sábado, 21 de julho de 2018

Brasil devia ‘exportar’ a preservação de florestas

Para compensar emissões de gases estufa, o Brasil devia ‘exportar’ a preservação de florestas, diz especialista.
A migração mundial para uma indústria de baixo carbono – obrigação que hoje faz parte da agenda dos 195 países signatários do Acordo de Paris – é uma das tarefas mais difíceis, pois cada nação que assinou o acordo precisa de alternativas para cumprir sua meta. Dentre as ações para mitigar o impacto ambiental está à compensação de carbono – ações para equilibrar (compensar) a emissão de gases de efeito estufa produzidas diretamente e indiretamente por pessoas, empresas ou eventos.
A compensação pode ser feita por meio do plantio de árvores ou comprando créditos de empresas que são menos poluentes. Essa última gera créditos pelo uso de energia limpa, utilização de materiais 100% recicláveis ou por evitar o desmatamento. Com as opções de energia renovável que o Brasil oferece, somado as suas florestas que removem carbono, ele pode ser a solução para muitos países que não têm mais áreas para plantio e vão precisar adquirir créditos de outros lugares para reduzir o impacto de suas atividades.
Há organizações que auxiliam na quantificação de emissões e sua compensação, e ainda geram um certificado. Caso da SaveCerrado – organização sem fins lucrativos que atua na preservação das áreas prioritárias do cerrado – que com o seu programa Carbono Neutro, leva soluções para grandes ou pequenas empresas. Sua atuação é baseada no protocolo GHG desenvolvido pela ONU – a ferramenta mais usada para medir as emissões de gases de efeito estufa. “As árvores são nossas grandes aliadas na neutralização da chamada ‘pegada de carbono’ e, consequentemente, nos impactos ambientais gerados. Por isso é tão importante conservar, restaurar e plantar”, afirma o presidente da entidade, Paulo Bellonia.
Ele explica que as árvores absorvem carbono durante o seu crescimento, promovendo, assim, mudanças de comportamento no ambiente corporativo e, ainda, contribui para o extrativismo sustentável. “Nas cidades, é essencial incentivar a arborização pelo governo e mesmo pela população. Mas para o ganho na biodiversidade, das águas e impacto climático, é fundamental preservar o bioma. Muitas árvores recebem mais proteção na cidade do que as nativas que estão longe”, compara o gestor.
A preservação de florestas em áreas de maior risco de impacto climático, como o cerrado – que abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul – é de suma importância para esse processo. O trabalho da SaveCerrado é focado em uma área privada de mais de 15 mil hectares, que por meio de seus projetos conserva a floresta nativa e recupera as áreas degradadas. Suas ações não apenas compensam emissões, mas também financiam iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável da região.
Para Bellonia, é preciso criar um mercado interno para os créditos de carbono. “Além de todos os benefícios citados, é uma maneira de valorizar a floresta. E o Brasil está na ponta para colocar isso em prática e exportar serviços ambientais para diversas partes do mundo”, acredita. (ecodebate)

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