O progresso e a industrialização foram, nas últimas décadas,
os lemes que direcionaram o mundo para uma evolução a qualquer preço. Como
contrapartida, o desgaste dos recursos naturais que serviram de base para este
avanço tecnológico foi impressionante. O atual cenário mundial traz
preocupações quando se coloca em pauta as condições de vida no planeta.
A busca de soluções para a incompatibilidade ambiental
trouxe à tona questões sobre a necessidade de se elaborar modelos de
desenvolvimento sustentáveis, que definem formas de conciliar a evolução tão
desejada com a preservação do meio ambiente. Segundo a pesquisadora Daniela
Vasconcelos Gomes, “vive-se atualmente
em um momento de transição, em uma verdadeira crise de valores. O paradigma
antropocêntrico, que predominou durante toda a modernidade, ainda está presente
em nossa sociedade, mas há sinais visíveis de que a lógica do mercado está
destruindo a vida do planeta. Sendo assim, se faz necessária a mudança para uma
visão de mundo biocêntrica, comprometida com todas as formas de vida na Terra.”
Tal mudança só será possível através da construção de novos
valores na sociedade, através de programas de educação ambiental que proponham
novas ideologias com relação à educação para o consumo, enfatizando uma visão
total de mundo baseado numa postura ética, solidária e responsável.
A educação é apontada como uma das ferramentas mais
importantes na construção de uma sociedade mais equilibrada quanto à utilização
dos recursos existentes. E para a efetivação desta transformação, é necessário
reavaliar uma série de desafios que as instituições de ensino enfrentam na
atualidade, especialmente no que se refere à velocidade da informação (evolução
da informática) e à falta de objetividade frente a um mundo saturado pelo modelo
capitalista.
Daniela Gomes reforça ainda que “o foco da sociedade contemporânea não pode mais estar direcionado
apenas para a produção de riquezas, mas para a sua distribuição e sua melhor
utilização. É necessária uma verdadeira e efetiva mudança de postura na relação
entre o homem e a natureza, onde não há a dominação, mas a harmonia entre
eles.”
A educação ambiental é desenvolvida por meio de processos
contínuos e interativos, e objetiva a formação da consciência, de atitudes,
aptidões, capacidade de avaliação e de ação crítica no mundo. Ressalte-se que
não se trata apenas de ensinar sobre a natureza, mas de possibilitar a
compreensão da relação entre ser humano e natureza, e a construção de novas
formas de pensamento, atitudes e ações. Sem uma mudança nos valores que
orientam a sociedade, através da educação ambiental, não há como alcançar os
objetivos do desenvolvimento sustentável. Assim, a educação ambiental é
considerada instrumento indispensável na formatação de uma sociedade
sustentável.
A educação do consumidor é considerada, então, fundamental
neste processo de formação de uma nova consciência voltada para a preservação
do planeta. A construção de novos hábitos de consumo reduzirá parte dos
problemas ambientais da atualidade, que são fruto dos padrões impostos pela
economia de mercado através da publicidade e que impõem um estilo de vida
insustentável e inalcançável para a maioria.
A construção de consumidores comprometidos com a preservação
do meio ambiente produzirá uma pressão natural sobre as empresas, e estas
deverão conquistar e manter uma boa imagem perante o mercado através do
desenvolvimento de bons produtos e serviços, sendo corretas nas relações com o
meio ambiente e investindo ainda em questões sociais.
O atual padrão de vida assumido pela sociedade, em especial
o padrão ocidental capitalista, é baseado num consumismo desenfreado que está
em desacordo com o grau de oferta de recursos naturais, ou seja, este padrão
não foi construído em um sistema de sustentabilidade. Algumas transformações são
inevitáveis para que a humanidade possa sobreviver em harmonia com o meio
ambiente. O conceito desenvolvido pela sociedade atual é que o ser humano
necessita do meio ambiente para seu desenvolvimento, e dessa forma, o meio
ambiente passa a ser “aquilo que está do lado de fora das cidades”. Perdeu-se a
noção de que o ser humano é parte integrante da natureza, e este conceito é
fundamental para a criação de uma sociedade equilibrada ambientalmente.
A sociedade contemporânea valoriza a imagem, o “ter”, e promove
inevitavelmente a exclusão da parcela da sociedade que não tem condições de se
inserir neste meio. Assim, observa-se no padrão de comportamento humano tanto
uma descartabilidade dos produtos já consumidos, ou a serem consumidos, quanto
das pessoas que não têm acesso a estes bens, que definem os padrões de sucesso
humano.
O rompimento deste padrão de vida consumista, observado na
sociedade atual, é urgente e depende da percepção e participação de cada um de
nós. (EcoDebate)
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