quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

'União Europeia não é mais dona do mundo e o Brasil deixou de ser colônia'

'União Europeia não é mais dona do mundo, e o Brasil deixou de ser colônia', afirmam produtores de soja.

Associação do setor afirma que iniciativa dos europeus de proibir a entrada de produtos extraídos de áreas desmatadas é afronta à soberania nacional.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) chamou de “protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental” a iniciativa da União Europeia (UE) de tentar proibir a entrada de produtos agropecuários, sob a alegação de que é preciso conter o desmatamento.

Os europeus apresentaram um projeto de lei ao Parlamento do bloco, na semana passada, com uma lista de commodities, a maior parte produzida pelo Brasil, como soja, café, carne bovina e cacau, que poderão ser impedidas de entrar na região.

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Nota divulgada 23/11/21, a Aprosoja afirma que a iniciativa europeia é uma "afronta à soberania nacional. A lei proposta pela UE, destacou a entidade, coloca a conversão de uso do solo permitido em lei na mesma vala comum do desmatamento ilegal, que já é punido pela legislação ambiental brasileira.

“A União Europeia precisa entender que não são mais a metrópole do mundo (dona) e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias", diz um trecho da nota.

Amazônia e o crônico mal das queimadas

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas.

Moradores e bombeiros no noroeste do Brasil estão lutando contra os incêndios que assolam a Amazônia, destruindo terras agrícolas e ameaçando suas casas, em Porto Velho.

Rosalino de Oliveira joga água tentando proteger sua casa enquanto o fogo se aproxima em uma área da floresta amazônica, perto de Porto Velho, Rondônia.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí, Estado do Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas.

Imagem aérea mostra fronteira entre a selva amazônica a área degradada por queimadas a mando de madeireiros e fazendeiros, em Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas.

Um tamanduá morto é visto em um tronco queimado em uma área da selva amazônica, perto de Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar um incêndio, em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) encontra tamanduá morto enquanto tentava controlar focos de incêndios, em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas.

Uma das técnicas de combate às chamas é o aceiro, retirada de faixa de vegetação, por meio da queimada controlada ou manualmente. Quando o incêndio florestal encontra a faixa já degradada perde força pela falta de combustível para se alastrar.

Voluntário acende uma fogueira para criar um aceiro para impedir o progresso de um incêndio iniciado por agricultores que limpam uma área da selva amazônica, em Apuí, no Amazonas.

Membro da brigada de incêndio do IBAMA bebe água, durante a dura missão de tentar controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica perto de Apuí no Amazonas.

Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso.

Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso.

Membros da brigada de incêndio e soldados do Exército do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas, Brasil.

Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, Estado do Amazonas, Brasil em 10 de agosto de 2020. Foto tirada em 10/08/2020.

"Se os europeus estão preocupados com nossas florestas, eles poderiam aproveitar a qualidade de suas terras para replantar também as suas florestas e instituir como aqui a reserva legal e as áreas de proteção permanente dentro das propriedades rurais. Portanto, respeitem a nossa soberania!”, complementa o comunicado.

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Os sojicultores brasileiros enfatizaram que o Brasil tem uma legislação ambiental aprovada em 2012, que é o Código Florestal.

Impacto em outros mercados

Esta Lei, única no mundo, coloca sob responsabilidade exclusiva dos produtores a preservação entre 20% e 80% de vegetação nativa em suas fazendas, além de topos de morros, cursos d’água e toda sua biodiversidade incluída.

A preocupação da Aprosoja é que a nova regra, se aprovada pelo Parlamento europeu, poderá afetar outros mercados.

Ou seja, após a União Europeia obrigar o cumprimento de exigências pelas suas indústrias, toda a soja produzida no Brasil passaria a ser obrigada a cumprir a norma, independentemente se fosse consumida pelas aves e suínos no Brasil ou China.

Produção agrícola cresce no oeste da Bahia e impulsiona cidades em meio à pandemia; veja as fotos:

Plantação de sorgo, usado para alimentação animal e para a rotação de culturas nas terras do Oeste da Bahia.

Na foto, plantação de algodão na cidade de São Desidério às margens da BR-020.

Ana Paula Franciosi inspeciona plantação de uma das propriedades de sua família no Oeste da Bahia: região vive bonança que ela não vê, por exemplo, em Porto Alegre, onde foi estudar.

Processamento de algodão na Fazenda Eliane, em São Desidério, no Oeste da Bahia.

Aeródromo de Barreiras. Tráfego de aviões particulares é intenso com dinheiro circulando entre a nova elite do Oeste da Bahia.

Na foto, Kleber Rebouças Rangel, fundador da Associação Barreirense Aerodesportiva (ABA), no aeródromo de Barreiras.

Cidade de Luiz Eduardo Magalhães cresce, impulsionada pelo agronegócio.

Na Ford da região, a venda de picapes cresceu 21,6% no primeiro semestre.

Luiz Carlos Bergamaschi, um dos fazendeiros que chegou à região nos anos 1980 e progrediu com o cultivo de commodities como o algodão.

Fazenda Dois Irmãos, no Oeste da Bahia: produtores investem em irrigação, maquinário e tecnologia para adaptar a terra do Matopiba e elevar produtividade.

Rápido desenvolvimento do agro na região tem relação com processo de adaptação e investimento em tecnologia para elevar produtividade.

Diretor-presidente do Grupo Sertaneja, Antônio Balbino de Carvalho Neto, diz que a desigualdade está aumentando em meio ao progresso do agronegócio no Oeste da Bahia.

Aviões particulares viraram o meio de transporte preferencial dos produtores rurais para transitar entre uma propriedade e outra: modelo de monocultura favorece concentração de terras e renda.

“Sabemos que o foco dos europeus sempre foi a Amazônia e suas riquezas. No entanto, hoje se sabe que mais de 80% do bioma encontra-se preservado, da forma como os europeus encontraram quando colonizaram o País. Além disso, seja por outras leis ou pelo próprio Código Florestal, houve uma blindagem dos 80% preservados, de forma que a produção precisa ser feita nos 20% restantes”.

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A entidade lembrou que o governo brasileiro se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2028, durante a conferência mundial sobre o clima. De acordo com os sojicultores, esse compromisso é suficiente para evitar novas barreiras comerciais contra o Brasil.

Barreiras comerciais

“Se isso não é suficiente, podemos concluir que as intenções da União Europeia não dizem respeito à preservação ambiental, mas, sim, de uma tentativa de exercer barreiras comerciais contra produtores de alimentos do Brasil para proteger agricultores daqueles países”.

Os produtores de soja alertaram que a tentativa de restringir a produção de alimentos no Brasil trará impacto direto não somente para os brasileiros, mas também aos países que são abastecidos pelo Brasil, entre eles grandes mercados na Ásia, na África e, até mesmo, na própria Europa.

De acordo com a entidade, a medida vai prejudicar mais de 1 bilhão de pessoas que consomem alimentos brasileiros.

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A Aprosoja ressaltou que há estados no bioma amazônico que têm mais de 60% de seu território destinado a terras indígenas e unidades de conservação, como é o caso do Amapá, que tem 71% da sua área preservada.

E o Código Florestal obriga a preservar 80% da propriedade, ou nos casos de ocupação anterior, 50% dela.

“Não precisa ser nenhum gênio da matemática para concluir que legalmente não se pode expandir a produção nos 80% de floresta”. (oglobo)

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