A pandemia do novo coronavírus
está mudando totalmente a rotina das pessoas, provocando um aumento da
morbidade e da mortalidade no mundo e deve acarretar, segundo estimativas do
Fundo Monetário Internacional (FMI), para 2020, a maior depressão econômica da
história do capitalismo.
O ritmo de avanço da covid-19
tem sido assustador, pois, globalmente, havia 580 pessoas infectadas no dia 22
de janeiro de 2020, passou para 1 milhão em 02 de abril, 2 milhões em 14 de
abril e 3 milhões em 26 de abril. Para chegar a 1 milhão de casos demorou dois
meses e meio, mas pulou para 3 milhões em 25 dias. O número de vítimas fatais
passou de 17 óbitos em 22 de janeiro, para 50 mil em 01 de abril e para 215 mil
em 28 de abril, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
Portanto, o surto pandêmico não
é, de forma alguma, uma simples “gripezinha”. Embora todas as pessoas do
Planeta estejam sendo afetadas pela covid-19, são os idosos de 60 anos e mais,
especialmente aqueles dos últimos degraus do topo da pirâmide etária, os mais
vulneráveis à doença e os que enfrentam as maiores taxas de letalidade. Sofrem
também com o preconceito e a discriminação.
Há inclusive quem pense que
o “envelhecimento populacional” está com os dias contados. Porém, essa
percepção é bastante equivocada. Apesar dos efeitos danosos do novo
coronavírus, a tendência de aumento da proporção de idosos na população vai
continuar e prosseguir em ritmo acelerado, tanto no mundo, quanto no Brasil. O
gráfico abaixo mostra a evolução do número de idosos (de 60 anos e mais) no
mundo, por grupos etários, entre 1950 e 2020, segundo dados da Divisão de
População das Nações Unidas. O número de idosos passou de 202 milhões, em 1950,
para 1,05 bilhão de indivíduos em 2020, um crescimento de 5,2 vezes em 70 anos,
ou de 2,4% ao ano. Os idosos eram 8% da população total em 1950 e passaram para
13,5% da população mundial em 2020. Entre os 3 grandes grupos etários (jovens,
adultos e idosos) os idosos formam o grupo que mais cresce em toda a população.
Entre 1950 e 1955, no mundo, o
acréscimo foi de 15 milhões de idosos e no quinquênio 2015 e 2020 o acréscimo
quinquenal global foi de 148 milhões de idosos. As projeções da ONU indicam que
a população mundial vai passar dos atuais 7,79 bilhões de habitantes em 2020
para 8,2 bilhões em 2025, com 1,22 bilhão de idosos, representando 15% do total
em 2025. Isto é, somente no próximo quinquênio vai haver um acréscimo de 171
milhões de idosos (de 60 anos e mais) no mundo.
Nota-se que os maiores
acréscimos absolutos serão dos idosos de 60 a 64 anos e de 65 a 70 anos. Mas o
grupo de idosos centenários (de 100 anos e mais) também vai crescer muito, pois
eram 34 mil centenários em 1950, passaram para 573 mil em 2020 e devem chegar a
858 mil em 2025.
Todos estes números mostram que
a tendência do aumento do envelhecimento populacional no mundo é muito forte e,
nem de longe, está ameaçada pela pandemia do novo coronavírus. O número de
idosos no mundo vai crescer ao redor de 30 milhões de pessoas somente no ano de
2020. Todas as mortes pela convid-19 até agora, no mundo, estão na casa de 215
mil pessoas. Portanto, a escala do envelhecimento populacional é muitas vezes
superior ao volume das vítimas da pandemia.
O mesmo acontece no Brasil. O
gráfico abaixo mostra a evolução do número de idosos (de 60 anos e mais) no
Brasil, por grupos etários, entre 1950 e 2020. O número de idosos passou de 2,6
milhões, em 1950, para 30 milhões de indivíduos em 2020, um crescimento de 11,3
vezes em 70 anos, ou de 3,5% ao ano. Portanto, o envelhecimento populacional no
Brasil é muito mais rápido do que na média mundial. Os idosos eram 5% da
população brasileira em 1950 e passaram para 14% da população em 2020.
Entre 1950 e 1955, o acréscimo
foi de 475 mil idosos no Brasil e no quinquênio 2015 e 2020 o acréscimo
quinquenal foi de 5,4 milhões de idosos. As projeções da ONU indicam que a
população brasileira vai passar de 212 milhões de habitantes em 2020 para 219
milhões em 2025, com 36 milhões de idosos, representando 16,5% do total em
2025. Isto é, somente em 2020 haverá um acréscimo de 1,25 milhão de idosos (de 60
anos e mais) no Brasil.
Todos estes números mostram que
a tendência do aumento do envelhecimento populacional no Brasil é ainda mais
forte do que na média mundial. Portanto, a pandemia do novo coronavírus não
ameaça reduzir o número de idosos no Brasil. Todas as mortes pela covid-19, até
agora, estão na casa de 5 mil óbitos no território brasileiro. Mesmo que este
número decuplique, ainda assim, a escala do envelhecimento populacional será
muitas vezes superior ao volume das vítimas da pandemia.
O fato é que a pandemia da
covid-19 vai causar muito sofrimento humano e muitos danos econômicos, mas vai
passar. Com certeza, a humanidade vai vencer este desafio, mas não poderá
continuar seguindo em frente fingindo que nada aconteceu. A civilização atual
está seguindo um rumo insustentável, com uma Pegada Ecológica cada vez maior em
relação à biocapacidade do Planeta. Ter uma relação harmônica com a natureza é
uma condição necessária para a sobrevivência das futuras gerações. Atualmente,
todas as atenções estão voltadas para resolver a emergência sanitária e a
emergência econômica. Mas, no longo prazo, a emergência climática e ambiental é
a principal ameaça existencial à humanidade no século XXI.
Existem muitas dúvidas
sobre como será o futuro global da saúde, da economia e do meio ambiente. Mas
do ponto de vista demográfico, uma coisa é certa: a população mundial vai
crescer nas próximas décadas e a estrutura etária será mais envelhecida. O
mundo terá cada vez mais idosos na população.
Antes invisíveis, hoje no
centro do debate: a Covid-19 transformou o mercado dos idosos.
Em 2100, o mundo terá cerca de
um terço da população de 0 a 29 anos, ⅓ de 30 a 59 anos e um terço acima
de 60 anos. Como nenhum grupo é autônomo, precisa haver uma sinergia entre as
pessoas de todos os grupos etários. Somente com a solidariedade intergeracional
será possível construir um mundo mais justo e ambientalmente sustentável. A
união de todas as pessoas, de todas as idades, para combater o atual
coronavírus é uma pré-condição para se criar os meios e as vias para a
construção de um futuro mais próspero para a totalidade dos seres vivos da
Terra. (ecodebate)
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