Expedição
Barco Iris pela Amazônia
Notícias
registradas no site D24am e em outras páginas de notícias da região norte,
mencionam o desenvolvimento do projeto expedição barco Iris. Projeto nascido em
2012, em uma conferência ambiental na Colômbia, merece registro porque perpetra
uma quebra de paradigma. Certas coisas são importantes pela simbologia que
carregam e não pelo conteúdo literal que armazenam.
Ninguém
está imaginando que a navegação na região norte vá se pautar por esta
experiência. Nada disso. Mas o que esta experiência demonstra, é que em escala
piloto ou em nível experimental é possível viabilizar e demonstrar uma série de
iniciativas de sustentabilidade. Além da função de sensibilização social que
representa e que demonstra a alunos de várias escolas beneficiadas com
visitação e explanação e também para a população em geral.
A
ideia é de usar a viagem de um barco alternativo, criado sobre concepções de
busca de sustentabilidade, para divulgar preservação ambiental e procedimentos
de gestão ambiental em comunidades ribeirinhas fluviais de toda a América do
Sul, através de atividades educacionais e artísticas.
São
desenvolvidas ações educativas sobre geração e gestão de resíduos sólidos, que
são estendidas com membros de comunidades escolares, para cobrir o alcance de
todas as regiões visitadas. Com os materiais recolhidos, são construídos
brinquedos e outros artefatos utilizados. O barco é um típico trimarã, assim
batizado em função de suas características, e tem capacidade de navegação com
até 4 toneladas de carga. A sustentação da embarcação é feita com cerca de 21
tambores de 500 litros cada. Tambores de plástico fechado, injetados a vácuo. A
própria aparência alternativa já visa passar uma mensagem de reutilização de
materiais para todas as populações que são objeto da sensibilização do projeto.
Não é possível e nem tem efeito prático pedagógico falar em itens de gestão
ambiental ou sustentabilidade sem praticar efetivamente tais ações.
Por
isso se destaca que o objetivo não é comercial, mas sim de sensibilização e
demonstração de viabilidade ambiental da experiência exitosa em embarcação
flutuante. Os tambores são reutilizados e foram recolhidos em indústrias após
serem descartados e destinados como resíduos sólidos.
Várias
ações próprias de gestão ambiental integram as práticas da embarcação, que tem
um pequeno telhado, que viabiliza coleta de água da chuva, que é consumida pela
tripulação para dessedentação e preparo de alimentos. A dieta também é
diferenciada, a base de grãos e é grande novidade para todas as populações
ribeirinhas. A tripulação estabelece grande interação social com as populações
visitadas.
Os
integrantes do projeto abdicaram de suas posições profissionais em nome do
ideal de difundir uma ideia na qual acreditam. É uma concepção que transcende a
um estilo de vida e se torna uma missão. A viagem já incluiu países como
Equador, Peru e Colômbia antes de cursar os rios da bacia hidrográfica do
Amazonas, e a expedição deverá ser encerrada em agosto de 2014, quando está
previsto o retorno da tripulação para a cidade de São Paulo. Quando então se
procurará aumentar a divulgação de que são possíveis soluções alternativas na
bacia hidrográfica e no ecossistema amazônico.
O
barco íris transcende a uma simples embarcação, se transformando numa espécie
de “casa fluvial” simbólica, que é mais do que um meio de transporte, é uma
escola e um teatro itinerantes, que “compartilha saberes” e, até mesmo sabores,
entre populações ribeirinhas, povos indígenas, populações mestiças e colonos,
como afirmou em parte o jornalista Henry Freitas, autor da matéria jornalística
do site D24am, consultado para elaboração da digressão.
A
expedição não pode ser considerada apenas uma iniciativa bizarra de jovens
idealistas, mas demonstra como um modelo alternativo pode ser desenvolvido.
Alguns de seus procedimentos certamente poderão ser apropriados e desenvolvidos
por atividades regulares, visando dotar a região amazônica de maiores e melhores
ações em busca da gestão ambiental e de parâmetros de sustentabilidade.
A
viagem se iniciou em 16/10/12 em Coca, na região amazônica da província de
Orellana, no Equador, onde a embarcação projetada foi construída. Inicialmente
foram percorridos mais de 900 km no rio Napo, situado na região andina, até
encontro deste curso de água com o rio Amazonas. Depois, a partir de Tabatinga,
primeira cidade brasileira na Amazônia que faz fronteira com Peru e Colômbia,
foram percorridos aproximadamente 3.600 km no rio Amazonas, até se alcançar o
Oceano Atlântico.
A
ideia da viagem, do uso da embarcação e da mecânica de “performances”
educacionais e artísticas na sensibilização e conscientização das populações
atingidas pode não ser muito glamourosa para efeitos de imprensa, mas é muito
efetiva e eficiente em termos de imaginário popular, alcançando seus objetivos
junto às populações atingidas.
Enfim,
a navegação por uma das áreas de maior diversidade do mundo, o extravasamento
de usufruir do pulmão do mundo e desfrutar da abundância da vida selvagem
sempre tem um grande apelo popular e permite a obtenção de resultados
relevantes que certamente vão interferir na melhoria da qualidade ambiental e
da qualidade de vida de todas as populações atingidas. (ecodebate)
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