Área desmatada no Brasil em
2019 equivale a oito cidades de São Paulo.
Relatório inédito do
MapBiomas consolida dados de desmatamento em todos os biomas brasileiros e
aponta perda de ao menos 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa.
O primeiro Relatório Anual do
Desmatamento no Brasil, lançado em 26/05/20, mostra, de forma inédita, a perda
de vegetação nativa detectada em todos os biomas do país em 2019. Pela primeira
vez, alertas de desmatamento do território nacional foram analisados e
consolidados em um único levantamento, apontando que o Brasil perdeu, ao menos,
1.218.708 hectares (12.187 km²) de vegetação nativa, área equivalente a oito
vezes o município de São Paulo.
Mais de 60% da área desmatada
está na Amazônia, com 770 mil hectares devastados. O segundo bioma em que mais
houve perda foi o Cerrado, 408,6 mil hectares. Bem atrás estão: Pantanal (16,5
mil ha), Caatinga (12,1 mil ha) e Mata Atlântica (10,6 mil ha).
Amazônia e Cerrado são os
biomas mais bem monitorados, contando com sistemas de acompanhamento contínuos,
adaptados para as respectivas regiões. Como os demais biomas utilizam dados de
um sistema global, sem adaptações para condições específicas (tipos de vegetação,
sazonalidades do clima e da paisagem, por exemplo), os valores apurados são
considerados conservadores, ou seja, podem estar subdimensionados.
O MapBiomas Alerta é um
sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento, degradação e
regeneração de vegetação nativa, com imagens de alta resolução, lançado em
junho de 2019. A análise começa a partir dos alertas gerados pelos sistemas
Deter (INPE), SAD (Imazon) e Glad (Universidade de Maryland). Os dados são
validados e refinados com o suporte de imagens de satélite de alta resolução
(três metros), os quais permitem identificar com grande precisão as áreas
desmatadas.
“A partir dessa metodologia,
foi desenvolvido o primeiro Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, que
detalha no tempo e no espaço onde está se desmatando no país. A análise de cada
alerta gera um laudo, que pode ser utilizado por todos os órgãos — públicos e
privados”, afirma o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo. Os laudos dos
alertas estão disponíveis na internet em: alerta.mapbiomas.org.
A metodologia desenvolvida
pelo MapBiomas Alerta permite mensurar a velocidade do desmatamento em uma
dimensão inédita. Assim, foi possível apontar que a área desmatada mais
rapidamente em 2019 fica no município de Jaborandi (BA), com 1.148 hectares,
entre 8 e 27 de maio, alcançando uma média de 60 hectares por dia. Em termos de
tamanho do desmatamento, a maior área detectada fica em Altamira (PA): em um
único evento, foram derrubados 4.551 hectares de floresta amazônica.
Os estados com mais eventos
foram: Pará (18,5 mil), Acre (9,3 mil), Amazonas (7 mil), Rondônia (5,3 mil) e
Mato Grosso (4,7 mil). Em área desmatada, o topo da lista é ocupado por: Pará
(299 mil ha), Mato Grosso (202 mil ha) e Amazonas (126 mil ha).
Quando se organiza o ranking
por municípios, metade de toda a área desmatada está em 50. Dentre os dez que
mais desmataram em 2019, quatro são do Pará, três do Amazonas, um da Bahia, um
de Mato Grosso e um de Rondônia. No total, 1.734 municípios tiveram áreas de
desmatamento detectadas em 2019.
Outro aspecto fundamental: os
cruzamentos com camadas territoriais, como Unidades de Conservação, Terras
Indígenas e imóveis rurais, realizado a partir do Cadastro Ambiental Rural
(CAR), dados de autorizações de supressão da vegetação e plano de manejo
florestal.
Mais de três quartos dos
alertas têm sobreposição com pelo menos um imóvel cadastrado no CAR. Foram 42,6
mil imóveis rurais com alertas registrados, o que representa 0,7% dos mais de
5,6 milhões de imóveis cadastrados no CAR. Pouco mais de um terço dos alertas
(38%) sobrepõe total ou parcialmente áreas de reserva legal, áreas de
preservação permanente ou nascente e menos de 1% tem registrada a autorização
de supressão da vegetação. “O relatório indica que o índice de ilegalidade no
desmatamento é extremamente alto, a ponto de os desmatamentos legais
representarem mais exceção do que regra”, finaliza Azevedo.
Sobre o MapBiomas: iniciativa
multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia,
focada em monitorar as transformações na cobertura e uso da terra no Brasil.
Site: mapbiomas.org. (ecodebate)
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