Mesmo
com muito a ser feito no país, administrações locais mostram avanços em
serviços de água e esgoto.
Em
termos de saneamento básico, o Brasil ainda tem um caminho longo a percorrer.
Afinal, cerca de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável, e o
tratamento de esgoto chega a menos de 50% da população. Mesmo assim, algumas
localidades se destacam pelas ações positivas nessa área: são casos de sucesso
que podem servir de inspiração para mais avanços em um setor fundamental para a
saúde e a qualidade de vida das pessoas.
Franca,
no interior de São Paulo, é um desses exemplos. Com pouco mais de 300 mil
habitantes, ela ocupa há quatro anos a primeira colocação do Ranking do
Saneamento das 100 Maiores Cidades, elaborado anualmente pelo Instituto Trata
Brasil, que avalia a evolução dos indicadores nos maiores municípios do país.
Além disso, ela ficou em 5º lugar no Ranking da Universalização do Saneamento,
elaborado em 2017 pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental (Abes), com base em números de 231 cidades brasileiras.
Nos
últimos anos, Franca praticamente universalizou o fornecimento de água, assim
como a coleta e o tratamento de esgoto. Segundo a Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo), os investimentos na cidade foram de
R$ 300 milhões desde 2012, principalmente nas obras do Sistema Sapucaí, novo
sistema local de produção de água.
Mas,
para a empresa, os investimentos não explicam sozinhos a boa situação do
saneamento básico de Franca. A Sabesp os vê como reflexo de políticas de longo
prazo adotadas por diferentes administrações, que priorizaram planejamento e
gestão.
“Esses
fatores, aliados a equipes permanentemente treinadas e comprometidas em
melhorar a qualidade de vida das pessoas e as condições ambientais, têm
possibilitado manter os excelentes indicadores de saneamento em Franca ao longo
dos anos”, afirma o superintendente da Sabesp para a região, Gilson Santos de
Mendonça.
Um resultado direto desses números está na saúde da população. Franca teve 460 internações por doenças diarreicas entre 2007 e 2015, enquanto Ananindeua (PA), a pior colocada no ranking do Trata Brasil, teve 36.473 (um número 79 vezes maior).
Um resultado direto desses números está na saúde da população. Franca teve 460 internações por doenças diarreicas entre 2007 e 2015, enquanto Ananindeua (PA), a pior colocada no ranking do Trata Brasil, teve 36.473 (um número 79 vezes maior).
Exemplo
no Triângulo Mineiro
A menos
de 300 km de Franca fica Uberlândia, uma das cidades mais importantes do
Triângulo Mineiro, com mais de 600 mil habitantes. Lá, o índice de coleta de
esgoto é de 97,23%, sendo que todo ele é tratado. Já o abastecimento de água
chega a 100% da população. As perdas na distribuição caíram, segundo o
Instituto Trata Brasil, de 28,4% em 2016 para 25,54% em 2017.
O DMAE
(Departamento Municipal de Água e Esgoto) é responsável pelo saneamento básico
em Uberlândia. De acordo com a empresa, um dos fatores que levam a esses
resultados é o planejamento de longo prazo. Uma das suas principais obras hoje
é a conclusão da estação de captação e tratamento de água Capim Branco. Quando
pronta, ela terá capacidade de atender 3 milhões de pessoas, mesmo que a cidade
tenha hoje pouco mais de 20% dessa população.
Outro
diferencial, segundo a empresa, é a busca pela economia. Um exemplo é o uso,
desde 1970, de adutoras produzidas por uma fábrica própria, o que reduz custos.
Além disso, o DMAE emprega turbinas hidráulicas nos sistemas de produção e
tratamento de água. Com isso, a energia elétrica consumida é de apenas 8% do
valor arrecadado, contra uma média de 30% em outras empresas do setor.
De
acordo com a empresa, R$ 385 milhões foram investidos em água e esgoto em
Uberlândia entre 2005 e 2017.
Maringá:
foco em gestão
Maringá
é a terceira maior cidade do Paraná, com quase 400 mil habitantes. Com 100% da
população atendida por fornecimento de água e coleta de esgoto, restam apenas
pouco mais de 14 mil pessoas sem tratamento de esgoto, ou 3,7% dos moradores.
As
perdas de água chegam a 22,51%, bem abaixo da média nacional de 37%. Com esses
números, Maringá fica em 5º no ranking do Instituto Trata Brasil e em 4º no
ranking de universalização do saneamento da Abes.
Esses
resultados se devem em parte aos investimentos realizados no município. Segundo
a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), Maringá recebeu R$ 250 milhões
em recursos para água e esgoto desde 2011.
Segundo o diretor-presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche, o foco na administração por resultados também é fundamental para o sucesso do saneamento básico em Maringá, com a análise periódica de indicadores, a identificação de desvios e o monitoramento de ações. Além disso, a Sanepar adotou um Modelo de Excelência em Gestão (MEG), que visa a capacitação de seus funcionários e a busca por processos padronizados e o aumento da eficiência.
Segundo o diretor-presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche, o foco na administração por resultados também é fundamental para o sucesso do saneamento básico em Maringá, com a análise periódica de indicadores, a identificação de desvios e o monitoramento de ações. Além disso, a Sanepar adotou um Modelo de Excelência em Gestão (MEG), que visa a capacitação de seus funcionários e a busca por processos padronizados e o aumento da eficiência.
Sucesso
na região Norte
Das
regiões do Brasil, o Norte tem os piores índices de atendimento em saneamento
básico. Em 2015, a água tratada chegava a 56,9% da população, enquanto a coleta
de esgoto alcançava 16,42% e o tratamento de esgoto apenas 8,66%. No entanto,
uma cidade da região se destaca pelos avanços no setor: é Palmas, no Tocantins,
a capital mais jovem do país. Lá, o fornecimento de água foi praticamente
universalizado (atinge 99,99% da população). Já a coleta de esgoto chega a 92%
moradores, sendo que todo ele é tratado.
Os
serviços de saneamento na cidade estão a cargo da concessionária BRK Ambiental,
que investiu R$ 300 milhões em Palmas desde 2012. Para o diretor da BRK
Ambiental no Tocantins, Denis Lacerda, o fato dos serviços de água e esgoto na
capital serem fornecidos por uma empresa privada facilita a obtenção de bons
resultados.
“Promover o acesso ao saneamento no Brasil não é uma tarefa fácil, dado o volume de investimentos necessários para que a questão seja solucionada, e a presença de investidores privados neste mercado nos parece essencial”, afirma. Hoje, 15% da população com acesso a água e esgoto no Brasil é atendida por empresas privadas. (g1)
“Promover o acesso ao saneamento no Brasil não é uma tarefa fácil, dado o volume de investimentos necessários para que a questão seja solucionada, e a presença de investidores privados neste mercado nos parece essencial”, afirma. Hoje, 15% da população com acesso a água e esgoto no Brasil é atendida por empresas privadas. (g1)
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