1 – TECNOLOGIA, PRODUÇÃO, CONSUMO E
DESCARTE
O desenvolvimento tecnológico
demanda uma produção crescente de equipamentos, ferramentas e acessórios que
através de mudanças e atualizações constantes tornam obsoletas as versões anteriores,
tornando (quase) indispensável o consumo contínuo de novos modelos e o descarte
dos antigos. As principais novidades e inovações surgem na informática,
telefonia celular, comunicação e entretenimento, possibilitando um rápido
avanço e diversificação das capacidades de memória, velocidade, armazenamento e
transmissão de dados, captação e transmissão de sinais de modo preciso e
instantâneo.
Estimula-se a compra de novidades
tecnológicas e os consumidores são impulsionados à substituição dos celulares,
computadores, impressoras, TVs, vídeo games, câmeras digitais, MP3, notebooks,
tablets, eletrodomésticos como geladeiras, fornos de microondas, além de
veículos como automóveis e muitos outros produtos onde são indispensáveis
grandes conhecimentos e investimentos em tecnologias, infraestrutura e
logística. Os resíduos tecnológicos não são apenas os eletrônicos, mas também
os eletrodomésticos e todos que são resultado da obsolescência, quase sempre
planejada, funcional ou proveniente de desgastes do uso cotidiano, inclusive
peças de substituição e consertos.
O Instituto Brasileiro de Eco
Tecnologia – Brazilian Institute of Eco Technology - BIET (2010)
define os resíduos tecnológicos “[...] partes, peças componentes ou resíduos
[...] de equipamentos de informática, incluídos a informação neles armazenada e
os aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos”. O Compromisso empresarial
para a Reciclagem – CEMPRE (2010) classifica em três categorias os principais
resíduos tecnológicos que se destacam nos meios ambientes urbanos:
a) Lâmpadas incandescentes,
fluorescentes e leds;
b) Produtos eletroeletrônicos como
eletrodomésticos, telefones celulares, computadores, impressoras,
fotocopiadoras, entre outros;
c) Pilhas e baterias.
A produção, consumo e descarte dos
bens tecnológicos têm um impacto enorme no meio ambiente, desde o garimpo das
muitas matérias primas indispensáveis, aos resíduos industriais e problemas de
saúde pública que podem ter origem em materiais descartados inadequadamente. Em
relação às matérias primas utilizadas na produção, além das mais comuns como o
ferro, alumínio, cobre, estanho, chumbo, resinas e plásticos diversos com
origem no petróleo, há platina, prata, tungstênio, tântalo, ouro, rutênio,
índio e semicondutores como silício, germânio, gálio e selênio.
Muitos materiais são tóxicos e a
sua disposição inadequada nos solos, lixões ou aterros é um desperdício de
recursos naturais não renováveis. Os impactos ambientais são significativos com
a lixiviação das substâncias tóxicas contaminando o solo e atingindo as águas
superficiais e subterrâneas, podendo contaminá-las de modo irreversível. Outro
impacto significativo destes produtos é a necessidade de transporte e de
grandes espaços para armazená-los enquanto aguardam a destinação final.
COMPONENTES - PORCENTAGEM (%)
Ferro – 35 a 40
Cobre – 17
Fibras e plásticos - 15
Alumínio - 7
Papéis e embalagens - 5
Zinco – 4 a 5
Resíduos não recicláveis – 3 a 5
Chumbo – 2 a 3
Ouro 0,0002 a 0,0003
Prata – 0,0003 a 0,001
Platina – 0,00003 a 0,00007
Quadro 1: Composição de uma
tonelada de sucata eletroeletrônica mista.
Fonte: R.Y. Natume e F.S.P.
Sant’Ana (2011).
2 – SEMPRE MAIS
A Associação Brasileira da
Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE informa que em 2010 foram
comercializados no Brasil 10,1 milhões de computadores e 48,8 milhões de
telefones celulares. Anualmente são descartadas 96,8 mil toneladas de
computadores, 100 milhões de lâmpadas fluorescentes e 800 milhões de pilhas.
Considerando o mercado formal, somente 1% destes resíduos é reciclado. A
produção nacional de resíduos tecnológicos é de 2,6 kg/habitante/ano, sendo 40%
de eletrodomésticos. O Brasil é o país emergente em que mais cresce a produção
destes resíduos.
A estatística em torno da
quantidade de resíduos ainda é insuficiente. O que se tem é um relatório da
ONU. No ano passado, foi publicado um relatório com dados de 2005. No trabalho
de pesquisa da organização, chegou-se a valores de meio quilo de resíduos de
computador por habitante, anualmente, no Brasil. Se pensarmos nisso, levando em
conta que temos cerca de 190 milhões de habitantes, teremos 95 milhões de
quilos de resíduos só de computadores. No caso dos televisores, são 0,6 quilos
por habitantes. Se somarmos todos os produtos, produzimos cerca de 300 mil
toneladas por ano de resíduo eletrônico. – Hugo Veit (2010).
No Brasil são produzidas anualmente
800 milhões de pilhas e 17 milhões de baterias. [...] Foram comercializadas em
2007 no país 169 milhões de lâmpadas fluorescentes tubulares, compactas e de
descarga de alta pressão, sendo 65,26% importadas. [...] 100% das lâmpadas
fluorescentes compactas e 80% das lâmpadas fluorescentes tubulares são
importadas. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação –
ABILUX, os resíduos das lâmpadas de vapor de mercúrio, sódio e luz mista podem
contaminar o solo e águas e atingirem as cadeias alimentares. Estas são as
únicas informações que constam no diagnóstico do Plano Nacional de Resíduos
Sólidos sobre as lâmpadas fluorescentes [...]. –Antonio Silvio Hendges (2011).
No planeta, 550 milhões de
computadores tornam-se obsoletos anualmente e diariamente 460 mil deixam de
serem úteis. Os resíduos tecnológicos são aproximadamente 5% dos resíduos
sólidos produzidos, quantidade similar ao das embalagens plásticas. No entanto,
o ritmo de crescimento dos tecnológicos é três vezes superior ao dos resíduos
sólidos urbanos convencionais. São aproximadamente 40 milhões de toneladas/ano
(em 2010).
Em relação aos automóveis, a União
Europeia têm uma legislação que exige (End of Life Vehicles – ELV) 95% dos
veículos sejam reciclados até 2015. No Japão a lei de reciclagem de automóveis
tem a meta de 70% até 2015. Nos EUA a reciclagem dos automóveis também é de aproximadamente
95%. Na Argentina, a partir de 2002 os veículos fora de uso devem ser enviados
para centros específicos para serem reciclados e reaproveitadas as peças ainda
funcionais. Sistema semelhante é adotado na Espanha. No Brasil não há uma
legislação específica e a taxa de reciclagem é de 1,5% da frota que deixa de
circular, sendo o restante destinado para desmanches e ferros velhos,
majoritariamente irregulares em seus licenciamentos ambientais e outros
aspectos legais.
3 – SAÚDE E MEIO AMBIENTE
O descarte inadequado dos resíduos
tecnológicos é um fator de contaminação crônica dos ambientes onde acontecem,
suas adjacências, ou áreas distantes quando substâncias perigosas dos seus
componentes infiltram-se nas águas superficiais ou subterrâneas e nos solos. A
acumulação contínua e a diversidade das substâncias tóxicas podem tornar
difícil o reconhecimento imediato de situações de risco, fragilizando ainda
mais as possibilidades de remediação. Os riscos diretos para a saúde humana são
de cânceres, deformações genéticas, doenças cardíacas, doenças pulmonares,
cirroses e doenças do sistema nervoso central através da bioacumulação e/ou
biomagnificação¹ de metais pesados e outras substâncias: bário, bromo, cádmio,
chumbo, cromo, cobre, mercúrio e outros produtos nocivos à saúde humana e dos
ecossistemas.
PRODUTO – UTILIZAÇÃO - DANOS À
SAÚDE - DANOS AMBIENTAIS
Bário - Painéis frontais dos
monitores de tubos de raios catódicos (CRT) - Doenças do cérebro (inchaço),
doenças musculares (atrofia), doenças cardíacas, do fígado e baço, doenças
respiratórias e da pele. Danos ao sistema nervoso central (SNC) - Bioconcentração
e bioacumulação; a exposição aguda ou crônica pode ser fatal.
Bromo - Computadores e TVs como retardadores de chamas
bromados - Cancerígenos e neurotóxicos; afetam as funções de reprodução - Solúveis
em água, bioacumulativos; incinerados geram dioxinas e furanos.*
Cádmio - Detectores de
infravermelho, resistores, semicondutores; nas versões mais antigas de raios
catódicos - Doenças renais crônicas, cânceres, pneumonite e descalcificação dos
ossos - Bioacumulativos, bioconcentração persistente e tóxica no meio ambiente.
Chumbo - Soldas em circuitos impressos, monitores de
computadores, TVs, tubos de raios catódicos e outros componentes - Danos ao
sistema nervoso, endócrino, cardiovascular e rins, anemia, paralisias,
encefalopatia, convulsões, transtornos mentais. O nome específico da intoxicação
por chumbo é saturnismo - Bioconcentração e bioacumulação nos ecossistemas e
organismos, efeitos tóxicos na fauna, flora e microorganismos.
Cobre - Utilizado em diversos
componentes eletrônicos e tecnológicos - Causa cirrose hepática (fígado),
problemas renais crônicos, irritação do sistema nervoso e depressão; corrosivo
das mucosas - Contamina as águas superficiais e subterrâneas. Portadores da
Doença de Wilson não eliminam o cobre de seus organismos.
Cromo - Utilizados em diversos
componentes tecnológicos - Cáustico, provoca reações alérgicas - Absorção
celular fácil por plantas e animais.
Mercúrio - Termostatos, sensores de
posição, lâmpadas descartáveis, equipamentos médicos, telecomunicações e
transmissão de dados, telefones celulares, placas de circuito impresso,
baterias interruptores, relés - Danos cerebrais cumulativos, inclusive aos
fetos; gengivite, dermatites, insônia, dores de cabeça, convulsões, delírios,
doenças gastrointestinais crônicas (diarreias, vômitos, congestões,
indigestões, inflamações das mucosas, úlceras, faringites, gosto metálico) - Pode
tornar-se solúvel na água. Possui bioconcentração nos ambientes, bioacumulação
e biomagnificação nos níveis tróficos superiores. É um das substâncias mais
nocivas ao meio ambiente e à biodiversidade.
Quadro 2: Danos à saúde humana e ao
meio ambiente das principais substâncias tóxicas presentes nos resíduos
eletrônicos e outros resíduos tecnológicos.
Adaptado de R.Y. Natume e F.S.P.
Sant’Ana (2011). Complementado pelo autor deste artigo.
4 – LIXO VIRTUAL: AS INFORMAÇÕES
ESQUECIDAS
Uma das características dos
resíduos tecnológicos, principalmente os eletrônicos como computadores,
notebooks, netbooks, tablets, impressoras, celulares, smartfones e outros
dispositivos é o armazenamento de informações e dados, inclusive informações
pessoais dos antigos proprietários ou das empresas que substituem os
equipamentos ou mesmo os programas em que está armazenado este ‘lixo virtual’
que, embora os equipamentos ou programas estejam fora de uso ou obsoletos,
continuam disponíveis bastando transferi-las para equipamentos funcionais.
Neste sentido, é imprescindível cuidado para não descartar informações ou dados
sigilosos junto com os equipamentos físicos obsoletos ou desgastados.
À medida que as empresas convertem
seus dados de mídias obsoletas para outras com maior capacidade, os antigos
dispositivos de armazenamento de informações tornam-se um grave e sério
problema. Principalmente pelo material conter informações e dados sigilosos
ainda acessíveis e que possam interessar a terceiros, como também pelo espaço
físico que ocupam. – Reverse, Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos (2012).
A eliminação destes dados é
possível através da desmagnetização dos discos rígidos, fitas, placas de
circuitos, CDs, DVDs e outros dispositivos de armazenamento. A eliminação dos
dados é definitiva e irreversível não sendo mais possível acessar as
informações. Este serviço já está disponível e certamente é uma das
preocupações que as organizações, empresas e consumidores precisam considerar
ao descartarem os seus resíduos: a eliminação dos dados e informações é uma das
etapas indispensáveis deste processo.
5 – ONDE E COMO OS RESÍDUOS
ELETRÔNICOS MORREM… E MATAM!
Uma pesquisa realizada por Eric
Williams constatou que a produção de um computador com monitor de 17 polegadas
e aproximadamente 24 kg necessita de 240 kg de combustíveis fósseis, 20 kg de
produtos químicos diversos, 1500 litros de água, metais e outros produtos,
totalizando aproximadamente 1800 kg em matérias primas (R. Y. Natume e F. S. P.
Sant’Ana, 2011). É possível a reciclagem dos metais e dos plásticos. Para os
metais existem quatro métodos metalúrgicos utilizados para a separação e
valorização destes: pirometalurgia através da fundição transforma as partes
metálicas em uma liga da qual são separados os metais individualmente; hidrometalurgia
dissolve as partes metálicas e através da ionização separa os metais;
processamento mecânico utiliza as diferenças físicas entre as substâncias para
separá-las; eletrometalurgia dissolve os metais em uma solução iônica,
separando-os em células individuais.
Os plásticos seguem três rotas de
reciclagem: reciclagem energética que baseia-se no princípio de que os
plásticos tem origem no petróleo e que são combustíveis que podem ser queimados
para a valorização energética; reciclagem química que transforma os plásticos
novamente em produtos petroquímicos e utiliza estes como matéria prima para
novos produtos; reciclagem mecânica que é a mais utilizada, separam-se os
plásticos por tipos e após triturá-los são encaminhados para a indústria onde
são fabricadas novas peças ou produtos. Portanto, a reciclagem dos resíduos
tecnológicos requer processos técnicos e profissionais que inviabilizam a
implantação de empreendimentos informais, sendo indispensável o estudo dos
impactos ambientais e o licenciamento, inclusive ambiental, adequado.
Grande parte dos resíduos
eletrônicos dos EUA, Canadá, Austrália, Japão e países europeus – 50 a 80% são
enviados em navios e contêineres para países como a Índia, Paquistão, China,
Taiwan, Indonésia, Malásia, Nigéria e Gana onde os custos de processamento são
muito menores: dez vezes menores na Índia que nos Estados Unidos. Uma agência
do Governo da Califórnia afirmou que em 2006 o Brasil recebeu aproximadamente
1000 toneladas de resíduos eletrônicos dos EUA, no entanto o Ministério do Meio
Ambiente brasileiro não reconhece o país como receptor destes equipamentos
descartados.
PAÍS - CIDADE - VOLUME
RECEBIDO
China - Guiyu (junto com Indonésia, Malásia e Taiwan) - 80% do volume dos EUA
Gana - Acra (Junto com Lagos) - 15% do volume mundial
Índia - Nova Delhi - 15%
do volume mundial
Nigéria - Lagos (junto com Acra) - 15% do volume mundial
Paquistão - Karachy - 10%
do volume mundial.
Quadro 3: Principais destinos dos
resíduos eletrônicos produzidos nos países centrais.
Adaptado de Revista Galileu (2012).
Na Nigéria e Gana, 75% dos
equipamentos não podem ser consertados e acabam enviados para aterros e lixões
onde muitas vezes são queimados, aumentando os impactos ambientais e na saúde
das populações locais. Em Nova Delhi, a desmontagem é realizada em ruas
secundárias nas regiões de comércio de eletrônicos, sendo o trabalho realizado
por homens, mulheres e crianças sem equipamentos de proteção pessoal ou
direitos. Na cidade de Guiyu os resíduos são desmontados manualmente, sendo uma
das principais atividades econômicas da população. As águas estão contaminadas
e os níveis de contaminação por chumbo e outros metais pesados são elevados e
reconhecidos. Em Pequim e Tianjin existem favelas dedicadas ao desmanche de
resíduos eletrônicos, enviados após para Guiyu. Em Karachy a mão de obra
infantil é muito utilizada para a desmontagem dos equipamentos.
Indispensável destacar que esta
exportação dos resíduos eletrônicos viola completamente a Convenção de Basiléia
de 1994 que assinada por quase todos os países (uma exceção é os EUA) proibiu a
exportação de resíduos perigosos dos países ricos para os pobres, incluindo-se
os destinados à reciclagem.
6 – PLANOS DE GERENCIAMENTO DOS
RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS E TECNOLÓGICOS
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos, PNRS – Lei 12.305/2010 e Decreto 7.404/2010 estabelecem a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre os
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poderes
públicos através de atribuições individualizadas e encadeadas e que visem
minimizar os volumes de resíduos e os impactos ao meio ambiente e à saúde.
Também é estabelecida a logística reversa, com retorno dos produtos após o uso
pelos consumidores de modo independente dos serviços públicos de limpeza urbana
para os produtos eletroeletrônicos e seus componentes, pilhas, baterias e
lâmpadas de sódio, mercúrio e luz mista. A logística reversa será estabelecida
através de acordos setoriais ou termos de compromisso entre os poderes
públicos, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.
Também são estabelecidos pela PNRS
os planos de gerenciamento de resíduos sólidos, conjunto de ações exercidas
direta ou indiretamente nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento, destinação dos resíduos e disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos, possibilitando a gestão integrada com as dimensões políticas,
econômicas, ambientais, culturais e sociais para a afirmação do desenvolvimento
sustentável. Neste sentido os estabelecimentos comerciais, prestação de
serviços, empresas, instituições e outros geradores de resíduos eletrônicos
devem estabelecer estes planos como instrumentos gerenciais e legais,
considerando que estes por sua natureza, composição e volume não podem ser
equiparados aos resíduos domiciliares ou outros de responsabilidade dos poderes
públicos.
Em relação aos acordos setoriais, o
Ministério do Meio Ambiente através do Comitê Orientador para Implantação de
Sistemas de Logística Reversa – CORI no Edital 01/2012 tornou público o
chamamento para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de
lâmpadas de vapor de sódio, mercúrio e luz mista para a elaboração de proposta
de acordo setorial com objetivo de implantação de sistema de logística reversa
de abrangência nacional. O edital foi publicado em 04 de julho de 2012 e as
propostas serão apresentadas em até 180 dias da publicação. Em relação aos
resíduos eletroeletrônicos, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – SEMA do Paraná lançou o Edital de Chamamento 01/2012 em 09 de agosto
de 2012 para a apresentação de propostas para a implantação de sistemas de
logística reversa dos resíduos previstos na Lei 12.305/2010, inclusive os
eletroeletrônicos, seus componentes e outros resíduos tecnológicos como pilhas,
baterias, lâmpadas diversas, baterias automotivas e resíduos da indústria
automobilística. Em breve deve ser lançado um edital nacional relacionado com a
responsabilidade compartilhada e a logística reversa destes equipamentos.
Bioacumulação é a
transferência de contaminantes do meio ambiente externo para um determinado
organismo. Biomagnificação é o aumento dos contaminantes nos tecidos dos
organismos dos níveis tróficos superiores. É a transferência dos contaminantes
ao longo de uma cadeia alimentar. A bioconcentração é o aumento de
contaminantes diretamente no ambiente ou ecossistema (hidrosfera, litosfera,
atmosfera).
As dioxinas e furanos: Pesquisas têm mostrado que
esses compostos não ocorrem naturalmente e são originados principalmente nas
atividades industriais, principalmente no século XX. São formados como
subprodutos não intencionais de vários processos envolvendo o cloro,
substâncias ou materiais que o contenham como a produção de diversos produtos
químicos, em especial os pesticidas, branqueamento de papel e celulose,
incineração de resíduos, incêndios, processos de combustão (incineração de
resíduos de serviços de saúde, incineração de lixo urbano, incineração de
resíduos industriais, veículos automotores) e outros. Estudos realizados em
várias espécies animais, roedores, cobaias, coelhos, macacos e gado são
suficientes para demonstrar que o sistema imune é alvo para as dioxinas e
furanos. O efeito desses compostos no sistema reprodutivo tem sido reconhecido
há vários anos, considerando-se inclusive que este pode estar entre os “end
points” mais sensíveis da dioxina. Os estudos em animais de laboratório
têm demonstrado que a dioxina é carcinogênica em vários pontos do organismo, em
ambos os sexos e em diversas espécies. Vários estudos indicam que, em grande
parte, os humanos parecem responder semelhantemente aos animais submetidos a
teste, no que diz respeito aos efeitos bioquímicos e carcinogênicos das
dioxinas e furanos. (EcoDebate)