quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Cantareira vai a 7,8%, maior alta em 13 meses

Cantareira vai a 7,8%, maior alta em 13 meses; chuva supera média de fevereiro
Crise hídrica
Nível do principal sistema que abastece a região metropolitana subiu 0,5% em um dia; especialista ressalta que situação ainda é complicada. Sabesp nega que feriado tenha influenciado na manutenção do volume da reserva
Após superar o volume de chuva esperado para fevereiro, o Sistema Cantareira registrou a maior alta desde o início da crise hídrica, em janeiro de 2014. O nível do principal manancial de São Paulo subiu 0,5% e os seus reservatórios operavam ontem com 7,8% da capacidade, ante 7,3% de anteontem, de acordo com relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Esta foi a 11.ª vez seguida que o Cantareira registrou aumento do volume de água represada. Nos 16 primeiros dias de fevereiro, a pluviometria acumulada já supera a média histórica do mês. Ao todo, foram 206,1 milímetros de chuvas: cerca de 3,5% a mais que o volume esperado, de 199,1 milímetros. Só ontem, a pluviometria do dia foi de 42,6 milímetros, a maior deste ano. A última vez em que isso havia acontecido foi em março do ano passado, quando as chuvas ficaram 5% acima da média. As primeiras chuvas que caíram sobre o Cantareira após o longo período de estiagem serviram apenas para umedecer o solo. Agora, já há acúmulo de água. Outro fator que explica as altas consecutivas do manancial, responsável por atender 6,2 milhões de pessoas, é que a quantidade de água retirada dos reservatórios pela Sabesp tem sido gradativamente reduzida. Em dezembro, a vazão média no Cantareira era de 18,5 mil litros por segundo. Dois meses depois, o número está em 11,9 mil l/s – redução de mais de 35%. A Sabesp nega que o aumento no volume armazenado do sistema tenha ligação com um menor consumo residencial, já que muitas pessoas viajam no carnaval. “O principal fator é a quantidade de chuvas na bacia do Cantareira, diretamente nas represas ou nas nascentes dos rios”, diz a companhia, em nota. Em comparação com 1.º de janeiro, quando os reservatórios tinham 7,2% da capacidade, a alta foi de 0,6%. O atual cálculo da Sabesp, porém, envolve duas cotas do volume morto – uma de 182,5 bilhões de litros de água, adicionada em maio, e outra de 105 bilhões, em outubro. Com a quantia extra, o Cantareira saltou artificialmente primeiro de 8,2% para 26,7% e, depois, de 3% para 13,6%. “Chegamos em abril do ano passado, no período seco, com 10% do volume útil. Se utilizarmos a mesma régua, hoje estaríamos com algo próximo de -23%. É uma desvantagem relevante”, afirmou o professor do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo.
Outros mananciais. O nível dos outros cinco mananciais responsáveis por abastecer a capital e a Grande São Paulo também registrou aumento. O Alto Tietê subiu 0,5% e superou a média histórica de chuvas do mês. Desde o início de fevereiro, as chuvas somam 197,3 milímetros, enquanto o volume esperado é de 192 mm. Em setembro, o Alto Tietê também já havia superado a média. Em 16/02 o reservatório operava com 14,6%. Guarapiranga e Alto Cotia tiveram alta de 0,1% – o primeiro passou de 55,2% para 55,3% e o segundo, de 34,4% para 34,5%.
Precipitação continua sobre os mananciais
A previsão do tempo aponta que áreas de instabilidade vão continuar se formando e a chuva deve continuar no Estado pelo menos até 23/02. Relatório da Climatempo divulgado informou que “as pancadas de chuva vão continuar frequentes sobre os reservatórios que abastecem a Grande São Paulo”.
Na expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), poderá cair até 50 mm de chuva em São Paulo nos próximos dias, sendo mais intensa em 18/02, com até 30 mm.
O cenário começa a mudar na última semana de fevereiro, quando a previsão é de grande redução na precipitação. (OESP)

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