Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), a ECO 92
produziu quatro documentos, sendo um deles a Convenção Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas. Essa convenção estabeleceu o princípio de
responsabilidades comuns, porém diferenciadas, entre todos os países.
Distinguindo
países desenvolvidos de países em desenvolvimento, na prática, isso significa
que todos os países devem contribuir e implementar iniciativas para reduzir os
gases de efeito estufa, mas os países desenvolvidos devem assumir a liderança,
já que foram os principais beneficiários de tais emissões. Realmente, enquanto
80% da população mundial vive em países em desenvolvimento, tais países
emitiram apenas 45,4% de GEE entre 1950 e 2000; enquanto isso, os 20% da
população dos países desenvolvidos emitiram 54,6% de GEE durante o mesmo
período.
Embora o princípio da “responsabilidade proporcional histórica” pressuponha o desenvolvimento sustentável, é difícil imaginar um país reduzindo suas emissões à custa das condições de vida de sua população. Assim, se a escolha for entre um desenvolvimento insustentável e um não desenvolvimento, muito provavelmente, um país escolheria a primeira opção, já que é essa a opção que alcança a desejada prosperidade de sua população ou de parte dela.
Embora o princípio da “responsabilidade proporcional histórica” pressuponha o desenvolvimento sustentável, é difícil imaginar um país reduzindo suas emissões à custa das condições de vida de sua população. Assim, se a escolha for entre um desenvolvimento insustentável e um não desenvolvimento, muito provavelmente, um país escolheria a primeira opção, já que é essa a opção que alcança a desejada prosperidade de sua população ou de parte dela.
Diante
disso, é difícil imaginar que países, orientados como todos os outros países
pela lógica utilitarista, reduzirão intencionalmente suas emissões de gases de
efeito estufa, principalmente, se ao fazê-lo, tais reduções afetarem
negativamente a prosperidade desejada. Interesse nacional nomina isso, e isso é
apenas uma constatação.
Interesses
nacionais podem estimular, portanto, comportamentos “free rider”, ou seja,
aqueles em que custos ambientais são compartilhados por toda a sociedade, ao
invés de serem incorporados aos custos de produção. Geralmente, esse
comportamento é associado às empresas. Ex: a empresa poluidora que não paga os
custos de prevenção da poluição ambiental, poluindo o rio que serve uma
comunidade; é o indivíduo que ignora a poluição sonora por ele causada, perturbando
o sossego alheio, etc, Mas, que tal comportamento “free rider” na esfera
internacional? É possível que, apesar do princípio da responsabilidade comum
mas diferenciada, um país decida não reduzir suas emissões de Gases de Efeito
Estufa atuando como “free rider”?
Uma
razão para o comportamento “free rider” entre os países é a possibilidade de
alguns países não sofrerem efeitos climáticos negativos. Pelo contrário. As
previsões mostram que alguns países podem se beneficiar com o aquecimento
global, aumentando suas terras aráveis?, por exemplo.
Se
no âmbito interno de um país, os “free riders” podem ser contidos com
regulamentações, internacionalmente, o comportamento “free rider” é mais
difícil de ser contido ante à soberania nacional dos países.
Mesmo
sendo um fenômeno internacional, as decisões relacionadas às mudanças
climáticas serão baseadas em interesses e estruturas de poder nacionais. Essa
compreensão nos leva a formular uma previsão sobre como os interesses nacionais
impactarão as ações nacionais relacionadas às mudanças climáticas.
Embora
possa se falar em cooperação e solidariedades internacionais, verdade é que os
países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, estarão mais propensos a reduzir
suas emissões de gases de efeito estufa se previrem efeitos mais negativos para
seu país que efeitos positivos (diminuição da utilidade). O contrário também é
verdadeiro: os países estarão menos propensos a reduzir suas emissões se
previrem efeitos mais positivos resultantes do aquecimento global que efeitos
negativos (aumento da utilidade).
O
peculiar das previsões é a sua capacidade de negar a liberdade de ação humana,
que gera descobertas, invenções, adaptações, conquistas, ilusões. O peculiar
das previsões é a pouca valorização da capacidade humana de surpreender,
escolhendo um futuro diferente do que parece inevitável. Aí reside a esperança!
(ecodebate)
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