Chuvas que carregam os
reservatórios da região Sudeste são oriundas da Amazônia. Árvores é o “toque
final” da máquina biológica que produz chuvas.
Quando cheguei pela primeira
vez no município de SINOP, Mato Grosso, me perguntei o que isso significava.
Então, me disseram que era uma sigla: Sociedade Imobiliária do Noroeste do
Paraná. O próprio site da prefeitura diz que a cidade se originou na década de
70 do século passado, pela política de ocupação da Amazônia Legal pelo Regime
Militar.
Quando estive lá, a cidade
era uma serraria atrás da outra, mas também me disseram que já tinha diminuído
o número, já que a madeira estava acabando. Então, viria a soja para ocupar os
espaços desmatados. Depois viria o gado. Por fim, terras abandonadas,
imprestáveis para qualquer uso. Números dizem que o agronegócio deixou para
trás cerca de 80 milhões de hectares de terras imprestáveis no território
brasileiro.
Mas, o que o pessoal do Paraná foi fazer em SINOP? Foi levar o modelo de desenvolvimento que eles aplicaram no próprio estado décadas atrás. E o modelo, que sempre foi predador, continua predador. É o modelo que sulistas e sudestinos espalham também no Oeste Baiano.
Agora, com o licenciamento ambiental pornograficamente liberado, a grilagem das terras públicas liberada, então o avanço sobre a Amazônia tende a se acelerar e devastar o bioma como nunca na história desse país. No último mês de abril o desmatamento foi de 810 km2, o maior da série dos últimos dez anos (Imazon).
Então, acontece uma seca nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil. Aí vem a mídia, a Agência Nacional de Águas
etc., para dizerem que passamos pela maior seca dos últimos “91 anos”.
Se você destrói a floresta
amazônica, fundamental no ciclo das águas que abastece o Brasil pelos Rios
Voadores, como você vai querer que continue chovendo no Sul e no Sudeste? É
como matar as árvores dos ovos de ouro. E matam.
Os cientistas já alertaram
que, nessa latitude, no Chile há o deserto do Atacama, na África o deserto da
Namíbia e na Austrália o deserto Australiano. Mas, mistério, chove aos cântaros
no Centro-Oeste brasileiro, nas regiões Sul e Sudeste, chegando até Uruguai,
Paraguai e Argentina. Hoje se fala que a Amazônia chega até à Patagônia.
Então, matemática simples,
como ligar lâmpada e interruptor, se o agronegócio continuar destruindo a
Amazônia como está fazendo, a região Sul do Brasil, incluindo o norte da
Argentina, viram deserto como o é em outras latitudes da Terra.
É uma escolha. E esses homens que dominam o Brasil escolheram o pior cenário. Novas secas virão, sempre mais terríveis e o deserto aguarda a todos ali na frente.
O caminho dos rios voadores. Fonte: Projeto Rios Voadores. (ecodebate)
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