Dias Mundiais da Floresta 21/3 e da Água 22/3 reforçam a importância da conservação do bioma para segurança hídrica.
Plantar floresta para colher água. Não é por acaso
que a ONU (Organização das Nações Unidas) elencou Dia Mundial da Floresta/21, e
em seguida o da Água/22. As florestas são o lar de cerca de 90% de toda vida terrestre
e garantem uma gama de serviços ambientais essenciais para sobrevivência
humana, principalmente a disponibilidade hídrica. Sem floresta, não há água.
No Brasil, a Mata Atlântica concentra 72% da
população, 17 estados, 3.429 municípios, três dos maiores centros urbanos do
continente sul americano e nove das 12 bacias hidrográficas do país. Traduzido
em valores, isso significa 70% do PIB nacional. Devido a essa magnitude, o
bioma precisa de muita atenção, pois ele está reduzido a apenas 12,4% da cobertura
original, segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica, o que torna urgente
mais ações – da iniciativa pública, privada e sociedade organizada – que visem
a sua conservação e a gestão eficiente dos recursos naturais provenientes da
floresta, e a manutenção dos mananciais.
A hidrologia florestal explica como interagem estes
dois elementos.
O principal papel das florestas na manutenção dos
ciclos hidrológicos é com a produção de chuvas, abastecimento dos lençóis
freáticos (rios subterrâneos), na retenção da umidade do solo, e proteção dos
rios e mananciais de erosão e assoreamento. O estudo “Retrato da Qualidade da
Água nas Bacias da Mata Atlântica” realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica
em 230 rios, córregos e lagos de 102 municípios dos 17 estados que o bioma
compreende, mostrou que há uma relação direta da boa qualidade da água com a
existência da floresta. Todos os pontos de coleta com qualidade boa da água
estão em áreas onde a Mata Atlântica está conservada.
Contrário também foi notado quando nascentes,
margens de rios e áreas de manancial estão desprotegidas. Dos rios das nove
bacias hidrográficas da Mata Atlântica (localizadas nos 17 estados de
abrangência do bioma), apenas 6,5% a água é considerada boa e própria para
consumo, sendo que a qualidade também está diretamente ligada aos diferentes
modos de utilização do solo, da floresta, com as variações do clima e com os
diferentes usos da água, como o abastecimento humano, irrigação, pesca, lazer e
turismo. Número revela que para aproveitar o imenso potencial hídrico das
bacias da Mata Atlântica, a saúde dos rios pede não só atenção, mas soluções.
Árvores garantem segurança hídrica pois, não existe
sistema de abastecimento de água sem preservação das matas ciliares.
Localizada no Vale do Ribeira no Estado de São
Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então
pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Há oito anos, a Reserva se tornou
uma empresa da Reservas Votorantim que combina conservação ambiental com a
utilização de recursos naturais de forma sustentável, incluindo o
desenvolvimento das comunidades da região a partir de negócios inclusivos e com
a floresta em pé, como o ecoturismo, a produção e comercialização de plantas
nativas da Mata Atlântica no viveiro e compensação ambiental por meio de
reserva legal.
Com 31 mil hectares de floresta nativa (extensão
aproximada à cidade de Curitiba – PR), a floresta do Legado das Águas é um
refúgio para boa parte da extensão do Rio Juquiá, um dos principais afluentes
da bacia hidrográfica Ribeira de Iguape e Litoral Sul. Cerca de 75% da
cobertura vegetal está em alto grau de conservação, o que significa muita
floresta primária de boa qualidade para proteger o rio, que abastece casas,
fornece alimento e outras atividades produtivas para boa parte da população do
Vale do Ribeira.
Estes milhões de árvores, que juntas formam esta
imensidão verde dentro da Reserva Biológica do Tinguá/ICMBio, são verdadeiras
fábricas de água. Por isso que o Projeto SER Ambiental defende a manutenção e a
preservação permanente da Reserva. Sem FLORESTA, não tem água.
Canassa também diz que o ecoturismo na Reserva
cumpre um importante papel na disseminação de informação e conhecimento sobre a
Mata Atlântica. “A gente só protege o que a gente conhece. Por isso, um dos
nossos objetivos com o ecoturismo também é reconectar as pessoas com esse
bioma, gerando conhecimento, bem-estar e qualidade de vida”, complementa.
Sobre a geração de conhecimento, o diretor ainda diz que uma das frentes de atuação do Legado das Águas é a pesquisa científica. “Já que a floresta é essencial para a disponibilidade hídrica, para entender o ecossistema desse bioma, investimos em diferentes frentes de pesquisa, de fauna à flora, algumas inéditas e outras com descobertas únicas. Mas o objetivo não é reter esse conhecimento, e sim compartilhá-lo para que sirva de base ou apoio de ações conservacionistas e de educação ambiental. Em oito anos de existência do Legado das Águas, impactamos mais de 15 mil pessoas com conhecimento sobre a Mata Atlântica. Acreditamos que é desta forma e com ações complementares e coletivas que valorizaremos a Mata Atlântica. Os Dias Mundiais da Floresta e da Água são momentos para renovar o pacto que todos os setores da sociedade devem ter com o uso consciente e sustentável dos recursos naturais. É momento de pensar qual é o Legado que queremos construir”, finaliza Canassa.
A relação entre florestas e a disponibilidade de água.
Nota: as informações sobre o território, população,
remanescente e bacias foram extraídas de estudos da Fundação SOS Mata
Atlântica. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário