Apesar do acontecimento
iminente no segundo semestre, o fenômeno climático La Niña, que resfria a
temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico Tropical Centro e Tropical
Oriental, poderá não trazer uma característica histórica: o atraso do período
úmido.
Modelos ainda não apontam atraso do período úmido com La Niña no Brasil, diz Nottus.
Hidrelétrica de Itaipu.
O fenômeno La Niña deve
voltar a se formar no segundo semestre, mas os modelos preditivos não apontam,
por ora, atrasos do início do período chuvoso no Brasil, um efeito tradicional
do padrão climático, disse nesta terça-feira a Nottus Meteorologia.
A previsão de chuvas é
acompanhada de perto pelo setor elétrico brasileiro, que ainda é bastante
dependente da fonte hidrelétrica para geração de energia e que acaba de entrar
no período seco depois de meses de chuvas desfavoráveis, embora os níveis de
armazenamento dos reservatórios sigam confortáveis.
Além disso, agricultores
costumam aguardar as chuvas em meados de setembro, com a chegada da primavera,
para iniciar as atividades de plantio da nova safra. Se há atraso nas
precipitações, há repercussões nas lavouras.
Segundo a Nottus, o fenômeno El Niño --caracterizado pelo aquecimento da superfície equatorial do Oceano Pacífico e que tende a provocar no Brasil chuvas mais intensas na região Sul e mais escassas no Nordeste e que ainda está vigente, mas já dá sinais de enfraquecimento.
La Niña
O La Niña é um fenômeno
natural que consiste no resfriamento anômalo das águas do Pacífico. Ele é
responsável por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil e secas no Sul.
A
expectativa é de formação de um La Niña de fraca intensidade no decorrer do
segundo semestre, disse Desirée Brandt, sócia e meteorologista da Nottus,
citando relatórios recentes da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica
(NOAA) dos EUA.
Ela acrescentou que, por ora,
as primeiras previsões para outubro não indicam atraso do período úmido no
Brasil em função do La Niña, embora este seja um efeito tradicional do
fenômeno.
"Por quanto não dá para
bater o martelo e dizer que isso de fato vai acontecer, não é uma regra... Os
modelos não estão apontando para esse atraso, pelo contrário, está até dando uma
chuva para acima da média (para outubro)", disse ela, ponderando que as
previsões ainda são precoces e devem ser monitoradas.
Já as temperaturas devem
começar a ter queda mais acentuada na passagem de abril para maio, e a
expectativa é de que o Brasil tenha um inverno mais frio se comparado ao do ano
passado, quando sucessivas ondas de calor elevaram as temperaturas médias e
aumentaram o consumo de energia elétrica nacional.
"Este ano devemos ter
ondas de frio, mas não quer dizer que vai ser um inverno rigoroso. Mas em
relação ao ano passado, que praticamente não teve frio, vamos ter um inverno
'melhorzinho' e com uma temporada de ventos começando dentro da
normalidade", disse Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista
da Nottus.
No caso dos ventos, ele apontou que a geração eólica tem mostrado níveis "interessantes" em abril, com até 12 GW diários na região Nordeste, em uma época importante para a produção da terceira maior fonte na matriz elétrica brasileira.
La Niña ocorre quando ventos alísios sopram com intensidade sobre oceano Pacífico, deslocando a camada de água quente para o oeste.
"Se por um lado estamos
observando temperaturas altas, puxando uma carga (de energia) bastante
expressiva, por outro temos esse aporte da geração eólica para contrapor essa
condição", finalizou. (investing)
Nenhum comentário:
Postar um comentário