De
acordo com uma pesquisa realizada pela Delpal e Hatchuel/2007, 44% dos
consumidores relatam que consideram questões de conscientização social ao
comprar. Por exemplo, não compra produtos envolvendo trabalho infantil, que não
causa sofrimento aos animais e que reduz a poluição, 61% estão dispostos a
pagar 5% a mais para respeitar tais compromissos, 31% boicotaram um determinado
produto em algum momento e 52% compraram produto comprometido com a questão
social nos últimos seis meses. A sensibilidade aos aspectos éticos do consumo
também aumentou, principalmente entre os consumidores mais jovens, de 6% para
15% desde 2002. Embora esses números pareçam promissores, uma quantidade
substancial da população maior continua ignorando ou opta por não se envolver
em práticas de consumo sustentável (LIM/2017).
Nas
últimas décadas tem crescido o interesse das empresas de bens de consumo em
profissionais de antropologia e nas pesquisas de abordagem etnográfica.
Peattie
e Collins/2009, argumentam que muitos consumidores têm dificuldade em consumir
de forma sustentável principalmente porque os atos de consumo e consumo
sustentável são contraditórios uns aos outros. Isso levanta a chave: o conceito
de consumo sustentável é teoricamente coerente e praticamente acionável para os
consumidores, seja como um grupo coletivo ou como indivíduos?
Para
identificar ações transformadoras para discurso do desenvolvimento sustentável,
é evidente a necessidade imperativa de uma conceituação estabelecida do consumo
sustentável. Tanto governos quanto organizações não governamentais presentes na
Cúpula da Terra/1992, concordaram que grandes mudanças nos padrões atuais de
consumo eram necessárias para resolver problemas globais do meio ambiente e do
desenvolvimento sustentável (REISCH; SCHERHORN/1998). Surge a pergunta: O que é
consumo sustentável?
Peattie
e Collins/2009, afirmam que é o consumo pelo qual cada indivíduo consome é
equivale a 2,1 hectares globais. Eles, no entanto, argumentam que esta não é a
única resposta possível. Em particular, a pesquisa sobre sustentabilidade representa
uma ampla gama de questões sociais e ambientais (GORDON et al./2011; PEATTIE/2001;
SHAW; NEWHOLM/2002; RODRIGUES/2020). Alguns pesquisadores têm se esforçado para
focar em questões de sustentabilidade específicas, como as mudanças climáticas
(para PERRY/2006; ROBINSON et al./2006; SCOTT; MCBOYLE; MINOGUE; MILLS/2006), a
pobreza global (para ONUCHE/2010; WACHS/2010). Além disso, a pesquisa sobre
consumo às vezes é representada por todo o processo de consumo (para COUGHLAN;
MACREDIE; PATEL/2011; DUBE; MORGAN/1998; YANG; MAO; PERACCHIO/2012), às vezes
por etapas específicas, como pesquisa de informações (para SCHMIDT; SPRENG/1996),
Compra (para JI; WOOD/2007), e descarte de produtos (para COOPER/2005).
Todavia, se voltarmos à noção de desenvolvimento sustentável, popularizada após a publicação do Relatório Brundtland (Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987), o consumo sustentável deve atender às necessidades e desejos atuais a um nível e de uma forma que possa ser continuada indefinidamente, sem empobrecer as gerações futuras e a capacidade do planeta de atender a essas necessidades e desejos.
Tendências de consumo: veja transformações no mercado e no consumidor!
Para
o Programa das Nações Unidas, o consumo sustentável compreende várias questões
fundamentais, incluindo atender às necessidades, melhorar a qualidade de vida,
melhorar a eficiência, minimizar o desperdício, ter uma perspectiva de ciclo de
vida e contabilizar a dimensão da equidade, tanto para as gerações atuais
quanto para as futuras, ao mesmo tempo em que reduz continuamente os danos
ambientais e o risco à saúde humana (MANOOCHEHRI/2001).
No
evento sobre Consumo Sustentável, na cidade de Olso, Noruega, em 1994, consumo
sustentável foi definido como o uso de bens e serviços que atendam às
necessidades básicas e trazem uma qualidade de vida, enquanto minimizam o uso
de recursos naturais, materiais tóxicos e emissões de resíduos e poluentes
através do ciclo de vida, de forma a não por em perigo as necessidades das gerações
futuras.
Segundo
Dolan/2002, a suposição é que quando as pessoas consomem além dessas
necessidades, elas estão sendo irracionais, gananciosas, imorais e manipuladas.
Também proeminente ao longo dessas conceituações é o desejo de manter as
necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
atender às suas necessidades (DOLAN/2002).
Pesquisadores
acadêmicos também definiram o consumo sustentável de diferentes formas. Para
Charrier/2009, define consumo sustentável como simplicidade voluntária. Gregg/2009,
é um modo de vida que rejeita o consumismo, particularmente o alto consumo e
estilos de vida materialistas.
Para
Hume/2010, o consumo sustentável é um conceito que vai além da compreensão
tradicional do consumismo, descreve como coleta e compra de materiais para
aumentar a felicidade e a posição social. Especificamente, o ato de consumir de
forma sustentável envolve um processo de tomada de decisão que responde pela
responsabilidade social do consumidor, além das necessidades e desejos
individuais (VERMEIR; VERBEKE/2006).
Por
outro lado, Kilbourne, McDonagh e Prothero/1997, liga o consumo sustentável com
a necessidade de comunicar o elo entre a degradação ecológica, o hiperconsumo
moderno e as instituições econômicas e políticas predominantes, isto é, através
do Paradigma Social Dominante, que inclui as ideologias do progresso e da
racionalidade. Com essa definição, o hiperconsumo conota o consumo em que a
referência ecológico é obscuro, os consumidores não estão mais cientes dos recursos
naturais utilizados para a fabricação de bens (DOLAN/2002).
Talvez
uma definição mais concreta venha de Jackson/2003, que se refere ao consumo
sustentável como consumo que suporta a capacidade das gerações atuais e futuras
de atender às suas necessidades sem causar danos irreversíveis ao meio ambiente
ou à perda de função nos sistemas naturais.
Schor/2010/2012,
ligou o ato de consumir de forma sustentável a plenitude de consumo, que
responde pela responsabilidade ambiental e social do consumidor, além de
necessidades individuais e desejos sobre o consumo, como solução para
incentivar a sustentabilidade.
Lim/2016,
argumenta que não há solução universal para a sustentabilidade. Em vez disso, a
sustentabilidade, como agenda, precisa ser continuamente alimentada, adotando
uma abordagem adaptativa, equilibrada e contextualizada na elaboração de
estratégias para alcançar os objetivos de determinadas dimensões em qualquer
definição de sustentabilidade e de seus conceitos relacionados com o consumo
sustentável, a ausência dessa perspectiva impede a realização da
sustentabilidade. O exemplo, da realização humana e a sobrevivência.
Para
Lim/2017, as ideologias de progresso e racionalidade tem uma perspectiva de
ciclo de vida e equitativa para identificar o consumo sustentável como uma
abordagem adaptativa, equilibrada e contextualizada do consumo. A seguir:
1.
Atende às necessidades básicas da geração atual;
2.
Não empobrece as gerações futuras;
3.
Não causa danos irreversíveis ao meio ambiente;
4.
Não cria perda de função nos sistemas naturais (sistemas de valor ecológico e
humano);
5.
Melhora a eficiência do uso dos recursos;
6.
Melhora a qualidade de vida;
Esses
princípios gerais estão em consonância com o apelo de Lim/2016, para “adotar
uma abordagem abrangente e holística para identificar problemas de
sustentabilidade e gerenciar iniciativas de sustentabilidade correspondentes
com uma mentalidade bem informada”. Assim, as características inerentes aos
princípios adaptativos, equilibrados e contextualizados e os multifacetados aos
sete princípios gerais, acima citados, do consumo sustentável visam
principalmente aumentar as oportunidades para alcançar a sustentabilidade.
Desta forma, o consumo sustentável tem sido posicionado como solução para a
sustentabilidade (LIM/2017).
Neste
contexto, este artigo oferece uma rica conceituação do consumo sustentável.
Embora as ideias aqui sejam destinadas principalmente à investigação de
pesquisa empírica sobre o comportamento do consumidor, elas também fornecem uma
base para que os profissionais de negócios e os formuladores de políticas
entendam melhor como os consumidores tomam decisões de consumo sustentável.
(ecodebate)
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