O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Escolhendo um parto seguro
Doulas, mãos amigas
O nome é um pouco estranho, pouca gente ouve falar, mas a presença de uma doula pode fazer toda a diferença no momento do parto. Isso mesmo, o nome que se dá à mulher que acompanha a gestante no momento em que ela dá a luz - que você provavelmente já deve ter visto em filmes e novelas - é doula. A palavra vem do grego e seu significado original é "mulher que serve".Cesariana X parto normal
Já ouviu falar em doulas?
Conheça essas companheiras das futuras mamães.
Desmistificar o parto
Antes de decidir qual parto escolher, é preciso desmistificar algumas questões: O trabalho de parto normal é doloroso e a recuperação da cesariana também. Certo? Errado. Segundo os especialistas, o pós-parto cesariano não precisa ser algo sofrido. "Já estão disponíveis no mercado analgésicos eficientes, seguros e que não interferem na amamentação", revela Fábio. Por outro lado, alguns procedimentos também ajudam a minimizar a dor do parto normal. "No momento adequado, é possível realizar anestesia/analgesia com alívio significativo da dor", garante Edílson. Mulheres que já fizeram uma cesariana não podem se submeter ao parto normal? "Sim, elas podem. Mas o parto deve ser muito bem conduzido, pois como o útero apresenta uma cicatriz prévia há um risco maior de ela se romper durante as contrações para a expulsão do bebê", alerta Cássio. E Fábio adverte: "No caso da realização de duas cesáreas anteriores ou mais, desaconselha-se o parto vaginal por risco maior à mãe e ao próprio bebê". Parto normal pode levar a um afrouxamento dos músculos vaginais, interferindo no prazer sexual? "Ainda que exista essa possibilidade, esse afrouxamento depende de muitos fatores e não apenas do parto vaginal", garante Luciano. "Mesmo quando ocorre a ruptura da musculatura pélvica não há nenhuma interferência no prazer sexual. O que pode ocorrer são outros problemas posteriores como incontinência urinária", completa Cássio. Mulheres com mais de 35 anos devem recorrer à cesariana? "Não existe indicação de cesárea tendo como único fator a idade. Acontece que quanto mais velha for a mãe, maior o risco de apresentar hipertensão, diabetes e outras doenças que poderiam complicar a gestação, motivando, então, um parto cesárea", finaliza Edílson. Converse com seu médico, esclareça suas dúvidas, analise as possibilidades de realização de um parto normal e escolha aquele em que você se sentirá mais à vontade. Boa sorte! Falta pouco para o filhote chegar ao mundo. Leia também: Parto sem dor:- Relaxe, mamãe: dar à luz não é mais sinônimo de sofrimento. Estrias:- Um guia completo de como prevenir e tratar as incômodas marquinhas. É chegada a hora:- Saiba como identificar se você entrou em trabalho de parto. (bolsademulher)
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Aquífero Alter do Chão
Aquífero Alter do Chão tem água suficiente para abastecer população mundial Uma enorme dimensão física formada por fauna, flora, rios e diversos ecossistemas, componentes fundamentais de manutenção do equilíbrio dinâmico da Terra e de relevância estratégica para toda a humanidade: não é de hoje que a região amazônica atrai olhares do mundo inteiro. A biodiversidade da maior floresta tropical do planeta é tida como uma fonte inestimável de possibilidades econômicas à espera de estudos e descobertas. E é nesse cenário que se localiza o Aquífero Alter do Chão, uma reserva com cerca de 86,4 quatrilhões de litros de água subterrânea, suficiente para abastecer a população mundial em cerca de 100 vezes. É isso mesmo: 86,4 quatrilhões de litros de água potável, localizados em uma formação geológica sob os Estados do Amazonas, Pará e Amapá. Esse número impressionante foi obtido com base em pesquisas realizadas pelo professor André Montenegro Duarte, do Instituto de Tecnologia, da Universidade Federal do Pará, como resultado da sua tese de Doutorado em Geociências, que investigou a potencialidade das águas na Amazônia. A tese, orientada pelo professor Francisco Matos de Abreu, do Instituto de Geociências da UFPA, indicou números preliminares, os quais ainda necessitam de confirmação. O Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos, integrado por André Montenegro, Francisco Matos e ainda pelos pesquisadores Milton Mata (UFPA), Mário Ribeiro (UFPA) e Itabaraci Nazareno (Universidade Federal do Ceará/UFC), prossegue as investigações, mas necessita de recursos financeiros para confirmar as informações iniciais reunidas com base no cruzamento de dados provenientes da perfuração de poços para a pesquisa petrolífera e poços de extração de água construídos em Santarém, Manaus e outras localidades. “Os poços da pesquisa de petróleo perfurados pela Petrobras, por exemplo, foram fontes importantes de informação, porque, sendo bastante profundos, fornecem indicações sobre a espessura dos aquíferos. Já com os poços para abastecimento, chegamos a parâmetros hidrogeológicos fundamentais para se ter ideia do volume e da produtividade de água do Alter do Chão”, explica o orientador da pesquisa, professor Francisco Matos. Cerca de 40% do abastecimento de água de Manaus é originário do aquífero Alter do Chão, como também é o caso de Santarém e de outras cidades situadas sobre a Bacia Sedimentar Amazônica. Protegida da contaminação O aquífero é um tipo de formação geológica capaz de armazenar e liberar a água. Há outras unidades que podem armazenar, mas não permitem que a água que está dentro delas seja utilizada. Para fazer uma analogia, o aquífero seria como uma esponja, como as que servem para lavar louças em casa. A esponja fica cheia d’água, mas se ela for movimentada ou pressionada, a substância é liberada. O nome Alter do Chão se dá em referência a uma das mais belas praias do País, situada na região de Santarém. Segundo Francisco Matos, a existência desse aquífero já é conhecida na literatura da área desde a década de 50. “Ainda não temos uma avaliação exata sobre a sua real extensão e a quantidade de água que contém. A novidade da pesquisa de André Montenegro é, justamente, o valor apontado de 86,4 quatrilhões de litros de água, que é, realmente, uma coisa fabulosa em termos de reserva”, ressalta o professor Francisco Matos. As águas subterrâneas representam a maioria das águas no mundo. “Se você pensar, por exemplo, no caso da Amazônia, as águas visíveis, ou seja, as contidas nos rios, lagos, chuvas, representam 16% do total existente, enquanto 84% correspondem à água subterrânea”, explica o professor. Isso quer dizer que os aquíferos são grandes depósitos de água de qualidade, pois as águas subterrâneas são muito mais protegidas do que as águas superficiais, uma vez que estão menos sujeitas a processos externos de contaminação. É assim que os aquíferos da Amazônia, na relação que estabelecem com as outras formas de ocorrência de água, dentro do chamado ciclo hidrológico, agregam grande valor ambiental, econômico e estratégico. Além do Alter do Chão, outro aquífero importante na região é o denominado Pirabas, situado em profundidades entre 100 e 120 metros. Ele oferece água de excelente qualidade na Região Metropolitana de Belém e é responsável por, aproximadamente, 20% do abastecimento público. No Brasil, há outros aquíferos importantes, como é o caso do Guarani, considerado o maior aquífero nacional e com grande valor estratégico, pois está em uma região com grande demanda de água, abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo-se à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai. No Nordeste, estão os aquíferos Urucuia (BA), Serra Grande(PI) e Cabeças (MA). Valor estratégico da reserva Extrapolando o contexto amazônico e analisando o contexto mundial, a água é um recurso que, em grande parte do planeta, está se tornando escasso. Do total de água existente no mundo, 97,5% são de águas que se encontram nos oceanos, ou seja, água salgada, restando apenas 2,5% de água doce, dos quais, 1,75% se encontra em calotas e geleiras polares. Sobra, portanto, tão somente 0,75% que ainda precisa ser repartido entre cerca de seis bilhões de pessoas (total de habitantes da Terra). Em se tratando dessa escassez, o pesquisador da UFPA André Montenegro Duarte, com base nas pesquisas realizadas acerca do aquífero Alter do Chão, propõe um conceito que visa a preservação das águas mundiais denominado valor do “não uso”. Esse conceito surgiu há, mais ou menos, 60 anos, mas ainda é muito pouco difundido, tanto no meio econômico como na sociedade em geral. A definição parte do princípio de que os recursos naturais têm um valor de uso, direto ou indireto, como é o caso da água e, o de “não uso”, que é o valor de existência desse bem. Isso quer dizer que o recurso ganha valor e importância pelo simples fato de ser mantido na natureza. “Para citar um exemplo, pensemos no Rio Amazonas, cuja extensão é imensa. Além dos recursos em fauna e flora que nele podemos encontrar ou mesmo da própria água que contém, o Rio tem um imenso potencial de transporte. Esses aspectos lhe conferem valor econômico. E justamente devido à riqueza que oferece, o Rio Amazonas também tem valor só por existir”, explica André Montenegro. No caso do aquífero Alter do Chão, as dimensões impressionantes que possui permitem que seja utilizado de forma sustentável como recurso econômico e, ao mesmo tempo, como reserva estratégica. Em outras palavras, o conceito do “não uso” gira em torno da consciência da sociedade de que o recurso natural pode ter uma grande valia por ser preservado. E complementa o pesquisador: “o mundo, e a Amazônia de um modo especial, não pode ser visto apenas como um local do qual se retira o que se precisa ou o que pode gerar lucro, uma vez que é um sistema muito suscetível a danos. É grandioso, mas muito frágil. Nós temos tanta abundância de recursos naturais que o ‘não uso’ deles pode possibilitar uma agregação de valor e uma lógica econômica que privilegie um desenvolvimento mais justo e igualitário”. A UFPA tem trabalhado para gerar essa consciência. (EcoDebate)
Água e terra são preciososidades
Terra e Água Partilhada
Água de lastro
O desafio da água na árida Austrália
sábado, 25 de setembro de 2010
O planeta está secando
Demanda por água na América Latina
Que tipo de água está em sua mesa?
Segundo os especialistas, cerca de 70% do corpo humano é formado por água. Ela é essencial para o transporte de alimentos, de oxigênio e de sais minerais, além de estar presente em todas as secreções (como o suor e a lágrima), no plasma sanguíneo, nas articulações, nos sistemas respiratório, digestivo e nervoso, na urina e na pele. Por isso é recomendado que um ser humano adulto tome, em média, dois litros e meio de água por dia. Para suprir a sua necessidade diária e por não confiar na qualidade da água do abastecimento público, boa parte da população recorre à água mineral.
Mas o que é uma água mineral? Qual a diferença desse tipo de água para águas comuns, provindas de lençóis freáticos? Será que o que nos é vendido realmente atende aos padrões mínimos para ser considerado água mineral? Responder a esses questionamentos é o objetivo da Pesquisa “As Águas Minerais na Região Metropolitana de Belém: diagnósticos e proposições técnicas e sociais”.
O Projeto, coordenado pelo professor Milton Matta, do Instituto de Geociências, foi motivado a partir de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual o aluno Desaix Paulo Balieiro Silva propôs-se a coletar amostras de águas nas fontes de quatro das principais empresas de água mineral de Belém: Belágua, Nossa Água, Mar Doce e Indaiá, e compará-las com amostras de água tirada de garrafas comuns das mesmas marcas, compradas em supermercados, porque, assim, seria possível verificar como os processos físico-químicos se modificam depois da retirada da água, do envasamento e da venda. Para a surpresa dos pesquisadores, foi constatado que nenhuma das águas poderia ser classificada como “água mineral”, mas como uma “água potável de mesa”.
Na época da defesa do TCC, em 2005, o professor Milton Matta foi intimado a prestar depoimento no Ministério Público, acerca desse problema. O Ministério Público emitiu uma notificação dando prazo de 20 dias para que as empresas relacionadas se pronunciassem e tomou providências após ouvir as partes interessadas. Agora, o Ministério Público Federal, no Pará, formalizou o pedido de mudança nos rótulos das garrafas de água potável que estão sendo vendidas como água mineral no Estado. De acordo com o procurador federal Bruno Araújo Soares Valente, a fraude foi descoberta a partir do estudo realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Ministério Público comprova irregularidades
De acordo com o Ministério Público, novas irregularidades foram encontradas em outras marcas de águas vendidas no Pará. De acordo com o Código das Águas Minerais, aprovado no ano de 1945, “para que seja considerada água mineral, ela precisa ter determinadas substâncias, em determinada quantidade, que possuam uma ação terapêutica comprovada. Isso não é constatado nessas águas”, disse Desaix Silva.
Por isso, baseado nessa pesquisa, o professor Milton Matta elaborou um projeto que visa estudar oito grandes marcas de água da Região Metropolitana de Belém, sobre diversos aspectos, tanto geológicos quanto sob o ponto de vista da engenharia sanitária, a fim de atestar vários fatores que podem estar interferindo na qualidade da água vendida como mineral.
Mas qual a diferença entre uma “água mineral” e uma “água potável de mesa”? Segundo o Artigo 1° do “Código de Águas Minerais” do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), as “águas minerais são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas, que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação medicamentosa”. Já o Artigo 3° do Código diz que águas potáveis de mesa são as águas de composição normal, provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas, que preencham tão somente as condições de potabilidade para a região. Dentro desses parâmetros, as águas coletadas eram “águas potáveis de mesa”.
Essa similaridade foi facilmente identificada, pois o professor Milton Matta já tinha estudos com as águas de Belém e os resultados foram os mesmos. “Em minha tese de doutorado, em 2002, estudei as águas subterrâneas da região de Belém e de Ananindeua, e conheço-as muito bem. Então, as águas ditas minerais, das quatro marcas analisadas, apresentam, exatamente, a mesma composição que águas subterrâneas comuns de Belém. Nenhuma delas era diferente”, afirma o professor.
Potável ou mineral?
Mas qual a desvantagem de classificar o seu produto como água potável de mesa e não como água mineral? É o mercado e o apelo comercial. O professor Milton Matta comenta que as empresas preferem classificar as águas como minerais para trazer maior credibilidade e apelo comercial ao seu produto. Mas isso não é razoável, porque as pessoas, de uma maneira geral, não tomam água mineral por causa da mineralização, mas pela sua potabilidade.
Um fator que deve ser levado em conta para a classificação da água como mineral é a ação medicamentosa que essa água proporciona. E nenhuma das águas analisadas apresentava qualquer tipo de ação dessa natureza. Segundo Milton Matta, não existe nenhum problema no processo de extração, envasamento e comercialização da água, pelo menos em uma das fábricas que deu acesso aos estudantes. “Eu vi o trabalho que eles fazem lá, desde a captação até o engarrafamento. Não há nenhum problema com eles.”
O Projeto tem duração de 12 meses, e a proposta é que ele seja feito durante um ciclo hidrológico completo, com coletas de água tanto durante as estações secas, quanto durante as estações chuvosas. Para desenvolver a pesquisa, foram elaborados dez planos de trabalho, que serão executados por dez alunos, cinco de Geologia e cinco de Engenharia Sanitária. Cada aluno será orientado por um dos sete professores envolvidos no Projeto, entre eles, o próprio Milton Matta.
Assim, será possível apresentar um resultado mais abalizado com relação à qualidade das águas minerais vendidas em Belém, levando em consideração diversos parâmetros, como pH, salinidade, condutibilidade hidráulica, sódio total dissolvido, transparência, turbidez, dureza, oxigênio dissolvido, temperatura, nitrogênio, cloretos, ferro, oxigênio consumido e coliformes, critérios importantes para a comercialização e a garantia de qualidade. Dessa forma, também é possível reafirmar se as águas são realmente minerais ou não.
O Projeto das águas minerais conta com a parceria do governo do Estado do Pará, do Conselho Regional de Engenharia, do Departamento Nacional de Produção Mineral, do Ministério Público, da Agência Brasileira de Água Mineral, do Congresso de Interação da Sociosfera da Amazônia, além da parceria das próprias empresas de água mineral. Dessa maneira, todos sairão ganhando: as empresas, pois ficaria comprovada a qualidade das águas comercializadas; a sociedade, que obtém informações sobre a qualidade das águas que consome e a comunidade científica, que realiza pesquisas importantes na área.
O perigo da água ácida
Outro aspecto que tem interessado o professor Milton Matta é em relação ao pH das águas minerais vendidas em Belém. Para o professor, esse é um problema importante. “Se você pegar qualquer garrafinha de água mineral, o pH varia de 3,6 a 4,2. Ora, isso é ácido. O pH tinha que ser entre 6.5 e 8.5, segundo a legislação vigente”. O pesquisador conta que, em longo prazo, o consumo frequente de uma água com característica tão ácida pode causar diversos males, como gastrite, úlcera, câncer estomacal. De acordo com o professor, essa não é uma característica somente das águas minerais, isso acontece com todas as águas da Amazônia. De uma maneira geral, as águas da região são ácidas, quer sejam de poços, de rios, quer sejam minerais. Um outro projeto que está sendo elaborado pela Faculdade de Geologia, em parceria com a área de Medicina, estudará, exatamente, os casos de doenças causadas pelas águas ácidas da Amazônia, entre outras doenças de veiculação hídrica. (EcoDebate)Acesso e controle da água do Rio Indus
Água, fonte de tensão entre Índia e Paquistão – Islamabad teme que construção de hidrelétrica dê a Nova Délhi o poder de manipular a água do Rio Indus e afluentes, que abastecem a região agrícola paquistanesa
Em Bandipore, neste vale do alto Himalaia, do lado da Caxemira, uma nova linha de batalha entre Índia e Paquistão foi traçada. Desta vez não é por causa da terra, que vem sendo disputada desde a sangrenta divisão da Índia Britânica, em 1947, mas pela água que desce dos glaciares para os campos ressecados do centro agrícola do Paquistão.
Os trabalhadores indianos estão com pressa, construindo uma caríssima hidrelétrica num vale próximo, um dos diversos projetos da Índia para os próximos dez anos para impulsionar sua economia que cresce rapidamente, mas carece de energia.
No Paquistão, o projeto vem provocando temores de que sua arquirrival, onde se encontram as nascentes dos rios, terá o poder de manipular a água que abastece toda a região agrícola paquistanesa, que representa um quarto da sua economia e emprega metade da população.
Em maio, o caso foi levado à Corte Internacional de Arbitragem. A água é hoje uma fonte crescente de tensão entre países que lutam para crescer. Diversos países africanos estão numa intensa discussão sobre os direitos à água do Nilo. Israel e Jordânia reivindicam o Rio Jordão. Por toda a região do Himalaia, os próprios projetos de hidrelétricas da China estão preocupando a Índia, sua rival na busca do poder regional, e mesmo global.
A disputa entre Paquistão e Índia vem acrescentar mais volatilidade num momento crucial para um dos mais delicados relacionamentos entre dois países que possuem armas nucleares e se estranham profundamente. A disputa pode perturbar as delicadas negociações para uma retomada de conversações de paz paralisadas desde que militantes paquistaneses mataram 163 pessoas nos atentados de Mumbai, em 2008. Os EUA mostram-se particularmente ansiosos para acalmar as tensões, de modo que o Paquistão possa desviar suas tropas da fronteira com a Índia para sua fronteira com o Afeganistão, para combater o Taleban. Nacionalistas anti-Índia e militantes no Paquistão apoderaram-se do problema como uma nova fonte de cólera para perpetuar 60 anos de antagonismos.
Jamaat-u-Dawa, braço do grupo militante Lashkar-i-Taiba, responsável pelos ataques em Mumbai, já adaptou seu trabalho de relações públicas para circunscrevê-lo a essa disputa sobre a água, pois até agora concentrava-se nas reivindicações de terra para a Caxemira.
Com suas populações se expandindo rapidamente, a água é crucial para os dois países. O Paquistão tem o maior sistema de irrigação contíguo do mundo, dizem especialistas da área. E tornou-se um terreno fértil para o recrutamento de grupos militantes, que se aproveitam da falta de oportunidades e o sentimento anti-Índia cada vez mais intenso. Os rios que atravessam o Punjab, a mais populosa província do Paquistão e centro da sua indústria agrícola, são a salvação do país. As altercações sobre o uso dos rios têm a ver com seus temores em relação a seu vizinho maior e mais forte.
No caso da Índia, as novas hidrelétricas são vitais para utilizar a água do Himalaia e pôr fim à grave escassez de energia que emperra sua economia.
Cerca de 40% da população da Índia não tem energia elétrica e a falta de eletricidade é um obstáculo para a indústria. A barragem de Kishenganga é uma parte crucial dos planos da Índia para resolver o problema.
O projeto indiano vem sendo arquitetado há décadas e se enquadra num tratado de 50 anos que divide o Rio Indus entre os dois países.
“O tratado funcionou bem no passado, em grande parte porque os indianos não estavam fazendo nenhuma construção”, diz John Briscoe, da Universidade Harvard. “Desta vez, há uma bateria de projetos hídricos.” O tratado, resultado de uma década de negociações que se encerraram em 1960, dá ao Paquistão 80% das águas do Rio Indus e seus afluentes, uma proporção que os nacionalistas no Paquistão costumam esquecer. A Índia tem permissão para usar parte da água para a agricultura, água potável e também geração de energia, desde que não armazene demais.
Embora a represa de Kishenganga esteja autorizada pelo tratado, a disputa é sobre como ela deve ser construída e como será a distribuição da água. O Paquistão alega que, a drenagem na base na represa permitirá à India manipular o fluxo de água quando desejar, por exemplo, durante um período de plantio.
A Índia rejeita as alegações de tentou roubar água. O secretário do Exterior da Índia, Nipurama Rao, qualificou as afirmações de “propaganda nacionalista”, acrescentando que “o mito do roubo de água não passaria num exame racional do caso”. Especialistas concordam, mas dizem que o Paquistão tem um motivo legítimo de preocupação. O problema, na verdade, tem a ver com o tempo. Se a Índia decidir encher suas represas num momento vital para a agricultura do Paquistão, poderá arruinar as plantações paquistanesas. Em Bandipore, onde engenheiros e operários trabalham longos turnos para construir a hidrelétrica e um túnel para a esperada barragem, o trabalho não tem a ver só com eletricidade, mas é uma questão de orgulho nacional. (EcoDebate)Finalmente, água é direito humano
Dia 28 de Julho de 2010 a água potável e o saneamento ambiental foram reconhecidos pela ONU como um direito humano. Uma aberração necessária para os tempos atuais.
Muito dessa conquista se deve à Bolívia. Desde a “Guerra pela água de Cochabamba”, quando uma multidão ocupou as ruas da cidade e retomou o serviço público de água das mãos de uma transnacional, criou-se na Bolívia um bloco de forças que seria decisivo para a chegada de Evo Morales ao poder. Evo criou o Ministério das Águas e nomeou Pablo Solón como ministro, agora embaixador junto à ONU. Foi ele quem apresentou a proposta de resolução na ONU, ratificada por vários países, finalmente aprovada com muitas abstenções.
Mas a luta não foi só Boliviana. Aqui no Brasil temos insistido nessa questão desde a Campanha da Fraternidade da Água de 2004. Desde então, várias Igrejas, ONGS, Movimentos Sociais, tem feito essa luta no Brasil e articuladamente pelo mundo afora.
Porém, reconhecer o direito é apenas um passo. Torná-lo efetivo para um bilhão de pessoas que não tem acesso à água potável ao redor do mundo, ou aos 2,6 bilhões que não tem acesso ao saneamento, é um desafio monumental e sombrio. A crise da água se alastra pelo seu sobre uso no mundo inteiro, particularmente na agricultura irrigada, além da poluição e depredação de mananciais de superfície e subterrâneos.
O Brasil é um dos países mais ricos em água no globo terrestre e todos os dias chegam novas notícias, como a descoberta do Aquífero Alter do Chão, no subsolo amazônico, maior que o Guarani. Portanto, temos água em abundância. Não precisávamos ficar na retranca, lutando ao lado dos que sempre combateram o direito à água. O Brasil sempre foi uma vergonha nos Fóruns Mundiais da Água, aliando-se ao mundo das transnacionais e governos que querem fazer da água apenas uma mercadoria.
Enfim, uma boa nova e um desafio oceânico pela frente (EcoDebate)Perigo, perdemos água doce
A água doce continua se esgotando. O recente desprendimento do glaciar Jakobshavn Isbrae na Groenlândia, uma massa de gelo de sete quilômetros, reforça as advertências sobre os perigos que significa a perda desse recurso essencial para a vida.
Cientistas asseguram que o aumento da temperatura global, como resultado da mudança climática, é uma das causas da diminuição destas massas geladas que contêm 74 por cento da água doce do planeta. O que ocorreu nesta ilha localizada no norte ocorre em todos os continentes: nos Andes e no Himalaya, nas Rocosas e nos Alpes.
O glaciar Chacaltaya na cordilheira andina, na Bolívia, com 18 mil anos de existência desapareceu antes de 2015, data estimada pelos cientistas para o colapso desta massa gelada.
Foi a pista de esqui mais alta do mundo, a cinco mil 300 metros acima do nível do mar, e agora apenas algumas placas de gelo isoladas sobrevivem na elevada montanha.
Na Europa, a superfície congelada dos Pirineus na vertente espanhola diminuiu de mil 779 hectares, desde o ano 1894, a 290 hectares, até 2000.
Igualmente, o último glaciar da Indonésia, o Puncak Jaya, se derrete a ritmo acelerado, afirmou o cientista estadunidense Lonnie Thompson, pesquisador de glaciares, quem teme que seu ocaso seja em poucos anos e não em décadas, como calculava até recentemente.
No entanto, a organização ambientalista Greenpeace confirmou que boa parte dos 20 mil quilômetros quadrados de glaciares entre a Argentina e o Chile tem sofrido um severo afinamento e um sério retrocesso de vários quilômetros.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Especialistas em Mudança Climática, a média da temperatura global nos últimos 100 anos aumentou 0,74 graus e a coberta de gelos permanentes e neve decresceu a escala global.
Assegura que o aquecimento poderia aumentar os riscos de mortalidade, contaminação, catástrofes naturais e doenças infecciosas`.
Indica, ademais, que dos últimos 12 anos, 11 foram os mais calorosos desde 1850 e se prevê que o aumento vai prosseguir neste século.
Cada vez são mais freqüentes as notícias sobre semelhante desastre, nenhuma anuncia a formação de um novo casquete de gelo nem glaciar.
Se deixassem de existir se perderia o maior reservatório de água doce do mundo. A humanidade contaria apenas com a pequena porcentagem desse líquido que se encontra nos rios, lagos e em aquíferos subterrâneos.
Mas, outros perigos espreitam também: a contaminação e seu mau manejo.
Todos os estudos apontam a que os seres humanos em seu afã de desenvolvimento – onde prima o consumismo – esgotam de forma acelerada os recursos do planeta que lhe são indispensáveis para viver.
Lamentavelmente este desenfreio obriga a recordar a frase do comediógrafo latino Tito Maccio Plauto (254 a. C. – 184 a. C.) em sua obra Asinaria: `homo homini lupus est` (o homem é o lobo do homem).
Tomara, logo iremos à de Séneca que, como contraponto, escreveu que ‘o homem é algo sagrado para o homem’. O importante é que a água doce ou potável é cada vez mais escassa.
O mesmo perde-se em campos de golfe, os quais podem chegar a consumir a mesma quantidade de água que uma cidade de 20 mil habitantes; ou contamina-se com a exploração de ouro, que ocasiona o despejamento de toneladas de mercúrio nos rios e lagos, ou com os dejetos de dissimiles indústrias.
A isso se acrescenta a construção de enormes represas hidroelétricas sem estudo de impacto ambiental, inclusive com ele, que roubam a água aos rios que vêem estreitar a velocidade incrível seus volumes, como ocorre com o Colorado, nos Estados Unidos.
Atualmente, mais de 40 mil represas retêm a água potável do mundo inteiro, e ao redor de 500 mil quilômetros de rios foram dragados e canalizados para a navegação.
Por outro lado, as zonas úmidas, que jogam um importante papel no ciclo da água, também vão cedendo espaço aos desmandos dos seres humanos.
Nestes momentos, as de Louisiana e do Mississipi, no sul dos Estados Unidos, apresentam severos danos por causa do derramamento de petróleo depois do acidente da plataforma da British Petroleum no Golfo do México.
Enquanto aumenta o consumismo com suas desastrosas conseqüências e adoece o recurso hídrico, nem as chuvas, nem os glaciares, nem as marismas podem repô-la.
Juntamente ao esgotamento da água crescem os alertas sobre uma guerra por sua partilha porque cada vez são menos aqueles que desfrutam de seus benefícios.
Diversas fontes indicam que uma pessoa em cada cinco já não tem acesso à água potável e uma em cada três não dispõe de meios de saneamento adequados.
No entanto, sua demanda a nível mundial dobra a cada 20 anos pelo aumento da população e estima-se que para 2025 duas em cada três pessoas poderiam carecer do precioso recurso.
Tal contexto poderia derivar em conflitos internacionais, pois alguns países tratariam de desviar água de seus vizinhos para si.
E é que 40% da população do planeta se nutrem de água de bacias hidrográficas internacionais que compartilham dois ou mais países, e para isso quase não existem tratados que permitam a distribuição eqüitativa, apesar de que desde 1820 foram assinados no mundo mais de 400.
A competição para controlar e explorar de forma privada a água – ainda que se possa considerá-la como um patrimônio comum da humanidade – também será um detonante de uma possível guerra.
Para evitá-la, bem como para conservar a espécie humana e a natureza que lhe dá vida, os chamados a proteger ao planeta e seus recursos crescem.
Ouvidos surdos prevalecem entre os responsáveis pela depredação humana que descansa em um sistema que, por sua vez, sustenta-se do consumismo desmedido.
‘Ou morre o capitalismo ou morre a Mãe Terra’, preveniu em abril passado o presidente da Bolívia, Evo Morales, anfitrião da Cúpula sobre Mudança Climática, organizada por seu governo junto aos povos indígenas e movimentos sociais.
O presidente alertou que o mundo está agora em uma ‘encruzilhada definitiva’ entre o capitalismo e a vida em harmonia com a natureza. (EcoDebate)quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A terra está secando
Alter do chão
Há cerca de 50 anos se tem conhecimento da existência do Aquífero Alter do chão. No entanto, a partir da sua tese, o professor André Montenegro Duarte descobriu que este reservatório tem, aproximadamente, 84 quatrilhões de litros de água, duas vezes o volume do Aquífero Guarani, no sul do Brasil. Na entrevista que concedeu, por telefone, à IHU On-Line, Duarte aponta as diferenças entre esses dois reservatórios: “O Guarani está localizado numa região mais cristalina, uma área mais rochosa, por isso a água fica armazenada mais nas fraturas, embora lá também existam depósitos de água nos pacotes sedimentares. Já o Alter do Chão é todo sedimentar, ou seja, é uma área muito grande, onde a porosidade é muito maior e, consequentemente, o volume de água também”, explicou.
André também falou do conceito de valor do “não uso” que, segundo ele, deve ser aplicado na gestão da água do aquífero localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. “Nós estamos fazendo alguns estudos que são uma tentativa de gestão e utilização dessa água de forma estacional e inteligente dando valor para a ideia de ‘não uso’”, analisou.
André Montenegro Duarte é graduado em Engenharia Civil Universidade Federal do Pará – UFPA. Na Universidad Politecnica de Valencia realizou o mestrado na área de Engenharia e, na UFPA, onde atualmente é professor, fez o doutorado em Geologia e Geoquímica, intitulado O Valor Econômico e Estratégico das Águas da Amazônia.
IHU On-Line – Como se caracteriza o Aquífero Alter do chão?
André Montenegro Duarte – O Aquífero Alter do Chão é uma formação geológica no interior do solo que armazena a água nos poros ou nos vazios. São espaços nos quais, durante milhões de anos, foi armazenada água. Tem grande extensão territorial e abrange os estados do Pará, Amapá e do Amazonas.
IHU On-Line – Quais as diferenças entre este e o Aquífero Guarani?
André Montenegro Duarte – São bem diferentes. A principal diferença é o volume. O Alter do chão tem uma capacidade de armazenamento de água muito maior. O Guarani está localizado numa região mais cristalina, uma área mais rochosa, por isso a água fica armazenada mais nas fraturas, embora lá também existam depósitos de água nos pacotes sedimentares. Já o Alter do Chão é todo sedimentar, ou seja, é uma área muito grande, onde a porosidade é muito maior e, consequentemente, o volume de água também.
IHU On-Line – O Aquífero Alter do chão é conhecido há pelo menos 50 anos, mas não se sabiam sua extensão e seu volume de água, por exemplo. Que dados permitiram o senhor chegar a esses valores?
André Montenegro Duarte – Ele foi identificado na década de 1950 pelos poços de pesquisa de petróleo da Petrobras. Entretanto, não havia interesse econômico maior na exploração ou na codificação dessa água. A quantidade foi definida, ainda de maneira preliminar, pois existem alguns estudos complementares, de uns cinco anos para cá com os estudos que têm sido feitos aqui na universidade. Utilizamos dados cedidos pela Petrobrás e de outras pesquisas realizadas ao longo dos anos na região. A cidade de Manaus, por exemplo, é abastecida por este aquífero, assim como Santarém, outro município grande no oeste do Pará. Existem alguns poços perfurados operando e isso permite que tenhamos essas informações.
IHU On-Line – As obras que estão sendo projetadas para a Amazônia podem ameaçar o Aquífero Alter do chão?
André Montenegro Duarte – A água que está armazenada no Alter do Chão, com aproximadamente 84 quatrilhões de litros, duas vezes o volume do Aquífero Guarani, não será alterada por obras como uma barragem, hidrovia, pois está no subsolo. O que acontece em algumas obras com grandes áreas de desmatamento, é que provocam uma mudança no ciclo da água, que é o responsável pela recarga e manutenção do Aquífero ao longo desses milhões de anos. Em algum momento essa água será explorada, devido ao fato de ela tem um valor econômico muito grande, mas se não houver recarga, ficará insustentável. Então essas intervenções humanas causam problema não ao volume de água que está lá dentro, mas trazem a possibilidade de alterar o ciclo da água na região, prejudicando a manutenção do Aquífero.
Como já citei, Manaus, Santarém e outras pequenas localidades já são abastecidas com esta água; mas é um volume muito pequeno em relação ao potencial do Aquífero. Sabemos, porém, que a água potável é um bem que está se tornando cada vez mais raro e escasso, por isso está sendo agregado grande valor econômico ao Aquífero, que já desperta o interesse de empresas de grande porte de todo o mundo. Elas estão inclusive adquirindo áreas na região para fazerem a exploração no futuro. Potencialmente tem um mercado muito grande.
IHU On-Line – Mas há uma forma de preservar esse ciclo da água mesmo com a exploração?
André Montenegro Duarte – Nós estamos fazendo alguns estudos que são uma tentativa de gestão e utilização dessa água de forma estacional e inteligente dando valor para a ideia de “não uso”. Ou seja, uma parte seria utilizada e outra preservada. E a essa segunda parte também se agrega valor. Existem posturas teóricas que precisamos implementar para que consigamos implementar estas questões de forma mais pragmática.
IHU On-Line – O senhor pode nos explicar o que é o conceito de valor do “não uso”?
André Montenegro Duarte – Vou te dar um exemplo real: a floresta tem valor quando um madeireiro corta a madeira e a vende. Ela tem também um grande valor quando essa madeira permanece lá, ou seja, em pé. A floresta preservada pode ter um valor de “não uso” muito maior. Um desses valores está ligado ao sequestro de não uso do CO2, hoje já se consegue auferir receita ou valor econômico para a preservação daquele espaço através desse processo. Hoje, existem mercado de resgate de CO2 que possibilita o “não uso”.
A água também pode ter um valor de “não uso” agregado. O mais importante, nesse caso, é, principalmente, preservar o ciclo da água do que o reservatório em si. Para manter o Alter do Chão é preciso preservar o ciclo hidrológico e, para isso, é preciso ter um elemento compensatório. (EcoDebate)Transposição do Rio São Francisco
Direito Universal à Água e ao Saneamento
“O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes”. Noam Chomsky
Atenção, muita ateeeenção!
A Assembléia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas – aprovou uma Resolução que diz que tanto o acesso à água potável como o acesso aos cuidados básicos de saúde são direitos humanos fundamentais.
Não é piada: to falando sério! Colocaram o óbvio no papel: se, sem beber água, você morre em 3 dias, o acesso à água é um direito vital. Isso vai ficar catalogado na História dos Povos: um fato que ocorreu no Século XXI, após a Copa do Mundo de 2010.
Nossa!, quem ficar sabendo disso, principalmente através da imprensa marrom, pensará que se trata de uma conquista magnânima! Coisa pra ser comemorada nos 4 cantos do Planeta.
Mas, segurem as vuvuzelas, gente!
A ONU fez mais um texto bonitinho, com o amém de 122 países. Estados Unidos, Austrália, Áustria, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Israel, Japão, Luxemburgo e Suécia ficaram em silêncio; não votaram. Mas, também, o voto positivo deles não ia mudar nada.
A humanidade ganhou mais um papel pra colocar na gaveta (ou no arquivo virtual). E pra gerar reuniões, eventos, discussões calorosas.
Lembrei agora que, na Rio+10, realizada na África do Sul, 190 países prometeram reduzir à metade, até 2015, a população sem água potável e sem saneamento; e a restaurarem os recursos pesqueiros. No mesmo ano, em 27 de novembro de 2002, o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU declarou que o acesso à água era um direito humano indispensável; que a água era um bem público, social e cultural, um produto fundamental para a vida e a saúde e não um produto básico de caráter econômico. E exigiu que os países adotassem planos de ação nacionais para garantia desse direito. Mas isso não foi uma Resolução; foi um “Comentário Geral”, ou seja, uma interpretação das disposições do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais2.
Nem Comentário Geral, nem Resolução vão ajudar a reduzir esses números. Regras como estas não obrigam ninguém a fazer nada: apenas pedem, sugerem, dão palpites, se não cumprir, fica tudo bem; não há castigo previsto em caso de descumprimento.
E qual a nossa realidade, segundo dados da ONU? 900 milhões de terráqueos vivem sem água boa de beber. E a água poluída mata, principalmente nos países pobres.
Enquanto a ONU brinca de criar regras, nossas crianças estão morrendo: a cada 3 segundos, morre 1 criança de doença veiculada pela água poluída (dados da OMS – Organização Mundial da Saúde).
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