Rebanho bovino responde por
17% das emissões de gases estufa no Brasil
Análise aponta que rebanho
bovino responde por 17% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Gado é o principal emissor do setor de
agropecuária, mas também tem o maior potencial de redução de poluição indica
nova análise do SEEG.
O
rebanho bovino brasileiro emitiu 392 milhões de toneladas de gases de efeito
estufa em 2016. Isso equivale a 17% de todas as emissões de gás carbônico do
Brasil naquele ano, ou 79% de tudo o que foi emitido no setor de agropecuária.
Se fosse um país, o gado brasileiro seria o 16° maior poluidor climático do
planeta, à frente da Turquia. E isso considerando apenas as emissões diretas –
excluindo o desmatamento, realizado em grande parte para a implantação de
pastagens.
Os
dados vêm de uma nova análise do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e
Remoções de Gases de Efeito Estufa), divulgada pelo Observatório do Clima (OC).
O documento aponta que o setor da agropecuária foi responsável por 22% das
emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil em 2016. No ano da análise,
as emissões diretas do setor agropecuário totalizaram 499,3 milhões de
toneladas de CO2 equivalente, registrando um aumento de 1,7% em
relação ao ano anterior.
Boiada em Mato Grosso
Confira o vídeo de Laura de Santis Prada, secretária executiva do Imaflora, apresentando o relatório, aqui.
Entre 1970 e 2016, as emissões do setor agropecuário aumentaram 165%. Nos últimos dez anos, as emissões registraram crescimento de cerca de 40%, enquanto a produção agrícola aumentou 130% e a produção de carne bovina, 180%. O país é o terceiro maior emissor global por agropecuária, atrás apenas de China e Índia. Em 2017, a agropecuária representou 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, registrando crescimento de 13% em relação a 2016, ano da análise.
Para o pesquisador da área de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), Ciniro Costa Junior, um dos responsáveis pela condução do estudo, o resultado revela que a agropecuária brasileira continua sendo pautada por mecanismos de baixa eficiência, que afetam o clima e a produtividade no campo.
Gases de bovinos causam mais efeito estufa que os automóveis.
“Embora a agropecuária seja o principal motor da economia brasileira, o passivo climático deixado por ela é muito grande. E a falta de políticas públicas olhadas para o setor, que poderiam criar estímulos às boas práticas, amplia a discussão para que haja uma mudança significativa, para uma gestão de eficiência, que olhe de maneira mais assertiva e trate de soluções para as propriedades“, afirma.
Do total das emissões da pecuária, 79% são provenientes da bovinocultura de corte e leite, 6% da produção vegetal, 6% da aplicação de fertilizantes nitrogenados e outras fontes, com 7%. O Estado campeão no volume de emissões de GEE é Mato Grosso, responsável por 12%. Logo após aparecem Minas Gerais (11%), Rio Grande do Sul (10%) e Goiás (10%).
Para o pesquisador do Imaflora, a capacidade do Brasil de liderar e orientar a definição de políticas públicas para o setor, propondo soluções para a pecuária de baixo carbono, deveria nortear as ações governamentais dos próximos anos. “Alguns estudos indicam que os setores da pecuária e do uso da terra poderiam ser responsáveis por até 30% da mitigação de carbono que o País precisa para reverter o quadro de mudanças climáticas. Isso é bastante interessante porque pode ser utilizado em estratégias para o cumprimento das metas do Acordo de Paris, assinado pelo Brasil em 2015“, aponta.
Para o pesquisador do Imaflora, a capacidade do Brasil de liderar e orientar a definição de políticas públicas para o setor, propondo soluções para a pecuária de baixo carbono, deveria nortear as ações governamentais dos próximos anos. “Alguns estudos indicam que os setores da pecuária e do uso da terra poderiam ser responsáveis por até 30% da mitigação de carbono que o País precisa para reverter o quadro de mudanças climáticas. Isso é bastante interessante porque pode ser utilizado em estratégias para o cumprimento das metas do Acordo de Paris, assinado pelo Brasil em 2015“, aponta.
Um dos exemplos citados por Costa Junior é o da cana-de-açúcar. Em São Paulo, as emissões pela queima de resíduos da cana foram reduzidas em 70% com o Protocolo Agroambiental, que determinou a eliminação da queima para colheita de forma gradativa até 2017. “O fim da queima da cana de açúcar é um exemplo positivo, que mostra um potencial de mudança que pode ser reproduzido em estratégias para a agropecuária. É um modelo que mostra como o alinhamento entre os setores público e privado podem dar certo e gerarem resultados para a população“, acrescenta.
O relatório do setor de Agropecuária integra uma série de cinco documentos de análise do SEEG. Também estão disponíveis análises dos setores de Mudança de Uso da Terra, Resíduos e Energia e Processos Industriais. Um relatório-síntese com recomendações para a política de clima do Brasil será publicado nos próximos dias.
O relatório do setor de Agropecuária integra uma série de cinco documentos de análise do SEEG. Também estão disponíveis análises dos setores de Mudança de Uso da Terra, Resíduos e Energia e Processos Industriais. Um relatório-síntese com recomendações para a política de clima do Brasil será publicado nos próximos dias.
Sobre
o SEEG
O
SEEG é uma ação do Observatório do Clima, uma rede de entidades da sociedade
civil que tem como objetivo discutir a as mudanças climáticas no contexto
Brasileiro e influenciar politicas nacionais e internacionais. Entre seus
membros, o Imaflora foi o responsável por liderar o cálculo das estimativas da
atividade agropecuária. Saiba mais em: www.observatoriodoclima.eco.br/
(ecodebate)
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