Estudo inédito revela que o
perfil da devastação mudou e as derrubadas estão concentradas em terras
indígenas, unidades de conservação e florestas públicas não destinadas.
Desmatamento em florestas
públicas não destinadas ameaçam conservação da Amazônia – Artigo inédito
publicado na revista Nature, apresenta estratégias duradouras para conter o
alto desmatamento em terras públicas.
Cerca de 50% do desmatamento
da Amazônia brasileira ocorre em terras públicas, particularmente nas chamadas
florestas públicas não destinadas (FPND) – terras sem título que não pertencem
a nenhuma categoria de posse especificada por lei, tornando-as alvo fácil para
grileiros e exploração ilegal de recursos naturais.
As FPND cobrem uma área de 56
milhões de hectares (o tamanho da Espanha) e armazenam um estoque de sete
bilhões de toneladas de carbono — quase 1 ano de emissões globais.
Um artigo publicado na
revista cientifica Nature, em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia), apresenta propostas para conter o desmatamento na
Amazônia brasileira – em especial aquele que ocorre em terras públicas –
utilizando estratégias duradouras que priorizam a segurança fundiária, o
aprimoramento tecnológico e a aplicação da lei.
Os autores Paulo Moutinho, diretor executivo interino do IPAM, e Claudia Azevedo-Ramos, membro do Centro de Estudos Avançados da Amazônia, da Universidade Federal do Pará, ressaltam no texto que a insegurança fundiária tem sido um desafio antigo para a conservação do bioma e raiz das dificuldades na adoção de modelos sustentáveis de uso da terra.
Segundo eles, uma ação prioritária é agilizar o processo de validação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), eliminando registros ilegais do sistema e reduzindo fraudes. “A tarefa de validação seria muito mais simplificada se o governo federal e os governos estaduais tivessem um banco de dados e um sistema CAR integrados”, complementam.
De acordo com o artigo, a
redução do desmatamento também está ligada à promoção do desenvolvimento
sustentável com base na estabilidade socioeconômica, como manejo florestal
comunitário, agregação de valor aos produtos florestais, valorização dos
serviços ecossistêmicos, intensificação agrícola, dentre outros. “Práticas
sustentáveis e comércio justo por produtores de grande escala também são
fundamentais para a conservação e desenvolvimento da Amazônia devido ao seu
impacto potencialmente grande”.
O texto conclui que é
fundamental focar em estratégias que garantam a proteção duradoura das
florestas existentes, especialmente considerando seu papel na mitigação do
aquecimento global. “Uma oportunidade para aumentar a proteção florestal se
apresenta após as recentes eleições presidenciais brasileiras (2022) e mudanças
positivas anunciadas nas políticas ambientais. O que mais falta agora é uma
demonstração prática da aparente vontade política da nova Administração Central
em atender ao desejo da sociedade brasileira, assim como de muitas outras
nações, de conservar a Amazônia, protegendo seu povo, sua biodiversidade e o
clima global”.
Leia o artigo “Untitled public forestlands threat Amazon conservation” completo aqui.
Áreas protegidas, florestas públicas não designadas e o desmatamento na Amazônia brasileira, in “Untitled public forestlands threat Amazon conservation”. (ecodebate)
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