quarta-feira, 17 de julho de 2024

Chegada do La Niña requer atenção para impactos no setor elétrico

Brasil enfrentará secas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, que pressionarão a oferta e a demanda de energia.
No setor elétrico, também é motivo de atenção, por trazer mais chuvas e impactando no preço da energia. O El Niño traz mais impactos mais severos ao setor, por conta das ausências de chuvas, ao contrária do seu adverso.

La Niña: secas a partir de julho impactarão setor elétrico

Brasil enfrentará secas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, avalia Climatempo.

Chegada do La Niña acende alerta sobre as secas que ocorrerão a partir de julho, com impacto sobre o setor elétrico. 

Depois do fenômeno das chuvas no RS, o País enfrentará secas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, que pressionarão a oferta e a demanda de energia, segundo previsão da Climatempo.

Fenômeno acentuará ainda mais os períodos de seca registrados no inverno nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

O La Niña, que tem como característica prolongar os períodos secos do ano, deve atrasar a retomada das chuvas no período úmido e impactar o setor elétrico brasileiro. A análise é da Climatempo, empresa especializada em meteorológica e previsão.

De acordo com projeções da Climatempo, o início do La Niña está previsto para julho, devendo ganhar força na primavera e atingir seu pico no início do verão, perdendo intensidade só no outono do próximo ano.

O fenômeno acentuará ainda mais os períodos de seca registrados no inverno nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Além disso, deve trazer chuvas bem abaixo da média e prolongar a seca também no Sul.

Com um inverno com temperaturas acima da média, o consumo de energia deve aumentar expressivamente no país. Ademais, com a baixa incidência de chuvas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, a geração das hidrelétricas do submercado Sul ganha ainda mais relevância.

Chegada do La Niña impacta setor elétrico

Segundo a Climatempo, essas hidrelétricas estão localizadas, principalmente, na bacia do Rio Uruguai, no Norte do Rio Grande do Sul, tendo sofrido um impacto menor das enchentes que afetam o estado.

Devido a este fator, as usinas deste submercado terão um desafio maior para exportar energia para outras regiões, como é usual neste período, além de atender a demanda da própria região Sul.

A consultoria ainda avalia que o forte período de chuvas no Rio Grande do Sul poderá atrasar um pouco a chegada do período seco, mas não impedirão os efeitos do La Niña, que deve provocar secas mais prolongadas no país. Dessa forma, o Brasil continuará sofrendo com os impactos dos fenômenos climáticos intensos.

“Com o La Niña se formando em julho, a tendência é de período seco mais prolongado e atraso na retomada do período úmido na primavera”, pontua Ana Clara Marques, meteorologista e especialista em clima para o setor elétrico da Climatempo.

Ainda de acordo com a meteorologista, a alta do consumo de energia no inverno, em decorrência de temperaturas mais altas do que o normal, combinado com a diminuição de chuvas no Sul, tende a provocar um sinal de alerta no setor.

“Deveremos perceber um impacto secundário no início do La Niña, causando mais seca no Sul a partir do inverno, e outros efeitos de seca para as demais regiões na transição do inverno para a primavera, o que faz com que o fenômeno tenha ainda mais relevância para o setor elétrico”, acrescenta.

Ana lembra que o retorno das chuvas é fundamental para manter os reservatórios das hidrelétricas em níveis satisfatórios, principalmente considerando que a matriz elétrica do Brasil é 54% hídrica.

Diante disso, uma medida favorável foi a redução das vazões das usinas hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, localizadas no Rio Paraná, em medida adotada pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), gerenciado pelo Ministério de Minas e Energia.

Chegada do La Niña acende alerta sobre as secas que ocorrerão a partir de julho, com impacto sobre o setor elétrico.

Sob o impacto dos eventos climáticos extremos

Segundo a especialista, além dos fenômenos meteorológicos, o setor também é impactado pelos eventos climáticos extremos de temperatura, chuva, ventos e raios, que estão ocorrendo com mais frequência e intensidade na última década, mesmo em períodos em que a sua ocorrência não seria usual.

As ondas de calor, como as vistas recentemente no Rio de Janeiro e em São Paulo, elevaram a demanda por energia, principalmente por conta do acionamento dos aparelhos de ar-condicionado.

A Climatempo observou que, desde maio de 2023 até março de 2024, a cidade de São Paulo registrou mais calor do que o comum. “Parte pode ser associada ao fenômeno El Niño, mas muito dessa anomalia se deve aos extremos do clima”, constata Ana Clara.

A maior anomalia notada desde 2007 foi em setembro de 2023, quando a temperatura ficou 3,44 ºC acima da média histórica do mês.

A média de 2007 em diante em São Paulo é de 82 dias por ano acima de 30°C e, em 2023, foram 107 dias, e 9 dias acima de 35°C. Apesar de altas, não ultrapassaram as temperaturas recordes de 2014.

“Por conta de todas as variações e mais as ocorrências de extremos, os players do setor – sejam geradoras, transmissoras, distribuidoras, comercializadoras e reguladores – estão cada vez mais preocupados em buscar as informações meteorológicas para se prepararem e adaptarem a este novo cenário de mudanças climáticas”, observa a especialista.

Hoje, a Climatempo atua fornecendo soluções, incluindo relatórios climáticos periódicos para municiar as empresas do setor com informações, além de contar com a plataforma SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo), que armazena dados meteorológicos num único sistema, mostrando as condições climáticas nas áreas de atuação das empresas.

A empresa também utiliza IA (inteligência artificial) para o nowcasting, com previsões mais assertivas para os próximos 60 minutos, realizadas de 10 em 10 minutos.

“Podemos dizer que o setor de energia sai na frente em relação à busca pelas informações climáticas, devido aos impactos nas operações e também porque sofre muita pressão dos órgãos reguladores para manter altos índices de atendimento”, explica Ana Clara. (canalsolar)

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