Como a
Austrália superou a falta de água no País, situada a um dos continentes mais
secos do mundo
O clima na Austrália para quem gosta de Sol, dias
claros, e céu azul, é incomparável com qualquer outro país do mundo. Lá
simplesmente quase não chove. É considerado um dos países mais secos. Sua fonte
de água é a Bacia Murray-Darling, com 5.890 quilômetros de extensão. Ambos
nascem nos Alpes e desembocam na grande baía australiana, após atravessarem a
mais importante região agrícola do país. Mas como o continente faz para
produzir alimentos com pouca água?
Segundo o secretário da Plataforma de Recursos
Hídricos, Divisão do Solo e da Água, da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), Marlos de Souza, a água tem valor econômico.
Essa é a grande resposta para a pergunta. O secretário comentou em sua palestra
que a Austrália estabeleceu muito cedo valor econômico para a água. “Então
sempre pensamos: onde podemos colocar essa água para ser mais produtiva?”,
disse.
Souza observou que o país passou oito anos por uma
crise chamada de Seca do Milênio, entre 1997 e 2009, que culminou com a
intervenção gerencial do governo federal nos recursos hídricos dos estados.
Apesar de ser uma federação igual ao Brasil, na Austrália os recursos hídricos
são posse dos estados e o governo central não intervinha na questão. “Com isso
a quantidade de água extraída passou a ser determinada por uma legislação
federal. “A lei forçou uma situação de compra e venda de água igual ao modelo
do mercado de ações. Onde o produtor pode alugar ou ter uma outorga”, explicou
o secretário.
Com essa regulação da água, observou Marlos de
Souza, o governo passou a arrecadar dois bilhões de dólares australianos por
ano somente com impostos, que são revertidos em bens para a população, como
escolas, saúde, transporte. “O uso da água é medido de acordo com o valor do
seu produto. O agricultor não reclama. Ele sabe do valor da água”,
complementou.
O secretário observou que além da intervenção do
governo, a Austrália passou a investir muito em planejamento de forma
eficiente, utilizando menos água e produzindo mais alimentos. “Hoje, temos
programas de melhorias na eficiência de irrigação nas fazendas com
investimentos na ordem de US 5,8 bilhões. E assim o país vai aprendendo a ser
cada vez mais eficiente”, comentou. E acrescentou: “a água tem valor econômico
principalmente para agricultura. O brasileiro tem que entender esse valor e
aplicá-lo”.
O seminário “Uso Sustentável da Água na
Agricultura: Desafios e Soluções” realizado em 18/08/15 pelo Sistema da
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), composto também pelo
Instituto CNA e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), na sede da
Confederação, em Brasília. O evento buscou debater a escassez de água no mundo
e discutir experiências de países que enfrentam a falta de recursos hídricos de
maneira eficaz, tais como Austrália, Estados Unidos e Israel.
Exemplo brasileiro
No Rio Grande do Sul, no Município de Camaquã, o
projeto de Irrigação do Arroio Duro é um exemplo de sucesso da parceria
público-privado que vem diminuindo sustentavelmente por meio da irrigação o uso
da água. Hoje, são irrigados 15 mil hectares de arroz por ano em uma área de 50
mil hectares, colhendo aproximadamente 2,3 milhões de sacos de 50 Kg de arroz,
ou seja R$ 40 bilhões por safra. O Sistema foi executado pelo Governo Federal
por meio do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Hoje é
administrado pela Associação dos Usuários do Arroio Duro (AUD).
De acordo com o assessor técnico da AUD, João
Isidoro Viegas, o objetivo do projeto é o uso racional da água e aumento da
área irrigada. O assessor explicou que para atingir essa meta é realizada a
irrigação por inundação, que consiste em colocar uma lâmina de água em
compartimentos formados no terreno, denominados de tabuleiros ou quadros, que
são limitados por pequenos diques ou taipas (construção destinada a represar
água). “Dessa forma, economizamos cerca de 15 milhões de m3 de
água anualmente”, disse. O volume é suficiente para atender mais de 1,5 mil
hectares. Segundo ele, a cada ano o uso da água diminui. (noticiasagricolas)
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