Desmatamento na Amazônia caiu 21%, mas aumentou 22% em unidades de conservação
Dados do Imazon indicam que desmatamento na Amazônia caiu 21%, mas aumentou 22% em unidades de conservação.
O desmatamento na Amazônia Legal caiu 21% em um ano,
interrompendo as sucessivas altas verificadas nos últimos cinco anos, apontam
dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados em 22/08/17. Entre agosto de 2016 a
julho de 2017 foi desmatada uma área de 2.834 km². No período anterior, o
acumulado chegou a 3.579 km². Apesar da melhora, a área desmatada corresponde a
quase ao dobro do território da cidade de São Paulo (a capital paulista tem
área de 1.521 km²). Já o desmatamento em unidades de conservação subiu 22%.
De acordo com Antônio Victor, pesquisador do Imazon,
um dos motivos que podem explicar essa redução é o fato de a base de comparação
do ano anterior ser alta. “Em 2016 tivemos a maior área já desmatada em um ano.
Foi o maior pico de desmatamento já detectado pelo SAD desde 2008. Estamos
comparando 2017 com um número bastante elevado”, disse. Além disso, ele destaca
que, apesar de ser importante o recuo no desmatamento, o volume ainda
impressiona. “É uma área considerável, pensando que o objetivo do Brasil é
reduzir a zero.”
Unidades de conservação
A maioria das áreas desmatadas estão em terras privadas (61%) ,
seguida pelos assentamentos (15%) e terras indígenas (2%).
Victor também chama atenção para o aumento do
desmatamento em unidades de conservação. Em julho, foi a segunda área mais
afetada, com 22% do total. “Há grande incidência do crescimento de alertas, nos
últimos anos, na região do sul do Amazonas, envolvendo o estado do Amazonas e
de Rondônia, onde há uma concentração de unidades de conservação, que estão
sofrendo forte pressão para redução, alteração dos limites ou mesmo a
extinção”, disse.
A maioria das áreas desmatadas estão em terras
privadas (61%), seguida pelos assentamentos (15%) e terras indígenas (2%) .
O levantamento, feito mensalmente, considera o
período de agosto a julho por reunir os períodos de maior e menor quantidades
de chuvas. “A chuva é um fator importante na logística de quem pratica o
desmatamento, pois dificulta muito o acesso”, explicou. Victor explica que,
historicamente, nos meses de julho a outubro – o verão amazônico, período com
menos precipitações – costuma aumentar o desmatamento. “Se forem tomadas medidas
de controle, fiscalização e de punição, tende a passar a mensagem que o Estado
está atuante e tende a levar a uma redução”, disse.
Dados
Em julho deste ano, o SAD detectou 544 km² desmatados
na Amazônia Legal – área que engloba os sete estados da Região Norte, o Mato
Grosso e parte do Maranhão. O valor é semelhante ao verificado em julho de
2016, quando foram verificados 539 km².
No período entre agosto de 2016 a julho de 2017, Mato
Grosso é o estado que lidera em volume de desmatamento, com 810 km², mas
reduziu 15% em um ano. Em seguida está o Pará, com 714 km², uma queda de 31% em
relação aos 1.030 km² somados em 2016. A maior diminuição foi detectada em
Roraima, que passou de 71 km² para 45 km², um decréscimo de 37%.
O monitoramento oficial do desmatamento na Amazônia é
feito pelo Sistema Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal,
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgada anualmente.
Ainda não há dados de 2016/2017. Victor explica que os modelos de monitoramento
não permitem comparação, pois utilizam metodologias diferentes.
Fiscalização
Para o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a
queda no desmatamento reflete o “reforço na fiscalização”. “A presença do
Estado na Amazônia está muito forte e os resultados já estão sendo sentidos”,
disse por meio de nota.
Entre as medidas destacadas pelo ministro está a
recomposição orçamentária do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio). “Pela primeira vez, recursos do Fundo Amazônia foram
destinados para ações adicionais de comando e controle”, diz o texto.
Sarney Filho também apontou o incentivo ao
desenvolvimento sustentável na região. Segundo ele, além das operações de
fiscalização, é necessário estabelecer medidas para fortalecer a economia e a
conservação ambiental na região. “Estamos implantando um modelo sustentável que
valoriza a floresta em pé”, disse. (ecodebate)
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