terça-feira, 13 de abril de 2021

Até 99% da água de Marte pode estar sob crosta do planeta

Até 99% da água de Marte pode estar sob crosta do planeta, diz estudo.

Cientistas sugerem que parte da água de antigos oceanos e piscinas que existiram no Planeta Vermelho há 4 bilhões de anos está presa a minerais.
Ilustração representa como era Marte há 4 bilhões de anos, quando o planeta era abundante em água.

Agências espaciais do mundo todo encaram Marte como um local de parada importante na exploração do Sistema Solar, mas algo muito necessário para que eventualmente possamos viver no Planeta Vermelho é água. No estudo publicado em 16/03/2021 na revista científica Science, o líquido era abundante por lá há 4 bilhões de anos, entre 30% e 99% dele ainda estaria preso sob a crosta marciana.

Os pesquisadores, vinculados ao Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e ao NASA Jet Propulsion Laboratory (JPL), ambos nos Estados Unidos, contam na pesquisa que a água das antigas piscinas e oceanos de Marte ainda permanecem no planeta porque originaram antigos minerais hidratados. Isso vai contra a teoria mais recente, segundo a qual o líquido havia escapado para o espaço.

Acreditava-se até então que o planeta rochoso tinha oceanos de cerca de 100 a 1,5 mil metros de profundidade – o equivalente a metade do Oceano Atlântico. Porém, 1 bilhão de anos depois, o líquido teria secado totalmente, devido à baixa gravidade do planeta.

De acordo com a nova pesquisa, nem toda a água foi embora. "O escape atmosférico não explica totalmente os dados que temos sobre a quantidade de água que realmente existiu em Marte", diz, em comunicado, Eva Scheller, autora principal e pesquisadora do Caltech.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estudaram a quantidade de água ao longo do tempo e a composição química da atmosfera e crosta marcianas por meio de meteoritos e dados de sondas enviadas até Marte. Atentaram-se, sobretudo, à proporção de deutério para hidrogênio (D/H).

Há 4 bilhões de anos, Marte tinha oceanos de cerca de 100 a 1,5 mil metros de profundidade.

Deutério é o chamado “hidrogênio pesado", é aquele átomo que possui um próton e um nêutron no seu núcleo. Em contraste, existe o hidrogênio “mais leve”, que possui apenas um próton no centro, mas tem bem mais facilidade de escapar da gravidade marciana.

Uma vez que a água é formada por hidrogênio em sua composição (H20), os cientistas acreditam que um grande desequilíbrio na proporção de deutério para hidrogênio (D/H) revelaria se houve escape desse líquido pela atmosfera de Marte. Contudo, essa desproporção não foi significativa.

O estudo aponta que a água não escapou totalmente da atmosfera, mas ficou aprisionada em minerais da crosta marciana. O que ocorreu é que o líquido interagiu quimicamente com as rochas, formando argilas e minerais que contêm água em sua estrutura – processo chamado intemperismo químico.

"O escape atmosférico claramente teve um papel na perda de água, mas as descobertas da última década apontaram para o fato de que havia um enorme reservatório de antigos minerais hidratados cuja formação certamente diminuiu a disponibilidade de água ao longo do tempo", resume a coautora do estudo, Bethany Ehlmann, do Instituto Keck de Estudos Espaciais, também nos Estados Unidos.

Pesquisadores disseram que algo entre 30% e 99% da água pode estar retida dentro de minerais na crosta marciana.

Cientistas divulgam hipótese sobre o que aconteceu com água em Marte.

Planeta pode ter tido volume de água equivalente ao Oceano Atlântico. (revistagalileu.globo)

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