As
metas do milênio são bem conhecidas aqui no Brasil, sendo disseminadas em aulas
escolares e até provas, mas e quanto aos objetivos sustentáveis do milênio
(ODS)? O processo de mudança das metas ainda está ocorrendo, porém o essencial
já foi acertado.
O
que seria o essencial? As dez primeiras metas, por exemplo, fazem parte do
pacote essencial.
E o
cidadão com isso? O Brasil, nos últimos doze anos, tem tido um papel importante
nas negociações, especialmente as climáticas, mas esse papel não tem sido
divulgado pela mídia tradicional.
O
que o Brasil tem feito? Criado plataformas para discussão das metas
sustentáveis, para que ‘as metas brasileiras sejam mais ambiciosas que as
próprias metas sustentáveis do milênio, pois cada país vai fazer sua história.’-
Mário Mottin, chefe da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Sustentável da
Secretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério
das Relações Exteriores na Cúpula Social do Mercosul.
Discutido,
assim como outros em desenvolvimento e subdesenvolvidos, com os desenvolvidos,
já que ‘a ênfase dos países desenvolvidos é que cada país é responsável pelo
seu próprio desenvolvimento, mesmo que a América Latina tenha sido responsável
por 95% das metas do milênio efetuadas aqui, sendo que as metas do milênio que
não foram cumpridas é graças a falta de recursos internacionais, de cooperação.
Eles tinham que vir com mecanismos completos. E mesmo assim nós somos a região
que mais retirou gente da pobreza’– Mário Mottin.
Basicamente
as nações desenvolvidas não querem assumir suas responsabilidades em relação
aos países subdesenvolvidos, ou seja, ignorar o sétimo princípio da declaração
da Eco 92 (realizada no Rio, em 1992), que afirma a existência de
responsabilidades comuns dos países, além das diferenciadas, graças ao nível de
desenvolvimento de cada um.
Felizmente
alguns mecanismos de cooperação estão sendo realizados: ‘O Brasil conseguiu
um compromisso concreto sobre financiamento com a França.’- Mário Mottin.
Quando será realizado ou em que objetivos o dinheiro será aplicado não foi dito
pelo Chanceler, mas creio que em pouco tempo poderemos ter acesso a essas
informações.
Porém,
nem tudo que poderia ter sido realizado foi, como admite o Chanceler: ‘Gostaria
de ter ido mais longe em universos de outros temas igualmente complexos, como a
questão indígena, a igualdade de gênero, o empoderamento (sic) das mulheres,
mas muitos acabaram sendo nivelados por baixo.’ –Mário Mottin.
Apesar
de em um primeiro momento a falta de inclusão de outros temas ser ruim para a
sociedade, no final ela pode ter uma breve vantagem: ‘ Mas isso nos
apresenta oportunidades futuras, pois essa negociação está sendo feita de
maneira diferente das anteriores: a sociedade civil está conseguindo um espaço
maior nas negociações; as negociações estão mais limpas.’ – Mário Mottin.
‘O
Brasil procurou ampliar o espaço com consultas, por exemplo, assim o tema que a
sociedade civil indicou tornou-se o mote da posição brasileira. O objetivo dez
(relativo a miséria) não foi fácil de aprovar, pois há países que não se
interessam na redução da desigualdade.’- Mário Mottin.
Se
até no que parecia desvantagem há vantagem, então qual o lado negativo? O
Chanceler foi claro que não acredita na realização de todas as metas, pois
também é uma questão financeira, então a desvantagem é escrever e se
comprometer com objetivos que não podem ser totalmente realizados. Não seria
melhor se comprometer apenas com o que é possível se realizar?
Como
tudo isso se adequa a nossa realidade? Ou seja, o que podemos fazer para
auxiliar e o que isso muda o nosso dia a dia?
Para
auxiliar podemos, por exemplo: denunciar escolas que não estão funcionando e
auxiliá-las a funcionar por meio de cooperação entre professores e pais (a
quarta meta refere-se à educação de qualidade), lutar contra preconceitos
diários a respeito de mulheres para concretizar a igualdade de gênero e
empoderamento das mulheres (quinto objetivo), entre tantas outras ações que
podemos realizar para tornar os objetivos sustentáveis do milênio realidade.
O
que isso muda no nosso dia a dia? Especialmente aqui no Brasil, em que a
educação pública não tem qualidade, transforma toda nossa realidade: já pensou
se pudéssemos ter uma educação completa e boa sem gastar um centavo? Muda até
mesmo a quantidade de violência, pois sem pobreza assaltos não ocorrerão com
tanta frequência.
É
possível e provável que alguns objetivos permaneçam no papel, mas se
conseguirmos realizar metade deles, como acabar com a pobreza, já teremos feito
do mundo um lugar melhor para as futuras gerações. (ecodebate)
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