UNESCO destaca que 90% da população dependem de recursos
hídricos transfronteiriços.
Diferentes
discursos de representantes e chefes de Estado e autoridades ligadas a
organismos internacionais chamaram a atenção, na abertura do 8º Fórum Mundial
da Água, para a relação entre a falta de acesso à água e problemas como fome e
de conflitos regionais.
Em seu
discurso, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, reiterou o compromisso da
ONU em trabalhar com os pequenos países em desenvolvimento para proteger seus
lençóis freáticos. Ela lembrou que 90% da população mundial dependem de
recursos hídricos transfronteiriços.
“Trabalharemos
para que a gestão sustentável da água e a paz sejam sustentadas”, disse a
diretora, referindo-se ao risco de haver conflitos no mundo em decorrência da
escassez de água. “Precisamos assegurar melhoria da qualidade da água e mitigar
também problemas como os de enchentes. Devemos trabalhar com a natureza, e não
contra a natureza”, acrescentou.
Escassez e
risco de conflitos
O
primeiro-ministro do Principado de Mônaco, Serge Telle, também manifestou
preocupação com o risco de a escassez resultar em desentendimentos regionais e
na morte de milhões de pessoas ao redor do mundo.
“A escassez
de recursos nutre conflitos em um mundo que usa milhares de litros de água para
a produção de bens de consumo. É uma necessidade ecológica que se reduza dia
após dia o uso de nossos recursos de água potável”, disse Serge Telle.
Ele
acrescentou que a falta de água potável “é fator de subdesenvolvimento e de
desigualdade entre homens”, e que a escassez de água que acarreta em “milhões
de mortes” a cada ano. A crise no mundo, segundo ele, acaba por “sacrificar o
futuro em nome do presente”.
“A água dá
uma realidade a perigos abstratos. Podemos ver isso em imagens de enchentes,
nas águas impróprias ao consumo, que propagam doenças e induzem as populações a
se deslocarem. A água também mostra a solução a esses problemas, pelo domínio
da água e do saneamento”, completou.
O
vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Mangue, ressaltou que não
se pode subestimar a importância da água para qualquer atividade humana. “A
água provocou enfrentamento em diferentes comunidades e é a base de inumerosos
conflitos. Tratar essa questão não é apenas uma questão de abordagem de seu
uso. Tem influência sobre a paz universal”, disse.
Justiça
social e futuras gerações
Representando
o país que sediará o 9º Fórum Mundial da Água, o ministro dos Negócios Estrangeiros
do Senegal, Sidiki Kaba, afirmou que o acesso universal à água “é uma questão
de justiça social”, e que não se pode considerar esse recurso como sendo
inesgotável.
“Governos,
sociedade e setor privado têm de trabalhar por uma gestão eficiente e
sustentável. A água não deve ser causa de doença. Ela é fonte de vida que deve
estar disponível a todos, estancando a sede, nutrindo e cuidando e purificando
o bem da humanidade” disse.
Já o
primeiro-ministro de Marrocos, Saad Dine el Otomani, manifestou preocupação com
a disponibilidade da água para as futuras gerações. “A água não pertence apenas
à atual geração. Temos de deixar para as gerações futuras”.
Premiação
Otomani
destacou o engajamento de seu país em promover premiações a projetos que tratam
da distribuição e do uso eficiente da água. É o caso do Prêmio Mundial para a
Água Hassan II, que foi entregue ao secretário-geral da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría.
A
premiação, oferecida pelo governo de Marrocos, é entregue a cada três anos na
abertura do Fórum Mundial da Água e em 2018 tem como objetivo reconhecer
iniciativas que garantam solidariedade, inclusão e a segurança hídrica global.
Como não pôde comparecer, Gurría enviou um vídeo agradecendo a homenagem e
destacando que há pelo menos uma década tem defendido que a organização se
debruce sobre a água, junto com outros temas, como a migração. (ecodebate)
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