Cantareira vai a 7,8%, maior alta em 13 meses; chuva supera
média de fevereiro
Crise hídrica
Nível do principal sistema que abastece a região
metropolitana subiu 0,5% em um dia; especialista ressalta que situação ainda é
complicada. Sabesp nega que feriado tenha influenciado na manutenção do volume
da reserva
Após superar o volume de chuva esperado para fevereiro, o
Sistema Cantareira registrou a maior alta desde o início da crise hídrica, em
janeiro de 2014. O nível do principal manancial de São Paulo subiu 0,5% e os
seus reservatórios operavam ontem com 7,8% da capacidade, ante 7,3% de
anteontem, de acordo com relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (Sabesp). Esta foi a 11.ª vez seguida que o Cantareira registrou
aumento do volume de água represada. Nos 16 primeiros dias de fevereiro, a
pluviometria acumulada já supera a média histórica do mês. Ao todo, foram 206,1
milímetros de chuvas: cerca de 3,5% a mais que o volume esperado, de 199,1
milímetros. Só ontem, a pluviometria do dia foi de 42,6 milímetros, a maior
deste ano. A última vez em que isso havia acontecido foi em março do ano
passado, quando as chuvas ficaram 5% acima da média. As primeiras chuvas que
caíram sobre o Cantareira após o longo período de estiagem serviram apenas para
umedecer o solo. Agora, já há acúmulo de água. Outro fator que explica as altas
consecutivas do manancial, responsável por atender 6,2 milhões de pessoas, é
que a quantidade de água retirada dos reservatórios pela Sabesp tem sido
gradativamente reduzida. Em dezembro, a vazão média no Cantareira era de 18,5
mil litros por segundo. Dois meses depois, o número está em 11,9 mil l/s –
redução de mais de 35%. A Sabesp nega que o aumento no volume armazenado do
sistema tenha ligação com um menor consumo residencial, já que muitas pessoas
viajam no carnaval. “O principal fator é a quantidade de chuvas na bacia do
Cantareira, diretamente nas represas ou nas nascentes dos rios”, diz a
companhia, em nota. Em comparação com 1.º de janeiro, quando os reservatórios
tinham 7,2% da capacidade, a alta foi de 0,6%. O atual cálculo da Sabesp,
porém, envolve duas cotas do volume morto – uma de 182,5 bilhões de litros de
água, adicionada em maio, e outra de 105 bilhões, em outubro. Com a quantia extra,
o Cantareira saltou artificialmente primeiro de 8,2% para 26,7% e, depois, de
3% para 13,6%. “Chegamos em abril do ano passado, no período seco, com 10% do
volume útil. Se utilizarmos a mesma régua, hoje estaríamos com algo próximo de
-23%. É uma desvantagem relevante”, afirmou o professor do Departamento de
Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio
Carlos Zuffo.
Outros mananciais. O nível dos outros cinco mananciais
responsáveis por abastecer a capital e a Grande São Paulo também registrou
aumento. O Alto Tietê subiu 0,5% e superou a média histórica de chuvas do mês.
Desde o início de fevereiro, as chuvas somam 197,3 milímetros, enquanto o
volume esperado é de 192 mm. Em setembro, o Alto Tietê também já havia superado
a média. Em 16/02 o reservatório operava com 14,6%. Guarapiranga e Alto Cotia
tiveram alta de 0,1% – o primeiro passou de 55,2% para 55,3% e o segundo, de
34,4% para 34,5%.
Precipitação continua sobre os mananciais
A previsão do tempo aponta que áreas de instabilidade vão
continuar se formando e a chuva deve continuar no Estado pelo menos até 23/02.
Relatório da Climatempo divulgado informou que “as pancadas de chuva vão
continuar frequentes sobre os reservatórios que abastecem a Grande São Paulo”.
Na expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet), poderá cair até 50 mm de chuva em São Paulo nos próximos dias, sendo
mais intensa em 18/02, com até 30 mm.
O cenário começa a mudar na última semana de fevereiro,
quando a previsão é de grande redução na precipitação. (OESP)
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