Os técnicos da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, lotados na Coordenadoria de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) para atuarem com assistência técnica e
extensão rural, ensinam e dão dicas para se fazer uma boa compostagem. Que tal
colocar a mão na massa ou, melhor dizendo, no rico lixo doméstico e preparar um
composto orgânico próprio? Quem ensina é o engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz,
da Divisão de Extensão Rural da CDRS, responsável pelo Projeto Fazendinha
Feliz, que recebe crianças e adultos para treinamentos e também visitas.
A área, que abriga canteiros com horta, plantas
medicinais, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), assim como a criação
de abelhas sem ferrão para a polinização, está localizada na sede da CDRS, em
Campinas. Assim que passar este isolamento, vale uma visita, mas por enquanto
seguem as dicas para fazer a boa e rica compostagem caseira e, de quebra,
também um minhocário. As plantas vão agradecer!
“A prática da compostagem é uma excelente atividade
educativa, contribuindo na formação da consciência e do entendimento sobre as
leis ambientais, sendo uma prática evidente das transformações naturais pelas
quais passam todos os organismos vivos”.
Compostagem é a técnica de aproveitamento de
diversos tipos de materiais orgânicos de origem vegetal que, por meio de um
processo de fermentação aeróbica, se transformam no composto orgânico. Ela pode
ser feita numa propriedade rural, na residência, em escolas e até mesmo em um
apartamento, utilizando-se os restos de alimentos crus, oriundos do preparo das
refeições, como restos de verduras não temperadas, folhas danificadas, cascas,
frutos podres, borra de café, cascas de ovos etc., diminuindo consideravelmente
o lixo produzido e proporcionando um fim bem apropriado para esse valioso
material.
Para se fazer o composto, é preciso separar o
material orgânico vegetal disponível já na cozinha (para isso pode-se dispor de
um balde plástico com tampa). Esse material será distribuído em camadas
intercaladas com palha (ou restos de grama cortada no pátio da escola, no
jardim da casa, folhas secas, capim cortado etc.).
É importante frisar que para se evitar o apodrecimento do lixo, fortes odores e também a invasão de roedores e outros animais, inclusive larvas de moscas, não se deve, de maneira nenhuma, utilizar no composto os restos de comida preparada, tais como arroz, feijão, polenta, pão, macarrão, carnes, entre outros.
Composteira permite reaproveitar resíduos de alimentos que contêm nutrientes para as plantas.
Composto orgânico feito em pilhas
A compostagem pode ser feita em caixotes,
compartimentos plásticos específicos ou numa pilha e deve ser iniciada sempre
com a palha, que formará a primeira camada (em torno de 10cm de altura),
colocando-se sobre ela os restos orgânicos disponíveis (os resíduos já
mencionados da cozinha ou estercos frescos de bovinos, aves ou cavalos) até
formar uma pilha, sempre intercalando as camadas. Uma camada de palha, outra de
resíduos frescos e/ou esterco e assim por diante.
Toda vez que se colocar uma camada de resíduos da
cozinha, molhar bem até escorrer e cobrir em seguida com a palha até não se
poderem ver mais os restos da cozinha (que ficarão sob a camada de palha). A
largura da pilha deve ser de 1m a 1,2m e o comprimento pode variar conforme a
disponibilidade de espaço e material (não devendo ultrapassar 4m a 5m) e a
altura máxima de 1,2m.
Havendo possibilidade, podem-se acrescentar finas
camadas de cinza peneirada de forno ou fogão à lenha, calcário, fosfato natural
e/ou pó de ossos a cada três camadas de palha, para enriquecer o composto em
nutrientes e diminuir a acidez, principalmente quando se colocam muitas cascas
de cebola, de laranja e de limão. Não havendo disponibilidade de palhas,
pode-se também edificar a pilha do composto colocando-se uma fina camada de
terra sobre o material orgânico, de maneira intercalada. De qualquer forma, a
última camada terá que ser sempre de palha. Não há necessidade de erguer a
pilha ao abrigo da ação do sol e da chuva. Em situações excepcionais de muita
chuva, pode-se colocar uma cobertura de plástico sobre a pilha. Uma vez formada
a pilha de composto, é necessário controlar a temperatura interna e a umidade,
pois com a fermentação há intensa formação de calor e, consequentemente, perda
de água por evaporação. A temperatura alta da pilha (próxima de 50°C a 60°C) é
um indicativo de que a fermentação está se desenvolvendo.
O tempo de fermentação do composto orgânico pode
variar em função da temperatura ambiente, do material utilizado, da quantidade
de água e do inoculante (esterco ou resíduos orgânicos utilizados), entre
outros fatores. No verão, o processo é mais rápido. Montada a pilha, pode-se
ter o composto pronto em até 60 dias, conforme o tipo de material e fazendo-se
reviradas a cada 20 dias. Sempre que necessário (a cada 20 ou 30 dias), deve-se
revolver a pilha para promover uma maior aeração, cortando-a com uma enxada e
reerguendo em seguida todo o material semicompostado numa nova pilha, ao lado.
Durante o processo de compostagem, não é comum ser
exalado cheiro forte, pois isso indicaria que está acontecendo apodrecimento e
não a fermentação, talvez pelo excesso de água ou pela falta de oxigenação da
pilha. Nesse caso, é preciso revirar a pilha e reerguê-la novamente em seguida.
O composto pronto se parece com terra e não apresenta cheiro diferente dessa, podendo ser utilizado diretamente sobre os canteiros onde serão (ou estão sendo) cultivadas as hortaliças ou flores e plantas ornamentais, seguido de sua leve incorporação superficial na terra ou então somente espalhado pela superfície. A dosagem varia, mas, em geral, se aplica um latão (20 litros) por metro quadrado de canteiro. Para uma melhor eficiência, recomenda-se peneirar o produto antes de colocá-lo nos canteiros. O que sobrar na peneira volta para o processo de compostagem.
Minhocultura – técnica também utiliza resíduos orgânicos.
A minhocultura ou vermicompostagem é o processo de
reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas, sendo uma
importante alternativa para resolver economicamente e ambientalmente os
problemas dos dejetos orgânicos.
Assim como a compostagem, a minhocultura representa
uma interessante alternativa para o aproveitamento de resíduos orgânicos. Por
esse processo, se produz o húmus, um produto estável e inodoro, considerado o
mais valioso dos insumos a ser colocado na terra.
O processo de criação de minhocas e produção de húmus é relativamente fácil. As minhocas irão se alimentar dos materiais orgânicos colocados à sua disposição no minhocário. O húmus será o produto resultado do metabolismo das minhocas, sendo excretado posteriormente. (ecodebate)
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