O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
sábado, 31 de dezembro de 2016
Estudo mapeia mudanças no clima do Mato Grosso do Sul
Estudo coordenado pela Fiocruz mapeia mudanças no clima do
Mato Grosso do Sul.
No
Mato Grosso do Sul, a porção norte do estado poderá apresentar um aumento de
até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos
próximos 25 anos. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita sobre o Mato
Grosso do Sul, que identificou a vulnerabilidade à mudança do clima nos 79
municípios do estado. Coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo
é uma das atividades realizadas no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança
do Clima, feito em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.
Os
resultados da pesquisa foram compartilhados durante o Seminário Indicadores de
Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu em 30/11/16 em Campo
Grande (MS). Para o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, este trabalho
possibilitará aos gestores avaliar, por meio de mapas e gráficos, qual parte do
território está mais e menos vulnerável às alterações do clima e os mais aptos
a se recuperarem de possíveis impactos climáticos. “O Mato Grosso do Sul é o
único representante da região centro-oeste a participar do estudo. Além dele,
foram escolhidos mais cinco estados para serem avaliados: Amazonas, Espírito
Santo, Maranhão, Paraná e Pernambuco. Também foi desenvolvida uma ferramenta, um software,
que ajuda a quantificar a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas,
conforme cada município”, ressalta o pesquisador da Fiocruz Minas.
Dias mais secos
A
pesquisa feita sobre os municípios sul-mato-grossenses indica que a porção sul
do estado poderá ser a mais afetada em relação ao número de dias secos
consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Na cidade de Japorá, por exemplo, o
aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 12,6%, seguida por
Sete Quedas (12,2%) e Tacuru (11,5%).
O município de Novo Horizonte do Sul apresentou
o CDD mais elevado do estado, com um aumento de 15,2% para os períodos de
estiagem. Esta situação é diferente em cidades localizadas na parte central,
como Rochedo e Corguinho. Nelas, os dias seguidos sem chuvas permanecerão os
mesmos em comparação com o período atual.
Mais calor e menos chuvas
Em
relação à temperatura máxima, Corguinho poderá ter um incremento de até 5,8°C
para os próximos 25 anos. Os municípios da porção norte serão os mais afetados,
assim como algumas cidades localizadas na parte leste do estado. Em Paranaíba e
Aparecida do Taboado o aumento pode chegar a 5,7°C para o período de 2041 a
2070.
O
Alto do Taquari pode ser uma das regiões mais impactadas pela redução do volume
de chuvas. Em Coxim e Rio Verde do Mato Grosso, por exemplo, a precipitação
poderá diminuir 19,3%. Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir
até 17,6%, como é o caso do município de Selvíria.
Campo
Grande apresenta uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na
precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, a capital pode
ter uma diminuição de 5,4%.
Mudança do clima no Pantanal
As
projeções feitas no estudo indicam possíveis consequências para o Pantanal. Por
ser um bioma úmido, que depende do ciclo de cheias e secas, o aumento da
estiagem pode impactar no ciclo de inundações e na diminuição da
biodiversidade, por causa das alterações no processo reprodutivo de plantas e
animais.
As
mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais
recorrentes no Pantanal, como o período das cheias dos rios. Por causa das
alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos
extremos, como secas e alagamentos. Estes fenômenos climáticos poderiam
impactar no Pantanal, a perda do potencial de pesca e, em outras partes do
estado, a redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança
alimentar das populações que vivem nessa região. Outro impacto que pode ser
apontado nesse cenário futuro é o aumento de doenças, devido à proliferação de
vetores.
Vulnerabilidade dos municípios
As
pesquisas realizadas sobre o estado consideram informações de cada município
relacionadas a fenômenos extremos, a exemplo de tempestades, e doenças
vinculadas ao clima, entre elas, dengue, leptospirose e leishmaniose. Dados
sobre a população, envolvendo saúde e condições socioeconômicas e a capacidade
dos municípios para lidarem com as mudanças climáticas também são utilizados.
As
informações coletadas são associadas a três elementos – exposição,
sensibilidade e capacidade adaptativa da população, considerando dois cenários
de clima futuro: um com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor
aquecimento global, e outro que considera o aumento contínuo dessas emissões
com maior impacto no clima. A partir da combinação e análise desses dados, é
possível calcular o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV) e outros
indicadores.
As
projeções feitas na pesquisa indicaram que os municípios mais vulneráveis à
mudança do clima seriam Rio Verde do Mato Grosso, Rio Negro e Sonora e os menos
vulneráveis seriam Jateí, Naviraí e Chapadão do Sul. As cidades mais expostas
às alterações climáticas foram Maracaju, Três Lagoas e Coxim, em virtude de
desmatamentos, variações bruscas de temperatura e ocorrência de eventos
extremo, como secas e enxurradas. Em relação à sensibilidade, que indica a
intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima,
Juti, Taquarassu e Paranhos seriam os mais impactados.
O
estudo apontou que Campo Grande, Chapadão do Sul e Costa Rica foram
considerados os municípios mais adaptados para lidar com as mudanças clima,
devido à existência de infraestrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano
de contingência de desastres e atuação da Defesa civil. Coronel Sapucaia e
Novo Horizonte do Sul seriam os menos adaptados. (ecodebate)
Mudanças climáticas e a economia mundial em 2016
Mudanças climáticas são a maior ameaça para economia
mundial em 2016
Matéria publicada no The
Guardian, por Larry Elliot, fala sobre que a catástrofe causada pelas mudanças
climáticas estão sendo apontadas como a maior ameaça para a economia global em
2016, de acordo com um levantamento realizado por 750 especialistas, através do
Fórum Econômico Mundial.
A avaliação de riscos
realizada pela WEF, antes de sua reunião anual em Davos, em janeiro deste ano,
mostrou que o aquecimento global tem motivos de sobra para causar tamanha
preocupação entre os governantes.
De acordo com a reportagem,
um problema de adaptação aos fatores climáticos pode ter um impacto maior do
que a disseminação de armas de destruição em massa, crises de água, a migração
involuntária e um choque nos preços de energia.
Preocupações sobre
aquecimento global encabeçam as discussões de economistas sobre as previsões
deste ano.
O relatório elaborado pelo
Fórum Econômico Mundial, com a colaboração de especialistas em riscos, foi
concluído um mês após o acordo assinado em Paris para reduzir as emissões de
carbono.
Cecilia Reyes, chefe de
riscos de Zurique, disse: “A mudança climática está se agravando mais do que
nunca, trazendo crises de água, escassez de alimentos, crescimento econômico
restrito, coesão social e aumento dos riscos de segurança. Enquanto isso, a
instabilidade geopolítica está expondo as empresas a projetos cancelados, licenças
revogadas, produção interrompida, ativos danificados e movimento restrito de
fundos através das fronteiras”. (ccst)
Mudanças climáticas têm grande impacto no oceano Antártico
Em dez anos, Frente Polar deslocou para o sul duas
vezes a média dos 900 anos anteriores, o que pode resultar na alteração da
temperatura dos oceanos e de funções ecossistêmicas.
O
aumento na concentração de gases que causa o efeito estufa está diretamente
relacionado com a elevação na temperatura média da atmosfera. Cerca de 90%
desse calor promovido pelo aquecimento global é absorvido pelos oceanos que,
por sua vez, o transportam para suas camadas mais profundas.
Desde
1955, os oceanos absorveram 20 vezes mais calor do que a atmosfera. O
aquecimento dos oceanos tende a piorar, uma vez que as temperaturas globais
estão aumentando. Projeções apontam que as mudanças são mais acentuadas em
altas latitudes.
Segundo
Ilana Wainer, professora do Departamento de Oceanografia Física do Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo, os oceanos são uma “espécie de ar
condicionado do planeta” e o oceano Austral (ou Antártico) – sem barreiras e
com correntes intensas em resposta a ventos fortes – é peça fundamental nas
mudanças do clima.
“O
oceano Austral é a principal conexão entre as maiores bacias oceânicas e é
também responsável pela comunicação do oceano profundo com a atmosfera,
permitindo que sinais de anomalias na temperatura, por exemplo, sejam
carregados das camadas superficiais para maiores profundidades. Em suma, o
oceano Austral tem um papel importante nas mudanças do clima”, disse.
A
pesquisadora destaca que o clima global depende diretamente das massas de água.
Wainer foi uma das palestrantes na FAPESP Week Montevideo, realizada dias 17 e
18 de novembro de 2016 na capital uruguaia. O evento foi organizado pela FAPESP
em colaboração com a Asociación de Universidades Grupo Montevideo (AUGM) e a
Universidad de la República (UDELAR).
Um
dos principais componentes do oceano Austral é a Corrente Circumpolar Antártica,
que reúne o sistema composto pelas frentes Polar, Subantártica e Subtropicais.
Wainer
analisou mudanças nesse sistema entre os períodos 1050 a 1950 e 1970 a 2000,
por meio de um conjunto de simulações com o uso do Modelo de Sistema Terrestre
do National Center for Atmospheric Research, dos Estados Unidos.
“Os
resultados, considerando a média dos experimentos, revelaram que a Frente Polar
se deslocou para o sul cerca de 0,7 graus de 1990 a 2000, em comparação com a
média para o período de 1050 a 1950. Isso é estatisticamente significativo por
ser duas vezes o desvio padrão da variabilidade de 1050 a 1950”, disse a
especialista em interação oceano-atmosfera e clima que integra o Projeto
Temático “Impacto do Atlântico
Sul na célula de circulação meridional e no clima”, apoiado pela
FAPESP.
“Esse
efeito é causado pelo deslocamento para o sul da Corrente Circumpolar Antártica,
que por sua vez é promovida também pelo desvio para sul da latitude onde se
encontra o valor máximo do cisalhamento do vento zonal”, disse.
Cisalhamento
é o fenômeno de deformação ao qual um corpo está sujeito quando as forças que
sobre ele agem provocam um deslocamento em planos diferentes, mantendo o volume
constante.
“Fizemos
uma análise de correlação e observamos que o deslocamento para o sul da posição
do valor máximo do cisalhamento do vento zonal está fortemente relacionado com
alterações na região da Corrente Circumpolar Antártica no período de 1970 a
2000. As mesmas correlações para o período de 1050 a 1950, em comparação, são
bem mais fracas”, disse Wainer.
Essas
mudanças levam a um importante impacto ambiental, afetando, por exemplo, o nível
do mar, a temperatura dos oceanos, o sequestro de carbono e as funções
ecossistêmicas.
A
pesquisadora participa do comitê gestor do INCT-Criosfera – um dos Institutos
Nacionais de Ciência e Tecnologia sediados no Rio Grande do Sul com apoio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e FAPERGS
–, onde também contribui com pesquisas em modelagem do clima para entender o
papel do gelo marinho e plataformas de gelo da Antártica na circulação do
oceano e impactos climáticos. O aquecimento global tem levado ao aumento no
fluxo de gelo para os oceanos.
Poluição no Prata
Poluição no Prata
Juan
Carlos Colombo, diretor do Laboratório de Química Ambiental e Biogeoquímica da
Facultad de Ciencias Naturales y Museo da Universidade Nacional de La Plata
(UNLP), na Argentina, apresentou na FAPESP Week Montevideo resultados de
estudos sobre identificação de poluentes no rio da Prata.
Colombo
e colaboradores têm instalado marcadores biogeoquímicos para monitoramento na
costa da Argentina e do Brasil. Anualmente, mais de 55 milhões de m³ de
sedimentos, proveniente das províncias do norte da Argentina e dos estados da
região sul do Brasil, são arrastados ao rio da Prata, o estuário formado pelo
desague das águas dos rios Paraná e Uruguai no Atlântico.
Mudanças climáticas têm grande impacto no oceano Austral.
Mudanças climáticas têm grande impacto no oceano Austral.
Os
marcadores permitiram aos pesquisadores identificar grande quantidade de
material orgânico, metais pesados, pesticidas (compostos organoclorados) e
contaminantes persistentes. (ecodebate)
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Degelo na Antártica impacta a variação climática regional e global
Camada de gelo da Antártica tem impacto na variação
climática regional e global, dizem pesquisadores.
Uma
equipe de pesquisadores internacionais concluiu que a camada de gelo da
Antártica desempenha papel importante na variação climática regional e global.
De
acordo com os pesquisadores, a descoberta, entre outros achados, pode ajudar a
explicar por que o gelo marinho no Hemisfério Sul tem aumentado, apesar do
aquecimento do resto da Terra.
Os
modelos climáticos globais observados nos últimos milhares de anos não
conseguiram explicar a variação climática observada no registro paleoclimático,
disse Pepijn Bakker, ex-pesquisador pós-doutorado da Oregon State University
(OSU) e agora atuando no Centro Marum para Estudos Ambientais Marinhos, da
Universidade de Bremen, na Alemanha.
“Uma
coisa que determinamos logo de início foi que virtualmente todos os modelos do
clima tiveram a camada de gelo da Antártica como entidade constante,” disse
Bakker, autor principal do estudo que está sendo publicado esta semana na
Revista Nature.
“Era
um pedaço estático de gelo, apenas parado lá”. “O que descobrimos, no entanto,
é que a camada de gelo sofreu numerosos pulsos de variação, que tiveram efeito
cascata em todo o sistema climático”.
A
hipótese da equipe de pesquisa era que os modeladores do clima estavam
negligenciando um elemento crucial no sistema climático global que poderia
afetar todas as partes do sistema.
De
fato, segundo Andreas Schmittner, cientista do clima da Faculdade de Ciências
da Terra, Oceanos e Atmosfera da OSU, a camada de gelo da Antártica demonstrou
comportamento dinâmico nos últimos 8 mil anos.
“Há
uma variação natural na parte mais profunda do oceano adjacente à camada de
gelo antártico – semelhante à Oscilação Decadal do Pacífico, ou El Niño/La
Niña, mas em uma escala de tempo de séculos – que provoca pequenas, mas
significativas mudanças nas temperaturas”, disse Schmittner, co-autor do
estudo.
“Quando
a temperatura do oceano aumenta, causa a fusão mais direta da camada de gelo
abaixo da superfície e aumenta o número de icebergs que se soltam da camada de
gelo.”
Se
toda a camada de gelo antártica se derretesse, os níveis globais do mar
provavelmente aumentariam cerca de 200 pés, aproximadamente 60 metros.
“A
introdução dessa água fresca e fria diminui a salinidade e refrigera as
temperaturas superficiais, ao mesmo tempo, estratificando as camadas de água”,
disse Peter Clark, paleoclimatologista da Faculdade de Ciências da Terra,
Oceano e Atmosfera da OSU e co-autor do estudo.
“A
água fria e fresca congela mais facilmente, criando gelo adicional, apesar das
temperaturas mais quentes que estão centenas de metros abaixo da superfície.”
A
camada de gelo antártica cobre área de mais de 13 milhões km2 e
estima-se que detenha cerca de 60% de toda a água doce na Terra.
A
parte leste da camada de gelo repousa sobre uma grande massa terrestre, mas na
Antártica Ocidental, ela repousa sobre a rocha que se estende para o oceano, a
profundidades de mais de 8 mil pés, ou 2.500 metros, tornando-a vulnerável à
desintegração.
A
equipe analisou sedimentos dos últimos 8 mil anos e descobriu que muito mais
icebergs se desprenderam da camada de gelo em alguns séculos do que outros.
Para isso, usou sofisticados modelos de computador para rastrear a
variabilidade no desprendimento dos icebergs nas pequenas mudanças na
temperatura do oceano.
A
descoberta, disseram os pesquisadores, pode ajudar a explicar por que o gelo
marinho aumentou no Oceano Antártico, apesar do aquecimento global. O mesmo
fenômeno não ocorre no Hemisfério Norte com a faixa de gelo da Groelândia, que
não tem litoral e não está sujeita às mesmas mudanças atuais que afetam a faixa
de gelo na Antártica. (ecodebate)
O degelo da Antártica e a subida do nível do mar
A
maior parte do gelo da Antártica está sobre o continente e tem um volume de
água congelada que, caso derreta completamente, tem o potencial de fazer o
nível do mar subir de 60 a 65 metros no longo prazo. Se as emissões de gases de
efeito estufa (GEE) continuarem a provocar o aumento do aquecimento global no
ritmo atual, o degelo na Antártica pode contribuir para que o nível médio do
mar suba 2 metros até 2100 e em mais de 15 metros até 2500.
Estes
números são bem superiores àqueles apresentados no relatório do IPCC de 2013
que estimou um aumento máximo de 1 metro do nível do mar até 2100, isto se não
houvesse uma mudança do degelo da Antártica. As novas pesquisas apontam um
quadro mais dramática do derretimento da calota polar e novos números devem
surgir no próximo relatório do IPCC.
De
acordo com uma nova modelagem apresentada em um estudo recente publicado na
revista Nature, pelos pesquisadores americanos Robert M. DeConto e David
Pollard (31/03/216), um colapso dos mantos de gelo da Antártica pode fazer o
nível do mar subir até dois metros até 2100 (1 metro só com o degelo da
Antártica) e em mais de 15 metros até 2500, caso as emissões de carbono não
sejam cortadas. O colapso de porções do manto de gelo antártico, em especial na
chamada Antártida Ocidental, poderia elevar o nível do mar em 5 metros. A
Antártida Oriental, mais fria e com maior volume de gelo tem potencial para
gerar outros 55 metros de subida dos oceanos.
Assim,
nos últimos três anos, cresceu a preocupação de que as geleiras ocidentais
possam entrar em colapso irreversível, devido à maior quantidade de água quente
do mar entrando em forma de cunha sob as plataformas de gelo, degelando-as de
baixo para cima. Assim, mesmo sendo pequeno o degelo superficial, o colapso de
plataformas inteiras pode provocar um enorme desastre ambiental.
Em
setembro de 2016, após o inverno antártico, os satélites revelaram uma enorme
fenda no gelo da Plataforma Larsen C no lado leste da península Antártica. As
imagens revelaram que a fissura tinha crescido em cerca de 13 milhas ao longo
de poucos meses. Isto pode levar ao rompimento da geleira muito maior do que
suas vizinhas Larsen A e B, que colapsaram em 1995 e 2002, acelerando a subida
do nível do mar.
O
segundo semestre de 2016 marcou o recorde de degelo na Antártica, ficando bem
abaixo da média de 1979-2008, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.
Desta
forma, mesmo que o aquecimento global seja limitado à meta de 2º C,
estabelecido no Acordo de Paris, o nível dos oceanos vai subir e pode provocar
o deslocamento de 20% da população mundial devido à inundação das regiões
costeiras especialmente em grandes cidades como Nova Iorque, Boston, Londres,
Xangai, Bangkok, Mumbai, Rio de Janeiro, etc., conforme mostra artigo de Damian
Carrington (The Guardian) expresso no mapa abaixo.
Um
dos países que serão mais afetados pela elevação do nível do mar é Bangladesh
que tem uma área de 144 mil km2 e uma população de mais de 150 milhões de
habitantes. Como o país conta com a maior parte do seu território próximo do
nível do mar e ainda com grandes rios, como Ganges, Bramaputra e Meghna, sua
costa é uma imensa selva pantanosa e sujeita a inundações. As terras de aluvião
são muito férteis, mas, ao mesmo tempo, muito vulneráveis às mudanças
climáticas. Se o nível do mar subir 2 metros a cidade de Khulna será a mais
atingida, mas a capital, Daca, também pode sofrer muito, pois está apenas a 4
metros do nível do mar. No total, o aumento do nível do mar pode afetar 80% da
população de Bangladesh.
A
cidade de Calcutá na Índia deve ser o município mais afetado do mundo e pode
ter mais de 15 milhões de pessoas refugiadas até o final do século XXI.
Infelizmente,
estes cenários catastróficos estão ficando cada vez mais prováveis. Estudo
liderado por Peter U. Clark e publicado na revista Nature Climate Change
(08/02/2016), mostra que, mesmo com a mudança climática limitada a 2º C, o
nível do mar poderá subir 25 metros ao longo dos próximos 2.000 anos e
permanecer neste nível por pelo menos 10.000 anos, a mesma idade do Holoceno.
Se a queima de carvão, petróleo e gás não for controlada, o mar poderá subir 50
metros nos próximos dois mil anos, reconfigurando completamente o mapa Mundi.
Segundo os autores, de longe, o maior contribuinte para o aumento do nível do
mar – cerca de 80% – seria o derretimento da camada de gelo da Antártica.
Outro
estudo recente publicado na mesma revista Nature Climate Change, liderado por
Johannes Fürst, mostra que alguns grandes lençóis de gelo da Antártida estão
perigosamente perto de perder as plataformas de gelo do mar que impedem o seu
fluxo para o oceano. As grandes plataformas de gelo flutuantes do mar ao redor
da Antártida fornecer contrafortes para as geleiras e camadas de gelo no
continente. Mas tudo pode mudar, como aconteceu com a plataforma Larsen B, em
2002, o que aumentaria a velocidade do fluxo no oceano em oito vezes.
Os
pesquisadores argumentam que uma nova revolução industrial seria necessária
para permitir uma mudança na matriz energética e uma economia de baixo carbono.
Mas dada a dimensão do problema as ações terão que ir muito além das soluções
tradicionais. Só o decrescimento demoeconômico e uma mudança geral no padrão de
produção e consumo podem evitar uma tragédia colossal. (ecodebate)
Geleiras do Himalaia diminuíram até 22% em 30 anos
Geleiras do Himalaia diminuíram
até 22% em 30 anos, afirmam cientistas.
Relatórios de instituto apontam
que redução ocorreu no Nepal e no Butão.
Derretimento se acelerou entre
2002 e 2005 em dez geleiras avaliadas.
Novos
estudos científicos sobre o derretimento das geleiras do Himalaia revelam o
impacto das mudanças climáticas nesta região e a ameaça que pesa sobre 1,3
bilhão de habitantes.
Segundo
os estudos publicados em três relatórios do Centro Internacional para o
Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD), com base em Katmandu, as
geleiras diminuíram 21% no Nepal e 22% no Butão nos últimos 30 anos.
Estas
descobertas seriam a primeira confirmação oficial sobre o derretimento das
geleiras, após várias declarações empíricas. Elas corrigem também um anúncio
errado do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que
afirmou em seu 4º relatório em 2007 que as geleiras do Himalaia derretiam mais
rápido do que as outras do mundo e "poderiam desaparecer até 2035, ou
antes".
O
IPCC afirmou que foi "um lamentável erro" provocado por
"procedimentos que não foram devidamente acompanhados".
Apoiados
pelo projeto de pesquisa financiado pela Suécia e realizado pela ICIMOD durante
três anos, os especialistas descobriram que as dez geleiras observadas estão em
processo de derretimento em uma velocidade que acelerou entre 2002 e 2005.
Imagem
de dezembro de 2009 mostra o Himalaia e uma geleira na região do monte Everest,
a 140 km de distância de Kathmandu. Milhões de pessoas estão sob ameaça de
derretimento da neve nesta região, de acordo com cientistas.
GELEIRAS
- Relatórios de instituto apontam que redução ocorreu no Nepal e no Butão.
Derretimento se acelerou entre 2002 e 2005 em dez geleiras avaliadas.
Redução
significativa
De
acordo com os resultados de outro estudo, o volume de neve que cobre a região
diminuiu de maneira significativa nos últimos 10 anos. "Estes relatórios
fornecem um novo ponto de comparação e informações sobre as zonas geográficas
específicas para compreender a mudança climática em um dos ecossistemas mais
vulneráveis do mundo", comentou o presidente do IPCC, o indiano Rajendra
Pachauri.
As
54.000 geleiras do Himalaia alimentam com água os oito maiores rios da Ásia,
entre eles - Indus, Ganges, Brahmaputra, Yangtze e Rio Amarelo - suscetíveis de
serem afetados pelo stress hídrico nas próximas décadas, com potenciais
consequências para os 1,3 bilhão de pessoas. (g1)
Gelo de 1.600 anos nos Andes 'desapareceu' em 25 anos
Gelo de 1.600 anos nos Andes
'desapareceu' em 25 anos, diz cientista.
Geleira Quelccaya, no Peru, tem sofrido
derretimento constante.
Pesquisa busca analisar 'história
climática' da região e do planeta.
Cientistas
da Universidade Estadual de Ohio estudaram uma geleira na região dos Andes, no
Peru, e obtiveram detalhes impressionantes sobre a história climática da Terra,
segundo um estudo publicado nesta semana na revista "Science
Express".
Chamada
de Quelccaya, a geleira tem mais de 6 mil anos, segundo os cientistas. Ela está
passando por um processo de derretimento constante e perdeu parte da cobertura
de gelo acumulada em quase dois milênios num período de 25 anos (as imagens
acima refletem um período de 30 anos), segundo um dos autores do estudo,
professor Lonnie Thompson, em entrevista ao "New York Times". O
degelo foi tão grande que um trecho congelado na região de Qori Kalis
"desapareceu" e deu lugar a um lago.
Blocos
de gelo que contam a "história congelada da área" foram guardados em
freezers a -30º C para análises posteriores, disse Thompson, em nota da
universidade. Ele afirmou ao "New York Times" que restos de plantas
expostos nas margens da geleira com o derretimento também estão sendo
analisados pelos cientistas.
Algumas
plantas chegam a ter 6,3 mil anos, diz Thompson. Ao estudar o decaimento do
carbono nos restos de vegetais, os pesquisadores descobriram que eles
"envelheceram" pouco no período, o que indica que o gelo existente
ali é milenar.
"Se
em algum momento dos últimos 6 mil anos estas plantas estivessem sido expostas
por um período de cinco anos, por exemplo, haveria decaimento", disse Thompson.
A explicação mais simples, segundo ele, é que o gelo acumulado nos últimos 1,6
mil anos derreteu em não mais que 25 anos.
O
aquecimento global está tendo efeitos maiores em regiões de grande altitude e
de grande latitude, ponderam os cientistas. Segundo eles, o Quelccaya
"parece ser muito sensível" às mudanças climáticas que vêm ocorrendo
no planeta.
Blocos
de gelo
Os
pesquisadores dataram dois grandes blocos de gelo extraídos da região, que têm
uma riqueza de detalhes "formidável", dizem. Os blocos podem ser
usados como "ferramentas" detalhadas para estudar o passado climático
da Terra, principalmente na região tropical.
Os
objetos têm grandes semelhanças com outros blocos de gelo extraídos do Himalaia
e do Tibete, diz a pesquisa. "Padrões na química de algumas camadas dos
blocos são idênticos, mesmo que os dois 'núcleos' gelados tenham sido extraídos
de lados opostos do globo", afirma uma nota da instituição.
Geleira de Quelccaya, na região andina do Peru, em
1978.
A geleira de
Quelccaya em 2008, já atingida pelo derretimento causado pelo aquecimento
global. (g1)
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Cataratas sem água
Dá prá ‘fechar’ as Cataratas
do Iguaçu?
Parece loucura, mas algo
semelhante vai acontecer nos Estados Unidos, pois o país decidiu 'secar' as
Cataratas do Niágara.
No final de janeiro, o
governo americano deu uma notícia chocante: fechariam as cataratas do Niágara
para turismo, para poder reformar o parque. E o plano é ainda mais ambicioso,
uma vez que a ideia é “secar” as quedas d'água.
Sim, secar as cataratas do
Niágara e seus 52 metros de queda e mais de 2 milhões de litros despejados por
segundo. O plano é até barato: US$ 3 milhões. Caminhões e escavadeiras
construirão um desvio, obrigando o rio a mudar seu curso.
As quedas do Niágara se
dividem em três, duas delas do lado americano e outra no Canadá. As cataratas
devem ficar secas por nove meses, em 2019.
Mas e nas cataratas do
Iguaçu, algo assim seria possível? Igual ao Niágara, as quedas d'água do sul do
Brasil estão na fronteira entre dois países (Brasil e Argentina), mas as
semelhanças param por aí.
Diferente da maravilha da
América do Norte, em Iguaçu as cataratas são maiores. Ao invés de três quedas,
são 275. O volume de água, embora na média seja menor que no equivalente
norte-americano, em sua capacidade máxima é recordista mundial.
Empreender uma operação de
desvio de rio nas cataratas do Iguaçu seria uma operação bem mais complexa, por
envolver não apenas um volume maior, mas por questões geográficas.
Basta olhar imagens aéreas
para entender essa dificuldade, uma vez que a foz do rio Iguaçu desce
completamente nas cataratas, sem desvios.
Já o rio Niágara possui uma
divisão em sua foz, com duas quedas claramente dividias. A operação de desvio é
mais simples, por envolver o desvio das águas para o lado canadense do rio.
Operações do gênero são
feitas na construção de hidrelétricas, por exemplo, que exigem proezas da
engenharia para desviarem cursos de rios. Para a construção da usina de Itaipu,
por exemplo, foi necessário desviar o curso de todo o rio Paraná.
Aliás, essa não é a primeira
vez que os americanos verão o Niágara seco. Em 1969, o governo dos EUA
empreendeu a mesma obra para poder estudar a erosão das cataratas por causa das
hidrelétricas Adam Beck 1 e 2.
Na época, tiveram que
recolher milhões de moedas jogadas por turistas, e dois corpos de pessoas que
tentaram descer as quedas.
Já os que gostariam de dar
uma olhada nas cataratas do Iguaçu quase sem água, basta lembrar da seca de
2006, quando a vasão das quedas foram diminuídas em até 70%. (yahoo)
Perdas de solo e água em área de nascente
Perdas de solo e água em área de nascente estratégica para o Sistema Cantareira
O uso e ocupação de áreas de alta declividade
favorecem, quase sempre, perdas de solo por erosão que é uma das principais
responsáveis pela degradação do solo, com prejuízos à produtividade agrícola e
às atividades econômicas relacionadas à agricultura. Esta erosão é causada pela
energia cinética da água da chuva gerada pelo impacto das gotas no solo,
promovendo a fragmentação dos seus agregados e o transporte das partículas via
escoamento superficial.
A retirada da vegetação nativa, notadamente das
florestas, para o uso agrícola sem considerar a capacidade de suporte do solo
(Freitas et al., 2012), tem como resultado imediata a sua exposição e,
consequentemente, sua degradação pela erosão hídrica, ocasionando perdas de
partículas/agregados, nutrientes, carbono orgânico (Oliveira et al., 2012),
além de reduzir a recarga de água (Lima et al., 2013). O controle da erosão
hídrica é umas das principais medidas para a conservação do solo e da água em
uma sub-bacias hidrográfica, visando o uso e manejo do solo de forma
sustentável.
A sub-bacias do Ribeirão das Posses, localizada no
município de Extrema/MG, constitui exemplo de área submetida à retirada de
grande parte da vegetação nativa ocorrida a mais de um século, além de ser de
grande importância ambiental não só por estar inserida nos altiplanos da Serra
da Mantiqueira em local de grande fragilidade, mas também e, principalmente,
por fazer parte do conjunto de nascentes que compõe os principais cursos d’água
que abastecem o Sistema Cantareira, como também a Bacia do PCJ.
O presente trabalho foi realizado na margem esquerda
do Ribeirão das Posses, próximo à nascente principal, a partir de uma sequência
com dois tipos de cobertura vegetal (mata nativa e pastagem), envolvendo dois
tipos de Cambissolos, dois tipos de Argissolos e dois tipos de Neossolos
Litólicos (EMBRAPA, 2013), constituindo assim seis pontos de amostragem e
estudo. Nessa topossequência, a cobertura de mata corresponde a 10% da área e o
restante (90%) por pastagem.
As perdas de solo e água, avaliadas em um período de
chuva entre maio e setembro de 2016, com precipitação acumulada de 251,3mm, e
depois projetadas para o ano (por hectare e para toda a bacia – 1.200 ha),
considerando a precipitação média da área em torno de 1.447mm (ANA, 2008),
foram comparadas entre as diferentes coberturas (mata e pastagem), com o
intuito de mostrar que o tipo de uso e ocupação interfere de forma expressiva
no ambiente, sobretudo na qualidade do solo e, consequentemente, na
sustentabilidade do sistema agrícola existente.
Área de trabalho
Localização e caracterização da área estudada
Área de estudo
O
presente trabalho foi desenvolvido na sub-bacia das Posses, Extrema, MG,
localizada na porção sul da Serra da Mantiqueira. Apresenta relevo declivoso e
bastante movimentado. O uso do solo predominante é pastagem extensiva com
ausência de práticas conservacionistas; possui área 1.196,7 ha e se encontra
entre as coordenadas 46°14’W e 22°51’S e entre as altitudes de 968 a 1.420 m.
Esta sub-bacia está incluída como piloto no Programa Produtor de Água da
Agência Nacional das Águas – ANA, o qual visa recuperar bacias hidrográficas
com foco nos recursos hídricos (ANA, 2008), sendo a primeira a ter o Projeto
Conservador das Águas implantado no município de Extrema, conforme a Lei
Municipal n° 2.100/05. A área estudada, localizada na margem esquerda do
Ribeirão das Posses, encontra-se entre as coordenadas 22º 52’ 50.65” S e 46º
15’ 32.73” W e 22º 52’ 53,75” S e 46º 15’ 23.77” W e contempla os pontos 1 a 6,
como indicados na topossequência (Figura 1).
Figura 1. Localização da área de trabalho com os 6 pontos/locais experimentais.
Figura 1. Localização da área de trabalho com os 6 pontos/locais experimentais.
P1 -
22º52”50.65”S e 46º15’32.73”W;
P2 -
22º52’50.97”S e 46º15’32.05”W;
P3 -
22º52’51.62”S e 46º15’30.65” W;
P4 -
22º52’52.53”S e 46º15’28.37”W;
P5 -
22º52’53.50”S e 46º15’25.36”W;
P6 -
22º52’53.75” S e 46º15’23.77”W.
Esquema
experimental
O
esquema experimental utilizado foi em parcelas de 1 m2 (calhas tipo Gerlach),
com três repetições (R1, R2 e R3) por local ou ponto, considerando seis
locais/pontos (P1 a P6), sendo o P1 sob cobertura de mata nativa e os demais
pontos (P2 a P6) sob cobertura de pastagem – Brachiaria decumbens (Bd)), com a
geração do fatorial: 3 x 6 = 18.
Caracterização
dos solos
Os
solos foram classificados com base no levantamento realizado por Da Silva et
al. (2013), e detalhados em campo pelos autores do presente trabalho, estando
representados pela classe dos Cambissolos (CH1 e CH2), Argissolos (PVA1 e PVA2)
e Neossolos Litólicos (RL1 e RL2), de acordo com EMBRAPA (2013).
Resultados
Tabela
1. Média anual de perda de água (via enxurrada) e dos solos (sólidos)
estudados, por hectare, para toda a Bacia do Ribeirão das Posses.
Considerações
finais e recomendações
As
perdas totais de solos projetadas por ano por hectare e para toda a bacia não
são expressivas (39,79 kg/ha e 47.756 kg para toda a bacia), mas as de água via
enxurrada merecem atenção especial (1.528,56 m3/ha e 1.836.276 m3/ano).
Recomenda-se
uma reavaliação do manejo da área de pastagem com a sugestão de implantação de
terraços em nível, principalmente para minimizar as perdas de água, via
enxurrada, que são mais expressivas do que as perdas de solo.
A
infiltração mais eficiente da água na área de pastagem contribui não só para o
recarregamento do lençol freático, como também interfere de forma positiva no
fluxo preferencial em direção ao curso d’água (Ribeirão das Posses), tornando
seu volume mais estável/uniforme ao longo do ano. Tal cenário, evidentemente,
favorece o aumento da vazão do Rio Jaguarí, refletindo positivamente no aumento
da disponibilidade hídrica para o Sistema Cantareira. (ecodebate)
A questão hídrica atual do Nordeste seco!
A
ASA Brasil trabalha com cisternas rurais com capacidade de 16 mil litros e,
também, com as ditas produtivas, com capacidade para 52 mil litros. Essas
cisternas captam água dos telhados das casas para fornecer uma água de boa
qualidade para uma família de cinco pessoas, durante os oito meses sem chuvas
na região. Essa é uma tecnologia extremamente viável, como viável, também, é a
criação de animais adaptados às situações de secas (grandes e pequenos
ruminantes). Em outros momentos de seca, era muito comum, no Nordeste, haver
saques em supermercados e feiras livres, porque o povo não tinha o que comer e
o que beber. Hoje em dia esse cenário mudou e, certamente, isso tem a ver com o
uso e a implementação dessas tecnologias que estão dando certo no Sertão.
Outra
tecnologia importante de convivência com as secas, é o plantio de
Palma-forrageira adensada. Antigamente eram produzidas, no Nordeste, cerca de 50
toneladas de palma por hectare. Hoje, na forma adensada de plantio, que é uma
tecnologia oriunda do México e dos Estados Unidos, estão sendo colhidas, com
essa cactácea, cerca de 400 toneladas por hectare, ou seja, está se conseguindo
um ganho 10 vezes maior nas colheitas. A palma é um excelente alimento para os
animais em época de estiagem e ajuda a manter a atividade de pecuária em
regiões secas, como é o caso do Nordeste brasileiro. A saída honrosa para se
conviver com as secas é juntar todas essas experiências que estão dando certo e
começar a trabalhar de forma planejada. O planejamento é à saída de tudo.
Agora, temos que rezar – esse é o termo certo – para que essa quadra chuvosa
que se inicia em novembro de 2016, venha com volumes de chuvas acima da média
para, a partir daí, se começar a usar essas águas de forma racional. Insisto
mais uma vez: se a seca se prolongar por mais um sexto ano no Nordeste, ficam
sombrios os cenários do que possa ocorrer com a sua população.
Em
relação à Transposição do Rio São Francisco, o programa encontra-se
desacelerado ou mesmo parado em alguns trechos do projeto. Tem-se a impressão
de que, primeiro, o governo Temer está arrumando a casa, para os ajustes
necessários à alocação dos recursos. Houve a pretensão inicial de se começar um
trabalho de revitalização na bacia do rio, mas ficou somente nas pretensões;
não houve maiores evoluções nas ações, desde o anúncio da intenção do governo
na revitalização do Velho Chico. Então, a informação que se tem é a mesma
recebida no início do governo Temer: de que o governo está negociando 10
milhões de reais para investir em ações de revitalização. (ecodebate)
A ASA Brasil trabalha com cisternas rurais com capacidade de 16 mil litros e, também, com as ditas produtivas, com capacidade para 52 mil litros. Essas cisternas captam água dos telhados das casas para fornecer uma água de boa qualidade para uma família de cinco pessoas, durante os oito meses sem chuvas na região. Essa é uma tecnologia extremamente viável, como viável, também, é a criação de animais adaptados às situações de secas (grandes e pequenos ruminantes). Em outros momentos de seca, era muito comum, no Nordeste, haver saques em supermercados e feiras livres, porque o povo não tinha o que comer e o que beber. Hoje em dia esse cenário mudou e, certamente, isso tem a ver com o uso e a implementação dessas tecnologias que estão dando certo no Sertão.
A ASA Brasil trabalha com cisternas rurais com capacidade de 16 mil litros e, também, com as ditas produtivas, com capacidade para 52 mil litros. Essas cisternas captam água dos telhados das casas para fornecer uma água de boa qualidade para uma família de cinco pessoas, durante os oito meses sem chuvas na região. Essa é uma tecnologia extremamente viável, como viável, também, é a criação de animais adaptados às situações de secas (grandes e pequenos ruminantes). Em outros momentos de seca, era muito comum, no Nordeste, haver saques em supermercados e feiras livres, porque o povo não tinha o que comer e o que beber. Hoje em dia esse cenário mudou e, certamente, isso tem a ver com o uso e a implementação dessas tecnologias que estão dando certo no Sertão.
Outra
tecnologia importante de convivência com as secas, é o plantio de
Palma-forrageira adensada. Antigamente eram produzidas, no Nordeste, cerca de 50
toneladas de palma por hectare. Hoje, na forma adensada de plantio, que é uma
tecnologia oriunda do México e dos Estados Unidos, estão sendo colhidas, com
essa cactácea, cerca de 400 toneladas por hectare, ou seja, está se conseguindo
um ganho 10 vezes maior nas colheitas. A palma é um excelente alimento para os
animais em época de estiagem e ajuda a manter a atividade de pecuária em
regiões secas, como é o caso do Nordeste brasileiro. A saída honrosa para se
conviver com as secas é juntar todas essas experiências que estão dando certo e
começar a trabalhar de forma planejada. O planejamento é à saída de tudo.
Agora, temos que rezar – esse é o termo certo – para que essa quadra chuvosa
que se inicia em novembro de 2016, venha com volumes de chuvas acima da média
para, a partir daí, se começar a usar essas águas de forma racional. Insisto
mais uma vez: se a seca se prolongar por mais um sexto ano no Nordeste, ficam
sombrios os cenários do que possa ocorrer com a sua população.
Em relação à Transposição do Rio São Francisco, o programa encontra-se desacelerado ou mesmo parado em alguns trechos do projeto. Tem-se a impressão de que, primeiro, o governo Temer está arrumando a casa, para os ajustes necessários à alocação dos recursos. Houve a pretensão inicial de se começar um trabalho de revitalização na bacia do rio, mas ficou somente nas pretensões; não houve maiores evoluções nas ações, desde o anúncio da intenção do governo na revitalização do Velho Chico. Então, a informação que se tem é a mesma recebida no início do governo Temer: de que o governo está negociando 10 milhões de reais para investir em ações de revitalização. (ecodebate)
Em relação à Transposição do Rio São Francisco, o programa encontra-se desacelerado ou mesmo parado em alguns trechos do projeto. Tem-se a impressão de que, primeiro, o governo Temer está arrumando a casa, para os ajustes necessários à alocação dos recursos. Houve a pretensão inicial de se começar um trabalho de revitalização na bacia do rio, mas ficou somente nas pretensões; não houve maiores evoluções nas ações, desde o anúncio da intenção do governo na revitalização do Velho Chico. Então, a informação que se tem é a mesma recebida no início do governo Temer: de que o governo está negociando 10 milhões de reais para investir em ações de revitalização. (ecodebate)
A mercantilização da água no Brasil
Recentemente o Presidente Michel Temer anunciou um
programa de privatizações que inclui a Companhia Estadual de Águas e Esgotos –
CEDAE – do Rio de Janeiro como uma das empresas a serem vendidas para a
iniciativa privadas. É o início de um processo que vem sendo anunciado há algum
tempo: a mercantilização da água através de sua privatização. Devemos nos
perguntar se um bem comum e essencial para manter a vida de todos os seres
vivos do planeta deve ser mercantilizado, valorado economicamente e gerenciado
em sua distribuição por alguns grupos econômicos como uma mercadoria qualquer?
Há algumas décadas tivesse esta pergunta como referência a água, certamente a
resposta seria respondida de forma negativa. Porém, não é isto que observamos
em muitas partes do mundo atualmente, inclusive no Brasil.
O processo de mercantilização da água não é algo novo,
mas vem se tornando uma política governamental com o apoio de organismos
internacionais, a exemplo do Banco Mundial. Basta comprovar como vários
documentos nos fóruns, congressos e encontros mundiais sobre a questão da água
respondem a um dos mais importantes dilemas do nosso tempo: como promover o
acesso da água potável a todos os seres humanos do nosso planeta? A resposta
encontrada nestes documentos, que possuem um número expressivo de países
signatários, estão sempre impressas (de forma nítida e sem subterfúgios
linguísticos) que a água tem um valor econômico e que somente o seu
gerenciamento por parte de grupos privados a tornará mais acessível a todos. Em
seu livro O Manifesto da Água,
Ricardo Petrella (2002, p. 51) ressalta que uma das primeiras afirmações do
documento resultante da Segunda Conferência do Fórum Mundial da Água, realizada
entre 17 e 22 de março de 1999 em Haia, foi que “A água é um recurso econômico
escasso, um bem vital econômico e social. Como petróleo ou qualquer outro recurso
natural, deve ser submetido às leis do mercado e aberto à livre competição.” Ao
nivelar a água como qualquer outro recurso natural, este documento, e muitos
outros produzidos em eventos anteriores e seguintes, buscaram influenciar as
políticas para a gestão do patrimônio hídrico de vários países e direcioná-las
para a sua mercantilização, almejando que este seja um fato que deve ser
encarado com normalidade por parte das populações destas nações.
Com a posse de 12% da água doce do planeta, o Brasil é
detentor de um grande e valioso patrimônio hídrico. Com todo esta “riqueza”
hídrica, o país está na circunferência de interesse das empresas que lucram
cada vez mais com o mercado da água.
O Brasil e suas águas
Foi somente em 1934 que o Brasil teve a sua primeira
lei para o ordenamento do seu patrimônio hídrico. O presidente Getúlio Vargas
sancionou o Código das Águas pelo Decreto 24.643 daquele ano. O governo só
voltou ao tema da água em 1977, com o Decreto 19.367, para instituir o Padrão
de Potabilidade da Água. A constituição de 1988 voltou a tratar do patrimônio
hídrico brasileiro. Entretanto, muitas leis somente seriam regulamentadas anos
mais tarde. Em 1989 o país passou a contar com a Lei de Proteção das Nascentes
e Rios, através do Decreto 7.754, já resultante das preocupações
ambientalistas.
A iniciativa de organizar a gestão da água através das
bacias hidrográficas somente tornou-se lei em 1991, com o Decreto-Lei 8.171, que tratou da
política agrícola e da desertificação. Era o início da Era Neoliberal no Brasil
e o governo Collor defendia a privatização de vários setores da economia. A
palavra privatização tornou-se um mantra para solucionar todos os problemas
econômicos e sociais e a palavra estatal passou a ser sinônimo de ineficiência
e incapacidade para o gerenciamento dos bens públicos. Estava montado o cenário
para que a água começasse a ser vista como mais uma mercadoria, a exemplo de
outros bens naturais. As portas abriam-se para a mercantilização da água em
nosso país.
O Presidente Fernando Henrique Cardoso instituiu,
através do Decreto 9.433, de 1997, a Política Nacional de Recursos Hídricos e
trouxe a ideia de sua valoração econômica pela primeira vez em uma lei
brasileira. Começava, de fato, o caminho para a mercantilização do patrimônio hídrico
brasileiro.
A criação da Agência Nacional de Águas – ANA – através
do Decreto 9.984, no ano 2000, possibilitou administrar o nosso patrimônio
hídrico com uma visão economicista e instituiu a cobrança da água sob a
responsabilidade dos comitês de bacias que viriam a ser criados posteriormente.
Também passou a exigir que cada estado da federação criasse uma Agência
Estadual de Águas para reproduzir o modelo federal. Esta lei citou as palavras
cobrança, ou termos a ela relacionados como compensação financeira,
arrecadação, receitas provenientes e pagamento, por treze vezes em seus
artigos. Todos estes termos estão relacionadas com a valoração econômica da
água. Por outro lado, apenas uma vez a lei citou o termo conservação
qualitativa dos recursos hídricos em seu arcabouço. Tal constatação demonstra
qual era o real interesse na criação da ANA por aquele governo.
Nos últimos anos, o processo de mercantilização da
água no Brasil continuou a ganhar folego nos governos do Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e da Presidenta Dilma Rousseff com o Projeto de Transposição das
Águas do Rio São Francisco e a construção de grandes barragens para a produção
de energia hidroelétrica cujo modelo dominante é a Parceria Público Privada –
PPP.
Privatizar não é a solução
Nem sempre a água foi pensada como um bem comum a qual
todos tem direito. Esta concepção é algo muito recente na história da
humanidade, pois a posse da água sempre foi muito importante para manter a
hegemonia política e militar, principalmente onde ela não é tão abundante. Este
fato a tornou, e ainda a torna em alguns lugares, um bem pertencente a alguns
poucos grupos como forma de manter o domínio absoluto sobre os territórios e
pessoas. Desde os primórdios, agrupamentos humanos perceberam que a posse dos
mananciais era também a posse do espaço territorial e uma arma poderosa para
dobrar os inimigos, vencendo-os pela sede. A propriedade da água sempre
representou um mecanismo para assegurar o poder.
Longe de resolver a questão da sua má
distribuição ou sua má qualidade para o consumo, a mercantilização da água terá
apenas um lado ganhador: os grupos econômicos que por ela são beneficiados. A
distribuição da água não alcançará os que dela necessitam com a privatização de
suas distribuidoras, pois, em muitos casos, estes não terão como pagar o preço
estabelecido pelas empresas para a sua venda. A privatização, isto sim, os
privará do acesso a este bem natural comum. Os menos favorecidos economicamente
serão, mais uma vez, excluídos de um direito essencial à sua sobrevivência.
Posto que a lei do mercado é o lucro máximo para sobrevivência do
empreendimento econômico e o retorno do que foi investido, o preço pago pelas
populações pela água utilizada deverá aumentar de forma sempre crescente,
fazendo com que as populações carentes tenham dificuldade, também crescente,
para obtê-la. Este resultado já é conhecido em algumas localidades onde este
modelo tornou-se uma realidade, causando conflitos entre as populações e as
empresas privadas de distribuição de água, como foi o famoso caso da Bolívia.
Casos de mercantilização da água abundam no Brasil há
décadas, porém eram feitos à revelia do Estado. Atualmente é este que patrocina
a visão monetária sobre a água através da privatização e de políticas de
concessão de administração das empresas distribuidoras de água, retirando delas
o seu caráter público e negando à água como um direito humano inalienável e
caracterizando-a como um bem passível de negociação no mercado como qualquer
outra commodity. A privatização
da CEDAE é apenas o começo. (ecodebate)
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