O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Descarte inadequado de lixo e entulho compromete aquífero
Descarte inadequado de lixo e entulho em área de recarga compromete Aquífero Guarani.
Análise
de amostras de sedimento da Lagoa do Saibro, área de recarga do aquífero, em
Ribeirão Preto, identificou a presença de vários contaminantes.
Lagoa do Saibro, área de recarga do Aquífero
Guarani.
O
hábito da população de descartar objetos e materiais em qualquer local,
principalmente em rios, lagos, lagoas e mares, pode comprometer o meio ambiente
e também a população que vive nas redondezas, como é o caso da Lagoa do Saibro
(foto ao lado), em Ribeirão Preto.
A
Lagoa do Saibro, localizada na Zona Leste de Ribeirão Preto, é de importância
vital, pois é área de recarga do Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de
água doce da América do Sul, e que faz o abastecimento público de várias
cidades, incluindo Ribeirão Preto. Mas nem a importância da Lagoa do Saibro a
fez escapar do péssimo hábito da população de descartar lixos e entulhos em
qualquer lugar.
Estudo
realizado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
(FFCLRP) da USP, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), analisou amostras de sedimento da
Lagoa do Saibro e identificou a presença de vários contaminantes, compostos
químicos chamados éteres difenílicos polibromados (PBDEs). Os PBDEs estão
presentes em diversos bens de consumo, como colchões, estofamento de móveis e
automóveis, carpetes, computadores, equipamentos eletrônicos, nylon, adesivos e
isolantes de fios. Os valores encontrados de PBDEs na lagoa foram semelhantes
aos de lagoas próximas a regiões industrializadas.
Pesquisa
identifica compostos orgânicos que podem causar problemas na tireoide e no
fígado e comprometem o desenvolvimento neurológico.
Segundo
o professor Daniel Junqueira Dorta, da FFCLRP e orientador da pesquisa, a
contaminação da lagoa está relacionada ao descarte inadequado de produtos que
possuem os PBDEs, uma vez que a área não é industrial. “Infelizmente, como pode
ser observado por reportagens sobre essa lagoa, diversos bens de consumo já
foram retirados da lagoa, como armários e até mesmo carro. Além disso, o esgoto
e a água de chuva que desembocam ou já desembocaram na lagoa podem trazer tais
compostos”, afirma.
Segundo
Dorta, as principais fontes de contaminação pelos PBDEs são pelo ar, por meio
da poeira, e pela dieta, por meio do consumo de peixes, por exemplo, que vivem
na área contaminada. “Devido às características físico-químicas, os PBDEs
contaminam preferencialmente o sedimento e ambientes com maiores concentrações
de gorduras; entretanto, nada impede que esses compostos também estejam
presentes na água e contaminem quem a consumir”, diz.
O
pesquisador lembra que o composto pode colocar em risco a saúde da população.
“Na literatura pesquisas já demonstraram que os PBDEs podem induzir o
crescimento anormal de órgãos reprodutivos femininos, ter efeitos neurotóxicos,
alterações endócrinas e deficiência de aprendizagem e memória”. “Estamos
avaliando no laboratório a toxicidade deste composto, que tem mostrado
capacidade de induzir danos às células e induzir morte celular”, esclarece o
professor.
Reserva de água no Aquífero Guarani.
Reserva de água no Aquífero Guarani.
Brasil não cumpre Convenção de Estocolmo
Em
2001, na Convenção de Estocolmo, vários países, incluindo o Brasil, assinaram
tratado que visava ao controle ou restrição da produção e consumo dos compostos
presentes na lista de poluentes orgânicos persistentes (POPs), ou seja, que não
se degradam facilmente.
Segundo
Dorta, os PBDEs estão presentes na lista de POPs, entretanto, diferentemente de
outros países europeus, no Brasil não há leis que regulamentam a proibição
desses retardantes de chamas nem estão incluídos em análises de rotina de
amostras ambientais. “É necessário que o Brasil crie políticas públicas para
controlar e proibir a produção e uso desses compostos, pois além de
contaminarem o meio ambiente, não são fáceis de se degradarem”, alerta.
O
professor ainda relembra: “Concentrações altas já foram observadas até em ursos
polares, que vivem bem distantes dos locais de produção, utilização ou
descarte, o que demonstra a alta estabilidade desses compostos no ambiente e
também a capacidade de se deslocarem para locais distantes das fontes de
emissão”, observa o orientador.
No
Brasil, existem poucas pesquisas que avaliam os PBDEs em qualquer tipo de
amostra, seja ela ambiental ou biológica, porém no mundo todo existem vários
grupos que avaliam esses compostos. “Nosso trabalho é muito relevante quando se
pensa em preservação de uma fonte de água tão importante e, também, na
preservação da saúde da população ribeirão-pretana”, conta Dorta.
Entre
as próximas etapas da pesquisa está a avaliação dos mecanismos de ação tóxica
dos PBDEs. “Além da nossa observação nas células, também analisaremos amostras
de leite materno para ter uma avaliação da exposição humana a esses
compostos”, conclui o professor.
Lixão
Lixão
A
tese Risco da exposição aos congêneres de éteres
difenílicos polibromados (PBDE-47, -99, -154, -209): Efeitos citotóxicos,
genotóxicos, mutagênicos e quantificação ambiental, do Programa de Pós-Graduação em Química da FFCLRP da
USP, foi defendida no último mês de outubro pela pós-graduanda Alecsandra
Oliveira de Souza. (ecodebate)
Programa Produtor de Água
O
Programa Produtor de Água, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA),
que usa o pagamento por serviços ambientais como forma de incentivar os
produtores rurais a adotarem boas práticas conservacionista em ganhado destaque
no país.
Atualmente,
são 38 projetos em execução, abrangendo cerca de 400 mil hectares, dos quais 40
mil de áreas já recuperadas.
A
iniciativa convoca produtores rurais a aderirem, de forma voluntária, a
práticas e manejos para conservação do solo e da água para reduzir a erosão e o
assoreamento de mananciais, no meio rural, reverter a infiltração da água no
solo, melhorando a oferta e a qualidade da água e o aumento das vazões médias
dos rios, em bacias hidrográficas. Atualmente, cerca de 70% dos projetos do
programa são nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Nesta
entrevista ao programa Brasil Rural, da Rádio Nacional AM, Rádio Nacional da
Amazônia, e Rádio Nacional do Alto Solimões, o Coordenador do programa, Devanir
Garcia, fala sobre a adesão dos voluntários e a remuneração de serviços
ambientais, pelas prefeituras e empresas de saneamento.
A
previsão é de que, até 2019, o orçamento do programa receba um aporte de R$ 30
milhões. (ecodebate)
Falta d’água afeta mais quem?
Falta d'água afeta mais
mulheres que homens.
Direito humano fundamental, o
acesso à água segura e ao esgoto sanitário não estão disponíveis da mesma forma
para homens e mulheres.
Relatório da ONU.
ONU: falta de água e de
tratamento de esgoto afeta principalmente mulheres.
Segundo relatório da ONU, o
acesso à água segura e ao esgotamento sanitário não estão disponíveis da mesma
forma para homens, mulheres e outras identidades de gênero.
Direito humano fundamental, o acesso
à água segura e ao esgotamento sanitário não estão disponíveis da mesma forma
para homens, mulheres e outras identidades de gênero, mostra relatório da
Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo foi coordenado pelo pesquisador
brasileiro Léo Heller, que é relator especial sobre o direito humano à água
potável segura e ao esgotamento sanitário da instituição. Heller, que também
coordena o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Saneamento da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), contou que verificou que em quase todas as
localidades onde há falta ou má distribuição de serviços de saneamento são as
mulheres que coletam água para manter a higiene do lar.
“A situação mais usual é que
quando não há água nas proximidades da residência, as mulheres e meninas são,
na maioria das vezes, encarregadas de buscá-la em algum lugar, o que demanda
tempo elevado. Em um país que visitei, o Tadjiquistão, um estudo mostra que as
mulheres demoram de quatro a seis horas por dia para fazer isso”, acrescentou,
ressaltando que essa situação reforça a dependência econômica delas dos
maridos, já que não são remuneradas por esse tempo. O longo percurso também
apresenta riscos a essas mulheres de sofrerem ataques de animais selvagens e
violência sexual, sobretudo no local onde lavam a roupa e tomam banho.
O risco da violência sexual e o
estresse também se apresentam em situações em que as mulheres não têm acesso a
banheiros e precisam fazer suas necessidades básicas a céu aberto, o que as
deixa vulneráveis. Algumas mulheres e meninas relataram ter sofrido abordagens
grosseiras, lançamento de pedras, esfaqueamento e estupro enquanto procuravam
por locais para as necessidades básicas.
De acordo com o relatório, essa
falta prejudica a vida de muitas mulheres, que muitas vezes preferem não sair
de casa por não ter privacidade para a higiene íntima, especialmente no período
menstrual.
O problema também afeta a saúde de
muitas que seguram a urina por longos períodos de tempo e deixam de ingerir
líquidos, aumentando o risco de infecções de bexiga e rins. O Brasil não é
exceção e os casos mais comuns são vistos nas zonas rurais, onde o problema da
seca é uma constante.
Transgêneros
A inadequação dos espaços públicos
atinge ainda as mulheres trans que ficam expostas a agressões morais e físicas ao
usar instalações sanitárias separadas pelo sexo biológico. Estudos feitos na
Índia revelam que os transexuais enfrentam dificuldades em encontrar casas para
alugar, sendo forçados a viver em favelas e áreas remotas, com sérios problemas
de esgoto e distribuição de água.
Outro grupo atingido é a população
em situação de rua. Em Belo Horizonte (MG), um estudo coordenado por Heller
mostra que os albergues e as unidades de acolhimento não são em número
suficiente para a quantidade de pessoas sem moradia. Embora a maior parte desse
público seja composta por homens, são as mulheres que mais sofrem com a falta
de privacidade.
Recomendações
O pesquisador ressaltou que o
estudo é importante para orientar políticas públicas voltadas para serviços de
água e esgoto. “Às vezes, a legislação e as políticas públicas, quando são
neutras em relação à questão de gênero, acabam favorecendo os homens. Nesse
caso, por exemplo, se fazem necessárias ações afirmativas para mulheres”.
Uma das recomendações do relatório
é que essas políticas incluam mulheres e grupos marginalizados na tomada de
decisões de todas as fases do planejamento e políticas e leis de saneamento,
monitoramento e avaliação.
O estudo sugere ainda que os
governos criem um sistema de indicadores de gênero para melhorar a coleta de
dados desagregados por sexo e outros fatores relevantes, que são necessários
para avaliar o impacto e a efetividade das políticas que visam à igualdade de
gênero e ao fortalecimento da fruição dos direitos das mulheres à água e ao
esgotamento sanitário. (yahoo)
domingo, 27 de novembro de 2016
Esgoto pode virar água potável
Quando estava cursando o
mestrado em Houston, por indicação da Fundação de Ensino e Tecnologia de
Alfenas, tive oportunidade de entrar, pela primeira vez, em uma estação de
tratamento de esgoto.
Qual não foi minha surpresa
ao verificar que o efluente praticamente não tinha cor ou turbidez.
Entusiasmado, perguntei o que era feito com ele.
– Vai ser jogado fora – foi a
resposta.
Mais tarde, perguntei por que
esse efluente não era aproveitado em uma estação de tratamento de água.
Informaram-me que o americano jamais aceitaria beber água que foi esgoto.
Hoje, a situação mudou. São
diversas as estações de potabilização de esgoto existentes ao redor do mundo,
várias delas nos Estados Unidos. Mas o preconceito continua. Na estação Orange
County Water District, em Fountay Walley, que abastece 2,4 milhões de pessoas
na Califórnia, o visitante é convidado a tomar um copo de água potável
produzida pela potabilização do esgoto, mas são poucos aqueles que aceitam
tomá-la.
O pior é que, até hoje,
ninguém se aventurou a fazer a primeira estação de potabilização de esgoto na
América Latina. Diante disso, resolvi quebrar o tabu e construir a primeira
estação, se não de fato, ao menos na ficção. Escrevi um livro intitulado “A
primeira estação de potabilização de esgoto da América Latina”, em que os
personagens constroem uma estação de potabilização de esgoto passo a passo.
O livro é dedicado ao saudoso
Prof. Edson Antônio Velano, fundador da Unifenas e seu primeiro reitor, por
ter-me indicado a disputar a bolsa de estudos, com a qual cursei o mestrado e,
como digo na dedicatória, “onde tudo começou”. (ecodebate)
Após 5 anos de seca nordestina, a possibilidade de colapso é significativa
Depois de cinco anos de seca
no Nordeste, a possibilidade de um colapso é significativa.
Os cinco anos consecutivos de
seca no Nordeste brasileiro são explicados pela presença do El Niño e pela não
ocorrência do fenômeno climático La Niña, que “favorece bastante a ocorrência
de chuvas” na região, diz David Ferran à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida
por telefone. Segundo ele, a não ocorrência do fenômeno se deve a “uma condição
de neutralidade no Oceano Pacífico” e de uma “configuração das temperaturas do
Oceano Atlântico tropical”.
De acordo com o
meteorologista, nos últimos cem anos “nunca houve uma sequência de cinco anos
com tão pouca chuva”, e apesar do quadro atual, ainda não há como saber “se
esses períodos de seca continuarão ou não nessa intensidade”. A “previsão” para
o próximo ano, frisa, “é de que o Oceano Pacífico esteja com mais de 60% e 70%
de chances de estar em neutralidade, ou seja, a expectativa é de que não ocorra
o El Niño nem a La Niña”. Diante desse cenário, explica, “tudo pode acontecer,
isto é, as chances de ter seca são iguais as chances de se ter um período
chuvoso”.
Na entrevista a seguir, David
Ferran menciona ainda que “praticamente todos os estados do Nordeste estão com
graus avançados de severidade de seca: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco e parte de Alagoas estão com secas excepcionais, e todas as demais
regiões enfrentam essa seca em maior ou menor grau de severidade”. Mesmo que
comece a chover daqui para frente, diz, “os reservatórios só serão
reabastecidos em março. Isto é, a chance de acontecer um colapso por falta de
abastecimento de água em áreas urbanas, com mais de um milhão de habitantes, é
bastante significativa”.
David Ferran é graduado em Meteorologia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em Geociências pela
Universidade de São Paulo. Atualmente é pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos.
Nos
últimos cem anos nunca houve uma sequência de cinco anos com tão pouca chuva na
região Nordeste.
IHU On-Line – Quais são os
fatores climáticos que explicam os últimos cinco anos de seca consecutiva em parte
do Nordeste brasileiro?
David Ferran – O último ano
chuvoso no Nordeste foi 2011, quando ocorreu o evento La Niña, que favorece
bastante a ocorrência de chuvas no estado do Ceará. Já nos anos de 2012, 2013 e
2014, durante o período chuvoso principal, que se estende de fevereiro a maio,
não ocorreu o fenômeno La Niña, porque houve uma condição de neutralidade no
Oceano Pacífico, ou seja, a redução das chuvas, nesses três anos, foi
consequência da configuração das temperaturas do Oceano Atlântico Tropical. Nos
anos de 2015 e 2016, já havia a presença do El Niño, que, conhecidamente, tende
a reduzir as chuvas no estado do Ceará e em grande parte do Nordeste.
Uma análise que realizamos
demonstra que de 1910 até o ano de 2016, nunca, no estado de Ceará, houve uma
sequência de cinco anos com tão pouca chuva. Entre 1979 e 1983 há registros de
cinco anos seguidos de pouca chuva, mas nesses cinco anos foram registrados 566
milímetros de chuva. Já no período recente, de 2012 a 2016, foram registrados
apenas 516 milímetros de chuva. Ou seja, nesses últimos 100 anos nunca tínhamos
passado por um sequência de cinco anos com tão pouca chuva no Ceará e em grande
parte do Nordeste também.
IHU On-Line – Há uma previsão
ou estudo sobre a continuidade desse fenômeno de seca para os próximos anos?
David Ferran – Não existe
nenhum estudo que indique se esses períodos de seca continuarão ou não nessa
intensidade. Para o ano de 2017, no período chuvoso principal – de fevereiro a
maio –, a previsão é de que o Oceano Pacífico esteja com mais de 60% e 70% de
chances de estar em neutralidade, ou seja, a expectativa é de que não ocorra o
El Niño nem a La Niña. E em anos de Oceano Pacífico neutro, durante o período
chuvoso principal, tudo pode acontecer, isto é, as chances de ter seca são
iguais as chances de ser chuvoso.
De 1950 até hoje, em anos de
Pacífico normal, nesse período de fevereiro a maio, ocorreram 12 anos de seca,
13 anos de períodos chuvosos e 13 anos do que consideramos um estágio normal,
ou seja, nessas últimas décadas houve tanto secas quanto períodos chuvosos e,
por conta disso, não conseguimos fazer uma previsão em função da neutralidade
prevista no Oceano Pacífico durante o período chuvoso principal.
IHU On-Line – É possível
associar esses períodos de seca extrema às mudanças climáticas?
David Ferran – Não se pode
provar que sim, mas também não se pode dizer que não. Na realidade, nenhuma das
duas hipóteses pode ser afirmada com 100% de certeza, pode-se estar associado à
mudança climática, mas não tem como confirmar isso; precisariam mais estudos
para dizer se isso está associado à mudança climática ou não.
IHU On-Line – Pode nos dar um
panorama da situação dos estados atingidos pela seca no Nordeste? Quais são os
estados que enfrentam uma situação mais crítica?
David Ferran – Segundo o
Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas – ANA, praticamente todos os
estados do Nordeste estão com graus avançados de severidade de seca: Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e parte de Alagoas estão com secas excepcionais,
e todas as demais regiões enfrentam essa seca em maior ou menor grau de
severidade. Esse fenômeno é decorrente dessa sequência de cinco anos de seca.
Quando ocorre só um ano de
seca, os médios e grandes açudes conseguem segurar os níveis de água, mas
quando há uma sequência de secas por repetidos anos, os grandes açudes não
conseguem suportar essa variação de chuva reduzida, e ficam com pouca água. O
estado do Ceará como um todo está com menos de 8% de água acumulada nessa época
do ano e, talvez, se chover, os reservatórios só serão reabastecidos em março.
Isto é, a chance de acontecer um colapso por falta de abastecimento de água em
áreas urbanas, com mais de um milhão de habitantes, é bastante significativa.
IHU On-Line – Há risco de
aumentar o desabastecimento de água para o consumo humano ainda neste ano?
David Ferran – Várias cidades
– centenas – já estão sem abastecimento, tanto no estado do Ceará, como em
outros estados, como Paraíba e Rio Grande do Norte. Em algumas cidades o
abastecimento está sendo feito pelos caminhões-pipa. Nas cidades pequenas ainda
é possível adotar essa prática, mas imagina quando essa situação se estender
para as cidades médias e grandes. Se tiver mais um ano de pouca chuva, as
grandes cidades também sofrerão; e como nunca enfrentamos uma situação
parecida, não temos um parâmetro para imaginar o que acontecerá.
IHU On-Line – O que é
possível fazer para amenizar as consequências desses períodos de seca,
especialmente em relação aos reservatórios de água? Seria preciso adotar uma
política de gestão dos recursos hídricos ou que tipo de política seria adequada
para dar conta desse cenário de secas?
David Ferran – Primeiro temos
que lembrar o histórico climático: isso nunca havia acontecido em 100 anos, e
vemos que as consequências no interior são mais brandas em relação a anos
anteriores, especialmente por conta das políticas de distribuição de renda,
como o Bolsa Família, o Seguro Safra, e a construção de novos açudes etc. Essas
políticas, bem ou mal, amenizaram a situação, mas, de agora em diante, se a
seca se estender por mais um ano, a situação chegará a um extremo nunca
atingido anteriormente.
Também é importante considerar que a situação do Nordeste é diferente da do Centro-Oeste e da do resto do país. No Nordeste sempre há de seis a sete meses sem chuva nenhuma, então, há o período de chuva e o período seco. Isto é, no Nordeste, as pessoas estão relativamente acostumadas a passar seis ou sete meses sem chuva, e quando vem o período chuvoso, elas armazenam água para passar os próximos seis meses. Já no restante do país não se tem um ciclo tão bem definido de seca e de chuva. Muitos estados do Sudeste e do Sul, se passassem seis meses sem chuva, entrariam em colapso, mas no Nordeste, como historicamente é recorrente, a população já se organizou de modo a tentar enfrentar a situação e tem reservatórios dimensionados para resistir a seis meses sem chuva.
IHU On-Line – Nesses períodos anuais de seca, quando não há seca extrema, os reservatórios conseguem dar conta do abastecimento?
David Ferran – Conseguem dar conta, mesmo os pequenos reservatórios conseguem resistir à seca de um ano para o outro. Agora, o problema é que como já são cinco anos de seca, os médios e grandes também não estão conseguindo garantir o abastecimento. O reservatório funciona com a máquina do tempo no sentido de que ele consegue transportar água de um ano para o outro; quanto maior o reservatório, durante mais anos ele consegue transportar água.
Esses
reservatórios enchem pelo escoamento da chuva: chove, encharca o solo e a água
escoa para os reservatórios. Agora, em anos que chove pouco, por exemplo, menos
de 1% da água da chuva, em todo o estado, se transforma em água de açude. Por
exemplo, nos anos de 2012, 2013 e 2014, dos 500 milímetros que choveu em média,
somente cinco milímetros chegaram ao reservatório; já em anos em que choveu uma
quantidade maior, de 800 a 900 milímetros, a eficiência da água que chegou aos
reservatórios foi quatro, cinco, até 10 vezes maior.
Portanto, nesse ano em que choveu 500 milímetros, só
escoaram cinco milímetros para os reservatórios; em um ano que chove mil
milímetros – o dobro -, escoa 10 vezes mais, ou seja, 50 milímetros para os
reservatórios. Então, quando chove pouco, a eficiência da água de virar água no
açude é muito pequena, e quando chove um pouco mais, a eficiência é maior,
porque o solo encharca, enche os pequenos açudes e as pequenas barragens, e
essa água escoa para os grandes e médios açudes. (ecodebate)
Reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro
CMSE diz que nível de reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) diz que nível de reservatórios do Nordeste chegará a 7,5% no fim de novembro/16.
O
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) estima que o nível de
armazenamento nos reservatórios da Região Nordeste chegue a 7,5% no fim de
novembro. No reservatório de Sobradinho, no norte da Bahia, a situação é mais
grave e o nível deve chegar a 4%. Atualmente, o nível de armazenamento das
represas na região está em 9,95% e, em Sobradinho, 6,76%.
Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho deve
terminar novembro com apenas 4% de sua capacidade.
Recentemente,
a Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou a redução da vazão mínima das barragens de Sobradinho e Xingó
(AL/SE), no Rio São Francisco, para 700 m³/s, o menor já adotado para os dois
reservatórios.
“O
CMSE destacou o papel fundamental dos reservatórios na mitigação dos riscos de
indisponibilidade e de baixa qualidade da água aos usuários do Rio São
Francisco, principalmente em situações de escassez como a vivenciada
atualmente”, informou o comitê.
Para
os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, a estimativa do CMSE é que cheguem ao
fim do mês com 30,7% da sua capacidade. No Sul, o armazenamento deve ficar em
80,9% e, na Região Norte, em 13,7%. O CMSE avalia que o risco de déficit de
energia no ano que vem é de 0,9% para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste e de
0,1% para o Nordeste. Neste ano, o risco de déficit é de 0% nos dois
subsistemas.
Chuvas
O
comitê também analisa as condições meteorológicas para verificar se há
possibilidade de chuvas nas regiões onde ficam os reservatórios das
hidrelétricas. De acordo com estudos dos ministérios de Minas e Energia e de
Ciência e Tecnologia, continuam atuantes as condições de neutralidade no Oceano
Pacífico Tropical, sendo mais provável o desenvolvimento de um episódio de La Niña
de curta duração e fraca intensidade. “Nessas condições, todavia, é pouco
provável que a situação oceânica no Pacífico exerça influência sobre as
precipitações da atual estação chuvosa do Sudeste/Centro-Oeste.”
Segundo
o CMSE, a expansão da capacidade instalada elétrica em 2016 totalizou 8.611
megawatts (MW,) já tendo ultrapassado o recorde de expansão anual anteriormente
registrado para o sistema elétrico brasileiro (7.509 MW em 2014) antes do fim
deste ano. (ecodebate)
FAU/USP alia usos múltiplos de águas e do lazer à macrodrenagem
Projeto da FAU/USP, para rios paulistanos, alia usos múltiplos das águas, do lazer à macrodrenagem.
Proposta
prevê implantação de parques em orlas fluviais e a criação de lagos nas
nascentes e foz de rios como alternativa para prevenção contra enchentes
Pesquisa
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP propõe uma série de
intervenções para as orlas fluviais de três rios da cidade de São Paulo. O
trabalho da arquiteta Eloísa Balieiro Ikeda prevê a construção de dois níveis
de cais ao longo do canal Pinheiros, com passeios para pedestres e áreas
arborizadas em ambos os espaços, a implantação de bulevares às margens do
ribeirão Jaguaré e de parques e lagos no córrego Água Podre. Os parques
proporcionariam uma opção de lazer para a população e os lagos, além da
composição de paisagens urbanas com qualidade, reteriam as águas das chuvas,
realizando a macrodrenagem de maneira sistêmica, ao longo de cada afluente, e
prevenindo inundações.
A
base do projeto, desenvolvido no Grupo Metrópole Fluvial da FAU, é o Estudo
de pré-viabilidade do Hidroanel Metropolitano de São Paulo, apresentado em
2011 e coordenado pelo professor Alexandre Delijaicov, orientador da pesquisa.
“Tendo essa proposta como eixo, os pesquisadores do grupo desenvolvem projetos
e aprofundam conceitos relacionados à arquitetura de infraestrutura urbana
fluvial”, conta a arquiteta. “Há no Brasil uma carência de projetos que reconheçam
o papel dos rios como estruturadores urbanos que devem ser o logradouro público
principal, um ambiente de convergência e encontro, a identidade de um lugar,
que orienta as pessoas na cidade.”
Esquema de Infraestrutura
Azul e Verde: Águas Fluviais e Parques/Praças/Jardins.
O
projeto elaborado na pesquisa abrange as orlas fluviais do canal do Pinheiros
inferior, que vai da barragem da Traição até a barragem do Retiro, próximo da
confluência com o Rio Tietê. “Foram escolhidos três rios para o desenvolvimento
do projeto e pesquisa, o Pinheiros, um de seus afluentes, o Jaguaré, e o Água
Podre, afluente do Jaguaré”, explica Eloísa. “São três escalas distintas de
cursos d’água e de orlas fluviais, de modo a demonstrar a possibilidade de
irradiação de desenvolvimento urbano a partir dessa ramificação de eixos de
infraestrutura.”
No
canal Pinheiros, a proposta prevê um tipo de intervenção comum em rios que
cortam cidades na Europa, que é a construção de um cais alto, ou seja, de um
novo térreo para a cidade. “Em Paris, por exemplo, o Rio Sena possui um cais
baixo, próximo ao nível d’água do rio, e um cais alto construído alguns metros
acima, que está no nível da malha urbana que tem uma continuidade em ambas as
margens do rio, transpondo-o em nível, sem a necessidade de subir e descer
pontes”, conta a arquiteta.
No
caso do Pinheiros, as vias expressas, as marginais, seriam mantidas no nível do
cais baixo. Sobre essas vias seria construído o novo térreo da cidade, no nível
do cais alto. “Esse novo térreo teria um uso urbano adequado, oposto ao das
vias expressas exclusivas para veículos, com bulevares arborizados com
generosos passeios para pedestres ao longo de todo o canal. Assim, as pessoas
teriam espaço para passeio no cais baixo, próximo ao rio, e também nos
bulevares do cais alto”, descreve Eloisa. “No nível do cais baixo, voltado para
o canal, seriam reservadas áreas para bares, restaurantes, comércio em geral,
com arcadas e varandas voltadas para o rio.”
Corte do canal Pinheiros na
altura da ponte que conecta a Raia Olímpica da USP e o Parque Villa-Lobos.
Propõe-se que a área da Raia Olímpica da USP seja transformada em parque
público.
Bulevares
fluviais
O
Córrego Jaguaré, “encurralado” entre as pistas da Avenida Escola Politécnica, apresenta
algumas partes fechadas. “O projeto prevê que todo o canal seja reaberto e ao
longo das orlas imediatas sejam implantados bulevares fluviais e áreas
acessíveis para passeio conjugadas ao córrego”, aponta a arquiteta. “O canal,
ou o córrego aberto, é o eixo de um feixe de infraestrutura, composto de
túneis-canais que captam separadamente as águas de chuva e esgotos, impedindo a
contaminação das águas fluviais.”
O
Córrego da Água Podre tem parte de seu percurso aberto, e na região das
nascentes há um lago, na área pertencente ao Centro de Ensino Unificado (CEU)
Butantã. “Neste caso o canal seria totalmente reaberto, parques e lagos seriam
implantados no trecho das nascentes, foz e ao longo do canal, ocupando áreas
públicas livres do próprio leito maior do ribeirão e também terrenos
desocupados”, conta Eloisa. “As ruas nas margens do Água Podre são bastante
estreitas, o que exigiria um redesenho para torná-las espaços compartilhados
entre pedestres, veículos, árvores, áreas de estar com bancos e outros
mobiliários urbanos.”
Córrego Água Podre
A
arquiteta observa que o aproveitamento dos usos múltiplos das águas, conforme
prevê a Política Nacional de Recursos Hídricos, pode ser feito em todos os rios
de São Paulo. “Além dos lagos, que retêm água, proporcionando uma drenagem
descentralizada em substituição aos piscinões, os parques são uma opção de
lazer, o que é atualmente um uso ignorado”, ressalta. “Os rios tornaram-se
barreiras urbanas, esgotos a céu aberto, leitos inacessíveis e indesejados.
Essa é uma cultura de construção de cidade insustentável que deve ser
transformada.”
De
acordo com Eloísa, apesar de o projeto elaborado na pesquisa não ter se
aprofundado na questão da navegação fluvial, ela está presente na proposição do
Hidroanel. “Ela seria utilizada no transporte de grandes volumes de cargas
públicas, em especial resíduos urbanos, como lixo, entulho, lodo, ou o próprio
sedimento de dragagem dos rios”, afirma. “Inclusive, a navegação é o que
financeiramente viabiliza a construção do Hidroanel.” A pesquisa é descrita em dissertação
de mestrado apresentada na FAU.
A
proposta do Hidroanel, que interliga os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí,
além das represas Billings, Guarapiranga e Taiaçupeba, surgiu a partir de uma
demanda do governo do Estado. Posteriormente, um estudo do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo demonstrou a viabilidade financeira
do projeto, que inclui a construção de um canal ligando as represas Billings e
Taiaçupeba, entre as cidades de Ribeirão Pires e Suzano. No entanto, apenas
algumas iniciativas isoladas estão em execução, como a construção da eclusa da
Penha, no Rio Tietê. (ecodebate)
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Concentração de CO2 atinge o maior nível em milhões de anos
Concentração de CO2 na atmosfera atinge seu mais
alto nível em milhões de anos, alerta ONU.
Citando
os graves impactos que os recordes de emissões CO2 causaram no mês de setembro, o Escritório da ONU para
a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) pediu que países aumentem o
compromisso com a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
“É
profundamente perturbador saber que os níveis globais das 400 partes por milhão
(ppm) já tenham sido alcançados no mês de setembro pela primeira vez”, disse o
diretor da agência da ONU, Robert Glasser.
Para
o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner, a América Latina e o Caribe estão
na “vanguarda” da luta contra o efeito estufa, buscando fontes renováveis de
energia para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Citando os graves impactos
que os recordes – em 15 a 20 milhões de anos – de emissões CO2 causaram no mês de setembro, o
Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) pediu que os
governos aumentem o compromisso com a redução da emissão dos gases de efeito
estufa.
“É
profundamente perturbador saber que os níveis globais das 400 partes por milhão
(ppm) já tenham sido alcançados no mês de setembro pela primeira vez”, disse o
diretor da agência da ONU, Robert Glasser, em comunicado à imprensa.
“A
última vez que os níveis de dióxido de carbono atingiram esse patamar foi há 15
a 20 milhões de anos”, acrescentou.
Segundo
Robert Glasser, os níveis mais baixos são geralmente registrados em setembro, o
que traduz a improbabilidade de se ver níveis menores que das 400 partes por
milhão (ppm) no futuro.
“Estamos
elevando sistematicamente os níveis de risco de desastres para as gerações
futuras. É possível que eventos climáticos mais severos aconteçam nos próximos
anos”, sublinhou Glasser.
Catástrofes
climáticas já são responsáveis por 90% de todas as devastações causadas por
desastres naturais. Esses desastres são potencialmente prejudiciais,
especialmente para os países de baixa e média renda que contribuem pouco paras
as emissões de gases de efeitos estufa, mas têm grandes populações expostas a
secas, inundações e tempestades.
"Uma ação muito mais vigorosa é necessária para uma razoável chance de limitar o aquecimento global a 2°C, embora o Acordo de Paris reconheça que limitar o aquecimento global a 1,5°C reduziria significativamente os riscos e os impactos da mudança climática”, frisou Glasser.
A UNISDR é o ponto focal entre as Nações Unidas e das organizações regionais para a coordenação da redução de desastres. (ecodebate)
A UNISDR é o ponto focal entre as Nações Unidas e das organizações regionais para a coordenação da redução de desastres. (ecodebate)
Reduzir emissão de gás estufa controlando o desmatamento
Diminuir desmatamento reduz emissão de gases de efeito estufa no Rio, diz estudo.
O
estado do Rio de Janeiro teve um avanço no combate ao desmatamento entre 2005 e
2010 e reduziu pela metade as emissões de gases de efeito estufa resultantes
desse tipo de ação. A conclusão se baseia em dados que fazem parte do
Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), que teve edições para
2005 e 2010. Agora, haverá outro em relação ao ano de 2015, além das
atualizações dos anteriores.
“Desde
2005 houve um controle muito bom do desmatamento no estado. No início desse
novo século o estado do Rio era um dos campeões no desmatamento da Mata
Atlântica e de lá para cá melhorou muito. A gente observou, de 2005 para 2010,
uma queda pela metade das emissões devido ao desmatamento no estado. [Isso]
mostra o acerto em diversas iniciativas que foram tomadas nesta área para
incentivar os municípios”, disse o coordenador do CentroClima, professor Emílio
La Rovere.
O Rio de Janeiro foi um dos campeões do
desmatamento da Mata Atlântica.
O
professor diz que os estados e municípios têm tido um protagonismo no
enfrentamento das mudanças climáticas e há várias redes entre eles que trocam
de experiências para indicar como podem colaborar para cortar as emissões de
gases de efeito estufa das atividades que ocorrem em cada território. “No caso
do estado do Rio, temos uma Política Estadual de Mudanças Climáticas que foi
feita a partir dos inventários anteriores, que estabelece limites de emissões
que o estado persegue voluntariamente e que tem um plano de ação para diminuir
e controlar essas emissões”, disse.
Queda
de 86%
Conforme
o estudo, na comparação entre 2005 e 2010, houve queda de 86% nas emissões de
gases de efeito estufa pela mudança de cobertura e uso do solo no estado.
Passando de 6,4 mil Gg de CO2 (gás carbônico) em 2005 para 0,9 mil
Gg de CO2 em 2010. “De forma geral, isto indica uma baixa na
intensidade de pressa o antro pica sobre as a reais com cobertura vegetal
natural no estado do Rio de Janeiro”, diz um trecho do documento ao qual
a Agência Brasil teve acesso.
Os
inventários permitem que o governo fluminense tenha mais informações para a
elaboração de ações na política estadual sobre a Mudança Global do Clima e
Desenvolvimento Sustentável, com o acompanhamento de metas de redução de gases
do efeito estufa, avaliação da evolução das emissões a cada cinco anos,
tendências e projeções. O convênio permite ainda a capacitação dos
profissionais das instituições envolvidas nesta questão.
O
trabalho é feito por meio de convênio entre o Centro de Estudos Integrados sobre
Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (CentroClima) do Instituto Alberto Luiz
Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Secretaria de Estado do Ambiente e o
Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea).
Ações
em andamento
O secretário do Ambiente, André Corrêa, destacou
projetos de reflorestamento e de silvicultura.
O
secretário do Ambiente, André Corrêa, diz que entre as ações em andamento para
incentivar o reflorestamento no estado do Rio de Janeiro estão o Banco Público
de Áreas de Restauração (Banpar) e o portal de restauração florestal,
classificadas por ele, como importantes instrumentos para avançar no
cumprimento de compensações ambientais que exigem replantio.
“O
empreendedor poderá realizar seus compromissos ambientais de forma clara e
objetiva e o proprietário ainda terá as áreas de sua propriedade restauradas.
Além disso, estamos concluindo o mapeamento de áreas de abastecimento público
que terá mapa georreferenciado e que serão priorizadas nas nossas ações de
restauração florestal. Nós também estamos incentivando a prática da
silvicultura [implantação e regeneração de florestas]”, disse.
Segundo
o secretário, o estímulo à atividade econômica, com a venda de produtos da base
florestal pelos produtores vai contribuir para a geração de emprego e renda
para regiões estagnadas ou de baixo dinamismo econômico.
La
Rovere disse que a Coppe fez convênios semelhantes com as prefeituras do Rio,
São Paulo e Vitória e que durante os Jogos Rio 2016 houve compra de crédito de
carbono para compensar parte das emissões da Olimpíada e da Paralimpíada. “Isso
é uma tendência. Acho que a sociedade está ficando alerta para os perigos da
mudança do clima”.
Piora
Para
o professor, a atualização, que será feita graças ao convênio assinado em
17/10/16, vai ser possível avaliar a situação atual no estado, onde queima de
combustíveis fósseis e de derivados de petróleo usados no transporte, na
indústria, residências e comércio estão entre os principais pontos de emissão,
acrescido dos resíduos sólidos urbanos de aterros, que emitem gases como o
metano. La Rovere acrescentou que, ao contrário do desmatamento, nestes casos,
a situação piorou.
“Continuou
a ter aumento. Foram instaladas siderúrgicas no estado do Rio, porque houve um
período de preços baixos da gasolina e do óleo diesel e aumento dos parques e
de veículos. Isso tudo tende a aumentar o consumo de gasolina, de óleo diesel e
coque siderúrgico e aumenta as emissões, então, esse é o maior desafio”, disse.
(ecodebate)
Planeta ultrapassa marca de 400 ppm de CO2
Planeta ultrapassa marca de 400 ppm de CO2 de
forma permanente
Os livros de História vão lembrar setembro de 2016
como um marco para as mudanças climáticas. O mês, que normalmente registra
baixa na concentração de dióxido de carbono (CO2), ficou pela
primeira vez acima de 400 partes por milhão (ppm). Para os cientistas, isso
significa que este ano será oficialmente o primeiro a cruzar a marca simbólica
das 400 ppm, de forma permanente.
“É possível que outubro produza um valor mensal inferior
a setembro e retorne para abaixo de 400 ppm? É quase impossível”, escreveu
Ralph Keeling, cientista responsável pelo programa de monitoramento de CO2
do Instituto Scripps para Oceanografia.
“Excursões breves para valores mais baixos são
possíveis, mas já parece seguro concluir que não veremos um valor mensal abaixo
de 400 ppm neste ano – ou nunca mais num futuro indefinido”.
Segundo Keeling, nas últimas duas décadas, quatro
anos registraram níveis menores de concentração de CO2 em outubro em
relação a setembro. Entretanto, a redução máxima foi de 0,45 ppm, o que não
seria suficiente para levar a taxa para abaixo dos 400 ppm. Em novembro inicia
o ciclo de alta, que pode levar a níveis inéditos acima das 410 ppm.
Normalmente, setembro registra as menores
concentrações de dióxido de carbono na atmosfera por causa do crescimento das
plantas no Hemisfério Norte durante o verão. Com a chegada do outono, as
árvores perdem suas folhas que, quando entram em decomposição, liberam
novamente o carbono estocado. Segundo o Observatório Mauna Loa, existem sinais
de que este processo já foi iniciado, mas os níveis permaneceram acima dos 400
ppm.
Mesmo que a Humanidade zerasse as emissões,
concentração de CO2 continuaria alta por décadas.
O Acordo Climático de Paris pode ser um alento, mas
é improvável que o mundo retorne a níveis de poluição por carbono abaixo dos
400 ppm. Mesmo que a Humanidade encerrasse todas as emissões amanhã, levaria
décadas para a concentração começar a cair.
“No melhor dos cenários, haveria um balanço no
curto prazo e os níveis de CO2 não mudariam tanto, mas poderia
começar a cair em uma década ou mais”, disse Gavin Schmidt, cientista-chefe da
NASA, ao site Climate Central. “Na minha opinião, nós nunca mais veremos um mês
abaixo de 400 ppm”.
Análises em camadas de gelo indicam que nos últimos
800 mil anos (até o período pré-industrial), a concentração de CO2
na atmosfera variou ciclicamente entre 180 ppm e 280 ppm. De acordo com um
estudo publicado em 2009 pela Science, nos últimos 20 milhões de anos, os
níveis de dióxido de carbono na atmosfera só estiveram perto do que temos hoje
durante o Mioceno, entre 16 milhões e 12 milhões de anos atrás. Na época, as
temperaturas eram entre 3 e 6°C maiores que as atuais, e o nível do mar era de
25 a 40 metros superior.
A marca de 400 ppm é simbólica, mas mostra que o
mundo não está tomando medidas suficientes para manter o aquecimento do planeta
dentro de níveis seguros. A meta de elevação máxima da temperatura em 1,5°C em
relação aos níveis pré-industriais acordada em Paris já foi comprometida, e é
cada vez mais improvável que o aquecimento fique abaixo dos 2°C, marca
considerada segura, apesar de já provocar danos incalculáveis a populações em
diversas partes do mundo. (biodieselbr)
92% da população mundial respiram ar inadequado
92% da população mundial respiram ar inadequado, diz OMS
A OMS alerta que as principais fontes de poluição
do ar incluem modelos ineficientes de transporte.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em 27/09/16 que 92% da população
global vivem atualmente em áreas onde os níveis de qualidade do ar ultrapassam
os limites mínimos estabelecidos pela entidade.
Os
dados integram o mais completo relatório global já divulgado pela organização
sobre zonas de perigo para poluição do ar, com base em informações de medições
por satélite, modelos de transporte aéreo e monitores de estação terrestre de
mais de 3 mil localidades rurais e urbanas.
Poluição atmosférica e saúde
A
estimativa é que cerca de 3 milhões de mortes ao ano estejam ligadas à
exposição à poluição externa do ar. A poluição interna do ar, entretanto,
aparenta ser igualmente perigosa já que, em 2012, em torno de 6,5 milhões de
mortes estavam associadas à poluição interna e externa juntas.
De
acordo com a OMS, quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar são
registradas em países de baixa e média renda, sendo que quase dois em cada três
óbitos foram contabilizados no sudeste da Ásia e em regiões ocidentais do
Pacífico.
Ainda
segundo o relatório, 92% das mortes são provocadas por doenças não
comunicáveis, sobretudo doenças cardiovasculares, derrame, doença obstrutiva
pulmonar crônica e câncer de pulmão. A poluição do ar também aumenta os riscos
de infecções respiratórias graves.
“A
poluição do ar continua prejudicando a saúde das populações mais vulneráveis –
mulheres, crianças e adultos de mais idade”, disse a diretora-geral adjunta da
organização, Flavia Bustreo. “Para que as pessoas sejam saudáveis, elas
precisam respirar ar limpo do primeiro ao último suspiro”, completou.
Fontes de poluição
A
OMS alerta que as principais fontes de poluição do ar incluem modelos
ineficientes de transporte; combustível doméstico e queima de resíduos; usinas
de energia movidas a carvão; e atividades industriais em geral.
“Para
enfrentar a poluição do ar, é preciso agir o mais rápido possível”, defendeu a
diretora do Departamento de Saúde Pública e Determinantes Ambientais e Sociais
de Saúde da OMS, Maria Neira.
“As
soluções existem por meio do transporte sustentável nas cidades, da gestão de
resíduos sólidos, do acesso a combustíveis domésticos limpos e fogões, bem como
de energias renováveis e da redução de emissões industriais”, concluiu Maria.
(ecodebate)
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Nós respiramos ar contaminado
OMS: 92% da população mundial
respira ar contaminado.
A Organização estima que a
cada ano cerca de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição de agentes
contaminantes no ar.
OMS adverte que 92% da
população mundial respira ar inadequado.
Mulher recorre a uma máscara
para se proteger da poluição do ar em Pequim.
Ao menos 92% dos habitantes do
planeta vivem em locais onde a qualidade do ar não se enquadra nos padrões
fixados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), adverte um relatório do órgão.
"É necessário, de forma
urgente, a adoção de medidas para se enfrentar a contaminação do ar",
afirma Maria Neira, diretora do departamento de Saúde Pública da OMS.
"Existem soluções, como um
transporte sustentável nas cidades, a gestão dos rejeitos sólidos e a
utilização de cozinhas e combustíveis limpos nas residências, assim como o uso
de energias renováveis e a redução das emissões industriais".
Poluição do ar exterior é um fator
cancerígeno para os seres humanos.
No relatório baseado em dados
provenientes de mais de 3 mil locais - rurais e urbanos - a OMS conclui que 92%
da população mundial vive onde os níveis da qualidade do ar não correspondem ao
padrão em relação a partículas finas em suspensão, de menos de 2,5 micrômetros.
Estas partículas "incluem
contaminantes como os sulfatos, os nitratos e a fuligem, que penetram
profundamente nos pulmões e no sistema cardiovascular, o que representa um
risco grave para a saúde humana".
O organismo detectou que os níveis
de contaminação são especialmente elevados no Mediterrâneo oriental, no Sudeste
Asiático e no Pacífico Ocidental.
A OMS identifica como principais
causadores da má qualidade do ar "os modos ineficientes de transporte, a
queima de combustível nas residências e de rejeitos, as centrais elétricas e as
atividades industriais", mas também cita como fatores fenômenos naturais,
como as tempestades de areia.
Graças aos novos dados existentes,
os especialistas esperam poder alentar os Estados a realizar mais esforços para
reduzir a contaminação do ar, especialmente após os líderes mundiais fixarem -
em setembro de 2015 - como objetivo reduzir as mortes ligadas a esta ameaça até
2030.
A OMS estima que a cada ano cerca
de 3 milhões de mortes estão relacionadas à exposição de agentes contaminantes
no ar. Segundo os dados da organização em 2012, cerca de 6,5 milhões de mortes
em todo o mundo, equivalentes a 11,6% do total, estiveram ligadas à
contaminação do ar.
Estas mortes são provocadas
especialmente por doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais
pneumopatia obstrutiva crônica e câncer de pulmão, assinala a ONU, advertindo
que a contaminação do ar também aumenta o risco de infecções respiratórias
agudas.
Segundo a organização, cerca de
90% destas mortes ocorrem em países de renda média ou baixa, com dois a cada
três óbitos em regiões do sudeste asiático e do Pacífico ocidental. (yahoo)
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