O
acordo prevê investimentos em fontes renováveis de energia.
Manchete
da semana: Obama e Dilma fazendo acordos para combate ao desmatamento. Obama já
havia tratado com a China a redução de gases efeito estufa, quer que uma das
marcas do governo dele seja a ambiental. A questão é: qual a seriedade do
governo brasileiro no cumprimento dessas promessas?
A
economia nacional hoje depende das “commoditties”, da exportação de produtos em
estado bruto (matérias primas), os indicadores econômicos mostram que só o
agronegócio prospera no país. Pois é principalmente da soja e do gado que vem o
desmatamento da Amazônia, e o governo cedeu a todas as pressões feitas pelo
agronegócio, fechando os olhos para o desmatamento.
O
ritmo do desmatamento havia sido reduzido de 2004 a 2012, quando voltou a
crescer muito, de 2012 a 2013 cresceu assustadores 92%, logo depois que o
Congresso Nacional anistiou desmatadores e flexibilizou leis de proteção, com
as mudanças no Código Florestal Brasileiro.
Pior
ainda, o atual Congresso brasileiro, dando sinal verde para o plantio de
cana-de-açúcar na Amazônia, cometeu mais um retrocesso desde que “podou” o
Código Florestal, em 2012. O Brasil, maior produtor mundial de cana-de-açúcar,
já produz cerca de 650 milhões de toneladas de cana, cerca de 55% usadas na
fabricação do etanol.
Ao
contrário do que se pensa não é o Nordeste o maior produtor de cana, mas é no
Sudeste e seu entorno que se situa 87% da produção nacional (norte de SP, sul
de MG e algumas áreas do PR, GO e MS), sendo que só SP responde por 60% da cana
brasileira. O curioso nesse dado é que a biodiversidade nordestina foi
devastada pela monocultura da cana-de-açúcar, como já alertava o sociólogo Gilberto
Freyre há quase um século atrás. Produtividade não depende só da extensão de
área plantada, e a relação custo-benefício da cana nordestina inclui o amplo
desmatamento da região, contribuindo para a falta de chuvas e desertificação
regional.
O
que o governo poderia fazer, diferente do que vem (ou não vem) fazendo? Existe
um agronegócio sustentável, que não implicasse no aumento do desmatamento da
Amazônia como vem ocorrendo hoje?
Este
debate tem de passar pela questão da produtividade, que não depende somente de
grandes extensões de terra, mas de tecnologia e métodos de plantio e colheita
adequados. Como já vimos na questão da cana, as imensas áreas cultivadas do
Nordeste respondem por cerca de apenas 10% da produção nacional de cana, contra
87% no Sudeste e entorno. Liberar o desmatamento para plantar é um tiro no pé
logo adiante, pois sem floresta não há água, como a que falta em São Paulo.
(ecodebate)
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