Poluição doméstica: saiba o que é e como evitar
Há alguns anos a Agência de Proteção Ambiental Americana
(EPA) salientou que várias evidências científicas indicam que o ar interior (ar
dentro de casa ou ar indoor) pode muitas vezes, ser mais poluído do que o ar
exterior, mesmo nas cidades maiores e mais industrializadas (vide
http://www.epa.gov/iaq/pubs/index.html).
Outros estudos indicam que as pessoas gastam cerca de 90% de seu tempo em locais
fechados. Portanto, para inúmeras pessoas, os riscos de saúde decorrentes da
poluição indoor, pode ser muito maior que o da poluição ao ar livre.
Efeitos nocivos podem surgir depois de uma única exposição
bem como a exposição repetida e pode gerar um estado inflamatório sistêmico ou
localizado, como por exemplo, irritação dos olhos, nariz e garganta, dores de
cabeça, tontura e fadiga. Estes efeitos são geralmente de curto prazo e
tratável, às vezes simplesmente eliminar a exposição à fonte de poluição é o
tratamento suficiente. Porém, outros efeitos na saúde podem aparecer devido às
exposições mais prolongadas. Estes efeitos incluem algumas doenças
respiratórias, doenças cardíacas e câncer, que podem ser severamente
debilitantes ou fatais. É importante tentar melhorar a qualidade do ar interior
em sua casa mesmo que os sintomas não sejam perceptíveis.
A Qualidade do Ar Interno (QAI) surgiu como ciência a partir
da década de 70 com a crise energética e a consequente construção dos edifícios
selados (desprovidos de ventilação natural), principalmente nos países
desenvolvidos, e ganhou dimensão mundial após a descoberta de que a diminuição
das taxas de troca de ar nesses ambientes era a grande responsável pelo aumento
da concentração de poluentes biológicos e não biológicos no ar interno.
A rigor, pode-se dividir os tipos de poluentes em: materiais
particulados, aerossóis, vapores e gases. Esses, por sua vez, podem ser
classificados em orgânicos, inorgânicos e biológicos. Os 7 principais poluentes
são:
Monóxido de carbonocarbon monoxide (CO): O monóxido de
carbono é um produto por combustão incompleta de combustíveis como o gás
natural, carvão ou madeira. Na presença de um suprimento adequado de O2
mais monóxido de carbono produzido durante a combustão é imediatamente oxidado
a dióxido de carbono (C2). Os maiores níveis de CO geralmente
ocorrem em áreas com tráfego intenso congestionado. Nas cidades, 85-95 % de
todas as emissões de CO geralmente são provenientes do escape dos veículos a
motor. Outras fontes de emissões de CO incluem processos industriais, queima
residencial de madeira para aquecimento, ou fontes naturais, como incêndios
florestais. Os fogões a gás e os fumos de cigarro são as principais fontes de
emissões de CO em espaços interiores. Dependendo de quanto é inalado, o CO pode
afetar a coordenação, doenças do coração fazem pior e causar fadiga, dor de
cabeça, confusão, náuseas e tonturas. Níveis muito altos pode causar a morte.
Idosos, bebês em desenvolvimento e pessoas com doenças cardiovasculares e
pulmonares são particularmente sensíveis a níveis elevados de CO.
Ozônio (O3): formado por reações químicas entre o
Óxido nitroso e compostos orgânicos voláveis. O Ozônio (não medicinal) provoca
vários problemas de saúde, tais como dores torácicas, tosse e irritação da
garganta, causando ainda vários danos nas plantas. As reações químicas
envolvidas na formação de ozônio troposférico são uma série de ciclos complexos
em que o monóxido de carbono e compostos orgânicos voláteis são oxidados ao
vapor de água e dióxido de carbono, através de reações químicas e fotoquímicas.
Chumbro (Pb): A exposição humana ao chumbo causada por
emissões industriais é um problema de interesse mundial. As principais fontes
de exposição ao Pb são empresas do setor de reformadoras de baterias (RB), que
ainda utilizam processos e tecnologia obsoletos, em instalações precárias. O
monitoramento de Pb no ar, próximo a tais fontes estacionárias é necessário
para avaliar o nível de exposição ao Pb e prever possíveis efeitos nocivos à
saúde. Os efeitos mais críticos no ser humano são observados sobre o sistema
nervoso, e síntese do heme. Podendo ocorrer também distúrbios no sistema
nervoso periférico e nos sistemas renal, gastrointestinal, reprodutor e
cardiovascular. Os sintomas crônicos decorrentes da exposição excessiva são
encefalopatia, arteriosclerose, nefropatia saturnina crônica, fibrose
intersticial e hipertensão arterial.
Dióxido de nitrogênio (NO2): Esse gás oxidante é
normalmente produzido por processos de combustão.
Material particular (partículas finas = PM): As partículas
finas, ou inaláveis, são uma mistura complexa de substâncias orgânicas e
inorgânicas, presentes na atmosfera, líquidos ou sólidos, como poeira, fumaça,
fuligem, pólen e partículas do solo. O tamanho das partículas está diretamente
ligado ao seu potencial para causar problemas de saúde, sendo classificadas de
acordo com o seu tamanho: PM10 – partículas com diâmetro equivalente inferior a
10μm, e PM 2,5, para
partículas com diâmetro equivalente inferior a 2,5μm. As fontes primárias mais importantes
destas substâncias são o transporte rodoviário (25%), processos de
não-combustão (24%), instalações de combustão industriais e processos (17%),
combustão comercial e residencial (16%) e o poder público de geração (15%). As
partículas com menos de 10 micrómetros (μm) de diâmetro pode penetrar profundamente no pulmão e causar
sérios danos na saúde. São um dos principais poluentes com efeitos diretos na
saúde humana, pois quando inaladas, penetram no sistema respiratório causando
sérios danos. Estudos recentes comprovam que são responsáveis pelo aumento de
doenças respiratórias como a bronquite asmática.
Dióxido de Enxofre (SO2): Os óxidos de enxofre,
em especial o dióxido de enxofre, SO2 são maioritariamente emitido
por vulcões, produzido em grande escala por processos industriais e pelo
tráfego de veículos a motor. O enxofre é um composto abundante no carvão e
petróleo, sendo que a combustão destes emite quantidades consideráveis de SO2.
Na atmosfera, o SO2 dissolve-se no vapor de água, formando um ácido
que interage com outros gases e partículas ai presentes, originando sulfatos e
outros poluentes secundários nocivos. Uma maior oxidação de SO2,
normalmente na presença de um catalisador, como NO2, forma H2SO4
e, assim, a chuva ácida. Esta é uma das causas de preocupação sobre o impacto
ambiental da utilização destes combustíveis como fontes de energia.
Compostos orgânicos voláteis (COVs): São produtos químicos
orgânicos que facilmente evaporam à temperatura ambiente, como o metano,
benzeno, xileno, propano e butano. São chamados orgânicos porque contêm o
elemento carbono nas suas estruturas moleculares, e são de especial
preocupação, pois na presença do sol, sofrem reações fotoquímicas que podem
originar ozônio. A evaporação de COVs oriundos de materiais de construção,
acabamento, decoração e de mobiliário, é uma das principais fontes de COVs em
recintos fechados. Outras fontes importantes são os processos de combustão e
emissões metabólicas de microorganismos. Contribuem ainda para agravar o
quadro, os processos que melhoram o transporte desses compostos para a fase
vapor, tais como umidificadores, uso de produtos à base de aerossol e até mesmo
os sistemas de ar condicionado, supostamente purificadores e condicionadores de
ar, que podem ser uma das causas principais de poluição no ar indoor.
Fumaça do cigarro: A
fumaça do cigarro contém milhares de constituintes químicos, e ela pode ser, em
casos extremos, a maior fonte de matéria particulada respirável do ar em
recintos fechados. Portanto, a queima de tabaco produz uma mistura complexa de
poluentes, muitos dos quais são irritantes respiratórios. Sabe-se que
concentrações altas de fumaça de tabaco incomodam e irritam os indivíduos, e
que existe uma preocupação com relação aos efeitos potenciais na saúde.
Portanto, onde existe alta incidência de fumantes e mínima ventilação pode
haver acúmulo da fumaça do tabaco, causando irritação, particularmente no
sistema respiratório superior.
Há um número de fontes de poluição do ar que são mais
comumente conhecidas, como o perigo dos produtos de limpeza e purificadores de
ar. O site Ciclo Vivo escolheu sete fontes de poluição do ar interior que podem
ser menos conhecidas.
1. Carpete novo: Materiais do carpete podem emitir uma
variedade de compostos orgânicos voláteis (COVs). Dica: Ao comprar um carpete
novo, areje-o por alguns dias antes de instalá-lo. Procure por aquele com
baixas concentrações de COVs – com adesivos sem formaldeído. Depois de
colocado, mantenha as janelas na sala abertas e deixe um ventilador ligado por
dois ou três dias.
2. Lâmpadas fluorescentes compactas quebradas: Quando essas
lâmpadas quebram, podem emitir no ar, em pequenas quantidades, o mercúrio (uma
neurotoxina). Carpetes e tapetes não podem ser totalmente limpos de mercúrio e
aspiradores de pó não devem ser usados para limpá-lo. Dica: Não use lâmpadas
fluorescentes compactas em luminárias que poderiam facilmente tombar,
especialmente em casas com crianças ou mulheres grávidas. Se a lâmpada quebrar,
abra uma janela e limpe o quarto por 15 minutos.
3. Novos componentes eletrônicos e produtos de plástico:
Produtos feitos com cloreto de polivinila (PVC) podem emitir ftalatos, que têm
sido associados a alterações hormonais e problemas reprodutivos. Plásticos
também podem liberar produtos químicos retardadores de chama, como éteres
difenil-polibromados, que têm sido associados a alterações
neuro-comportamentais em estudos com animais. Dica: Ventile o espaço até o odor
dos produtos químicos se dissipar. Aspire em torno de computadores, impressoras
e televisores regularmente.
4. Colas e adesivos: Elas podem emitir COV, como acetona ou
metil etil cetona, que podem irritar os olhos e afetar o sistema nervoso.
Cimento de borracha pode conter n-hexano, uma neurotoxina. Adesivos podem
emitir formaldeído tóxico. Dica: Procure por cola a base de água, livre de
formaldeído. Trabalhe em um espaço bem ventilado.
5. Equipamento de aquecimento (fogões, aquecedores, lareiras
e chaminés): Equipamento de aquecimento, especialmente fogões a gás, podem
produzir monóxido de carbono, capaz de causar dores de cabeça, tontura, fadiga
e até mesmo a morte se não for ventilado corretamente. Pode também emitir
dióxido de azoto (nitrogênio) e partículas, que podem causar problemas respiratórios
e inflamação dos olhos, nariz e garganta.
6. Tintas e decapante Tintas látex são uma grande melhoria
às tintas a base de óleo porque emitem menos química. Mas, à medida que seca,
todas as tintas podem emitir COV, o que pode causar dores de cabeça, náuseas ou
enjoos. Decapantes, removedores de adesivos e tintas em spray aerosol também
podem conter cloreto de metileno, que é conhecido por causar câncer em animais.
Dica: use tintas com baixo teor de COV. Ao aplicar a pintura, abra janelas ou
portas, areje o espaço com ventilador, e use um respirador ou máscara. Mulheres
grávidas devem evitar o uso de decapantes com cloreto de metileno.
7. Móveis estofados e produtos de madeira prensada
(compensado de madeira, painéis de parede, aglomerado, MDF): Quando novas
muitas mobílias e produtos de madeira podem emitir formaldeído, uma provável
substância cancerígena que também pode causar irritação nos olhos, nariz e
garganta; chiado e tosse, fadiga, erupções cutâneas e reações alérgicas graves.
Dica: aumente a ventilação, principalmente depois de trazer novas fontes de
formaldeído em sua casa. Use produtos de madeira prensada, eles são de baixa
emissão, pois contêm resinas de fenol, não resinas de ureia. Procure por móveis
sem formaldeído e produtos de madeira.
8. Nunca deixe que fumem em sua casa (EcoDebate)