Em janeiro
de cada ano, o MET Office, a agência britânica de pesquisas e previsões sobre
meteorologia e mudanças climáticas, atualiza seu decadal forecast, i.e., sua
previsão climática para os próximos dez anos. O título do último comunicado,
“Previsão para os próximos cinco anos indica mais aquecimento”, nada tem de
novo. Dada a dinâmica inercial do aquecimento global, sabemos que “mais
aquecimento está em curso e ocorrerá mesmo sem mais gases de efeito estufa”,
para dizê-lo nos termos de James Hansen. O que é novo, ainda que não
surpreendente, na declaração do MET Office é a possibilidade de estourarmos já
nos próximos cinco anos a meta de aquecimento que o Acordo de Paris, em vigor
desde novembro de 2016, almejava não ultrapassar neste século: “Há uma pequena
chance (cerca de 10%) de que ao menos um ano no período [2018-2022] possa
exceder 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais (1850-1900). É a
primeira vez que tão altos valores vêm à baila nessas previsões”.
Para o novo
relatório do IPCC, com publicação prevista para outubro de 2018, mas divulgado
em seu estado de rascunho pela Agência Reuters em 18 de janeiro passado, “há um
alto risco” desse limite de 1,5º C ser ultrapassado até 2040. O contraste
de datas entre o MET e o IPCC é apenas aparente porque, como o MET esclarece,
há um intervalo de alguns anos entre o aquecimento ultrapassar momentaneamente
1,5ºC (2018-2022) e instalar-se acima desse patamar, o que deve ocorrer na
segunda metade do próximo decênio. Da mesma maneira, antes de atingir em 2015 o
nível agora irreversivelmente ultrapassado de 1ºC, chegamos a “queimá-lo” pela
primeira vez em 2010, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Evolução das
anomalias de temperatura (ºC) no primeiro semestre de 2016 em relação ao
período 1880-1899.
Fonte: “Record-Breaking Climate Trends Briefing”, 19/VII/2016. Goddard Institute
for Spatial Studies (GISS), NASA <https://svs.gsfc.nasa.gov/12305>.
Além disso,
a preposição até na locução
“até 2040” (by 2040) do IPCC indica um
cauteloso termo limite, um terminus
ante quem, e pode significar uma data qualquer nos próximos dois
decênios. Na realidade, ela indica uma data provável já no próximo decênio,
pois, segundo a Reuters, o texto ainda em revisão do IPCC afirma:
“Estima-se
que a humanidade poderia ainda emitir tão somente 580 bilhões de toneladas
[Gigatoneladas ou Gt] de gases de efeito estufa [GEE] para ter uma chance maior
que 50% de limitar o aquecimento a 1,5ºC – o que equivale a um prazo de 12 a 16
anos mantido o nível atual das emissões desses gases”.
Se tomarmos
por base o ano de 2016, quando, segundo o Emission Database for Global
Atmospheric Research (EDGAR), as emissões globais de GEE atingiram 53,4 GtCO2-eq, ultrapassaremos esse limite de 580 Gt nos
próximos 10 a 11 anos.
Essas estimativas do MET e do IPCC são corroboradas por uma terceira e por uma quarta projeção. Em 2016, o Climate Central, uma ONG nascida de um encontro de climatologistas na Yale University, afirmava que, “mantido o nível atual de emissões (RCP8,5), podemos cruzar o limiar de 1,5ºC em 10 a 15 anos, isto é, em algum momento entre 2025 e 2030. A quarta projeção, enfim, publicada em setembro de 2017 na Geophysical Research Letters, propõe que, se a Oscilação Interdecenal do Pacífico (IPO) tornar-se positiva ou permanecer negativa, atingiremos +1,5º C em 2026 ou em 2031, conforme mostra a Figura 2.
Essas estimativas do MET e do IPCC são corroboradas por uma terceira e por uma quarta projeção. Em 2016, o Climate Central, uma ONG nascida de um encontro de climatologistas na Yale University, afirmava que, “mantido o nível atual de emissões (RCP8,5), podemos cruzar o limiar de 1,5ºC em 10 a 15 anos, isto é, em algum momento entre 2025 e 2030. A quarta projeção, enfim, publicada em setembro de 2017 na Geophysical Research Letters, propõe que, se a Oscilação Interdecenal do Pacífico (IPO) tornar-se positiva ou permanecer negativa, atingiremos +1,5º C em 2026 ou em 2031, conforme mostra a Figura 2.
Figura 2 – Projeções de
ultrapassagem de +1,5ºC nas temperaturas médias superficiais terrestres e
marítimas combinadas acima da média das temperaturas pré-industriais
(1850-1900), segundo a fase positiva (2026) ou negativa (2031) da Oscilação
Interdecenal do Pacífico (IPO).
Fonte: Alvin Stone, “Paris 1.5º C target may be smashed by 2026”
GeoSpace, 9/V/2017. Baseado em Benjamin J. Henley, Andrew D. King,
“Trajectories toward the 1.5º C Paris target: Modulation by the Interdecadal
Pacific Oscillation”. Geophys. Research Letters 8/V/2017.
2017 no contexto da aceleração das mudanças
climáticas
Lembremos
que os 20 anos mais quentes dos registros históricos, iniciados em 1880,
ocorreram justamente nos 20 anos decorridos entre 1998 e 2017. E os 4 anos mais
quentes dessa série de 137 anos incidem no quatriênio 2014-2017. Como se insere
nessa aceleração o ano de 2017? Como seria de se esperar num quadro de
aceleração das mudanças climáticas, 2017 quebrou vários recordes. Mas talvez
nenhum ano dos registros históricos tenha se mostrado mais rico que o ano
passado em número e variedade de sintomas de aceleração de nossa trajetória
rumo a uma degradação socioambiental catastrófica. Em 18 de janeiro de 2018, a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) declarou que “2015, 2016 e 2017 foram
confirmados como os três anos mais quentes dos registros globais, sendo que
2017 foi o ano mais quente sem um El Niño”. Isso se traduziu em ondas de calor
sem precedentes. Queensland e New South Wales, na Austrália, bateram o recorde
de calor, com temperaturas próximas de 50ºC.
Na Europa,
“Lúcifer”, como foi chamada a onda de calor europeu de 2017, bateu, na zona
mediterrânea, o recorde de intensidade da onda de calor europeu de 2003. Em
junho de 2017, Las Vegas bateu seu recorde de temperatura, atingindo 47ºC. Em
julho, na cidade chinesa de Xi’an, o termômetro atingiu por oito dias
temperaturas acima de 40ºC. Em Xangai, ele subiu a 40,9ºC, em Trupan, a 49ºC,
em Shaanxi, a 44,7ºC, temperaturas todas que romperam novos recordes
históricos no país. Em Jales, no estado de São Paulo, em 11 de setembro de
2017, a temperatura ainda invernal chegou a 37,2ºC. Na capital, ela chegou
nesse mesmo dia a 31,9ºC, recorde batido apenas por 2016, quando chegou a
33ºC<.
O ano de
2017 quebrou recorde também no que se refere a eventos meteorológicos extremos
e inundações. Houve no ano passado 17 tempestades nomeadas, 10 furacões e seis
furacões de categoria 3 ou mais alta, todos esses números acima da média
histórica. Em agosto, o furacão Harvey que se abateu sobre Houston e região, no
Texas (EUA), trouxe a maior quantidade de chuvas dos registros históricos
(1.539 mm) ao longo de quatro dias nesse país, causando pela terceira vez, após
2001 e 2015, uma inundação supostamente esperada “a cada 500 anos”. Em
setembro, o Irma devastou o Caribe, com ventos de até 297 km/h que se
mantiveram por 37 horas, a mais longa duração registrada no mundo. Apenas nos
EUA, enquanto tais eventos extremos, incêndios e inundações trouxeram prejuízos
de US$ 144 bilhões em 2005, os piores até então, 2017 trouxe prejuízos de US$
306 bilhões.
Níveis
igualmente sem precedentes de incêndios florestais ocorreram nos EUA, Europa
(Portugal, Espanha, França, Itália, Romênia), Austrália e na Ásia do Sudeste. O
Brasil teve em 2017 um número recorde de incêndios florestais na série
histórica, iniciada em 1999. “A análise dos locais onde os incêndios ocorreram
mostra que, neste ano, o fogo aumentou em áreas de floresta natural,
avançando em pontos onde antes não havia registro de chamas, e atingindo
unidades de conservação e terras indígenas. Entre todos os biomas, o
Cerrado foi o que teve mais unidades de conservação atingidas, contabilizando
75% de toda a destruição nas áreas protegidas”.
Até 18 de
dezembro, haviam sido registrados “cerca de 272 mil focos de fogo, 46% a mais
do que em 2016 e acima do recorde anterior, de 2004, quando foram detectados
270 mil pontos de calor. Incêndios criminosos destruíram 986 mil hectares de
unidades de conservação (…). O número ficou próximo do registrado no ano
passado, quando foram destruídos cerca de 1 milhão de hectares. Nas terras
indígenas, os focos aumentaram 70% e ultrapassaram 7 mil”.
Quanto ao
branqueamento de corais, o Coral Reef Watch da National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) afirmou em seu boletim de janeiro de 2018 que o Terceiro
Evento Global de Branqueamento de Corais, terminado em junho de 2017, é o
primeiro a perdurar três anos consecutivos. Esse evento “permanece o mais
longo, o mais amplo e possivelmente o mais danoso evento de branqueamento de
corais jamais registrado. Ele afetou mais corais que qualquer outro evento de
branqueamento anterior”.
Salto sem precedentes no aquecimento
oceânico
A mais inequívoca assinatura do aquecimento médio global é a temperatura dos oceanos, pois sua faixa superficial absorve mais de 90% do calor excedente produzido pelas crescentes concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. Aqui, a aceleração é igualmente evidente. Sabemos que “metade do aumento do calor absorvido no oceano globalmente desde 1865 foi acumulado desde 1997”. Sabemos também que o aumento do calor contido no oceano entre 1992 e 2015 quase dobrou em relação ao aumento ocorrido nas três décadas anteriores (1960 – 1990), como mostra a Figura 3.
A mais inequívoca assinatura do aquecimento médio global é a temperatura dos oceanos, pois sua faixa superficial absorve mais de 90% do calor excedente produzido pelas crescentes concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. Aqui, a aceleração é igualmente evidente. Sabemos que “metade do aumento do calor absorvido no oceano globalmente desde 1865 foi acumulado desde 1997”. Sabemos também que o aumento do calor contido no oceano entre 1992 e 2015 quase dobrou em relação ao aumento ocorrido nas três décadas anteriores (1960 – 1990), como mostra a Figura 3.
Figura 3 – Calor contido nos
oceanos (Ocean heat content, OHC) entre 1950 e 2015 (em 10²² Joules).
Fonte: Paul Horn, Inside Climate News, baseado em Lijing Cheng et al.,
“Improved estimates of ocean heat content from 1960 to 2015”. Science Advances,
10/III/2017.
Mais que
aceleração, o ano de 2017 foi, em toda a série histórica, o ano do grande salto
no aquecimento nos oceanos até a profundidade de dois mil metros. A Figura 4
mostra as anomalias crescentes na energia térmica em Joules do oceano em
relação ao período de referência, 1981-2010.
Figura 4 – Anomalias nas
temperaturas oceânicas (0 a 2000 m) em relação ao período de base 1981-2010
(em 10²² joules).
Fonte: Lijing Cheng & Jiang Zhu, “2017 was the Warmest Year on
Record for the Global Ocean”. Advances in Atmospheric Sciences, 34, março, 2018, pp, 261-263, baseados
em dados do Institute of Atmospheric Physics (IAP) da Academia de Ciências da
China.
O que se vê aqui é outra
demonstração da aceleração em curso do aquecimento global, e talvez a mais
irrefutável porque as mudanças climáticas nos oceanos são livres de “ruídos”
meteorológicos de curto prazo, típicos da atmosfera. Entre 1958 e 1995, todos
os anos mostram um oceano mais frio que a temperatura oceânica do período
1981-2010. Mas a partir de 1998, todos os anos foram mais quentes em relação a
esse período de referência. Segundo o Instituto de Física Atmosférica (IAP) da
China, os últimos cinco anos foram os mais quentes das medições disponíveis,
com 2017 ocupando o topo do pódio. Em 2017, afirmam Lijing Cheng e Jiang Zhu:
“A faixa
superior de 2 mil metros dos oceanos foi 1,51 x 1022 Joules
mais quente do que 2015, o segundo ano mais quente, e 19,19 x 1022Joules acima do período de referência
climatológica, 1981 – 2010. Para se ter uma comparação, a geração total de
energia elétrica na China em 2016 equivale a 0,00216 x 1022 Joules, ou seja, ela foi 699 vezes menor que
o aumento líquido de calor no oceano em 2017”.
Eis a
progressão do aquecimento oceânico nos últimos cinco anos, sempre em relação ao
período de referência (1981-2010):
1. 2017: 19,19 × 1022 J
2. 2016: 17,18 × 1022 J
3. 2015: 17,68 × 1022 J
4. 2014: 16,74 × 1022 J
5. 2013: 16,08 × 1022 J
Observe-se
que 2017 registra um salto sem precedentes em relação a 2016 e em relação
também a qualquer outro intervalo anual no período quinquenal em exame.
Trata-se de um salto de 2,01 x 1022 J entre
2016 e 2017, quando o maior intervalo anterior (de 2015 em relação a 2014) foi
de 0,94 x 1022. Como advertem ainda Cheng e Zhu, “o aumento na
temperatura do oceano em 2017 resultou em uma elevação média de 1,7 milímetros
do nível do oceano”, sendo que outro tanto se deveu ao degelo, numa elevação
média total de 3,4 mm em 2017.
A aceleração das mudanças climáticas e o
descumprimento do Acordo de Paris
As
mensurações e as projeções acima citadas, em meio a uma profusão de dados
convergentes, demonstram à saciedade que as mudanças climáticas estão se
acelerando. Salvo para os que acreditam que a Terra é plana ou que o
capitalismo pode-se tornar sustentável, essa evidência não está mais sujeita a
discussão. Sua mais elementar demonstração encontra-se nas taxas de aumento
médio anual das concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa (GEE)
desde 1991:
Concentrações
atmosféricas de CO2-eq (GEE) em partes por milhão
(ppm) e aumento médio anual em cada período (dois decênios e o quinquênio
2011-2016).
A
aceleração das taxas de aumento das concentrações atmosféricas de GEE nos
últimos 25 anos implica correlativa aceleração do aquecimento global (tal como
mostra, acima, a Figura 1). E dado que o aquecimento atmosférico e marítimo
afeta negativamente os ecossistemas, a biodiversidade, a economia, a segurança
energética, hídrica e alimentar das sociedades, além de intensificar os eventos
meteorológicos extremos, a ação de agentes patogênicos, a letalidade por ondas
de calor extremo e a elevação do nível do mar, pode-se concluir com razoável
segurança que, em termos socioambientais, o próximo decênio será pior que este
que se aproxima de seu fim.
Quão
capazes seremos de atenuar essa piora, eis algo que (ainda) depende da lucidez
e da coragem política das sociedades de abandonar os combustíveis fósseis antes
que eles nos destruam. Por enquanto, as sociedades deixam-se iludir por seus
governos, que se comprometem a diminuir as emissões a cada COP, enquanto mantêm
o pé bem fundo no acelerador dos combustíveis fósseis. O relatório de novembro
de 2017 da PBL Netherlands Environmental Assessment Agency adverte que, dois
anos após a assinatura do Acordo de Paris e um ano após sua entrada em vigor
(4/11/2016), dois terços dos países mais emissores de GEE nem se colocaram em
marcha na direção de atingir suas metas climáticas compromissadas em Paris.
O ano de
2017 foi também o ano em que Donald Trump decidiu abandonar explicitamente o
Acordo, enquanto a Alemanha desistiu de suas metas de redução de emissões de
GEE para 2020. Como declarou ao The Financial Times Tobias Austrup, do Greenpeace
da Alemanha, “isso prejudica a credibilidade da Alemanha, mas prejudica também
o inteiro processo internacional sobre o clima. Por que outros países deveriam
manter suas metas climáticas se nós não as mantemos?”. De fato, 25 dos 28
países da União Europeia não estão se movendo na direção de cumprir suas
próprias metas. Para Femke de Jong, diretor do Carbon Market Watch, “os
governantes da União Europeia, que se retratam como líderes climáticos,
deveriam colocar seu dinheiro onde está sua boca, tratando de fechar as brechas
na legislação climática europeia e pressionando por mais ambição”. O Brasil,
sétimo maior emissor de GEE do mundo, realizou a proeza do desacoplamento
negativo: o PIB diminuiu enquanto as emissões antropogênicas brasileiras de GEE
aumentaram 8,9% em 2016 em relação a 2015, “com crescimento expressivo da
contribuição do desmatamento na poluição climática gerada pelo país”.
Um esforço de guerra sem precedentes
Segundo o
que reporta a Reuters do já citado relatório do IPCC, ainda inédito:
“Não há
precedentes históricos na escala de mudanças requeridas no uso de energia para
transitar dos combustíveis fósseis a energias renováveis, e para as reformas na
agropecuária e na indústria, de modo a que [o aquecimento médio global]
permaneça abaixo do limite de 1,5ºC. (…)”
Para
desviarmos de nosso curso, seria hoje necessário, portanto, um esforço de
guerra maior que qualquer outro já empreendido na história do capitalismo. O
que está ocorrendo, contudo, é um esforço de guerra das petroleiras e da rede
corporativa dela dependente no sentido de desinformar e manter paralisada nossa
civilização termo fóssil. Eis o último resultado desse esforço: em 2017, as
emissões antropogênicas globais de CO2 aumentaram
ainda cerca de 2% (entre 0,8% e 3%) e 3,5% na China, com novo incremento do
consumo de carvão nesse país.
A que
distância estamos de uma aceleração irreversível ou mesmo de uma transição
abrupta das mudanças climáticas, capaz de condenar a civilização contemporânea
a um colapso socioambiental? Não é ainda dado sabê-lo. Mas sabemos que em 2017
diminuíram ainda mais as chances já diminutas de evitar o perigo que motivou o
Acordo de Paris, vale dizer, a catástrofe climática de um aquecimento médio
global superior a 2ºC acima do período pré-industrial, nível que pode
desencadear e tornar inelutáveis aquecimentos sucessivos. Segundo Michael Mann,
Robert Jackson e um número crescente de cientistas, essa catástrofe pode-se
tornar realidade dentro de dois decênios. Por aterrorizante e iminente que
seja, tal perspectiva não tem suscitado as “mudanças requeridas no uso de
energia” exortadas pelo IPCC. Ao contrário, segundo a Energy Information
Administration (EIA), em 2017 o consumo mundial de petróleo ultrapassou 98,39
milhões de barris de petróleo por dia (MMbb/d), contra 96,95 MMbb/d em 2016.
Segundo a
Agência Internacional de Energia (AIE), “a demanda por petróleo aumentará nos
próximos cinco anos, superando em 2019 o marco simbólico dos 100 MMbb/d e
atingindo 104 MMbb/d até 2022”. Nos
cálculos da EIA, o marco dos 100 milhões de barris por dia será superado já em
2018.
Os
jovens, que sofrerão em breve as consequências brutais desse consumo, terão
razão de desprezar a atual geração de adultos, a primeira que pode saber
cientificamente o que o futuro nos reserva e a última que ainda pode fazer algo
para evitá-lo, mas está preferindo deixar um legado de indiferença ou de
retóricas tranquilizantes de “desenvolvimento sustentável”. 2017 é o retrato em
miniatura desse legado. (ecodebate)
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