A maré de refugiados que
provocará mudança climática
Especialistas dizem que o aquecimento global irá
atingir centenas de milhões de pessoas, especialmente mulheres, idosos e
crianças sem recursos para chegar até locais seguros.
A maré de refugiados que provocará mudança climática.
Os nativos da ilha de Jean
Charles, Louisiana, têm vivido nessa faixa de terra por várias gerações. A mais
de 14.000 quilômetros de Bohla, Bangladesh, os moradores enfrentam a mesma
ameaça que seus vizinhos americanos: a enchente causada pelo aumento do nível
do mar.
Os
habitantes da ilha de Jean Charles já sofrem com as consequências dos desastres
naturais em sua ilha quase submersa.
Os
Biloxi-Chitimacha-Choctaw e os Houma, que habitam a ilha, podem encabeçar a
lista de refugiados que foram para os Estados Unidos por razões climáticas. O
governo federal designou fundos para uma futura realocação no continente. Os
bengaleses, que vivem no delta do rio Meghna começaram a se mudar para os
bairros pobres de Daca. O êxodo silencioso não atraiu recursos adicionais das
autoridades ou organizações internacionais.
Mas para
aqueles que foram deslocados de uma região, resta o infortúnio de viver nas
zonas litorâneas mais baixas. E como ocorre com outros impactos das alterações climáticas, ninguém sabe exatamente quantas pessoas vão sofrer: 25 milhões, 50
milhões, 200 milhões, 1 bilhão? Não importa o número exato. Ele será muito
alto.
Essas pessoas recebem pouca ou
nenhuma ajuda, porque a atual Convenção relativa ao estatuto dos refugiados, de
1951, não inclui aqueles que perderam suas casas por catástrofes naturais. Nas
próximas décadas, milhões vão sobreviver nessa “terra de ninguém” como vítimas
de um crime contra o clima, sendo em grande medida inocentes.
Os canais construídos pelas empresas petrolíferas e
madeireiras, bem como o flagelo dos furacões, reduziram drasticamente a área da
ilha de Jean Charles.
Mudança
difícil
Na ilha de Jean Charles permanecem
cerca de 60 pessoas. Levá-los para outro lugar não deveria exigir uma operação
complexa. Além disso, as autoridades federais possuem US$ 48 milhões alocados
para esse tipo de trabalho. As duas tentativas anteriores, no entanto, falharam
por questões políticas e logísticas, relata o New York Times.
As famílias indígenas sobreviveram
no local por gerações através da caça, pesca e do cultivo de bananas e nozes.
Embora as águas tenham devorado cerca de 90% da superfície da ilha, os
moradores não querem ir a lugar algum. E não é apenas pelo apego à terra de
seus ancestrais, mas porque o futuro também está inundado de incerteza.
Como eles, 13 milhões de
americanos irão inchar as fileiras de refugiados do clima no final deste
século, caso se realizem as piores previsões do Nacional Oceánic and Atmosferic Administration. Um aumento de
1,8 metros no nível do mar pode exigir a mudança de 2 milhões de moradores do
condado de Miami-Dade, na Flórida, por exemplo. Os cálculos também compreendem
a possibilidade de inundações. Será que muitas outras pessoas serão atingidas
por furacões, chuvas torrenciais e secas intensas em um futuro próximo?
Se os americanos puderem contar
com o apoio de Washington, que já proporcionou um bilhão de dólares para ajudar
comunidades como a da ilha de Jean Charles em outros desastres, grandes
problemas poderão ser evitados. Em outros casos, apenas o desamparo restou para
refugiados como os de Bangladesh, os residentes de pequenas ilhas do Pacífico,
como Kiribati, Nauru e Tuvalu, bem como os agricultores da África Subsaariana,
que sofreram com o clima do continente empobrecido.
(yahoo)
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