecológicos. Significa planejar e produzir produtos que possam ser
totalmente reciclados quando terminar sua vida útil. Ou no caso de embalagens
de alimentos, que possam ser totalmente reaproveitadas ou recicladas. Aplicando
inicialmente a prática dos 3R (reduzir a geração de resíduos, reutilizar no
mesmo estado que se encontram, ou reciclar, quando o material serve de matéria
prima para novo ciclo industrial), como as latinhas de alumínio dos
refrigerantes (NAIME e GARCIA 2004 e NAIME, 2005).
Depois por reduzir os desperdícios de energia
passaram a adotar programas de eficiência energética, calculando as iluminações
e a potência dos motores que movimentam máquinas e produzindo energias
alternativas, como solar e eólica. Ou criando programas permanentes de
aperfeiçoamento e melhoria contínuas nesta área.
A seguir, passaram a cuidar da racionalização do
uso de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos. Em todas as organizações
que poluem água, a implantação de eficientes e eficazes sistemas de tratamento
de efluentes foram implantados e o controle por padrões de descarga dos
efluentes passaram a ser rigorosos.
Em conjunto com estas atividades, passaram a
implantar cuidadosos sistemas de gestão de resíduos sólidos, tanto domésticos
quanto industriais, privilegiando a prática dos 3R.
Ao mesmo tempo, começaram a ser muito controladas
as emissões atmosféricas, de organizações que produzem grande quantidade de
gases, como polos petroquímicos e organizações que utilizam caldeiras. Passaram
a ser implantados filtros, lavadores de névoas e outros equipamentos de
prevenção de poluição.
A seguir foram criados programas de
responsabilidade socioambiental muito amplos, envolvendo todas as partes
interessadas (fornecedores, colaboradores, clientes, ONGs, governo, etc.).
A sequência em geral inicia com a implantação de
programas 5S, acompanhados de programas de treinamento de pessoal e melhoria
contínuos, que logo evoluem para certificações de qualidade (série ISO 9000) e
certificações ambientais (série ISO 14000).
A conscientização é igual nos setores público e
privado. Mas por razões operacionais, os resultados que tem sido alcançados
pelas organizações privadas é melhor. E muitas vezes estes resultados são
compulsoriamente perseguidos, porque deles dependem muitas vezes os mercados,
tanto interno quanto externo.
Estes itens de sustentabilidade mais operacional
que hegemonizam ainda as prioridades nos países em desenvolvimento podem ser
resumidos nos seguintes itens:
Aplicação de conceitos de ecodesign aos produtos
quando cabível;
Incorporação de conceitos de tecnologias mais
limpas a produtos ou serviços, quando aplicável;
Eficientização energética;
Otimização do uso de recursos hídricos;
Tratamentos de efluente industriais e esgotos
domésticos;
Gestão de resíduos sólidos;
Monitoramento atmosférico e
Programas de responsabilidade e participação
socioambientais.
Nos países avançados de maior industrialização,
esta abordagem denominada “operacional” está muito mais resolvida e a discussão
está centrada num crescimento com menor produção de carbono, principal
componente dos gases de efeito estufa (CO2, CH4, etc) e
na eliminação da pobreza.
Nos países em desenvolvimento o foco maior ainda é
nas questões operacionais da sustentabilidade, enquanto nos países pobres a
preocupação é a sobrevivência, não havendo hegemonia de nenhuma das duas abordagens
anteriormente expostas. (EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário