Estudo indica que principais marcas globais de água
engarrafada estão contaminadas com partículas de plástico.
Microplástico encontrado em
água engarrafada global.
Fibras
microscópicas de plástico fluorescente flutuando em uma garrafa d’água durante
testes na Universidade do estado de Nova York em Fredonia.
O
termômetro ultrapassa acelerado a marca dos 30°C quase todos os dias na praia
de Copacabana, famosa no Brasil e no mundo.
Marcio
Silva é um vendedor com incontáveis quilômetros de experiência no calçadão. Ele
vende água – meio litro de alívio em jeitosas garrafinhas de plástico. Com sua
inseparável caixa de isopor, Marcio é um seguro contra a desidratação, tanto
para os cariocas que adoram o sol quanto para os turistas de pele queimada.
“Eu bebo
água porque água é vida, água é saúde, água é tudo”, diz Marcio, 51 anos.
“Eu
mesmo bebo e também vendo pros outros”.
“Eu não
venderia uma coisa que faz mal para as pessoas”.
Não
é a Via Láctea: Quando filtradas e vistas por meio de um aplicativo de contagem
de partículas, esses resíduos fluorescentes dentro de uma única garrafinha
d’água lembram a abóboda celeste em uma noite sem nuvens.
A água da
garrafa parece límpida, limpa, incorrupta. O plástico também. Para muitos, é
uma opção prática. Para outros, uma proteção contra as impurezas da água da
torneira.
O produto
vendido por Marcio é comercializado como se fosse a essência da pureza. Avaliado
em US$ 147 bilhões por ano, trata-se do mercado de bebidas que cresce
mais rápido no mundo.
Mas uma
nova pesquisa da Orb Media, organização jornalística sem fins lucrativos
sediada em Washington, mostra que uma única garrafa d’água pode conter dezenas
ou talvez até milhares de partículas microscópicas de plástico.
Vários
testes em mais de 250 garrafas de 11 marcas líderes de mercado revelaram
contaminação por plásticos variados inclusive polipropileno, náilon e
tereftalato de polietileno (PET).
Quando
questionados por repórteres, representantes de duas marcas populares
confirmaram que seus produtos contêm microplástico, mas que o estudo da Orb
exagera significativamente a quantidade.
No caso das
partículas na faixa dos 100 microns, ou 0,10 milímetros, a Universidade
Estadual de Nova York conduziu testes para a Orb que revelaram uma média global
de 10,4 partículas por litro. Essas partículas foram confirmadas como sendo
matéria plástica usando um microscópio infravermelho de padrão industrial.
Os testes
mostraram também uma quantidade muito maior de partículas de dimensões menores
ainda e que provavelmente também são plástico, segundo os pesquisadores. A
média global para essas partículas foi de 314.6 por litro.
“É
desalentador; quer dizer, é uma coisa triste,” diz Peggy Apter, uma americana
que investe em imóveis em Carmel, Indiana, e só bebe água em garrafa. “Como
chegamos a esse ponto no mundo? Porque não podemos ter uma água limpa e pura
para beber?”.
A pesquisa
encontrou plástico dentro de várias garrafas.
Encontramos
garrafas com tantas partículas que resolvemos pedir a um ex-astrofísico para
usar sua experiência de contar estrelas do firmamento para nos ajudar a
inventariar essas constelações fluorescentes.
TweetAs
maiores eram da largura de um fio de cabelo humano e as menores do tamanho de
uma hemácia sanguínea. Em certas garrafas vimos milhares de partículas. Em
outras, efetivamente nenhuma.
Uma das
garrafas acusou uma concentração de mais de 10.000 partículas por litro.
A água em
garrafa dá uma impressão de segurança e praticidade em um mundo cheio de
ameaças, reais ou deduzidas, contra a saúde pessoal e pública.
A água
potável embalada é o sustento vital de muitas das 2,1 bilhões de pessoas que
carecem de água segura para beber no mundo inteiro. Cerca de 4.000 crianças
morrem todos os dias de doenças transmitidas pela água, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde.
O ser
humano precisa de aproximadamente dois litros de fluidos por dia para se manter
hidratado e saudável e até mais do que isso em regiões quentes e áridas.
As
descobertas da Orb sugerem que uma pessoa que bebe um litro de água engarrafada
por dia pode estar consumindo dezenas de milhares de partículas microplásticas
a cada ano.
Os
efeitos disso na saúde, tanto sua quanto da sua família, estão ainda envoltos
em certo mistério.
A pergunta
que fica é: é seguro beber essas minúsculas partículas de plástico?
Os
cientistas ainda não sabem.
"Dependendo
da receita, você pode ter algumas substâncias químicas no plástico que são
tóxicas, e, de fato, muitas 'substâncias que suscitam elevada preocupação
(SVHC, em inglês)' são ligadas aos produtos plásticos." Ela também
menciona o que é conhecido como toxicidade de partículas.
"Se
partículas minúsculas, incluindo plásticos, entrarem dentro de um tecido do
corpo humano, elas podem causar o que se chama de estresse oxidativo, o que
pode levar a inflamações crônicas." Estas, por sua vez, são suspeitas de
desempenhar um papel importante no surgimento de várias doenças crônicas.
(ecodebate)
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