Climatologista
afirma: causa do fenômeno que diminuiu a quantidade de chuva em São Paulo é
desconhecida
Segundo
os especialistas, a crise do abastecimento de água está apenas começando.
O acumulado de
chuva em 2014 na região do Cantareira de fato está mais baixo do que o
observado há 10 anos, por exemplo. De janeiro a outubro deste ano choveu pouco
mais de 660 mm no principal reservatório de abastecimento de água da capital
paulista, enquanto no mesmo período de 2004 o volume de chuva acumulado foi de
1.160 mm. O fenômeno que provocou essa diminuição é conhecido, mas o que causa
ele ainda pode ser explicado pelos especialistas.
“Nos últimos
anos entramos numa fase fria do Oceano Pacífico, fato que reduz a quantidade de
chuva acumulado anualmente no Sudeste do Brasil. O ciclo conhecido como ODP
(Oscilação Decadal do Pacífico), muda mais ou menos a cada 30 anos, mas o por
quê existe essa variação a comunidade científica ainda não sabe afirmar”,
explica o climatologista da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury.
O tema foi
debatido no Congresso Brasileiro de Meteorologia, que aconteceu entre 3 e 6 de
novembro, em Recife. Nas discussões do CBMET muitos questionamentos ficaram sem
resposta, mas os cientistas entraram em um consenso: se trata de um fenômeno de
escala global e que não muda de um ano para o outro. Ou seja, o problema não
está perto de ser solucionado.
Prova de que as
mudanças climáticas não afetaram somente o Brasil são outros extremos
observados em 2014 pelo mundo, como o frio intenso e duradouro do inverno nos
Estados Unidos e as chuvas, que trouxeram inundações para a Europa.
“As chuvas do
próximo verão devem garantir o abastecimento em São Paulo, mas com restrições.
E a falta de água permanece durante o período seco de 2015”, alerta Etchichury.
Um outro fenômeno, chamado pelos meteorologistas de madden julian, é um pulso
de energia, que passa pelos Oceanos Índico, Pacífico e Atlântico a cada 30-60
dias e nesse pulso as chuvas são potencializadas.
O madden julian
ajuda na formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que provoca
chuvas duradouras e com elevados acumulados. O problema é que a condição dos
Oceanos nos últimos verões fez com essas chuvas não se concentrassem em São
Paulo. Em 2013 a ZCAS se formou no Espírito Santo e deixou o Estado debaixo de
água.
“A crise atual
acende um alerta: quando os recursos naturais são abundantes, as falhas
estruturais são compensadas. Agora, resta as autoridades se preocupar com
soluções de longo prazo”, conclui Paulo Etchichury. (uol)
Nenhum comentário:
Postar um comentário