sábado, 29 de maio de 2021

Rebaixamento do lençol freático

Rebaixamento do lençol freático: uma gravíssima realidade a ser definitivamente enfrentada.
T
odos os indicadores apontam para a urgente necessidade de adoção rígida de planos de gestão para a abertura e para a exploração de poços profundos em todo o território nacional

Não é de hoje que o fenômeno é conhecido e suas graves consequências são medidas e aquilatadas em suas variáveis econômica, social e geológica.

Nas áreas rurais o principal fator de rebaixamento do lençol está na total falta de controle da exploração de poços profundos para a irrigação de lavouras. Como exemplo, o sertão baiano da região de Irecê, tradicional produtora de feijão e cebola enfrenta crises agrícolas com o severo rebaixamento de seus níveis freáticos. Esse rebaixamento é decorrente da generalizada sobre-exploração de seu aquífero cárstico. Mas Irecê é apenas um exemplo didático de um fenômeno hoje generalizado nas regiões agrícolas que se utilizam da água subterrânea. O motivo é sobejamente conhecido: total descontrole dos regimes de exploração dos aquíferos subterrâneos.

Nas áreas urbanas, seja pelo aumento do escoamento superficial promovido pela impermeabilização das áreas de recarga, seja também pela sobre-exploração de poços profundos, expediente hoje largamente utilizado por vários empreendimentos como, indústrias, galpões logísticos, hotéis, motéis, médios e grandes edifícios, hospitais, condomínios, shoppings, etc., observa-se a mesma tendência de rebaixamento do lençol freático.

Especialmente nas áreas urbanas agrega-se ao problema geral de perda de reservas hídricas a potencialização de graves fenômenos de ordem geológico-geotécnica advindos da alteração do comportamento geotécnico de solos e de abatimentos de terrenos promovidos por desequilíbrios hidráulicos em regiões cársticas, como é o caso dos municípios de Cajamar/SP, Sete Lagoas/MG, Almirante Tamandaré/PR, Bocaiúva do Sul/PR, Colombo/PR, Vazante/MG, Teresina/PI, Lapão/BA, e várias outras localidades.

O diagnóstico é sempre o mesmo: ausência de planos e regras de gestão e monitoramento da exploração dos poços profundos executados. Na cidade de São Paulo há regiões em que o lençol freático já observa rebaixamentos de cerca de 4 metros, o que em termos de perda de reservas hídricas implica em graves consequências, especialmente tendo em conta que a fonte subterrânea já compõe cerca de 10% do total do abastecimento hídrico da metrópole paulista. Mais grave se torna o fenômeno em municípios que tem na água subterrânea sua principal fonte de recursos hídricos para o abastecimento da população.

Enfim, todos os indicadores apontam para a urgente necessidade de adoção rígida de planos de gestão para a abertura e para a exploração de poços profundos em todo o território nacional. Esse já antigo alerta técnico deve finalmente sair de nossos limitados textos congressuais e acadêmicos para se tornar uma exigência política a ser colocada às autoridades competentes. (ecodebate)

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