Para compensar emissões de gases estufa, o Brasil
devia ‘exportar’ a preservação de florestas, diz especialista.
A
migração mundial para uma indústria de baixo carbono – obrigação que hoje faz
parte da agenda dos 195 países signatários do Acordo de Paris – é uma das
tarefas mais difíceis, pois cada nação que assinou o acordo precisa de alternativas
para cumprir sua meta. Dentre as ações para mitigar o impacto ambiental está à
compensação de carbono – ações para equilibrar (compensar) a emissão de gases
de efeito estufa produzidas diretamente e indiretamente por pessoas, empresas
ou eventos.
A
compensação pode ser feita por meio do plantio de árvores ou comprando créditos
de empresas que são menos poluentes. Essa última gera créditos pelo uso de
energia limpa, utilização de materiais 100% recicláveis ou por evitar o
desmatamento. Com as opções de energia renovável que o Brasil oferece, somado
as suas florestas que removem carbono, ele pode ser a solução para muitos
países que não têm mais áreas para plantio e vão precisar adquirir créditos de
outros lugares para reduzir o impacto de suas atividades.
Há
organizações que auxiliam na quantificação de emissões e sua compensação, e
ainda geram um certificado. Caso da SaveCerrado – organização sem fins
lucrativos que atua na preservação das áreas prioritárias do cerrado – que com
o seu programa Carbono Neutro, leva soluções para grandes ou pequenas empresas.
Sua atuação é baseada no protocolo GHG desenvolvido pela ONU – a ferramenta
mais usada para medir as emissões de gases de efeito estufa. “As árvores são
nossas grandes aliadas na neutralização da chamada ‘pegada de carbono’ e,
consequentemente, nos impactos ambientais gerados. Por isso é tão importante
conservar, restaurar e plantar”, afirma o presidente da entidade, Paulo
Bellonia.
Ele
explica que as árvores absorvem carbono durante o seu crescimento, promovendo,
assim, mudanças de comportamento no ambiente corporativo e, ainda, contribui
para o extrativismo sustentável. “Nas cidades, é essencial incentivar a
arborização pelo governo e mesmo pela população. Mas para o ganho na biodiversidade,
das águas e impacto climático, é fundamental preservar o bioma. Muitas árvores
recebem mais proteção na cidade do que as nativas que estão longe”, compara o
gestor.
A
preservação de florestas em áreas de maior risco de impacto climático, como o
cerrado – que abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da
América do Sul – é de suma importância para esse processo. O trabalho da
SaveCerrado é focado em uma área privada de mais de 15 mil hectares, que por
meio de seus projetos conserva a floresta nativa e recupera as áreas
degradadas. Suas ações não apenas compensam emissões, mas também financiam
iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável da região.
Para
Bellonia, é preciso criar um mercado interno para os créditos de carbono. “Além
de todos os benefícios citados, é uma maneira de valorizar a floresta. E o
Brasil está na ponta para colocar isso em prática e exportar serviços
ambientais para diversas partes do mundo”, acredita. (ecodebate)
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