As
projeções demográficas divulgadas pela Divisão de População da ONU (revisão
2019) deixam claro que o processo de envelhecimento populacional caminha a
passos largos no mundo e de maneira muito mais acelerada no Brasil.
Uma
forma de aferir quantitativamente o envelhecimento populacional é por meio do
Índice de Envelhecimento (IE) que mede a relação entre a população idosa e a
população jovem de 0 a 14 anos de idade. A linha que divide a população adulta
da população idosa varia historicamente, no espaço e no tempo, pois há diversos
critérios definir a linha base do envelhecimento.
O
gráfico abaixo mostra o Índice de Envelhecimento para o mundo, entre 1950 e
2100, para três categorias de idosos: 60 anos e mais, 65 anos e mais e 80 anos
e mais de idade. Nota-se que em 1950 havia 23 idosos de 60 anos e mais, para
cada 100 jovens de 0 a 14 anos na população, 15 idosos de 65 anos e mais para
cada 100 jovens e somente 1,6 idosos de 80 anos e mais para cada 100 jovens. Os
idosos eram ampla minoria na estrutura etária mundial em meados do século
passado.
Com
a queda das taxas de fecundidade e o estreitamento da base da pirâmide
populacional, o percentual de idosos foi aumentando nas décadas seguintes e se
acelerou bastante no século XXI. Um IE menor do que 100 significam uma população
jovem e um IE igual ou maior do que 100 significa uma população idosa. Assim,
considerando os idosos de 60 anos e mais, o mundo terá uma estrutura etária
envelhecida em 2050, quando o IE chegará a 101 idosos para cada 100 jovens.
Considerando os idosos de 65 anos e mais, o mundo terá uma estrutura etária
envelhecida mais para frente, em 2073, quando o IE chegará a 100,3 idosos para
cada 100 jovens. Mas no caso dos idosos da “quarta idade” o IE chegará ao
máximo de 46,4 pessoas de 80 anos e mais para cada 100 jovens de 0 a 14 anos.
O
gráfico abaixo mostra o Índice de Envelhecimento para o Brasil, entre 1950 e
2100, para as mesmas categorias de idosos. Nota-se que em 1950 havia somente
11,7 idosos de 60 anos e mais, para cada 100 jovens de 0 a 14 anos na população
brasileira, 7,2 idosos de 65 anos e mais para cada 100 jovens e menos de 1
idoso de 80 anos e mais para cada 100 jovens. Os jovens eram ampla maioria na
estrutura etária brasileira em meados do século passado.
Mas
a transição da fecundidade começou na segunda metade da década de 1960 e o
número médio de filhos por mulher caiu de pouco mais de 6 para menos de 2
filhos por mulher, num intervalo de 40 anos. Desta forma, a base da pirâmide
populacional se estreitou, enquanto os demais grupos etários se alargaram. Como
a transição da fecundidade foi rápida no Brasil, a transição da estrutura
etária também será rápida. O Brasil terá um dos processos de envelhecimento
populacionais mais intensos e rápidos do mundo.
Assim,
o Brasil será considerado um país de idoso em 2030, se considerar os idosos de
60 anos e mais. Considerando os idosos na categoria 65 anos e mais passará a
ter uma estrutura envelhecida em 2038. E o mais impressionante é que,
considerando as pessoas da “quarta idade”, o IE ultrapassará 100 no ano de
2077, quando o Brasil terá mais idosos de 80 anos e mais do que jovens de 0 a
14 anos. A tabela abaixo compara os números dos dois gráficos para alguns anos
selecionados.
Indubitavelmente,
o futuro do século XXI terá um peso proporcional crescente dos idosos, qualquer
que seja a categoria a ser utilizada para definição do início da velhice. O
impacto econômico do envelhecimento tende a trazer dificuldades para o
crescimento do Produto Interno Bruto e para o aumento do bem-estar geral da
população, com efeitos desafiadores sobre o sistema de proteção social e de
saúde.
Envelhecimento
populacional traz novas oportunidades e pode contribuir com o bem-estar geral,
se forem adotadas políticas públicas adequadas para aproveitar o segundo bônus
demográfico. Os governos, as famílias e a iniciativa privada precisam ter
sabedoria para superar as externalidades negativas e saber aproveitar as
oportunidades do fenômeno do envelhecimento populacional. (ecodebate)
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