PGR defende que água seja
oficializada como direito humano fundamental
Raquel Dodge falou sobre
proposta em palestra aos universitários de Brasília; medida deve ser
apresentada no 8º Fórum Mundial da Água.
PGR defende que água seja
oficializada como direito humano fundamental.
Em palestra a estudantes
universitários, realizada em 13/03/2018, a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, defendeu a inclusão da água como direito humano
fundamental no ordenamento jurídico nacional. Ela adiantou que essa proposta
será apresentada, na próxima semana, durante o 8º Fórum Mundial da Água, no
qual, pela primeira vez o Ministério Público e o Judiciário terão participação
ativa. Além de Raquel Dodge, estiveram no evento o ministro do Supremo Tribunal
Federal Luís Roberto Barroso e o ex-ministro da corte Carlos Ayres Brito.
Em sua fala, Raquel Dodge apresentou um relato
de como a água é tratada na legislação nacional e também no ordenamento de
outros países. Destacou a República Dominicana onde, atualmente, é considerada
um bem privado. No caso do Brasil, frisou a PGR, o uso da água é objeto de
várias leis que tratam a questão sob o ponto de vista do direito ambiental, à
propriedade e do consumidor. No entanto, nenhuma dessas normas tem como propósito
o foco defendido neste momento pelo Ministério Público. “Embora haja larga
disciplina legal sobre os vários aspectos, não há nenhuma norma que trate ou
classifique a água como um direito humano, o que entendemos ser uma
necessidade”, afirmou.
A procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís
Roberto Barroso, participam da palestra Direito à Água promovida pela UniCeub.
Ao justificar a importância
de que a água seja tratada sob o prisma de direito fundamental, a
procuradora-geral lembrou que esse recurso natural é indispensável não só para
o indivíduo – por uma questão de sobrevivência -, como também para a
coletividade e que, por isso, deve receber proteção singular do Direito. O
alcance coletivo é caracterizado pela importância da água para atividades como
a agricultura, transportes e saneamento básico. Além disso, como enfatizou
Raquel Dodge, a água é objeto e causa de conflitos sociais e jurídicos. Entre
os fatos e reações decorrentes da água – seja por excesso ou escassez – a
procuradora-geral citou que a questão envolve desde disputas entre vizinhos até
movimentos migratórios, tanto internos quanto externos.
Ao final, a PGR fez um
convite para que os estudantes se interessem pelo tema, que participem das
discussões do Fórum Mundial da Água e que fiquem atentos a qualquer discussão
ou movimento que tenha como objetivo a privatização da água, de forma direta ou
indireta. “Precisamos refletir sobre o tratamento jurídico dado à água e este evento
é um momento singular para isso”, enfatizou.
O ministro Roberto Barroso também destacou a
importância da água, frisando que a escassez do produto – agora objeto de
preocupação em todo o país – é uma questão previsível há mais de uma década.
Ele lembrou que o Brasil ainda está em situação privilegiada, por possuir 14%
das reservas de água doce. Para ele, é fundamental pensar a questão da água
considerando três aspectos: escassez, qualidade e acesso. (ecodebate)
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