As
civilizações antigas já valorizavam e desenvolveram importantes obras para
captação, armazenamento e aproveitamento de água das chuvas. Particularmente é
notável a contribuição dos árabes durante o período em que habitaram o sul da
Espanha e tornaram mais conhecidas técnicas que já datavam de milhares de anos.
Existem registros de utilização por pretéritas civilizações em várias
localidades.
O
jornal Beira-Rio, da Universidade Federal do Pará, em sua edição eletrônica de
número 120, datada de agosto e setembro de 2014, descreve em detalhe atividade
do grupo interno da instituição, para pesquisa e aproveitamento de água de
chuva na Amazônia para saneamento e meio ambiente. Pode ser paradoxal, mas não
é. Em local de tanta disponibilidade de recursos hídricos, como a Amazônia,
venha a se depender da água da chuva, que por sinal representa fenômeno
intempéricos também abundante na região. Segundo a Agência Nacional de Águas
(ANA), a região norte responde por cerca de 81% dos recursos hídricos do país e
cerca de 12% da água doce superficial do planeta.
As
águas doces superficiais da região amazônica pouco estão pouco disponíveis para
utilização, pois a região carece de saneamento básico e também de ações que
contribuam para potabilização da água. Ou seja as águas são frequentemente
contaminadas por esgotos e outros efluentes e não recebem os devidos
tratamentos físicos e químicos. Apenas parte das águas da região, estão
disponibilizadas para consumo humano em condições adequadas.
Como
se sabe, a pluviosidade naquela região equatorial é elevada em boa parte do
ano. E as águas da chuva quando devidamente filtradas apenas no aspecto físico,
quando liberadas de particulados físicos que se encontram na atmosfera e
contaminam as precipitações pluviométricas, é uma água de inegável qualidade.
Não há contaminação química em águas de chuvas.
Então
a instalação de filtragens físicas em coletores é uma boa solução para
utilização das águas em excelentes condições. Coletores podem ser todos os
telhados ou a cobertura de edificações, que sejam higienizadas 2 ou 3 vezes ao
ano, para diminuir a contaminação por resíduos, particularmente de natureza
física.
Os
estudos do grupo de aproveitamento de água da chuva da Instituição, para uso em
saneamento e meio ambiente (GPAC), através de estudos e levantamentos, estima
que esta solução pode resolver a carência de água potabilizada na cidade de
Belém, estimada em valor próximo a 200 mil habitantes, chegando a ter seu
potencial elevado para o dobro na época de maior pluviosidade.
A
água de chuva filtrada poderia ser utilizada para todas as finalidades
domésticas, particularmente para fins sanitários em geral, sendo resguardada a
ação de preparo de alimentos. Os sistemas de abastecimento são sempre
concebidos em relação às finalidades previstas, destaca o Prof. Dr. Ronaldo
Mendes, coordenador da pesquisa. Dentro de realidades tão diferentes como as
propiciadas por este país continente, é necessário adotar soluções específicas
e regionalizadas, que possam compatibilizar inclusive a utilização de sistemas
mistos de abastecimento, desde que sejam cuidadosamente planejados,
dimensionados e universalizados.
Outros
usos, além da demanda urbana, já estão sendo pesquisados pelo agrupamento da
instituição, destacando-se o uso para irrigação, quando as características da
água sofrem ainda menores restrições, ou seja, se viabilizam de forma mais
fácil. A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) já demonstrou
interesse pelo trabalho, buscando firmar parcerias.
Poucos
lugares são tão beneficiados pela presença de água doce quanto a região
amazônica e a região norte do país em geral. É necessário transformar e
potencializar esta riqueza como instrumento de desenvolvimento efetivo. Pois a
região norte apresenta muitas populações empobrecidas e vulnerabilizadas por
vários fatores, incluindo dificuldades de infraestrutura em geral e ausência de
persistência em políticas locais, adaptadas às peculiaridades regionais.
A
cidade de Belém tem grande deficiência na coleta e tratamento de esgotos, o que
torna vulnerável até mesmo os aquíferos subterrâneos, principalmente quando são
reservatórios de pequena ou de baixa profundidade.
Neste
cenário, se desenha novamente a necessidade de que os órgãos e entidades
gestoras atuem de forma mais proativa e não preconceituosa, criando novos
modelos e adaptando soluções inéditas e inovadoras para solucionar graves e
antigos problemas ambientais e sociais que acometem grandes parcelas de
população.
O
prof. Dr. Ronaldo Mendes destaca que a próxima meta é implantar o sistema de
captação e uso em todo campus da Universidade Federal do Pará e para tanto já
existe patrocínio de uma empresa privada que fornecerá os equipamentos
necessários e a implantação se dará em breve intervalo de tempo.
Não importa se são usados recursos públicos ou
se são viabilizadas iniciativas privadas para incremento de inovações.
Empreendimentos privados que em geral para se viabilizarem, arregimentam e
viabilizam retornos econômicos. O meio ambiente agradece igualmente e quanto
mais soluções sustentáveis forem viabilizadas inclusive em nível de retornos
econômicos, maior e melhor é a garantia de perenização das situações que
melhoram a qualidade ambiental e a qualidade de vida das populações.
(ecodebate)
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