A
Global Footprint Network apresenta duas medidas úteis para se avaliar o impacto
humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo.
A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a
biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de terra e água, biologicamente
produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por
consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.
Em
2012, o mundo tinha uma população 7,1 bilhões de pessoas, com uma pegada
ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma biocapacidade per
capita de 1,73 gha. O déficit ambiental global era de 64%. Para que o mundo
vivesse sem déficit a pegada ecológica deveria ser igual à biocapacidade, isto
é, 1,73 gha.
A
pegada ecológica cresce em função do aumento do consumo e das atividades
econômicas. Em geral, a pegada ecológica é maior para os países mais ricos, com
alto IDH, ou grandes produtores de petróleo. Em 2012, os países com as maiores
pegadas ecológicas per capita eram: Luxemburgo (15,8 gha), Aruba (11,9 gha),
Qatar (10,8 gha), Austrália (9,3 gha), EUA (8,2 gha), Canada (8,2 gha), Kuwait
(8,1 gha), Singapura (8,0 gha), Trinidad e Tobago (7,9 gha), Oman (7,5 gha),
Bahrain (7,5 gha) e Suécia (7,3 gha).
No
mapa, só os países bem clarinhos tinham pegada ecológica igual ou menor do que
1,73 gha. Já os países mais escuros tinham pegada ecológica superior a 6,7 gha.
Nota-se que nenhum país da América Latina e África possuía pegada ecológica
elevada. Os dois países mais populosos do mundo tinham pegada ecológica de 1,2
gha na Índia e 3,4 gha na China. O Brasil tinha pegada de 3,1 gha em 2012
(acima da média mundial de 2,8 gha).
Já o
mapa da pegada ecológica total muda de figura, pois é preciso multiplicar a
pegada per capita pela população. Observa-se que a Índia tem uma pegada
ecológica per capita muito baixa, mas como tem uma população muito grande (que
deve ultrapassar a China e se tornar o país mais populoso do mundo a partir de
2025) a Pegada Ecológica total é enorme. Não por coincidência, são os 3 países
mais populosos do mundo (China, Índia e EUA) que possuem as pegadas ecológicas
totais mais elevadas.
China
= 1,4 bilhão de habitantes, com pegada ecológica per capita de 3,4 gha. A
pegada ecológica total era de 4,8 bilhões de gha. A biocapacidade per capita
chinesa era de 0,9 gha em 2012. O déficit ambiental era de 260%.
Índia
= 1,24 bilhão de habitantes, com pegada ecológica per capita de 1,2 gha. A
pegada ecológica total era de 1,4 bilhão de gha. A biocapacidade per capita
chinesa era de 0,5 gha em 2012. O déficit ambiental era de 160%.
Estados Unidos = 318 milhões de habitantes, com pegada ecológica per capita de 8,2 gha. A pegada ecológica total era de 2,6 bilhões de gha. A biocapacidade per capita chinesa era de 3,8 gha em 2012. O déficit ambiental era de 120%.
Estados Unidos = 318 milhões de habitantes, com pegada ecológica per capita de 8,2 gha. A pegada ecológica total era de 2,6 bilhões de gha. A biocapacidade per capita chinesa era de 3,8 gha em 2012. O déficit ambiental era de 120%.
Nota-se
que o déficit ambiental total dos EUA é menor do que o da China. E a diferença
fundamental é o tamanho da população. A China tinha em 2012 a maior população
do mundo e uma pegada ecológica média. O resultado é a utilização de 4,8
bilhões de hectares globais, utilizando 39% da biocapacidade total do Planeta.
Os Estados Unidos (EUA) tinham uma população bem menor do que a China, mas uma
pegada ecológica per capita muito alta. O impacto global dos EUA era de 2,6
bilhões de gha, representando 21% da biocapacidade total do mundo. A Índia
tinha em 2012 a segunda maior população do planeta, mas uma pegada ecológica
per capita bem abaixo da média mundial. O resultado é uma pegada ecológica
global de 1,4 bilhão de gha, representando 12% da biocapacidade total da Terra.
Para
que o mundo saia do vermelho do déficit ambiental e passe para o verde do
superávit ambiental será preciso diminuir a pegada ecológica (consumo), ou a
população ou os dois ao mesmo tempo. O que não dá é para continuar
sobrecarregando o Planeta com o crescimento demoeconômico e a ampliação do
déficit ambiental. O caminho atual leva ao abismo e, como diria Cartola:
“Abismo que cavaste com os teus pés”. (ecodebate)
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