Recurso será
utilizado pelo Serviço Florestal Brasileiro para levantar qualidade e
quantidade das florestas na Amazônia.
O Serviço Florestal
Brasileiro (SFB), órgão do Ministério do Meio Ambiente, terá R$ 65 milhões do
Fundo Amazônia para realizar o Inventário Florestal Nacional (IFN) – iniciativa
para levantar a quantidade e a qualidade das florestas – no bioma Amazônia. O
projeto foi aprovado esta semana pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).
O IFN é uma ação do
governo federal já em andamento, com o intuito de conhecer as florestas de todo
o país. Baseia-se na coleta de dados diretamente em campo, em locais
previamente definidos, chamados de pontos amostrais. Na Amazônia, haverá em
torno de 7 mil deles.
Segundo o diretor de
Informação e Pesquisa Florestal do SFB, Joberto Freitas, o IFN alcança novo
patamar com o aporte de recursos do Fundo Amazônia. "Teremos a
oportunidade de implementar o IFN nacionalmente, e consolidar uma importante
política pública do Estado brasileiro, que é estruturante, de longo prazo, e
fundamental para a produção de informações sobre os recursos florestais da
região", diz.
EM 2013
Os recursos serão
liberados após a formalização de contrato entre o Serviço Florestal e o
(BNDES), gestor do Fundo Amazônia, com prazo de execução de 48 meses. A
previsão é de que os trabalhos em campo comecem em meados de 2013.
O Inventário
Florestal Nacional na Amazônia permitirá conhecer a floresta por dentro e
formar um panorama abrangente sobre a qualidade e condições do que hoje só
conhecemos como cobertura florestal. As espécies arbóreas existentes, o estoque
de biomassa e carbono, a qualidade dos solos, o nível de degradação das
florestas e a saúde e vitalidade das árvores, por exemplo, poderão melhorar a
formulação e a implementação de políticas públicas.
Como o foco é trazer
dados sobre florestas em todo o território, surgirão informações sobre as
características da vegetação em áreas desmatadas no passado e que se encontram
em processo de regeneração, por abandono ou outras razões. Há poucas
informações sobre essas áreas, em escala regional, mesmo obtidas por
sensoriamento remoto.
Dados que já existem
poderão ser aperfeiçoados com o IFN, como as estatísticas sobre estoque de
biomassa e carbono, hoje baseadas em poucos dados de campo. "O Inventário
vai trazer dados mais fidedignos porque esse valor será calculado com base em
amostras de campo sobre todo o território", diz o diretor do SFB. Conhecer
a percepção das populações rurais sobre a existência, uso e conservação dos
recursos florestais também é um objetivo do IFN e, para cada um dos 7 mil
pontos amostrais, serão entrevistados moradores um raio de até 2 quilômetros.
METOLOLOGIA
Para fazer o
levantamento de campo, tanto de dados biofísicos quanto socioambientais,
equipes receberão treinamento na metodologia nacional. "Vai ser uma
oportunidade para o envolvimento de jovens profissionais, contribuindo para o
país e adquirindo experiência de campo", afirma Freitas. "Além disso,
o Serviço Florestal estabelecerá parceria com os governos estaduais,
universidades e instituições de pesquisa da região, já a partir do segundo
semestre de 2012."
O Inventário
Florestal Nacional já foi concluído em Santa Catarina e no Distrito Federal.
Acordos firmados entre o SFB e os governos estaduais do Paraná, Sergipe, Ceará
e Rio de Janeiro serão os locais mais próximos de iniciar os trabalhos de
campo. O SFB negocia acordos também com o Rio Grande do Sul e Bahia.
Desmatamento na Amazônia cai 23% em 12 meses
O desmatamento na Amazônia caiu 23% entre agosto de 2011 e
julho de 2012 na comparação com os 12 meses anteriores.
Os dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente apontam
que 2,04 mil km2 foram desmatados nos últimos 12 meses. Com isso, quase
700 km2 foram poupados na comparação entre os períodos avaliados.
O Sistema de Monitoramento em Tempo Real (Deter), coordenado
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostrou que, com exceção
de Roraima, todos os estados da região mantiveram ou reduziram a taxa de
desmatamento local.
O Maranhão foi o estado que registrou a maior queda de
desmatamento (67%), seguido pelo Amazonas com 45% menos áreas devastadas e pelo
Acre e pelo Pará, onde a derrubada de árvores reduziu em 42% em cada estado.
Para a ministra Izabella Teixeira, os números mostram “o
resultado da robustez nas políticas e estratégias de monitoramento”. No ano
passado, o Pará foi responsável por quase 47% do desmatamento.
O Deter revelou que o desmatamento da região amazônica aumentou
apenas em Roraima, com acréscimo de 218% no período 2011/2012. O estado
contabilizou 56 mil km2 de áreas devastadas, enquanto entre agosto
de 2010 e julho de 2011, a área desmatada somava 18 mil km2.
“Roraima tinha números absolutos com explosão do
desmatamento. O estado agora está indicando tendência de queda”, avaliou
Izabella Teixeira. Apesar do otimismo, a ministra explicou que os dados do
Deter indicam apenas uma tendência. “Não podemos afirmar que vai reduzir o
desmatamento, mas é um indicativo”, disse ela, acrescentando que, ainda assim,
os números apontam “redução expressiva e sinalizam um caminho de perspectiva e
ainda com baixíssima cobertura de nuvens.”
Em 2011, nuvens cobriram parte significativa das imagens
captadas pelos satélites, o que comprometeu o resultado do monitoramento do
desmatamento em Mato Grosso, no mês de junho. Este ano, as nuvens encobriram
apenas 16% das imagens captadas pelo satélite no mesmo mês.
Outro desafio do monitoramento é a mudança no perfil do
desmatamento na região. O crime ambiental na Amazônia que tinha como
característica a devastação de grandes áreas, passou a ser feito em pequenas
áreas, inferiores a 25 hectares. A modalidade definida pela ministra Izabella
Teixeira como “desmatamento puxadinho”, que domina há três anos as práticas
criminosas na Amazônia, tem exigido melhorias tecnológicas que o atual satélite
não tem capacidade de captar as imagens com resolução ideal.
“Viremos com nova tecnologia para captar esse novo perfil
[de desmatamento]. Esta nova tecnologia vai informar antes do crime. A gente
vai colocar óculos no Deter”, disse a ministra.
Em dezembro deste ano, o INPE vai lançar o novo satélite
Cbers 3, como resultado de uma cooperação com a China. A expectativa é que o
satélite entre em operação em janeiro de 2013. “Com isso, poderemos contar com
informação em muito mais alta resolução espacial. Vamos ter um monitoramento
constante e semanal, podendo detectar pequenos desmatamentos de vários
hectares”, explicou Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de
Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação.
Nobre admitiu que, os atuais dados, ainda “não são uma boa
métrica do desmatamento anual como todo, mas eles indicam tendência de queda.”
(noticiasagricolas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário