Segundo
serviço meteorológico britânico, a temperatura global, em 2016, poderá bater
recorde.
A
temperatura global continua aumentando, independente do acordo climático
realizado em Paris, na COP 21, e da promessa dos governos de resolverem essa
questão durante esse século, segundo dados do Met Office, o serviço
meteorológico do governo britânico.
O
Amazônia Brasileira conversou com o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia (IPAM), Paulo Moutinho.
A
previsão da temperatura global, no ano de 2016, divulgada esse mês, pelo Met
Office, mostrou que graças a um efeito do El Niño, que vem sendo chamado de
“Godzilla”, somado aos efeitos das mudanças climáticas, a temperatura média
global deve ser 0,84°C mais alta do que a média do período 1961-1990.
Caso
seja confirmada essa previsão haverá o terceiro recorde histórico de
temperatura máxima em três anos consecutivos, pois em 2014, a média da
temperatura foi 0,61°C mais alta que no período 1961-1990, e em 2015, a média
foi de um aumento de 0,72°C, em relação ao período citado, afirma o
pesquisador.
De
acordo Paulo Moutinho, essa questão do aumento da temperatura, está muito
ligada a quantidade de poluentes, principalmente o gás carbônico que é emitido
em excesso, por queima de combustível fóssil para a atmosfera, devido a
atividade humana, causa uma série de alterações no planeta, porém há outra
preocupação além do aumento em si: “essas alterações vem acontecendo não em
escala de décadas e sim em escala de milênios. Nos últimos 150 mil anos, é
normal a Terra ter esses ciclos de aumento e diminuição de temperaturas, mas a
velocidade com que isso está acontecendo agora, é que está nos impressionando”.
O
Met Office divulgou que recordes como esses, provavelmente, não serão batidos
anualmente. Entretanto, as mudanças causadas pelo acúmulo das emissões de gases
de efeito estufa na atmosfera podem potencializar alterações naturais do clima,
como os El Niños e as variações em ciclos naturais dos oceanos, como a
oscilação decadal do Pacífico e a oscilação multidecadal do Atlântico.
O
pesquisador explica que esses fenômenos naturais alteram, ocasionalmente, a
circulação marinha, que tem a capacidade de regular a temperatura global sem
nenhum auxílio externo.
“Temos
que buscar cada vez mais energias limpas, que não jogam poluentes oriundos da
queima de combustíveis fósseis para a atmosfera, pois a emissão desses gases
aprisionam o calor, e precisamos manter as florestas em pé”, sugere Paulo
Moutinho.
E
complementa: “as florestas são um grande ar-condicionado, mantendo a
temperatura na região mais amena, e um grande regador, especialmente da
agricultura da região e se derrubarmos as florestas, estaremos desligando esse
ar-condicionado e retirando o regador. Segundo um estudo, na região do Xingu,
se não fosse o Parque Indígena do Xingu, aquela região teria um aumento de 6° C
a 7°C na temperatura, e isso seria um efeito do desmatamento”.
O
aumento na temperatura, diminui a quantidade de chuvas, o que afeta a produção
agrícola na região: “cada vez mais, manter as florestas, é um investimento
econômico, principalmente, na agricultura, sendo uma garantia de produção”,
explica Paulo Moutinho.
O
pesquisador ressalta que a sociedade brasileira precisa, definitivamente, fazer
uma escolha na Amazônia. “Espero que seja pelo caminho da sustentabilidade,
que ela quebre os paradigmas de que para se crescer, é necessário que se
estrague e para que se tenha um crescimento econômico, é necessário que se
tenha um prejuízo socioambiental”. (ecodebate)
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