sábado, 31 de janeiro de 2015

Acordo de Lima cortará gases de efeito estufa

Acordo de Lima pode avançar em corte de gases de efeito estufa
Lima pode avançar em corte mais severo de gases de efeito estufa.
Negociadores de 195 países decidiram avançar em Lima no texto-base do acordo final sobre redução de emissões de gases do efeito estufa a ser assinado em Paris, em novembro de 2015. Copiado pela imprensa e por organizações não-governamentais na 20.ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-20), no Peru, esse rascunho amplia a ambição do acordo de Paris ao mencionar seu objetivo final de impedir o aumento da temperatura média do planeta superior a 2ºC “ou 1,5ºC” até o fim deste século.
Os textos anteriores se restringiam à meta de 2ºC. O valor de 1,5°C imporá ao mundo um corte mais severo de emissões, entre 2020 e 2100.
O rascunho não tem valor legal e tampouco foi plenamente digerido por grande parte dos negociadores presentes em Lima. “Se vocês não entenderam, não se preocupem, não são os únicos”, disse uma diplomata europeia. Mas é considerado bom começo para a discussão.
“Sairá um rascunho melhor daqui de Lima, com status jurídico claro”, declarou um negociador brasileiro. O Brasil e outros países esperam anexá-lo ao texto final da COP20, de Lima, cuja versão preliminar igualmente foi copiada em 08/12/14. Esse segundo texto traz o modelo segundo o qual as negociações de 2015 devem ser conduzidas e as ofertas nacionais, apresentadas. Terá de definir, entre outras questões básicas, qual o ano-base de comparação para os cortes de gases.
Círculos
No desenho do texto final, a proposta brasileira de criar “círculos concêntricos” vem ganhando força. Trata-se de um meio-termo entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. A fórmula prevê que os primeiros, no círculo central, terão de fazer ofertas mais ambiciosas.
Os demais, como o Brasil, fariam ofertas adequadas a suas condições. Mas deixariam claro os compromissos de convergir para o centro. “Nenhuma proposta atraiu tanta atenção em Lima”, afirmou o ministro Raphael Azeredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty. (em)

Será que alguém comemora a falta de água em SP?

Alpino ironiza anúncio da Sabesp de que pode vir a fazer rodízio de cinco dias sem e dois com água.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Sabesp admite que SP pode ficar 5 dias sem água

Sabesp admite que SP pode ficar 5 dias sem água por semana se não chover
Sabesp pode adotar rodizio de 5 dias sem água por semana, diz diretor.
Medida é estudada caso seja necessária redução de vazão no Cantareira.
Anúncio foi feito em visita à estação de tratamento em Suzano.
Medida é estudada caso seja necessária redução de vazão no Cantareira.
Anúncio foi feito em visita à estação de tratamento em Suzano.
A Sabesp pode adotar rodízio de cinco dias sem água por semana se o volume de chuvas não aumentar no Sistema Cantareira, afirmou o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato Yoshimoto, em visita a Suzano, ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A medida seria adotada em situação extrema.
“O cálculo conceitual, teórico, para reduzir 15 metros cúbicos por segundos no Cantareira precisaria de um rodízio de dois dias com água por cinco dias sem água. Se for necessário, para não chegar no zero na represa, não ter mais água nenhuma para distribuir, lá no limite, se as obras não avançarem na velocidade que estamos planejando, podemos correr esse risco de um rodízio drástico”, afirmou o diretor.
Yoshimoto disse em 27/01/15 que a medida pode complementar ações já adotadas, como redução da pressão e pedido de diminuição do consumo pela população.
No evento, Alckmin não deu declarações sobre o rodízio. O governador falou da transferência do Rio Guaratuba para o sistema Alto Tietê e sobre as obras de transferência da água da Represa Billings.
Segundo Massato, a implementação da medida vai depender da análise dos órgãos reguladores de recursos hídricos.
"Se a Agência Nacional das Águas (ANA), o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que são os órgãos reguladores de recursos hídricos, chegarem à conclusão nos seus estudos que a Sabesp tem que retirar muito menos do que ela está retirando do Cantareira, a solução no limite seria a implantação de um rodízio muito drástico", disse Yoshimoto.
Se nós tivermos que retirar somente 10, 12 metros cúbicos por segundo, seria necessário implantar rodízio de dois dias com água, cinco dias sem água."
Paulo Yoshimoto, diretor metropolitano da Sabesp
O diretor não fez previsões sobre quando o rodízio poderia começar a ser adotado.
"Eles [órgãos reguladores] é que definem a vazão de retirada do Cantareira. Ainda temos uma expectativa, pequena, mas temos expectativa de que as chuvas de verão voltem", disse Massato.
Metade da média
As chuvas acumuladas neste mês no Sistema Cantareira representam 49,5% da média histórica.
A ANA determinou na semana passada que a Sabesp reduza ainda mais a captação do Cantareira, levando a companhia a adotar como meta chegar à retirada de 13 metros cúbicos por segundo, sendo que ainda explorava, nesta terça, 16 metros cúbicos. Para Massato, a implementação do rodízio 5x2 será necessário se o limite for ainda menor.
"Se nós tivermos que retirar somente 10, 12 metros cúbicos por segundo, seria necessário implantar rodízio de dois dias com água, cinco dias sem água. O equivalente a isso para ter uma economia necessária lá no Cantareira e não deixar que [o nível] continue caindo."
O diretor avalia que as medidas já adotadas conseguiram reduzir a vazão do Cantareira.
"Com essa tecnologia, com a adesão da população reduzindo o consumo e mais as transferências [de outros reservatórios], nós estávamos produzindo no Cantareira 32 metros cúbicos por segundo. Hoje nós estamos produzindo 16,5 metros cúbicos por segundo. Então, para fazer um rodízio, nós teríamos que fazer um rodízio muito pesado. Se as chuvas insistirem em não cair no sistema Cantareira, seria uma solução de um rodízio muito pesado, muito drástico."
Ano mais crítico
O diretor da Sabesp disse que o planejamento inicial para a falta de água começou em dezembro de 2013 e que a foi evitado que a falta de água ocorresse já no ano passado.
Acontece que o ano hidrológico 2014/2015 está sendo mais crítico do que foi 2013/2014. Está chovendo muito menos em outubro de 2014 do que choveu em outubro de 2013."
"Qual era nosso planejamento? Que a partir de outubro, na primavera, ocorresse pelo menos as vazões mínimas das mínimas históricas. Acontece que o ano hidrológico 2014/2015 está sendo mais crítico do que foi 2013/2014. Está chovendo muito menos em outubro de 2014 do que choveu em outubro de 2013. Então sucessivamente estamos batendo novos recordes de baixas precipitações."
Governador divulga obras
Durante a visita a Suzano, Alckmin informou que a oferta de água para parte da Grande São Paulo foi aumentada em 500 litros por segundo com a ampliação da transferência de água do córrego Guaratuba para o Sistema Alto Tietê.
O Sistema Alto Tietê está com 10,4% do seu volume. Ele abastece 4,5 milhões de pessoas em parte da zona leste de São Paulo e em Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, além de parte de Mauá, de Mogi das Cruzes e de Santo André.
O Alto Tietê deve ser beneficiado, ainda sem prazo definido, pela transferência de vazão da Represa Billings, como o governador anunciou na semana passada. Nesta manhã, ele detalhou que o Alto Tietê tem capacidade para tratar e distribuir o volume extra.
"Aqui (no Alto Tietê) nós temos capacidade de tratar mais cinco metros cúbicos por segundo e produzir e distribuir mais cinco m3 por segundo. Não adianta você colocar água em um local que não tem capacidade para tratar mais. Aqui você tem ambas as condições. É onde precisa, porque é onde menos está chovendo e é onde pode ajudar o Cantareira", disse.
A ajuda ao Sistema Cantareira é indireta. Desde o começo da crise, o Alto Tietê passou a atender mais um milhão de clientes da Sabesp, que eram atendidos pelo Cantareira. Por causa dessa migração e do fraco regime de chuvas, o Alto Tietê apresentou aceleração na queda de suas reservas. (g1)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Sabesp divulga horários em que reduz água em SP

Empresa alega que, apesar os cortes, medida não caracteriza 'racionamento sistêmico'.
Pior crise hídrica desde 1930.
Sabesp divulga horários em que reduzirá a água na rede.
Um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a informar somente em 26/01/15, os horários em que cada imóvel da Grande São Paulo é afetado pela redução da pressão da água na rede. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo em 20 endereços constatou que a restrição no fornecimento é feita diariamente, começa quase sempre a partir das 13 horas, e pode durar até 18 horas.
A empresa alega que a medida não caracteriza "racionamento sistêmico".
Para saber o horário em que pode ficar sem água, o consumidor precisa ligar no telefone 195 da Sabesp, informar o Registro Geral do Imóvel (RGI) - número que vem discriminado na conta - e esperar a resposta do atendimento automático.
"A Sabesp realiza a redução de pressão nas tubulações de água da sua região das 13 horas às 7 horas", disse a gravação na consulta feita para o condomínio onde mora Tânia Rocha, de 55 anos, no Ipiranga, zona sul da capital.
O prédio dela é o que sofre com a redução da pressão por mais tempo ao longo do dia entre os casos levantados pela reportagem em todas as regiões da capital e em cinco cidades da Grande São Paulo. "É muito tempo sem água. Se tivessem informado antes, poderíamos nos programar", afirmou Tânia, cujo condomínio, que era abastecido pelo Sistema Cantareira e agora recebe água do Guarapiranga, impôs aos moradores três cortes diários no fornecimento para garantir que os dois reservatórios de 15 mil litros não sequem.
Já o empresário Marcel Agarie, de 35 anos - que mora na região do Parque São Jorge, zona leste, abastecida pelo Sistema Alto Tietê -, diz que a redução da pressão ocorria até o fim do ano passado a partir das 20 horas. Agora, a própria Sabesp admite que o imóvel é afetado pela medida das 13 às 5 horas, todos os dias. "A maior dificuldade, ainda para uma casa onde vivem seis adultos e duas crianças, é administrar os horários para usar a água e dar tempo para todo mundo tomar banho."
A redução da pressão é feita pela Sabesp desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos, mas foi intensificada após a seca no Cantareira, provocando cortes no abastecimento de água, inicialmente à noite e em regiões mais altas. Responsável por 60% de toda a economia de água obtida durante a crise, a medida, porém, nunca havia sido divulgada pela companhia, até a reportagem revelar a prática, em abril do ano passado.
A divulgação dos locais e horários em que há redução só foi feita agora por determinação da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), quando autorizou a Sabesp a cobrar sobretaxa de até 100% na tarifa de água para quem aumentar o consumo. O presidente da companhia, Jerson Kelman, já havia dito há duas semanas que intensificaria a medida para economizar mais água e isso poderia causar "sofrimento à população".
Das regiões levantadas pela reportagem, apenas em bairros do extremo sul da capital, como Interlagos e Cidade Dutra, abastecidos pelo Guarapiranga, a redução da pressão começa mais tarde, a partir das 20 horas. E só para o endereço pesquisado na cidade de São Bernardo do Campo a Sabesp informou que não adota a prática.
Segundo Antonio Eduardo Giansante, mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento, bairros mais altos podem ser afetados pela redução da pressão por um período maior do que o informado pela Sabesp. "Os primeiros a ficar sem água também são os últimos a recebê-la. Quando a pressão é normalizada, começa a atender às regiões mais baixas, até ganhar força para subir aos pontos alto. Isso pode levar horas."
Por telefone, a Sabesp afirma que para que a medida "cause o menor transtorno na rotina, tenha no imóvel reservação de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa d’água e não diretamente à rede da rua". (yahoo)

O calor e a seca que continuará: o que fazer?

“Se o Brasil tivesse cumprido o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, aprovado em 2009, dizem os estudos, estaríamos chegando já em 2015 ao desejado desmatamento zero. Mas, como diz o dirigente do Instituto SocioAmbiental, Beto Ricardo, todos os projetos multilaterais para a Amazônia são “ridículos'”, escreve Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo e reproduzido pelo sítio Comissão Pastoral da Terra, 23-01-2015.
Eis o artigo.
Acendem-se muitos sinais de alerta diante de notícias como a de que 2014 foi o ano mais quente desde quando se registram temperaturas no planeta (1880), diz a National Oceanic and Atmospheric Administration, a agência meteorológica dos Estados Unidos. Os dez anos mais quentes aconteceram após 2000, com uma única exceção: 2015 tende a ser ainda mais quente, pois neste ano teremos o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Pacífico e influi na atmosfera continental – o que não se verificou em 2014.
O aumento das emissões de poluentes para a atmosfera foi muito forte e ao lado da formação de “ilhas de calor” em áreas urbanas muito adensadas já é causa bem estudada de eventos problemáticos, dizem os cientistas do Instituto Climatempo. Assim como o aumento do desmatamento no País, principalmente na Amazônia, e a ocupação de novas áreas pela pecuária e pela agricultura. E tudo isso nos coloca entre os países que mais contribuem para mudanças no clima.
Outro estudo, de 18 cientistas respeitados (ScienceXpress, 15/1), adverte que mudanças no clima e perdas na biodiversidade podem “levar o planeta Terra a um novo estágio, se a ultrapassagem de limites continuar ocorrendo”, afetando mesmo a camada de ozônio e intensificando a acidificação dos oceanos. Na verdade, dizem eles, deveríamos até, ao calcular a evolução do produto econômico no mundo, incorporar o que acontece em terra, na água, no ar.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) dá-lhes razão, ao lembrar que, como a população terrestre vai chegar a 9 bilhões até 2050, nas próximas décadas precisaremos aumentar a produção de alimentos em 60% (para atender inclusive aos 40% da população que vive abaixo do nível de pobreza fixado pela ONU), aumentar a produção de energia em 50% e a utilização de recursos hídricos em 40%. E tudo sem aumentar a degradação – o que exigirá modos de viver adequados às possibilidades do planeta.
Deveríamos também, todos, ler o relatório O Futuro Climático da Amazônia, do professor Antônio Donato Nobre, pesquisador no Inpe, MCT e Inpa, produzido para a Articulação Regional Amazônica. Ele chama a atenção para os efeitos devastadores do desmatamento na Amazônia e sua influência muito forte em todo o País, inclusive para quem vive nas áreas urbanas. E destaca alguns ângulos da questão:
1) A capacidade da Floresta Amazônica de contribuir decisivamente para manter a umidade do ar naquele bioma e em outras partes distantes; as árvores extraem água pelas raízes, levam-na para as folhas, que jogam o líquido, evaporado, para a atmosfera; isso leva a que uma árvore de grande porte contribua a cada dia com o equivalente a mil litros de água – o que se traduz em quase 20 bilhões de toneladas de ar diárias evaporadas pela floresta, mais que o aporte diário de água para o Rio Amazonas; e que equivale, em energia solar, a mais do que toda a energia gerada por uma usina como Itaipu.
2) Esse processo leva a um rebaixamento da pressão atmosférica sobre a floresta, que suga o ar úmido que está sobre o oceano para dentro do continente, mantendo as chuvas “em quaisquer circunstâncias”.
3) No processo a Amazônia também exporta “rios aéreos de vapor”, que transformam a água transportada em “chuvas fartas que irrigam regiões distantes no verão hemisférico”; o processo florestal também distribui e dissipa a energia transportada nos ventos que chegam e impede a formação de “eventos climáticos extremos”, como furacões e similares.
Mas todo esse processo está em risco. Até 2013 o desmatamento na Amazônia chegou a quase 763 mil km2. Se forem somadas as áreas onde ocorreu a “degradação florestal”, serão mais 1,2 milhão de km2 – chegando o total final a quase 2 milhões de km2.
A tudo isso ainda se podem somar as perdas no Cerrado (mais de 50% da área já desmatada), na Mata Atlântica e em outros biomas. A impermeabilização do solo do Cerrado com o desmatamento impede que a água se infiltre – e se reduz a capacidade de geração de fluxos para as três grandes bacias brasileiras.
Cinco passos essenciais são apontados por Antônio Nobre e outros cientistas:
1) Ter uma estratégia de “guerra à ignorância” quanto às questões das chuvas e da Amazônia;
2) conseguir, com políticas competentes e obrigatórias, chegar ao desmatamento zero na Amazônia;
3) abolição do uso do fogo;
4) estratégias de recomposição de espaços das florestas;
5) conscientizar as “elites” de seu papel decisivo no processo.
Se o Brasil tivesse cumprido o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, aprovado em 2009, dizem os estudos, estaríamos chegando já em 2015 ao desejado desmatamento zero. Mas, como diz o dirigente do Instituto SocioAmbiental, Beto Ricardo, todos os projetos multilaterais para a Amazônia são “ridículos”.
Então, será decisivo impedir que o desmatamento propicie a expansão de pastagens (com o aumento das emissões de metano), é preciso mudar os caminhos da pecuária. Repensar nossos formatos de mobilidade urbana, para reduzir as emissões de poluentes por veículos. Tratar com competência a área de energia e não utilizar fontes térmicas, altamente poluentes, como o carvão. Sempre lembrando o que é conclusão quase unânime na Convenção do Clima: teremos de reduzir em 80% o uso dos chamados “combustíveis fósseis”.
Nas cidades, onde as “ilhas de calor” causadas pelo adensamento atraem chuvas problemáticas, vale a pena enfatizar o recente “apelo à população” feito pelo diretor executivo da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew: “A cidade de São Paulo está diante de uma catástrofe social, econômica e ambiental sem precedentes (…). A Cantareira pode secar em 60 dias (…). Estamos acomodados e tranquilos num Titanic, sem nos dar conta do iceberg que está se aproximando”. (ecodebate)

Entenda como o desmatamento afeta o abastecimento de água

Programa de recuperação da Mata Atlântica alerta para relação direta entre desmatamento e a escassez de água. Saiba a importância das florestas para o ciclo das águas.
Nosso Ambiente
Programa remete sobre sustentabilidade ambiental, preservação da natureza e cidadania.
Vale a pena reservar alguns minutos e ouvir atantamente, você entenderá melhor e dará novos valores aos seus antigos conceitos, plante novas atitudes para uma vida mais sustentável e  melhor: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2015-01/entenda-com-o-desmatamento-afeta-o-abastecimento-de-agua
Programa de recuperação da Mata Atlântica alerta para relação direta entre desmatamento e a escassez de água. (ecodebate)

Falta d’água deve reduzir PIB industrial de SP

Falta de água deve reduzir PIB industrial de São Paulo.
Ritmo de produção da indústria será afetado pela crise que atinge regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.
Existem empresas planejando férias coletivas para contornar a crise hídrica.
Indústrias que captam água diretamente das bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia devem reduzir em 30% o consumo diário.
A falta de água que atinge as Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas vai afetar o ritmo de produção da indústria, a produtividade e o PIB (Produto Interno Bruto) industrial do Estado de São Paulo. Já existem empresas planejando férias coletivas e redução de turnos de trabalho para contornar a crise hídrica.
A avaliação é do vice-presidente da FIESP (Federação das indústrias do Estado de São Paulo) e diretor de Meio Ambiente, Nelson Pereira dos Reis. Existem nessas duas regiões cerca de 60 mil indústrias que respondem por 60% do PIB industrial paulista. "A preocupação é grande. Não esperávamos uma seca com essa intensidade", diz Reis.
Ele ressalta que o impacto econômico ficou claro a partir de 22/01/15, quando a ANA (Agência Nacional de Águas) e o DAEE (Departamento Águas e Energia Elétrica) publicaram uma resolução conjunta que determina que as indústrias que captam água diretamente das bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário quando o volume útil dos reservatórios do Sistema Cantareira estiver abaixo de 5%, sob pena de multa. Hoje esse limite foi ultrapassado, isto é, já está sendo usada a reserva estratégica de água ou o chamado "volume morto".
"Isso vai significar uma freada muito grande na economia da região no primeiro trimestre", diz o vice-presidente da Fiesp, explicando que ainda não é possível quantificar o impacto. "Mas as empresas já trabalham mais devagar." Ele observa que a situação é muito preocupante porque hoje, em plena estação das águas, o quadro de abastecimento é crítico. E a perspectiva é piorar com o início do período da seca, que começa em abril.
Sindicatos
Entre os setores instalados na região e que devem ser mais afetados, Reis aponta as indústrias química, alimentícia e têxtil. Até 26/01 os sindicatos dos trabalhadores das indústrias químicas e de alimentos na região de Campinas não tinham recebido comunicados de férias coletivas.
A Ambev, que tem fábrica na região de Campinas, informou por meio de nota que está "intensificando ainda mais os investimentos e ações para garantir a economia dos recursos hídricos". Segundo a empresa, a economia tem permitido enfrentar a crise sem corte de pessoal. Entre 2002 e 2013, a Ambev informa que reduziu em 38% o uso da água no processo produtivo.
De acordo com o vice-presidente da FIESP, nos últimos anos as indústrias já adotaram medidas para aumentar o reuso da água. "Agora trabalhamos com alternativas, como o maior aproveitamento de águas subterrâneas. Há ainda potencial a ser aproveitado."
Enquanto as alternativas para ampliar a oferta de água estão sendo implementadas, há empresas que correm para manter o ritmo de produção. A Cummins, de Guarulhos (SP), que fabrica motores, em 2014 comprava dois caminhões de água por dia para a manutenção de torres de resfriamento. Em dezembro, teve de dobrar o volume. Desde então está mantendo o ritmo de compra. Colaborou Cleide Silva.
Impacto
60 mil é o número de indústrias instaladas na Região Metropolitana De São Paulo e de Campinas que devem sentir o efeito da falta de água.
30% é quanto as indústrias que captam água das bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia terão de reduzir o consumo de água, segundo ANA e DAEE. (r7)

Mais uma represa do Rio passa a usar o volume morto

Santa Branca, assim como aconteceu com Paraibuna, entrou na reserva técnica; medida deve ser tomada nos outros dois reservatórios.
O reservatório de Santa Branca, um dos quatro que abastecem a região metropolitana do Rio de Janeiro, também atingiu o volume morto, aponta o último boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Na última quarta-feira, o nível do maior dos quatro reservatórios, o de Paraibuna, já havia alcançado a reserva técnica.
"Desde o ano passado eu venho defendendo que já passou da hora de adotarmos um racionamento sério. Estamos consumindo mais do que entra na bacia. A situação é crítica. Os reservatórios que ainda não chegaram no limite estão chegando", disse a vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Civap), Vera Lúcia Teixeira. Integrantes do comitê terão reunião em 27/01/15 com representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e do ONS.
Na última sexta-feira, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) voltou a negar a necessidade de racionamento para a população, mas disse que começaria uma "grande campanha para as pessoas não desperdiçarem água". Na bacia do Paraíba do Sul, os reservatórios também têm a função de gerar energia, mas as usinas não são de grande porte. As barragens mantêm um fluxo adequado para que cerca de dois terços das águas do Paraíba possam ser transpostas para o Rio Guandu, que abastece a região metropolitana do Rio.
A usina de Santa Branca, da concessionária Light, foi desligada no sábado passado, de acordo com o ONS - o volume morto não é usado para geração de energia elétrica. Procurada, a Light não quis se manifestar. Informou apenas que "a Secretaria de Estado do Ambiente é quem está falando sobre o assunto". Em nota, o secretário André Corrêa alegou que "não há mudanças operacionais no sistema mesmo que os reservatórios de Paraibuna e Santa Branca tenham atingido suas reservas técnicas", mas acrescentou que "não descarta nenhuma medida que possa amenizar a crise provocada pela estiagem". "Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos. Continuo a pedir a colaboração de todos no uso racional da água."
Corrêa e o presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (Cedae), Jorge Briard, vão se reunir com representantes de indústrias que captam água no fim da bacia do Guandu para "avaliar alternativas de consumo de água de reúso por parte das empresas". O reservatório de Santa Branca, que fica em São Paulo, é o menor dos quatro que abastecem o Rio. O volume morto da reserva acumula 131 bilhões de litros. No de Paraibuna são 2,1 trilhões de litros. Com os volumes úteis de Paraibuna e Santa Branca zerados, restam o de Jaguari, que estava com apenas 1,72% da capacidade, e o de Funil, com 3,75%, segundo o último Informativo Preliminar Diário da Operação, do ONS.
Pezão anunciou nesta segunda-feira um "plano de contingência" para enfrentar os efeitos da estiagem no Norte e Noroeste do Estado, principalmente na pecuária e agricultura. Há a previsão de investimentos de R$ 53 milhões - R$ 23 milhões do governo estadual e R$ 30 milhões do Banco Mundial. Os recursos serão aplicados em sistemas de nutrição para os rebanhos, afetados pela falta de pasto, e na perfuração de poços artesianos para uso coletivo, informou o governo. O objetivo é beneficiar cerca de 13 mil pequenos produtores.
"Algumas cidades podem ser prejudicadas se a estiagem continuar. Vou me encontrar com a presidenta Dilma Rousseff na quarta-feira (28) para discutirmos ações e projetos de combate à seca", disse o governador em entrevista no município de Italva. Também está previsto no plano anunciado hoje um programa de reflorestamento das margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu. (r7)

Sabesp divulga horários em que reduzirá a água na rede

Um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a informar em 26/01/15, os horários em que cada imóvel da Grande São Paulo é afetado pela redução da pressão da água na rede. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo em 20 endereços constatou que a restrição no fornecimento é feita diariamente, começa quase sempre a partir das 13 horas, e pode durar até 18 horas.
A empresa alega que a medida não caracteriza "racionamento sistêmico".
Para saber o horário em que pode ficar sem água, o consumidor precisa ligar no telefone 195 da Sabesp, informar o Registro Geral do Imóvel (RGI) - número que vem discriminado na conta - e esperar a resposta do atendimento automático.
"A Sabesp realiza a redução de pressão nas tubulações de água da sua região das 13 horas às 7 horas", disse a gravação na consulta feita para o condomínio onde mora Tânia Rocha, de 55 anos, no Ipiranga, zona sul da capital.
O prédio dela é o que sofre com a redução da pressão por mais tempo ao longo do dia entre os casos levantados pela reportagem em todas as regiões da capital e em cinco cidades da Grande São Paulo. "É muito tempo sem água. Se tivessem informado antes, poderíamos nos programar", afirmou Tânia, cujo condomínio, que era abastecido pelo Sistema Cantareira e agora recebe água do Guarapiranga, impôs aos moradores três cortes diários no fornecimento para garantir que os dois reservatórios de 15 mil litros não sequem.
Já o empresário Marcel Agarie, de 35 anos - que mora na região do Parque São Jorge, zona leste, abastecida pelo Sistema Alto Tietê -, diz que a redução da pressão ocorria até o fim do ano passado a partir das 20 horas. Agora, a própria Sabesp admite que o imóvel é afetado pela medida das 13 às 5 horas, todos os dias. "A maior dificuldade, ainda para uma casa onde vivem seis adultos e duas crianças, é administrar os horários para usar a água e dar tempo para todo mundo tomar banho."
A redução da pressão é feita pela Sabesp desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos, mas foi intensificada após a seca no Cantareira, provocando cortes no abastecimento de água, inicialmente à noite e em regiões mais altas. Responsável por 60% de toda a economia de água obtida durante a crise, a medida, porém, nunca havia sido divulgada pela companhia, até a reportagem revelar a prática, em abril do ano passado.
A divulgação dos locais e horários em que há redução só foi feita agora por determinação da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), quando autorizou a Sabesp a cobrar sobretaxa de até 100% na tarifa de água para quem aumentar o consumo. O presidente da companhia, Jerson Kelman, já havia dito há duas semanas que intensificaria a medida para economizar mais água e isso poderia causar "sofrimento à população".
Das regiões levantadas pela reportagem, apenas em bairros do extremo sul da capital, como Interlagos e Cidade Dutra, abastecidos pelo Guarapiranga, a redução da pressão começa mais tarde, a partir das 20 horas. E só para o endereço pesquisado na cidade de São Bernardo do Campo a Sabesp informou que não adota a prática.
Segundo Antonio Eduardo Giansante, mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento, bairros mais altos podem ser afetados pela redução da pressão por um período maior do que o informado pela Sabesp. "Os primeiros a ficar sem água também são os últimos a recebê-la. Quando a pressão é normalizada, começa a atender às regiões mais baixas, até ganhar força para subir aos pontos alto. Isso pode levar horas."
Por telefone, a Sabesp afirma que para que a medida "cause o menor transtorno na rotina, tenha no imóvel reservação de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e verifique se as instalações internas estão ligadas à caixa d’água e não diretamente à rede da rua". (yahoo)

Seca no Cantareira supera o cenário mais pessimista

O Sistema Cantareira recebeu 151,1 bilhões de litros de água a menos do que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) esperava, levando em consideração o cenário mais pessimista. A pior previsão compara os dias de hoje com 1953, até então o ano mais seco da história do reservatório antes de 2014.
A projeção para o começo da época de estiagem deste ano - que começa no último dia de abril - faz parte de uma expectativa de demanda do reservatório que atende 6,5 milhões de pessoas. O documento foi entregue em outubro de 2014, pela Sabesp, para a Agência Nacional de Águas (ANA).
Nele, a companhia afirma esperar que, caso a situação seja igual a de 1953, haveria um déficit de 50,1 bilhões de litros de água no sistema ao fim de abril. Isso quer dizer que, pela projeção mais pessimista feita à época, o Cantareira não recuperaria tudo o que já havia sido utilizado dos 182,5 bilhões de litros do primeiro volume morto.
Entre outubro e dezembro de 2014, somado ao que já havia sido registrado em janeiro do mesmo ano, entraram apenas 75,2 bilhões de litros de água. Em 1953, a entrada relatada foi de 226,3 bilhões.
Essa diferença de 151,1 bilhões de litros de água, que não entrou nos mananciais que formam o reservatório, representa 15,3% do total do sistema, sem levar em consideração as duas reservas técnicas. Excluindo os volumes mortos dessa conta, que estão abaixo do nível normal de captação de água das represas, o Cantareira está 23,7% no negativo.
A projeção de demanda da companhia também apostava em outros cenários. Caso chovesse 75% da média esperada, o reservatório chegaria ao fim de abril com 148,8 bilhões de litros, recuperando o volume morto utilizado.
Já na previsão mais otimista da empresa, o Cantareira poderia chegar a 369,75 bilhões de litros de água, o que poderia deixar o reservatório em 37,6% da capacidade, já preenchendo o volume morto utilizado. A última vez que o sistema registrou esse número foi no dia 27 de outubro de 2013. Exatos três meses depois, a Sabesp alertou para o início da crise.
Mas a situação é completamente diferente das expectativas da Sabesp. “O que estamos vendo agora é que a situação é pior do que 2013 e 2014. As vazões afluentes estão piores, então é preciso reformatar o voo”, disse o diretor metropolitana da Sabesp, Paulo Massato.
Agora, sem as chuvas esperadas no mês de janeiro, que está mais seco do que o mesmo mês de 2014, o governo estadual aposta em usar água da Represa Billings para tentar driblar a crise hídrica na Grande São Paulo. A Sabesp quer ampliar a transferência de água que já é feita para a Represa do Guarapiranga, na zona sul paulistana, através do braço Taquacetuba.
No dia 21, um comunicado conjunto elaborado por ANA e Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), definiu que o déficit do Sistema Cantareira em janeiro não pode ser superior a 22,9 bilhões de litros.
Queda contínua
A previsão da Sabesp que não se concretizou deixa ainda mais alarmante a situação. O jornal O Estado de São Paulo mostrou ontem que, um ano após a crise hídrica, o estoque de água disponível para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo caiu 74%. Quando a região começou a enfrentar a severa estiagem, a quantidade total de água armazenada em todos os reservatórios da região metropolitana era de 47,3%.
Em 25/01/15 o Sistema Cantareira registrou a 14ª queda consecutiva, passando de 5,2% para 5,1% da capacidade total. Já o Alto Tietê, que havia registrado três altas seguidas, ficou estável em 10,4%. O Guarapiranga aumentou de 39,4% para 41,1%. (yahoo)

Despoluição da Bacia do Guandu é urgente para RJ

Despoluição da Bacia do Guandu é urgente para abastecimento do Rio de Janeiro
O governo do Rio de Janeiro precisa, urgentemente, implantar ações de despoluição de rios ou pelo menos remover os poluentes de rios e riachos nas proximidades da captação do Rio Guandu, como o Rio dos Poços. Com isso, diminuiria de 110 m³/s para 45 m³/s a necessidade de água tirada do sistema para diluir e tratar esgotos, disse à Agência Brasil o professor Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) – unidade do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
Segundo ele, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) precisa de pelo menos 90 m³/s de água para diluir 2 m³/s de esgoto. “Isso é um tiro no pé do Rio de Janeiro, que tem a fragilidade intramuros de uma obra orçada, na década de 1970, em R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões, e que agora deve ficar entre R$ 45 milhões e R$ 50 milhões”, estimou. A obra  pode ser feita em seis meses e, embora não trate a poluição do Rio dos Poços, não deixa ele chegar ao local onde é feita a captação de água da Cedae, no Rio Guandu.
Ele admite que a medida traria problemas de salinização dos rios que afetariam algumas indústrias instaladas na região, mas destacou que a prioridade, no momento, é o abastecimento humano. “A gente não tem que pensar em outra coisa que não seja isso este ano. Os demais usos vão ter que esperar”. Como o Rio de Janeiro importa quase tudo que consome, Freitas estima que a economia fluminense, principalmente a agricultura, não deve sofrer grandes impactos.
Outra providência a ser tomada é em relação às perdas, disse o professor da UFRJ. Segundo ele, 50% dos 45 m³/s de água usados para diluir esgoto viram perdas, das quais 10% equivalem a perdas econômicas causadas por ligações clandestinas, os chamados gatos, e 40% são perdas físicas.
Especialista da UFRJ destaca a importância metas para 2014 de despoluição de rios e perdas de água no tratamento de esgoto. Ele acrescentou que investir em redução de perdas de água é importante para que São Paulo e outros usuários do Paraíba do Sul não acusem o Rio de usar muita água para diluir esgoto.
Marcos Freitas reconhece que há um longo caminho para que as perdas atinjam o nível de 6%, registrado no Japão. Ele avaliou que se poderia traçar para 2014 a meta de 30% de perdas, aproximando-se do nível de 20%, praticado no Paraná. “Investir em redução de perdas é importante e a gente tem que conviver com isso porque, do contrário, daqui a pouco a gente vai ser pressionado por São Paulo e demais usuários da Bacia do Paraíba do Sul como perdulários, que estamos usando água boa para diluir esgoto e perdendo parte da água tratada”, advertiu.
Outra parcela importante do problema são os consumidores, com destaque para os residenciais, que constituem “o lado mais delicado da situação”, disse o professor. Não existe, segundo ele, conscientização da população sobre a necessidade de economizar água. Um dos empecilhos para que as pessoas poupem mais água é que a maior parte das moradias do Grande Rio é constituída de prédios nos quais não há medição individual de água. A medição é geral. A hidrometração individualizada é coisa recente nas grandes cidades. Daí, a população ignorar quanto gasta em termos de água.
Marcio Freitas diz que o consumidor é outra parte importante na questão da perda de água. Ele defende hidrômetros para cada residência ao contrário do rateio pelo condomínio.
Se essa conta, que hoje é dividida pelo condomínio, fosse colocada em cada unidade residencial pesaria diretamente no bolso do consumidor que ficaria mais atento às perdas de água. “Aí, os efeitos tarifários seriam mais perceptíveis”, disse o professor da UFRJ. Freitas acrescentou que resolvendo essas três variáveis  – poluição, perdas e consumo – “você conseguiria aguentar o ano seco”.
Não havendo nenhum dos três esforços necessários, “a gente pode chegar ao meio do ano já com racionamento no Grande Rio e em parcelas do Rio Paraíba do Sul, como São Fidélis, por exemplo, (no norte do estado), que já está com uma situação delicada”, manifestou. (ecodebate)

População terá de conviver com algum tipo de racionamento

Água e Energia: Especialista diz que população terá de conviver com algum tipo de racionamento
O coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Marcos Freitas, afirmou em 23/01/14, que a crise de energia e de água “chegou ao país”. Segundo ele, a consequência é a população brasileira ter de conviver com algum tipo de racionamento,
Diferentemente de 2001, quando a crise de energia marcou o início de funcionamento da Agência Nacional de Águas (ANA), hoje as empresas do setor elétrico não têm dinheiro para ações emergenciais. Conforme Freitas, a situação é delicada, porque antigas usinas hidrelétricas estão deficitárias e precisam de modernização.
Para o técnico, de 2001 até hoje, o setor elétrico dotou-se de um sistema térmico que não existia. Na época, a geração hídrica representava 85% da capacidade. O restante era geração térmica. Atualmente, 60% são de fonte hídrica e o restante, térmica. “Houve investimento na geração térmica, o que é bom para aguentarmos o período seco. Naquele ano, éramos limitados em relação à geração térmica.”
Marcos Freitas afirmou que, este ano, haverá necessidade de racionamento de energia elétrica no Brasil e de água em algumas regiões, especialmente no Grande Rio e na Grande São Paulo, atingindo aproximadamente 30 milhões de pessoas.
Conforme Freitas, o racionamento deveria ter ocorrido no ano passado, “seja na troca de energia entre bacias transfronteiriças, caso de trazer energia da Argentina ou do Paraguai, ou na otimização dos recursos brasileiros, principalmente nos sistemas urbanos de abastecimento. Isto é segurança hídrica. É mais delicado que a falta de energia”, acrescentou.
Segundo ele, 2015 está começando com 18% de capacidade dos reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste, contra 35% a 40% no início da crise energética. “Naquele ano, não tínhamos tanta térmica como agora”. Ele acredita que isso gerará impacto em um ano difícil para a economia. “Teremos de conviver com um custo de energia mais elevado e com algum regime de racionamento, que acaba sendo impositivo”.
O coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais explicou que ausência de planejamento gera blecautes e falta de energia, que é “muito mais perigoso que um racionamento”, porque pode atingir serviços essenciais como hospitais e transportes coletivos. Ele lembrou que, na crise de energia dos anos 2000, estudos indicaram retração da economia entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto, que é a soma dos bens e serviços fabricados no país.
Freitas informou que outro agravante é o crescimento da agricultura de irrigação em várias regiões brasileiras, principalmente em São Paulo, aumentando o consumo de água dos rios. Em 2004, a área de irrigação equivalia a até 3,5 milhões de hectares no país. Hoje, supera 6 milhões de hectares.
Apesar de pequena em comparação com a agricultura de sequeiro (de chuva), em torno de 100 milhões de hectares, Freitas ponderou que a expansão da agricultura de irrigação tira o consumo de água dos rios e aumenta a competição com a geração hidrelétrica e com o abastecimento de água nas cidades.
De acordo com ele, a cultura que usa irrigação é a da cana-de-açúcar. Ele destacou que as hidrelétricas construídas após 2001/2002 são obrigadas a ter outorga de disponibilidade hídrica (oferta de água), além do potencial hidráulico, “mas são poucas”.
As usinas do Sudeste já estavam construídas e não têm outorga. Segundo Freitas, essa variável não é avaliada, o que aumenta o consumo de água de irrigação na agricultura e acelera a seca nos reservatórios. (ecodebate)

Seca do Cantareira e as medidas de curto prazo

Sob ameaça de seca do Cantareira, especialistas defendem medidas de curto prazo
Sistema Cantareira pode secar em quatro meses, caso as chuvas continuem abaixo da média. 
A possibilidade de o Cantareira, maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo, secar no início de junho, levanta questionamentos sobre o que ainda pode ser feito pelo Poder Público em um prazo tão curto. Especialistas entrevistados pela Agência Brasil estão pessimistas quanto a soluções imediatas para a crise e reforçam a necessidade de ampliar a economia de água. A maior parte das medidas apontadas, algumas já adotadas pelo governo estadual, dependem de investimentos e levam tempo para ficar prontas. A projeção de esgotamento, feita pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), aponta que esse cenário é possível caso as chuvas continuem 50% abaixo da média e a captação se mantenha nos níveis atuais.
“Sinceramente, não há o que fazer para substituir de imediato o Cantareira. É um sistema muito grande que tem participação significativa no fornecimento de água para São Paulo”, avaliou o geólogo Pedro Luiz Côrtes, professor da área ambiental da Universidade de São Paulo (USP) e do Mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Nove de Julho. De acordo com ele, antes da crise hídrica, o Cantareira era responsável por fornecer 33 m3/s dos 71 m3/s consumidos na região metropolitana de São Paulo. Atualmente, a vazão está em 17 m3/s. Apesar da redução, essa quantidade ainda é maior do que a que tem entrado no manancial.
Para o professor, a crise hídrica, que já provoca falta d’água em diferentes regiões da capital, está só no começo. “Se deixarmos de contar com a água do Cantareira e do Alto Tietê [segundo maior reservatório, que também registra níveis críticos], vamos perder mais de 50% da água que era utilizada para abastecimento da região metropolitana de São Paulo”, estimou. Ele aponta que isso trará consequências importantes para a vida da população. “Não só na qualidade de vida, mas na geração de empregos, na atividade econômica do comércio. Isso poderia ter sido evitado com um planejamento mais adequado”, avaliou.
Em relação às alternativas para o abastecimento, Côrtes apontou a retirada de água subterrânea. “A Sabesp [Companhia Estadual de Saneamento Básico] já vem buscando essa opção, os chamados poços artesianos. Mas não é possível substituir um manancial usando somente essa água”, apontou. A companhia não informou quanto capta com este recurso atualmente. A represa Billings, que tem tamanho similar ao Cantareira e está com mais de 50% da capacidade, também tem sido apontada como opção. “Mas tornar a Billings uma alternativa real demanda investimento muito significativo em captação, estação de tratamento, interligação à rede. Isso leva alguns anos”, declarou.
O uso da Billings também é defendido por entidades que formam a articulação Aliança pelas Águas. Marussia Whately, uma das coordenadoras da organização, alerta para a necessidade de rever a utilização desta represa. Ela acredita que, além de dar mais segurança hídrica ao estado, a iniciativa iria ajudar a construir um modelo mais sustentável de abastecimento. “Avançar no uso da Billings como um manancial de abastecimento seria uma solução mais sustentável de cuidado com a água. Vamos recuperar uma represa que já existe, usar uma fonte de água ao lado da cidade e não gastar bilhões para construir novas represas em locais distantes.”
Como ações de curto prazo, o Aliança pelas Águas, grupo criado no ano passado para buscar soluções para a crise hídrica, propõe medidas como campanhas de esclarecimento, envolvimento da sociedade e das prefeituras na gestão da crise, proibição e penalização de usos abusivos da água, manutenção dos incentivos na conta para quem economiza, redução de perdas no sistema de distribuição e criação de programas e ações para recuperação das áreas degradadas dos mananciais.
Outra medida apontada pelo professor da USP é a ampliação da captação de outros sistemas, como o Guarapiranga. Mas há um limite nessa interligação. “É preciso construir a infraestrutura para fazer captação e tratamento dessa água, porque estamos buscando alternativas para um sistema que é responsável por grande parte da região metropolitana”, explicou. Ele destaca, no entanto, que para aumentar a retirada de um manancial é necessário fazer estudos ambientais. “Até que ponto o Guarapiranga poderia suportar, porque a recuperação do Cantareira pode demorar muitos anos.”
O professor de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, José Carlos Mierzwa, não vê muitas possibilidades para amenizar a crise que não seja a diminuição do consumo. Entre as alternativas para que se amplie a economia de água, ele propõe a substituição dos equipamentos hidráulicos por versões mais eficientes. “Isso possibilitaria [uma redução] em curto prazo, se houvesse campanha de incentivo por parte do governo, por meio de redução de imposto”, propôs. Ele cita, como exemplo, os vasos sanitários que possuem dois acionamentos de descarga, com menor ou maior vazão. Mierzwa estima que a economia é de aproximadamente 30%.
Sobre o aproveitamento de água da chuva, ele alerta que só é indicado usá-la em áreas em que não há risco de contaminação. “Descarga de bacia sanitária, lavagem de piso”, exemplificou. A água de reúso, com tratamento de água do sistema de esgoto, está sendo feita pelo governo estadual como alternativa para o abastecimento. “A questão que deveria ser priorizada, além de eventuais obras para trazer mais água, é investir seriamente em tratamento de esgoto”, defendeu. Segundo o professor, a capacidade de tratamento das estações hoje é de aproximadamente 30%. “Teria que investir em novas tecnologias para ampliar a capacidade das estações, produzir uma água melhor e recuperar a qualidade dos rios”, propôs. (ecodebate)

domingo, 25 de janeiro de 2015

Crise hídrica é preocupante e população deve economizar água

Ministra diz que crise hídrica é preocupante e pede que população economize água
Governo avalia crise de água “preocupante” e pede ajuda da população.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, considera “sensível” e “preocupante” o cenário de abastecimento de água no país. Apesar da perspectiva de chuva para os próximos dez dias na região, o diagnóstico é de que nunca se viu nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (região metropolitana de Belo Horizonte) uma seca tão grande nos últimos 84 anos, disse ela depois de reunião no Palácio do Planalto, com outros ministros, para discutir a situação dos reservatórios de água e as previsões de chuva.
Como resposta à situação, o governo prometeu fazer mais parcerias com os estados e criar uma campanha de conscientização para que a população passe a poupar água. Izabella Teixeira defendeu o acompanhamento da crise até o fim do período de chuvas, mas adiantou que o Ministério do Meio Ambiente vai criar uma ação mais “incisiva”, pedindo a colaboração das pessoas.
Ela disse que a reunião é feita semanalmente pelos técnicos do governo, e hoje foi ampliada, com a participação de representantes de sete ministérios, para nivelar a informação do que “está acontecendo”. Além de sua pasta, estiveram presentes os titulares da Casa Civil (Aloizio Mercadante), de Minas e Energia (Eduardo Braga), da Integração Nacional (Gilberto Occhi), do Desenvolvimento Agrário (Patrus Ananias) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Tereza Campello).
“Ano passado estávamos operando abaixo da mínima histórica. Agora nós estamos operando abaixo do ano passado. Está tendo uma vazão afluente muito aquém do que já foi registrado numa série histórica desde 1930”, informou Izabella Teixeira. De acordo com ela, além dos ministérios participaram representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, de órgãos meteorológicos e da Agência Nacional de Águas.
Das análises, foi possível prever um cenário de chuvas nos próximos dias. Existe, segundo ela, “uma sinalização de perspectiva de chuvas”, mas, obviamente, tem que ver se isso vai acontecer de fato, qual o volume de água armazenado, e se isso pode melhorar ou não os níveis de abastecimento.
Esse monitoramento dos dados vai continuar, disse ela. O governo também vai apoiar estados e municípios, e acompanhar as demandas deles, já que o abastecimento da população não é competência do governo federal. Segundo Izabella, as parcerias dependem do que os estados vão apresentar como medidas emergenciais e de caráter estruturantes.
“Estamos apoiando o financiamento. Pode ter medidas emergenciais, por exemplo, como mudança de pontos de captação [de água] em rios para poder assegurar o abastecimento em municípios que captam diretamente, e isso requer financiamento de curto prazo muitas vezes. O governo poderá apoiar neste sentido”, acrescentou.
Além de dizer que o governo não vai medir esforços para auxiliar os projetos a serem apresentados pelos governadores e prefeitos, Izabella ressalvou que uma campanha sobre o uso correto da água está em discussão na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
“Viremos, sim, com informação, pedindo apoio da população. O Ministério do Meio Ambiente entrará com a proposta de trabalhar cada vez mais de racionalização do uso da água e Informações ao cidadão brasileiro”, concluiu. (ecodebate)

Estoque de água em São Paulo cai 74% em um ano

Desde o primeiro alerta, estoques dos mananciais da região passaram de 1 trilhão de litros para 267,8 bilhões.
12,4% da capacidade dos reservatórios.
Imagem da represa Jaguari-Jacareí na cidade de Joanópolis no interior de São Paulo.
Um ano após o início da pior crise hídrica paulista, o estoque de água disponível para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo caiu 74%. Quando a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) emitiu o primeiro alerta sobre a seca no Cantareira, em 27 de janeiro de 2014, os seis mananciais que atendem a região mais rica do País somavam 1 trilhão de litros armazenados. Hoje, restam 267,8 bilhões, 12,4% da capacidade dos reservatórios.
A crise começa a ganhar ares trágicos na medida em que as reservas de água continuam caindo na temporada de chuvas, fenômeno que se repete pelo segundo verão consecutivo. Esta é a pior seca nos últimos 85 anos. Mantendo esse ritmo, essa reserva pode acabar em 206 dias.
Há um ano, o Cantareira estava com 23,1% de capacidade - hoje, com o uso do volume morto, o nível está 23,7% abaixo de zero - e o estoque para toda a região metropolitana era de 47,3%, volume que foi suficiente para atravessar o período seco de 2014, já com economia e cortes na distribuição de água.
De lá para cá, a Sabesp lançou um programa de bônus para quem economizar água, bombardeou nuvens para provocar chuva artificial, retirou bairros da capital da área de cobertura do Cantareira e reduziu a pressão na rede para diminuir as perdas por vazamentos. O rodízio oficial chegou a ser planejado em janeiro, conforme o Estado revelou em agosto, e o racionamento admitido e negado várias vezes pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
"As chuvas são bem inferiores à expectativa para o verão e a situação atual das represas é muito pior do que em 2014. O cenário é de esgotamento", afirma Marussia Whately, coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA). "O fato é que as medidas adotadas até agora não foram suficientes para reservar o máximo de recursos para 2015. Além do impacto social, isso vai repercutir economicamente na região que concentra um quarto do PIB do Brasil", diz Samuel Barrêto, especialista em recursos hídricos da ONG The Nature Conservancy (TNC).
Com todas as ações, a Sabesp conseguiu reduzir em 23% o volume de água produzido na Grande São Paulo, de 69 mil litros por segundo em média antes da crise para os atuais 53 mil litros. Economia ainda pequena diante do déficit diário de água nos mananciais, em especial o Cantareira, que caminha para captar água de uma terceira cota do volume morto. Em um ano, as perdas nos sistemas chegam a 753 bilhões de litros, volume quatro vezes superior à capacidade da Represa do Guarapiranga, na zona sul. (yahoo)
 

Vilões do desperdício d’água

(r7)

Em um ano estoque de água nos reservatórios cai 74%

Em um ano de crise, estoque de água nos reservatórios cai 74%
Após um ano de crise, estoque de água nos reservatórios de São Paulo cai 74%.
Em janeiro/14, seis mananciais que atendem a região mais rica do país somavam 1 trilhão de litros armazenados, quando a Sabesp emitiu o primeiro alerta sobre a seca no Sistema Cantareira, era 27/01/14. Hoje, restam 267,8 bilhões, 12,4% da capacidade total das represas.
O deserto ao lado - Trecho da reserva do Sistema Cantareira, que abastece São Paulo, em 22/01/15, com 5,4% de sua capacidade – em 23/01 caiu a 5,3%.
Mananciais que atendem a região metropolitana de SP somavam 1 trilhão de litros em 27/01/14; hoje, restam 267,8 bilhões.
Um ano após o início da pior crise hídrica paulista, o estoque de água disponível para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo caiu 74%. Quando a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) emitiu o primeiro alerta sobre a seca no Cantareira, em 27 de janeiro de 2014, os seis mananciais que atendem a região mais rica do País somavam 1 trilhão de litros armazenados. Hoje, restam 267,8 bilhões, 12,4% da capacidade dos reservatórios.
A crise começa a ganhar ares trágicos na medida em que as reservas de água continuam caindo na temporada de chuvas, fenômeno que se repete pelo segundo verão consecutivo. Esta é a pior seca nos últimos 85 anos. Mantendo esse ritmo, essa reserva pode acabar em 206 dias.
Há um ano, o Cantareira estava com 23,1% de capacidade – hoje, com o uso do volume morto, o nível está 23,7% abaixo de zero – e o estoque para toda a região metropolitana era de 47,3%, volume que foi suficiente para atravessar o período seco de 2014, já com economia e cortes na distribuição de água.
De lá para cá, a Sabesp lançou um programa de bônus para quem economizar água, bombardeou nuvens para provocar chuva artificial, retirou bairros da capital da área de cobertura do Cantareira e reduziu a pressão na rede para diminuir as perdas por vazamentos. O rodízio oficial chegou a ser planejado em janeiro, conforme o Estado revelou em agosto, e o racionamento admitido e negado várias vezes pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
“As chuvas são bem inferiores à expectativa para o verão e a situação atual das represas é muito pior do que em 2014. O cenário é de esgotamento”, afirma Marussia Whately, coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA). “O fato é que as medidas adotadas até agora não foram suficientes para reservar o máximo de recursos para 2015. Além do impacto social, isso vai repercutir economicamente na região que concentra um quarto do PIB do Brasil”, diz Samuel Barrêto, especialista em recursos hídricos da ONG The Nature Conservancy (TNC).
Com todas as ações, a Sabesp conseguiu reduzir em 23% o volume de água produzido na Grande São Paulo, de 69 mil litros por segundo em média antes da crise para os atuais 53 mil litros. Economia ainda pequena diante do déficit diário de água nos mananciais, em especial o Cantareira, que caminha para captar água de uma terceira cota do volume morto. Em um ano, as perdas nos sistemas chegam a 753 bilhões de litros, volume quatro vezes superior à capacidade da Represa do Guarapiranga, na zona sul.
No início deste ano, o discurso oficial sobre a crise mudou com os novos gestores na Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos e na direção da Sabesp. O governo lançou a sobretaxa para quem aumentar o consumo, medida que havia sido descartada em julho, e voltou a admitir risco de racionamento.
O novo tom teve reflexo direto na população, que tem sofrido ainda mais com cortes no abastecimento e passou a acreditar que a água pode mesmo acabar. “Do jeito que está, nesse calor insuportável, a pouca chuva que vem evapora. Tenho muito medo”, diz a professora Marilu Romano, de 60 anos, de Pinheiros, zona oeste.
Já a diarista Mariléia Feitosa da Silva, de 21 anos, pensa em voltar para o Maranhão. “Lá tem água. Eu vim para São Paulo há uns quatro meses, já sabia que estava sem água aqui. Até agora está dando para sobreviver. Se não der, eu volto”, diz a moradora de Paraisópolis, onde tem água dia sim, dia não.
Comércio e indústria
A preocupação dos setores da economia paulista, que já era grande no ano passado, se agravou. A Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) está mapeando o subsolo da Grande São Paulo em busca de água. “Vamos incentivar as empresas a formar consórcios para captar e distribuir a água”, afirmou Nelson Pereira dos Reis, diretor da entidade.
Segundo ele, tanto as pequenas quanto as grandes indústrias devem mudar seus turnos de trabalho para conseguir aproveitar as horas em que há abastecimento público. O mesmo deve acontecer no comércio. “As perspectivas, por qualquer lado que a gente olhe, são muito preocupantes. O governo deveria ter alertado de maneira bastante forte a população”, disse Antonio Carlos Pela, do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial.
Governo
O pedido do Estado para entrevistar o secretário de Recursos Hídricos e o presidente da Sabesp sobre um ano de crise não foi atendido. (OESP)

Reservatório de Paraibuna começa a usar reserva técnica

ANA: reservatório de Paraibuna começa a usar reserva técnica
Volume de água fica localizado abaixo do limite operacional para a geração de energia elétrica.
O reservatório de Paraibuna começou a utilizar em 22/01/15, o volume de água localizado abaixo do limite operacional para a geração de energia elétrica. A reserva técnica que começa a ser utilizada visa garantir os usos múltiplos na bacia do Paraíba do Sul, inclusive o abastecimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com a Agência Nacional de Águas, as regras para a utilização da reserva permanecem as mesmas atualmente em vigência. Oportunamente, a ANA fará a divulgação de novas regras, caso elas sejam modificadas, em articulação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, os órgãos gestores de recursos hídricos dos estados que compartilham a bacia - São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais - e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
O volume localizado abaixo do limite operacional das hidrelétricas é conhecido como volume morto, pois não é utilizado para a geração de energia. Segundo a ANA, diferente do uso da reserva técnica do Sistema Cantareira, onde foram necessárias obras para a instalação de bombas capazes de acessar o volume abaixo do limite operacional daqueles reservatórios, no Paraíba do Sul não serão necessárias obras para alcançar a parte desta reserva que é acessível por gravidade.
Segundo dados do ONS, o volume morto total do Paraibuna possui 2.096 hm³, que equivalem a 2,096 bilhões de m³ ou a 2,096 trilhões de litros. O volume total de água desta reserva acessível por gravidade ainda está sendo estudado pelo ONS e o operador do reservatório. (canalenergia)

A seca ‘perfeita’

O que está ocorrendo na região nordeste no Brasil pode tender para uma ‘seca perfeita’
Períodos secos possuem uma frequência de ocorrência que pode ser de anos isolados ou sequências de anos. Normalmente as situações mais severas são sequências de anos secos ou um ou mais anos muito abaixo da média. Normalmente as condições de sequências de anos faz com que a população perca a sustentabilidade e na história existem relatos de populações que mudam de locais devido ao permanente período seco. Em hidrologia foi cunhado um termo para sequências hidrológicas com períodos acima ou abaixo da média, como de Noé e José, (como relatos da bíblia).
Alguns programas de TV têm tratado de desastres naturais como inundações e utilizado a palavra "perfeita" como por exemplo, a tempestade perfeita, onde combinações de fatores muito desfavoráveis produzem um cenário nunca visto ou muito crítico.
O que está ocorrendo na região Sudeste do Brasil e, especial da Região Metropolitana de São Paulo, pode tender para uma chamada "seca perfeita". As causas não são isoladas, mas combinadas e as principais que se inter-relacionam são:
• O período hidrológico é severo, nunca registrado e, mesmo comparando com outras regiões é muito raro ter um ano com 30% da vazão média de longo período, depois de um ano anterior ainda seco;
• Poderá ainda ser pior se esta for uma sequência de anos secos, como já aconteceu no Pantanal (13 anos de vazões muito abaixo da média de 1960 a 1973); no rio Uruguai no RS de 1942 a 1951 (que pode ter motivado a migração dos gaúchos para o Paraná e outros Estados);
• Grande concentração de demanda numa área, 20 - 22 milhões de pessoas que ocupam da ordem de 2.000 a 3.000 km2. Na parte superior da bacia, onde a oferta de água é pequena;
• Baixa eficiência do sistema oferta de água por tratamento e distribuição e baixa conservação por parte da população e falta de tratamento dos esgotos gerados produzem aumento da demanda e redução da disponibilidade por contaminação. A proporção de tratamento de esgoto em São Paulo é de 52%, o que é lamentável para um Estado rico.
• Para abastecer a cidade com a população de 22 milhões nesta região seriam necessários pelo menos 5.000 km2 de bacia hidrográfica com regularização de vazão. Como a cidade pelo seu desenvolvimento contaminou os mananciais de água de água, a área total necessária seriam 8.000 km2 (3.000 km2 para ocupação e contaminação e 5.000 km2 para abastecimento). Isto não existe, pois a bacia hidrográfica do Tiete a jusante de São Paulo tem da ordem de 3.000 km2. Isto levou a importação de água do Cantareira e provavelmente será necessário de outras bacias a custos altos. Este é o resultado da má gestão dos recursos naturais dentro de uma visão mais integrada.
• A natureza vem dando sinais de condições críticas desde 2000 (ou antes) com condições críticas de oferta e demanda, mas a gestão do sistema tem mantido a "emoção" do risco de falta de água. Aqueles que foram mais precavidos perfuraram poços e estão mais tranquilos, mas a maioria está dentro de um risco importante.
Este desastre hídrico ambiental é um processo cumulativo de gestão do espaço e de infraestrutura de água que aparece em São Paulo pela sua magnitude, mas que ocorre em todo o país. É mais grave nas cidades que estão nas cabeceiras dos rios. Exemplo: Brasília, Goiânia, Curitiba, etc.
Planejar obras assumindo um determinado risco é normal na engenharia, o problema é não estar preparado para o risco, quando ele vier. É evidente que um cenário de seca como o atual leva ao racionamento e gestão da escassez, o problema é o seu agravamento pela falta de medidas preventivas de resiliência que permita reduzir os impactos. (yahoo)

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