terça-feira, 27 de setembro de 2022

A população do Paquistão de 1950 a 2100

Brasil é ultrapassado pelo Paquistão e cai para 6° no ranking de países mais populosos do mundo.

O Paquistão precisa elevar o padrão de vida da população, mas não pode deixar de lado a necessidade de restauração ecológica.

O Paquistão ultrapassou o Brasil em 2019 e se tornou o quinto país mais populoso do Planeta. Com uma área de 881 mil km2, possui uma densidade de 306 habitantes por km2 em 2022. A título de comparação, o Brasil tem uma densidade de 26 hab/km2 e o Canadá de apenas 4,2 hab/km2.

A população do Paquistão era de 38 milhões de habitantes em 1950, chegou a 200 milhões em 2012 e vai continuar crescendo sem parar durante o restante do século até atingir 487 milhões de habitantes em 2100. Na hipótese mais alta da projeção a população paquistanesa pode chegar a 900 milhões e na hipótese baixa pode ficar em 300 milhões de habitantes em 2100. Nota-se que em qualquer hipótese a população do Paquistão será maior do que o nível atual (conforme mostra o gráfico abaixo, no painel da esquerda). A população paquistanesa em idade ativa, de 15-59 anos, deu um salto para 150 milhões de pessoas atualmente e deve chegar a 300 milhões de pessoas em 2100, o dobro do nível atual (gráfico do painel da direita).

Os gráficos abaixo mostram a evolução das taxas de fecundidade e a expectativa de vida. O Paquistão tinha uma média acima de 6 filhos por mulher durante toda a segunda metade do século passado. A taxa de fecundidade começou a cair no século XXI e só deve atingir o nível de reposição no final do século e, portanto, o Paquistão não terá nenhum decrescimento antes de 2100 (Gráfico abaixo do painel da esquerda).

A expectativa de vida ao nascer, que estava em torno de 35 anos em 1950, cresceu nos anos seguintes, apresentou uma queda abrupta no início dos anos 1970, voltou a aumentar chegando em torno de 65 anos atualmente. Segundo a projeção média da Divisão de População da ONU a expectativa de vida ao nascer, para ambos os sexos, deve ficar pouco acima de 75 anos em 2100 (como mostra o gráfico acima, painel da direita).

O aprofundamento da transição demográfica se reflete na transformação da estrutura etária. Mas como a queda da fecundidade no Paquistão é recente, o montante da população de 0-14 anos continua crescendo e só vai apresentar uma redução na segunda metade do século XXI, como mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda). Já o número de idosos (gráfico da direita) tem crescido nos últimos 70 anos e deve atingir 120 milhões em 2100.

A mudança da estrutura etária fica evidente nas pirâmides etárias do Paquistão, conforme mostrado nos gráficos abaixo. A pirâmide etária de 1950 tinha o modelo clássico de estrutura rejuvenescida e não se modificou substancialmente nas décadas seguintes. O estreitamento da base da pirâmide tem sido lento o que adia o aproveitamento do 1º bônus demográfico que teria o poder de ajudar o país a reduzir a pobreza e a incrementar o desenvolvimento econômico.

O Paquistão ainda está nas fases iniciais do processo da transição da fecundidade. Isto significa que a razão de dependência continua caindo, como mostra o gráfico abaixo. Existiam quase 100 pessoas consideradas dependentes até a década de 1990 para cada 100 pessoas em idade produtiva. Mas a razão vai cair para algo abaixo de 60 nem meados do século e vai subir ligeiramente na segunda metade do atual século. Em 2100, a projeção média indica uma razão de dependência abaixo de 75, ou seja, uma proporção bem menor de pessoas dependentes em relação ao início da década de 1970. Teoricamente, o Paquistão ainda tem muito tempo para aproveitar o 1º bônus demográfico. Mas para tanto o país precisa elevar as taxas de poupança e investimento para gerar empregos suficientes para incorporar a população em idade ativa no processo de geração de riqueza.

O Paquistão tem apresentado um crescimento econômico pouco acima da média mundial. O país tinha cerca de 0,6% do PIB global em 1980 e chegou a quase 1%, conforme mostra o gráfico abaixo (lado esquerdo). Como a população paquistanesa é cerca de 2,7% da população global, isto significa que a renda per capita é menor que que a média mundial. A renda per capita do Paquistão (em preços correntes em poder de paridade de compra) era de apenas US$ 893 em 1980. Nas décadas seguintes a renda cresceu lentamente e chegou a US$ 6,5 mil em 2022, conforme mostra o gráfico abaixo (lado direito). O Paquistão é um país de baixa renda e tem dificuldades para superar a “armadilha da renda média”.

O Paquistão possui um déficit ambiental estrutural. Segundo o Instituto Global Footprint Network o Paquistão tinha, em 1961, uma Pegada Ecológica per capita de 0,55 hectares globais (gha) e uma Biocapacidade per capita de 0,47 gha. Portanto, o sinal já era vermelho há 60 anos. Adicionalmente, com o elevado crescimento demográfico a Pegada Ecológica per capita passou para 0,77 gha e a Biocapacidade per capita caiu para 0,33 gha em 2018. Assim, o déficit ecológico per capita passou para 0,44 gha, o que representa um déficit relativo de 133%, conforme mostra a figura abaixo.

O Paquistão sofre, constantemente, com ondas letais de calor e secas. Mas em agosto de 2022, chuvas e inundações históricas atingiram quase todo o Paquistão e afetaram mais de 30 milhões de pessoas, gerando um desastre humanitário de grande proporção.

O Paquistão tem, portanto, dois grandes desafios: um social e outro ecológico. As cidades do Paquistão estão entre aquelas com maiores recordes de temperatura e o país é constantemente assolado por ondas letais de calor.

O Paquistão precisa elevar o padrão de vida da população, mas não pode deixar de lado a necessidade de restauração ecológica. Um passo decisivo será aprofundar a transição demográfica para mitigar a poluição e criar condições para a adaptação à crise climática e ambiental.

Paquistão ultrapassa o Brasil como País mais populoso do mundo.

Confira os dados sobre população mundial e as projeções. (ecodebate)

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