Mais de 80% da população em
centros urbanos vive com ar poluído, diz OMS
Relatório
da agência da ONU analisou a qualidade do ar em 3 mil cidades de 103 países;
Curitiba é citada como modelo com várias ações e medidas verdes; nível de
poluição está aumentando nas regiões mais pobres.
O
estudo da OMS foi feito em 3 mil cidades em 103 países.
A
Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que mais de 80% da população urbana
mundial vive em áreas com alta taxa de poluição do ar.
A
informação consta do 3º Relatório Global sobre o assunto, lançado esta
quinta-feira pela agência da ONU. Segundo os especialistas, a poluição do ar
representa o maior risco ambiental à saúde. Ela é responsável por mais de 3
milhões de mortes prematuras no mundo todos os anos.
Piorar
Segundo
o documento, 98% das cidades dos países de baixa e média rendas, com mais de
100 mil habitantes, apresentam índices de qualidade do ar piores do que o
estipulado pela OMS. No caso dos países ricos, a taxa das cidades que registram
ar poluído caiu para 56%.
De
Genebra, em entrevista à Rádio ONU, Carlos Dora, epidemiologista da agência
falou sobre as conclusões do relatório.
“Nas
cidades dos países em desenvolvimento, a gente vê que tem uma quantidade maior
(de cidades poluídas) e a tendência é piorar. Então isso é, obviamente
preocupante. Uma parte dos dados, mostra exatamente essa tendência temporária.
A piora no geral é de 8%.”
O
estudo da OMS foi feito em 3 mil cidades em 103 países. No Brasil, os
especialistas analisaram 45 cidades do nordeste ao sul do país, entre elas,
Curitiba, Campinas, São Paulo, Campos, no Estado do Rio de Janeiro e Malembá e
Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador.
“Tem,
por exemplo, cidades como Curitiba, que tinha um nível que antes era acima do
preconizado pela OMS e que agora tem o ar limpo de acordo com a qualidade de ar
da agência da ONU. É uma coisa muito positiva porque Curitiba também tem um dos
melhores exemplos de políticas públicas que levam a limpar a qualidade do ar.
Gestão dos resíduos para não queimar o lixo, (a cidade) faz uma gestão
ecológica dos resíduos, deixa fermentar e colhe o metano para usar como biogás.
Então tem uma série de soluções na gestão de resíduos que eles estão
implementando.”
Trânsito caótico e poluído em Nova Délhi, na Índia.
Trânsito caótico e poluído em Nova Délhi, na Índia.
Rodízio
de Carros
Dora
falou ainda que o rodízio de carros implementado em várias cidades mundiais,
como por exemplo em São Paulo e na Cidade do México, funciona para reduzir a
poluição em situação aguda.
Mas
ele disse que em longo prazo, as cidades devem analisar a situação
detalhadamente e buscar a causa da poluição.
O
representante da OMS citou que Nova York, na época do prefeito Michael
Bloomberg, fez um estudo que concluiu que metade da poluição do ar vinha do
combustível “sujo” usado nos equipamentos de aquecimento e refrigeração dos
prédios da cidade e não dos carros.
Cidades
como Copenhague e Bogotá melhoraram qualidade do ar incentivando uso da
bicicleta.
Poluição
e Saúde
Dora
fez uma comparação dizendo que as medidas adotadas para combater a poluição do
ar podem ajudar na área de saúde. Segundo ele, as pessoas que têm doenças
vasculares recebem recomendações para fazer exercício físico, não fumar e ter
uma dieta saudável.
Mas
o epidemiologista da OMS declarou que não há uma recomendação especial para que
essas pessoas evitem ambientes poluídos.
Para
ele, “é crucial que os governos e cidades façam da qualidade do ar em regiões
urbanas uma prioridade de saúde e desenvolvimento”.
Dora
afirmou que “quando a qualidade do ar melhora, diminuem os gastos de saúde
relativos a doenças como alergias e infecções pulmonares, aumenta a
produtividade dos trabalhadores e também a expectativa de vida da população”.
(ecodebate)
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