Com medo da crise hídrica, Dilma vai lançar
campanha por economia de água
Governo federal quer evitar a mistura da crise energética
com a hídrica.
Abastecimento
Intenção do governo federal é limitar a responsabilidade da
União e dos Estados na questão; Planalto vê como inevitável rodízio em São
Paulo, caso cenário de chuvas não se altere até março. Ministros discutem
impactos da estiagem na economia.
Até o momento, governo federal focou
em oferecer recursos a SP.
Preocupado com os desdobramentos da
crise hídrica, o governo Dilma Rousseff planeja uma campanha institucional para
estimular o uso racional da água. A decisão marca uma mudança de postura do
Palácio do Planalto, que até o momento se concentrava na oferta de apoio
financeiro aos principais Estados afetados pelos problemas de abastecimento.
Uma das apreensões do governo
federal é evitar a mistura da crise energética com a hídrica — apesar de as
duas questões estarem interligadas, a hídrica tem abalado mais a popularidade
do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), conforme mostrou pesquisa
do instituto Datafolha.
A estratégia de comunicação do
governo federal também deve delimitar as responsabilidades de União e Estados
na gestão da água. Pela legislação, os serviços de saneamento são geridos
exclusivamente pelos Estados. À União cabe o apoio com recursos e medidas que
cada ente da federação entenda como necessários.
O jornal O Estado de S. Paulo
apurou que a campanha sobre o uso racional da água ainda se encontra em estado
embrionário, mas a ideia será discutida pela Secretaria de Comunicação Social e
pelo Ministério do Meio Ambiente para a formatação final.
Internamente, o Planalto avalia que
o racionamento de água em São Paulo já é praticamente inevitável, caso não
aconteça uma inversão total do cenário de chuvas até o próximo mês. Integrantes
do governo comemoraram o volume de chuvas já registrado neste mês, mas
ressaltam que o cenário para março e abril ainda é incerto.
A situação é diferente no setor
elétrico, no qual a gestão da energia é centralizada pelo ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico), que tem participação direta do Ministério de
Minas e Energia. É o ONS que coordena e controla a operação das instalações de
geração e transmissão de energia, sob a fiscalização da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica). A Aneel também fará campanha pelo uso racional de
energia.
Impactos
Os ministros Aloizio Mercadante
(Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Nelson Barbosa (Planejamento),
Jaques Wagner (Defesa), Gilberto Kassab (Cidades), Gilberto Occhi (Integração
Nacional), Kátia Abreu (Agricultura) e Eduardo Braga (Minas e Energia) se
reuniram ontem no Planalto para discutir o impacto da crise hídrica na
agropecuária.
A ministra da Agricultura
reconheceu a gravidade da estiagem no País.
— É claro que temos uma crise
hídrica, mas temos a água como compromisso desde a posse no ministério. Ela
será um produto a mais na nossa cesta.
A declaração foi feita durante
apresentação de um hotsite que vai oferecer diagnósticos recorrentes sobre a
situação hídrica no País e o impacto da falta de chuvas na produção de
alimentos.
Kátia disse, porém, que o governo
não vê "caos" na atual conjuntura e evitou comentar um eventual
rodízio de água em São Paulo.
— Isso é decisão do Estado de São
Paulo, do governo de São Paulo. Tenho certeza de que o governo de São Paulo vai
saber tomar a decisão adequada para atender a população.
Alimentos
Segundo o governo, no caso da cana,
66,04% dos municípios produtores (que representam 80% da safra) tinham, em
janeiro, umidade do solo abaixo da média histórica; no caso do café, essa taxa
é de 90,98%; para o trigo, 39,25%; para soja, 52,47%; e para milho primeira
safra, 53,78%. Os dados foram coletados nos primeiros 20 dias de janeiro.
Kátia Abreu minimizou, no entanto,
um possível impacto das condições climáticas no preço dos produtos.
— É coisa sazonal, já vimos no
passado o caso do tomate, não é estrutural. (r7)
Nenhum comentário:
Postar um comentário